Questões de Concurso Público CGM - RJ 2023 para Técnico de Controle Interno
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Q2116210
Português
Texto associado
Texto 1 – Como sabemos que o aquecimento global é real?
Por Carlos Tosi
“A primeira coisa a dizer a respeito disso é que a ciência básica por trás do mecanismo do aquecimento global – ou mudança climática, para quem quiser a versão mais sofisticada do problema – é bem simples, direta, nada controversa e está estabelecida há séculos.
O fato de que a atmosfera terrestre aprisiona energia solar já havia sido deduzido por Joseph Fourier há quase 200 anos. Svante Arrhenius já estabeleceu que os principais responsáveis por esse processo são o CO2 e o vapor d'água, há mais de 100.
Não existe, aliás, nenhuma controvérsia quanto à capacidade do dióxido de carbono de capturar calor: ela é levada em conta, por exemplo, no design de mísseis termoguiados, aqueles que perseguem o avião acrobático do herói nos filmes de ação.
Some-se a esses fatos bem estabelecidos apenas mais um, também nada polêmico – o de que a queima de petróleo, carvão e outros hidrocarbonetos produz CO2 – e temos uma cadeia de premissas que leva a deduções lógicas que não requerem nenhum ‘Xeroque Rolmes’: o CO2 impede que a Terra devolva ao espaço o calor recebido do Sol. Quanto mais CO2, mais calor fica aprisionado. Quanto mais petróleo usamos, mais CO2 emitimos. Usamos bastante petróleo. Logo, estamos esquentando o planeta.
Claro que, em se tratando de ciências físicas, cadeias dedutivas não bastam: é preciso confrontá-las com observações e experimentos. Afinal, mesmo que o encadeamento lógico, construído a partir das premissas conhecidas, seja perfeito, sempre é possível que a natureza tenha deixado alguma premissa oculta pelo caminho.
No caso do aquecimento global causado por atividade humana, é verdade que, pelo menos até os anos 70 do século passado, muitos cientistas especulavam se o efeito não seria autolimitante: talvez outras formas de poluição emitidas junto com o CO2 fizessem ‘sombra’ na Terra e reduzissem a radiação solar incidente (o mesmo princípio, ainda que numa escala bem menos dramática, do Inverno Nuclear). Ou talvez o aumento na evaporação de água produzisse mais nuvens e essas nuvens, sendo brancas, refletissem a luz do Sol de volta ao espaço.
Mas hoje sabemos que essas válvulas de escape e controle, com que imaginávamos poder contar, 40 anos atrás, simplesmente não funcionam. Mesmo a cobertura de nuvens pode, na verdade, acelerar o aquecimento.
Observações e experimentos conduzidos nas últimas décadas mostraram que o efeito estufa não é autolimitante e, sim, autoacelerante! Não só o ganho em nuvens e sujeira falha em equilibrar o aumento de temperatura, como a perda do gelo (branco, refletor de luz solar) nos oceanos expõe a água (escura), e o aquecimento dos solos congelados libera metano, outro gás do efeito estufa.
Também não faz sentido negar que o planeta esteja aquecendo. Há medições científicas do conteúdo de calor aprisionado nos oceanos e na superfície terrestre, e elas mostram clara elevação. As temperaturas globais também têm aumentado, e são as maiores, pelo menos, dos últimos mil anos. Um argumento ingênuo contra essa constatação é o de que ainda ocorrem invernos rigorosos. Mas, da mesma forma que um eventual dia frio no verão não nega o fato de que esta é uma estação, no geral, mais quente que as demais, eventuais períodos de frio intenso não desfazem a tendência geral, de longo prazo, de aquecimento do globo terrestre.
Pode-se argumentar, ainda, que o clima global responde a outros fatores – cientistas chamam-nos de ‘forçantes’ – para além da concentração de gases emitidos pela atividade industrial humana, como a intensidade do brilho do Sol. É verdade. A questão, portanto, é determinar quais as forçantes que predominam dentro do cenário atual.
Acontece que a atividade solar tem estado em declínio desde os anos 80, e ainda assim as temperaturas seguem subindo. Variações periódicas na órbita da Terra também deveriam estar nos encaminhando para um período de resfriamento e, a despeito disso, as temperaturas seguem subindo.
Um trabalho exaustivo de avaliação e teste da hipótese de que diferentes forçantes climáticas poderiam explicar o cenário atual deixa, como principal responsável pelo aquecimento, o acúmulo de CO2 gerado por atividade humana na atmosfera nos últimos 200 anos.
A saída que resta para quem insiste em negar esses fatos é apostar em alguma espécie de ilusão coletiva ou conspiração envolvendo praticamente todos os cientistas – mais de 90%, na verdade – que têm o estudo do clima e de suas variações de longo prazo como principal foco de pesquisa.
Dada a forma como a atividade científica é conduzida, com a rotina de críticas duras por parte de colegas e competidores, a constante reanálise de dados e a exigência de revisão dos resultados pelos pares, a ocorrência de um fenômeno assim é algo bem próximo do inconcebível.
Esse apelo desesperado à ilusão ou à conspiração é comum em círculos pseudocientíficos – criacionistas usamno para explicar a exclusão de suas crenças do currículo das ciências e homeopatas, acuados, também começam a se valer dele – mas não deveria ter lugar no debate sério sobre o que a melhor ciência disponível realmente diz.”
Disponível em: https://revistaquestaodeciencia.com.br/questionadorquestionado/2018/12/09/como-sabemos-que-o-aquecimento-globale-real-e-causado-por-nos Acesso em: 04/01/2023
Em cada uma das alternativas abaixo, observa-se uma passagem
retirada do texto 1 (anterior ao sinal >) e uma proposta de
reescritura dessa mesma passagem (posterior ao sinal >).
A alternativa em que essa reescritura NÃO produz desvio da
norma padrão no que diz respeito ao uso do pronome relativo é:
Q2116211
Português
Texto associado
Texto 1 – Como sabemos que o aquecimento global é real?
Por Carlos Tosi
“A primeira coisa a dizer a respeito disso é que a ciência básica por trás do mecanismo do aquecimento global – ou mudança climática, para quem quiser a versão mais sofisticada do problema – é bem simples, direta, nada controversa e está estabelecida há séculos.
O fato de que a atmosfera terrestre aprisiona energia solar já havia sido deduzido por Joseph Fourier há quase 200 anos. Svante Arrhenius já estabeleceu que os principais responsáveis por esse processo são o CO2 e o vapor d'água, há mais de 100.
Não existe, aliás, nenhuma controvérsia quanto à capacidade do dióxido de carbono de capturar calor: ela é levada em conta, por exemplo, no design de mísseis termoguiados, aqueles que perseguem o avião acrobático do herói nos filmes de ação.
Some-se a esses fatos bem estabelecidos apenas mais um, também nada polêmico – o de que a queima de petróleo, carvão e outros hidrocarbonetos produz CO2 – e temos uma cadeia de premissas que leva a deduções lógicas que não requerem nenhum ‘Xeroque Rolmes’: o CO2 impede que a Terra devolva ao espaço o calor recebido do Sol. Quanto mais CO2, mais calor fica aprisionado. Quanto mais petróleo usamos, mais CO2 emitimos. Usamos bastante petróleo. Logo, estamos esquentando o planeta.
Claro que, em se tratando de ciências físicas, cadeias dedutivas não bastam: é preciso confrontá-las com observações e experimentos. Afinal, mesmo que o encadeamento lógico, construído a partir das premissas conhecidas, seja perfeito, sempre é possível que a natureza tenha deixado alguma premissa oculta pelo caminho.
No caso do aquecimento global causado por atividade humana, é verdade que, pelo menos até os anos 70 do século passado, muitos cientistas especulavam se o efeito não seria autolimitante: talvez outras formas de poluição emitidas junto com o CO2 fizessem ‘sombra’ na Terra e reduzissem a radiação solar incidente (o mesmo princípio, ainda que numa escala bem menos dramática, do Inverno Nuclear). Ou talvez o aumento na evaporação de água produzisse mais nuvens e essas nuvens, sendo brancas, refletissem a luz do Sol de volta ao espaço.
Mas hoje sabemos que essas válvulas de escape e controle, com que imaginávamos poder contar, 40 anos atrás, simplesmente não funcionam. Mesmo a cobertura de nuvens pode, na verdade, acelerar o aquecimento.
Observações e experimentos conduzidos nas últimas décadas mostraram que o efeito estufa não é autolimitante e, sim, autoacelerante! Não só o ganho em nuvens e sujeira falha em equilibrar o aumento de temperatura, como a perda do gelo (branco, refletor de luz solar) nos oceanos expõe a água (escura), e o aquecimento dos solos congelados libera metano, outro gás do efeito estufa.
Também não faz sentido negar que o planeta esteja aquecendo. Há medições científicas do conteúdo de calor aprisionado nos oceanos e na superfície terrestre, e elas mostram clara elevação. As temperaturas globais também têm aumentado, e são as maiores, pelo menos, dos últimos mil anos. Um argumento ingênuo contra essa constatação é o de que ainda ocorrem invernos rigorosos. Mas, da mesma forma que um eventual dia frio no verão não nega o fato de que esta é uma estação, no geral, mais quente que as demais, eventuais períodos de frio intenso não desfazem a tendência geral, de longo prazo, de aquecimento do globo terrestre.
Pode-se argumentar, ainda, que o clima global responde a outros fatores – cientistas chamam-nos de ‘forçantes’ – para além da concentração de gases emitidos pela atividade industrial humana, como a intensidade do brilho do Sol. É verdade. A questão, portanto, é determinar quais as forçantes que predominam dentro do cenário atual.
Acontece que a atividade solar tem estado em declínio desde os anos 80, e ainda assim as temperaturas seguem subindo. Variações periódicas na órbita da Terra também deveriam estar nos encaminhando para um período de resfriamento e, a despeito disso, as temperaturas seguem subindo.
Um trabalho exaustivo de avaliação e teste da hipótese de que diferentes forçantes climáticas poderiam explicar o cenário atual deixa, como principal responsável pelo aquecimento, o acúmulo de CO2 gerado por atividade humana na atmosfera nos últimos 200 anos.
A saída que resta para quem insiste em negar esses fatos é apostar em alguma espécie de ilusão coletiva ou conspiração envolvendo praticamente todos os cientistas – mais de 90%, na verdade – que têm o estudo do clima e de suas variações de longo prazo como principal foco de pesquisa.
Dada a forma como a atividade científica é conduzida, com a rotina de críticas duras por parte de colegas e competidores, a constante reanálise de dados e a exigência de revisão dos resultados pelos pares, a ocorrência de um fenômeno assim é algo bem próximo do inconcebível.
Esse apelo desesperado à ilusão ou à conspiração é comum em círculos pseudocientíficos – criacionistas usamno para explicar a exclusão de suas crenças do currículo das ciências e homeopatas, acuados, também começam a se valer dele – mas não deveria ter lugar no debate sério sobre o que a melhor ciência disponível realmente diz.”
Disponível em: https://revistaquestaodeciencia.com.br/questionadorquestionado/2018/12/09/como-sabemos-que-o-aquecimento-globale-real-e-causado-por-nos Acesso em: 04/01/2023
“Esse apelo desesperado à ilusão ou à conspiração é comum em
círculos pseudocientíficos – criacionistas usam-no para explicar
a exclusão de suas crenças do currículo das ciências e
homeopatas, acuados, também começam a se valer dele – mas
não deveria ter lugar no debate sério sobre o que a melhor
ciência disponível realmente diz.” (Texto 1, 15º parágrafo)
A alternativa em que a reescritura da passagem acima NÃO
produz mudança substancial de significado nem apresenta
desvio em relação à norma padrão é:
Q2116212
Português
Texto associado
Texto 2 – O jornalismo de opinião pode perpetuar
negacionismos? (adaptado)
Por Matheus Cervo
“No dia 9 de agosto de 2021, o Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) emitiu um
dos mais completos e conclusivos relatórios sobre a grave crise
ecológica e planetária que enfrentamos. O documento tem
mais de 3 mil páginas, que foram escritas por aproximadamente
200 cientistas oriundos de 60 países diferentes a partir de anos
de pesquisa sobre o tema, citando mais de 14 mil estudos que
dão base às conclusões feitas.
Após apenas um mês de emissão do relatório, o jornal Zero
Hora (ZH) publicou um infeliz artigo de opinião de Flávio Juarez
Feijó chamado ‘Aquecimento Natural’. Apesar de ser geólogo e
ser mestre em geociências, Flávio foi abraçado pelo jornal da
capital gaúcha por suas opiniões descabidas, que não possuem
nenhum embasamento científico.
Nesse artigo aprovado por ZH, ele ousou dizer que o relatório
do IPCC é alarmista e que tem como meta o impedimento do
crescimento de países subdesenvolvidos como o Brasil. Como
supostos argumentos científicos, afirma que as mudanças
climáticas atuais fazem parte de um ciclo natural da terra e que
não é necessário reduzir a emissão de gases de efeito estufa.
Ainda, opina que as metas de carbono zero fariam a sociedade
voltar a andar a cavalo e que a agricultura do nosso país voltaria a
ser movida por arados a boi.
Em letras miúdas quase imperceptíveis ao(à) leitor(a), o
jornal ZH escreve no rodapé da página do artigo: ‘Os textos não
representam a opinião do Grupo RBS’. Contudo, essa não é a
primeira vez que ZH abraça as opiniões de Flávio, já que publicou
outro texto do geólogo em 2018 chamado ‘Descarbonizar não é
preciso’. Neste texto, sem nenhuma referência científica, diz que
o derretimento das geleiras não acrescentaria uma ‘gota no
oceano’, que o gelo da Antártica está protegido e que o nível do
mar não irá subir. Ainda assim, não se contém e diz que, caso
várias áreas do planeta derretam devido ao ‘aquecimento
natural’, deve-se aproveitar as ‘benesses’ do contexto e criar
novas rotas de navegação e vastas áreas de agricultura (!).
Não é preciso dizer mais nada para afirmar que escolhas
editoriais como essa são perigosas e devem ser apontadas como
tal. Pequenas notas em rodapé não devem justificar a falta de
responsabilidade de veículos de comunicação para com a pauta
do colapso climático. É importante dizer que essas escolhas estão
sendo feitas por muitos jornais brasileiros, como Folha de São
Paulo, que publicou um péssimo texto de Leandro Narloch
chamado ‘Negacionistas e aceitacionistas se equivalem na reação
histérica contra quem questiona seus dogmas’. A publicação foi
feita apenas 8 dias depois da emissão do relatório do IPCC e
apenas 3 dias após manifestação do ombudsman da Folha contra
o mesmo colunista.
Esse pronunciamento do ombudsman só ocorreu devido à
grande polêmica que os diversos textos negacionistas de Narloch
causaram na opinião pública através das redes sociais. Por isso,
devemos nos manter alerta às decisões editoriais como as
de Zero Hora e nos manifestar criticamente para que o jornalismo
brasileiro não aja como se o colapso climático fosse questão de
opinião.”
Disponível em: https://jornalismoemeioambiente.com/2021/09/
13/o-jornalismo-de-opiniao-pode-perpetuar-negacionismos-
%ef%bf%bc/
Acesso em: 04/01/2023
O texto 2 apresenta não apenas o mesmo tema geral do texto 1
(o negacionismo em relação ao aquecimento global), mas
também o mesmo modo de organização discursiva
predominante: em ambos os casos, trata-se de textos
argumentativos, como se pode verificar pela presença de uma
tese central e de argumentos que a sustentam.
A passagem do texto 2 que melhor sintetiza sua tese central é:
Q2116213
Português
Texto associado
Texto 2 – O jornalismo de opinião pode perpetuar
negacionismos? (adaptado)
Por Matheus Cervo
“No dia 9 de agosto de 2021, o Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) emitiu um
dos mais completos e conclusivos relatórios sobre a grave crise
ecológica e planetária que enfrentamos. O documento tem
mais de 3 mil páginas, que foram escritas por aproximadamente
200 cientistas oriundos de 60 países diferentes a partir de anos
de pesquisa sobre o tema, citando mais de 14 mil estudos que
dão base às conclusões feitas.
Após apenas um mês de emissão do relatório, o jornal Zero
Hora (ZH) publicou um infeliz artigo de opinião de Flávio Juarez
Feijó chamado ‘Aquecimento Natural’. Apesar de ser geólogo e
ser mestre em geociências, Flávio foi abraçado pelo jornal da
capital gaúcha por suas opiniões descabidas, que não possuem
nenhum embasamento científico.
Nesse artigo aprovado por ZH, ele ousou dizer que o relatório
do IPCC é alarmista e que tem como meta o impedimento do
crescimento de países subdesenvolvidos como o Brasil. Como
supostos argumentos científicos, afirma que as mudanças
climáticas atuais fazem parte de um ciclo natural da terra e que
não é necessário reduzir a emissão de gases de efeito estufa.
Ainda, opina que as metas de carbono zero fariam a sociedade
voltar a andar a cavalo e que a agricultura do nosso país voltaria a
ser movida por arados a boi.
Em letras miúdas quase imperceptíveis ao(à) leitor(a), o
jornal ZH escreve no rodapé da página do artigo: ‘Os textos não
representam a opinião do Grupo RBS’. Contudo, essa não é a
primeira vez que ZH abraça as opiniões de Flávio, já que publicou
outro texto do geólogo em 2018 chamado ‘Descarbonizar não é
preciso’. Neste texto, sem nenhuma referência científica, diz que
o derretimento das geleiras não acrescentaria uma ‘gota no
oceano’, que o gelo da Antártica está protegido e que o nível do
mar não irá subir. Ainda assim, não se contém e diz que, caso
várias áreas do planeta derretam devido ao ‘aquecimento
natural’, deve-se aproveitar as ‘benesses’ do contexto e criar
novas rotas de navegação e vastas áreas de agricultura (!).
Não é preciso dizer mais nada para afirmar que escolhas
editoriais como essa são perigosas e devem ser apontadas como
tal. Pequenas notas em rodapé não devem justificar a falta de
responsabilidade de veículos de comunicação para com a pauta
do colapso climático. É importante dizer que essas escolhas estão
sendo feitas por muitos jornais brasileiros, como Folha de São
Paulo, que publicou um péssimo texto de Leandro Narloch
chamado ‘Negacionistas e aceitacionistas se equivalem na reação
histérica contra quem questiona seus dogmas’. A publicação foi
feita apenas 8 dias depois da emissão do relatório do IPCC e
apenas 3 dias após manifestação do ombudsman da Folha contra
o mesmo colunista.
Esse pronunciamento do ombudsman só ocorreu devido à
grande polêmica que os diversos textos negacionistas de Narloch
causaram na opinião pública através das redes sociais. Por isso,
devemos nos manter alerta às decisões editoriais como as
de Zero Hora e nos manifestar criticamente para que o jornalismo
brasileiro não aja como se o colapso climático fosse questão de
opinião.”
Disponível em: https://jornalismoemeioambiente.com/2021/09/
13/o-jornalismo-de-opiniao-pode-perpetuar-negacionismos-
%ef%bf%bc/
Acesso em: 04/01/2023
“Por isso, devemos nos manter alerta às decisões editoriais como
as de Zero Hora e nos manifestar criticamente para que o
jornalismo brasileiro não aja como se o colapso climático fosse
questão de opinião.” (Texto 2, 6º parágrafo, último período)
O texto 2 é predominantemente argumentativo (no que se refere
ao seu modo de organização discursiva) e desempenha
majoritariamente as funções referencial e emotiva (no que se
refere ao seu propósito comunicativo).
Seu último período, no entanto, subverte esse padrão, na medida
em que evidencia uma predominância:
Q2116214
Português
Texto associado
Texto 2 – O jornalismo de opinião pode perpetuar
negacionismos? (adaptado)
Por Matheus Cervo
“No dia 9 de agosto de 2021, o Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) emitiu um
dos mais completos e conclusivos relatórios sobre a grave crise
ecológica e planetária que enfrentamos. O documento tem
mais de 3 mil páginas, que foram escritas por aproximadamente
200 cientistas oriundos de 60 países diferentes a partir de anos
de pesquisa sobre o tema, citando mais de 14 mil estudos que
dão base às conclusões feitas.
Após apenas um mês de emissão do relatório, o jornal Zero
Hora (ZH) publicou um infeliz artigo de opinião de Flávio Juarez
Feijó chamado ‘Aquecimento Natural’. Apesar de ser geólogo e
ser mestre em geociências, Flávio foi abraçado pelo jornal da
capital gaúcha por suas opiniões descabidas, que não possuem
nenhum embasamento científico.
Nesse artigo aprovado por ZH, ele ousou dizer que o relatório
do IPCC é alarmista e que tem como meta o impedimento do
crescimento de países subdesenvolvidos como o Brasil. Como
supostos argumentos científicos, afirma que as mudanças
climáticas atuais fazem parte de um ciclo natural da terra e que
não é necessário reduzir a emissão de gases de efeito estufa.
Ainda, opina que as metas de carbono zero fariam a sociedade
voltar a andar a cavalo e que a agricultura do nosso país voltaria a
ser movida por arados a boi.
Em letras miúdas quase imperceptíveis ao(à) leitor(a), o
jornal ZH escreve no rodapé da página do artigo: ‘Os textos não
representam a opinião do Grupo RBS’. Contudo, essa não é a
primeira vez que ZH abraça as opiniões de Flávio, já que publicou
outro texto do geólogo em 2018 chamado ‘Descarbonizar não é
preciso’. Neste texto, sem nenhuma referência científica, diz que
o derretimento das geleiras não acrescentaria uma ‘gota no
oceano’, que o gelo da Antártica está protegido e que o nível do
mar não irá subir. Ainda assim, não se contém e diz que, caso
várias áreas do planeta derretam devido ao ‘aquecimento
natural’, deve-se aproveitar as ‘benesses’ do contexto e criar
novas rotas de navegação e vastas áreas de agricultura (!).
Não é preciso dizer mais nada para afirmar que escolhas
editoriais como essa são perigosas e devem ser apontadas como
tal. Pequenas notas em rodapé não devem justificar a falta de
responsabilidade de veículos de comunicação para com a pauta
do colapso climático. É importante dizer que essas escolhas estão
sendo feitas por muitos jornais brasileiros, como Folha de São
Paulo, que publicou um péssimo texto de Leandro Narloch
chamado ‘Negacionistas e aceitacionistas se equivalem na reação
histérica contra quem questiona seus dogmas’. A publicação foi
feita apenas 8 dias depois da emissão do relatório do IPCC e
apenas 3 dias após manifestação do ombudsman da Folha contra
o mesmo colunista.
Esse pronunciamento do ombudsman só ocorreu devido à
grande polêmica que os diversos textos negacionistas de Narloch
causaram na opinião pública através das redes sociais. Por isso,
devemos nos manter alerta às decisões editoriais como as
de Zero Hora e nos manifestar criticamente para que o jornalismo
brasileiro não aja como se o colapso climático fosse questão de
opinião.”
Disponível em: https://jornalismoemeioambiente.com/2021/09/
13/o-jornalismo-de-opiniao-pode-perpetuar-negacionismos-
%ef%bf%bc/
Acesso em: 04/01/2023
“O documento tem mais de 3 mil páginas, que foram escritas
por aproximadamente 200 cientistas oriundos de 60 países
diferentes a partir de anos de pesquisa sobre o tema, citando
mais de 14 mil estudos que dão base às conclusões
feitas.” (Texto 2, 1º parágrafo)
Na passagem transcrita acima, chama a atenção o acúmulo de quatro
dados numéricos (“3 mil páginas”, “200 cientistas”, “60 países
diferentes” e “14 mil estudos”) em um único período.
No contexto do texto 2, esse acúmulo produz o efeito de: