Questões de Concurso Público PC-SP 2022 para Escrivão de Polícia
Foram encontradas 80 questões
Q1945430
Português
Texto associado
Leia o texto, para responder à questão.
Dizer não com clareza é uma das primeiras habilidades
adquiridas pelos seres humanos. No início da vida, muito
antes de aprenderem a falar, os bebês já são capazes de deixar claro que estão descontentes com a temperatura da água
do banho, ou que já saciaram a fome e não querem mais
mamar. Nada disso, no entanto, impede que, quando cresçam, muitas pessoas sejam incapazes de negar um pedido,
não importa de onde venha. A maioria, pelo jeito: estudo conduzido pelo departamento de psicologia comportamental da
prestigiada Universidade Cornell, nos Estados Unidos, concluiu que as pessoas são mais afeitas a dizer sim do que não.
Ao longo de quinze anos, a pesquisadora Vanessa Bohns
realizou experimentos sociais com cerca de 15 000 pessoas,
seguindo um mesmo roteiro: sua equipe abordava estranhos
na rua e pedia que fizessem alguma coisa inesperada.
A dificuldade de negar ajuda ou pedido tem raízes na pré-
-história, quando se percebeu que as chances de sobrevivência eram maiores se as pessoas se organizassem em bandos
e colaborassem umas com as outras do que se vagassem
sozinhas por ambientes inóspitos e cheios de perigo. “Agindo em conjunto, a humanidade se mostrou capaz de obter
ganhos para sua sobrevivência. Por isso, se uma pessoa
lhe pede um favor, a reação natural é colaborar com ela”,
explica Ariovaldo Silva Júnior, neurocientista da UFMG. Nos
tempos modernos, esse condicionamento virou, em algumas
pessoas, motivo de enorme angústia, sintoma de um distúrbio conhecido como ansiedade de insinuação. O problema se
manifesta cada vez que o indivíduo se vê, de alguma forma,
forçado a fazer algo que não quer, apenas para não se sentir
rejeitado pelos pares. Albert Einstein, um dos mais brilhantes
angustiados, escreveu: “Toda vez que diz sim querendo dizer
não, morre um pedaço de você”.
(Matheus Deccache e Ricardo Ferraz, Palavrinha difícil.
Veja, 23.02.2022. Adaptado)
Assinale a alternativa em que a função sintática das orações destacadas (I) e (II) nas passagens a seguir está
corretamente identificada.
… não querem mais (I) mamar. (primeiro parágrafo)
A dificuldade de (II) negar ajuda ou pedido tem raízes na pré-história (segundo parágrafo)
… não querem mais (I) mamar. (primeiro parágrafo)
A dificuldade de (II) negar ajuda ou pedido tem raízes na pré-história (segundo parágrafo)
Q1945431
Português
Texto associado
Leia o texto, para responder à questão.
Dizer não com clareza é uma das primeiras habilidades
adquiridas pelos seres humanos. No início da vida, muito
antes de aprenderem a falar, os bebês já são capazes de deixar claro que estão descontentes com a temperatura da água
do banho, ou que já saciaram a fome e não querem mais
mamar. Nada disso, no entanto, impede que, quando cresçam, muitas pessoas sejam incapazes de negar um pedido,
não importa de onde venha. A maioria, pelo jeito: estudo conduzido pelo departamento de psicologia comportamental da
prestigiada Universidade Cornell, nos Estados Unidos, concluiu que as pessoas são mais afeitas a dizer sim do que não.
Ao longo de quinze anos, a pesquisadora Vanessa Bohns
realizou experimentos sociais com cerca de 15 000 pessoas,
seguindo um mesmo roteiro: sua equipe abordava estranhos
na rua e pedia que fizessem alguma coisa inesperada.
A dificuldade de negar ajuda ou pedido tem raízes na pré-
-história, quando se percebeu que as chances de sobrevivência eram maiores se as pessoas se organizassem em bandos
e colaborassem umas com as outras do que se vagassem
sozinhas por ambientes inóspitos e cheios de perigo. “Agindo em conjunto, a humanidade se mostrou capaz de obter
ganhos para sua sobrevivência. Por isso, se uma pessoa
lhe pede um favor, a reação natural é colaborar com ela”,
explica Ariovaldo Silva Júnior, neurocientista da UFMG. Nos
tempos modernos, esse condicionamento virou, em algumas
pessoas, motivo de enorme angústia, sintoma de um distúrbio conhecido como ansiedade de insinuação. O problema se
manifesta cada vez que o indivíduo se vê, de alguma forma,
forçado a fazer algo que não quer, apenas para não se sentir
rejeitado pelos pares. Albert Einstein, um dos mais brilhantes
angustiados, escreveu: “Toda vez que diz sim querendo dizer
não, morre um pedaço de você”.
(Matheus Deccache e Ricardo Ferraz, Palavrinha difícil.
Veja, 23.02.2022. Adaptado)
A alternativa em que o termo “se”, em destaque no enunciado, está presente em uma construção de voz passiva é:
Q1945432
Português
Texto associado
Leia a tira, para responder à questão.
(Ciça, Pagando o pato)
É correto concluir que o efeito de sentido da tira está
centrado
Q1945433
Português
Texto associado
Leia o texto, para responder à questão.
Ainda alcancei a geração que cedia o lugar às senhoras
grávidas. Se uma delas tomava o bonde, três, quatro ou cinco
jovens se arremessavam. E a boa e ofegante senhora tinha
seu canto, tinha seu espaço. E, quando ia pagar a passagem,
dizia o luso condutor por trás dos bigodões: “Já está paga, já
está paga!”.
E assim, num simples gesto, temos o perfil, o retrato, a
alma do antigo jovem. Hoje, não. Outro dia, fui testemunha
auditiva e ocular de um episódio patético. Vinha eu, em pé,
num ônibus apinhado. Passageiros amassados uns contra os
outros. Essa promiscuidade abjeta desumanizava todo mundo. O sujeito perdia a noção da própria identidade e tinha
uma sensação de bicho engradado. Pois bem. E, de repente,
o ônibus para, e entra, exatamente, uma senhora grávida.
Oitavo ou nono mês.
O ônibus estava vibrante, rumoroso de jovens estudantes. Imaginei que esses latagões(*) iam dar uns dez lugares
à mater recém-chegada. Pois bem. Ninguém se mexeu e,
repito, ninguém piou. E foi aí que percebi subitamente tudo.
Ali estava uma nova geração, sem nenhuma semelhança
com as anteriores. Durante meia hora a pobre mulher ficou
em pé, no meio da passagem. Faço uma ideia das cambalhotas que não virou o filho. Eis o que importa destacar: – ela
viajou e desceu, e não teve a caridade de ninguém.
(Nelson Rodrigues, Jovens imbecilizados pelos velhos.
O óbvio ululante: primeiras confissões. Adaptado)
(*)latagões: homens jovens, robustos e de grande estatura.
É correto afirmar que, do ponto de vista do narrador
Q1945434
Português
Texto associado
Leia o texto, para responder à questão.
Ainda alcancei a geração que cedia o lugar às senhoras
grávidas. Se uma delas tomava o bonde, três, quatro ou cinco
jovens se arremessavam. E a boa e ofegante senhora tinha
seu canto, tinha seu espaço. E, quando ia pagar a passagem,
dizia o luso condutor por trás dos bigodões: “Já está paga, já
está paga!”.
E assim, num simples gesto, temos o perfil, o retrato, a
alma do antigo jovem. Hoje, não. Outro dia, fui testemunha
auditiva e ocular de um episódio patético. Vinha eu, em pé,
num ônibus apinhado. Passageiros amassados uns contra os
outros. Essa promiscuidade abjeta desumanizava todo mundo. O sujeito perdia a noção da própria identidade e tinha
uma sensação de bicho engradado. Pois bem. E, de repente,
o ônibus para, e entra, exatamente, uma senhora grávida.
Oitavo ou nono mês.
O ônibus estava vibrante, rumoroso de jovens estudantes. Imaginei que esses latagões(*) iam dar uns dez lugares
à mater recém-chegada. Pois bem. Ninguém se mexeu e,
repito, ninguém piou. E foi aí que percebi subitamente tudo.
Ali estava uma nova geração, sem nenhuma semelhança
com as anteriores. Durante meia hora a pobre mulher ficou
em pé, no meio da passagem. Faço uma ideia das cambalhotas que não virou o filho. Eis o que importa destacar: – ela
viajou e desceu, e não teve a caridade de ninguém.
(Nelson Rodrigues, Jovens imbecilizados pelos velhos.
O óbvio ululante: primeiras confissões. Adaptado)
(*)latagões: homens jovens, robustos e de grande estatura.
A passagem do texto em que todas as palavras estão
empregadas em sentido próprio é: