Questões de Português - Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto para Concurso

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Q2499140 Português

Texto II


 Eu não tinha este rosto de hoje,

Assim calmo, assim triste, assim magro,

Nem estes olhos tão vazios,

Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,

Tão paradas e frias e mortas;

Eu não tinha este coração

Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,

Tão simples, tão certa, tão fácil:

— Em que espelho ficou perdida

a minha face?


Cecília Meireles

Considere as afirmativas a seguir, ponderando sobre sua veracidade (V) ou falsidade (F), e, em seguida, assinale a única opção cuja sequência está CORRETA.


( ) Ao utilizar a repetição de “assim calmo, assim triste, assim magro”, a poetiza enfatiza a semelhança e a equivalência entre os modos como percebe seu rosto no espelho.


( ) Pode-se notar que, ainda que o eu lírico reconheça o envelhecimento de seu corpo, ele não demonstra ter deixado passar o processo da mudança, ao contrário, experimentou toda a transição do tempo de forma consciente.


( ) O questionamento ao final do poema indica a percepção do eu lírico de que, apesar de envelhecido, ainda é capaz de encontrar sua face no espelho.


( ) Ao utilizar as variações do pronome demonstrativo “este” ao longo do poema, o eu lírico indica estar próximo do espelho e, consequentemente, de seus traços corporais, analisando-os de muito perto.

Alternativas
Q2499136 Português

Texto I


Heráclito: as mudanças ocorrem simultaneamente ao rio que corre


    É comum acreditarmos na ideia de que tem de acontecer algo ruim para começarmos a mudar. Em variadas situações percebemos isso se repetindo continuamente [...] Na realidade, vivemos intensamente a ideia de que “algo tem que acontecer” para a mudança começar e não nos esforçamos para perceber que estamos sempre em constante mudança.

    É compreensível que, em um mundo onde a agitação e o tempo “não param de correr”, precisemos muitas vezes fazer somente aquilo em que nos habituamos e esqueçamos de perceber os detalhes e as mudanças da nossa vida. Porém, somos seres em constante mudança, mesmo que não nos demos conta. A pandemia – como exemplo mais recente – veio para nos indagar de que forma estamos vivendo e o que estamos fazendo com nossas vidas, ou seja, o que estamos mudando, mas, em nenhum momento, ela foi um pontapé inicial de mudança, assim como outros fatores também não foram.

    Veremos isso claramente no pensamento de Heráclito, que nasceu em Éfeso, antiga colônia grega, em 540 a.C. e morreu por volta de 470 a.C. Era pré-socrático; e como bem sabemos não se tem muitas informações ou obras completas dos filósofos pré-socráticos. De Heráclito temos apenas fragmentos e o que os seus discípulos e colegas contaram com o passar do tempo.

    Quando falamos em Heráclito, é quase que instantâneo pensar na ideia do rio e toda a sua dinamicidade. Ele dizia que não se pode banhar duas vezes no mesmo rio, uma vez que as águas já não serão mais as mesmas e tampouco a pessoa será a mesma. Entretanto, em um estudo mais detalhado com mais profundas reflexões, é possível afirmar que nem mesmo uma só vez pode-se banhar no mesmo rio, pois a água que está tocando a ponta do dedo é diferente da que toca o calcanhar, e o homem que ali está banhando não está fixado com um único pensamento durante esse único banho.

    A figura do rio é justamente para nos levar a essa ideia de que tudo está em constante mudança; em todo momento, nós e as coisas estamos nos renovando, nos purificando, mudando e melhorando. Como Heráclito mesmo nos diz: “Este mundo, o mesmo de todos (os seres), nenhum deus, nenhum homem o fez, mas era, é, e será um fogo sempre vivo, acendendo-se em medidas e apagando-se em medidas”, mostrando que as coisas estão nascendo e morrendo, e quem ordena tais medidas que ora acendem, ora apagam é o Logos, que em Heráclito é traduzido como a razão, a inteligência.

    Para o filósofo, tudo flui em um ciclo infinito de transformações: “Para almas é morte tornar-se água, e para água é morte tornar-se terra; e de terra nasce água, e de água, alma”. Esse ciclo sem fim, no qual um sujeito morre à medida que nasce e nasce à medida que morre, vemos também no Evangelho: “Em verdade, em verdade vos digo que, se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica ele só, mas se morrer, dá muito fruto” (Jo 12:24).

    A partir desse constante morrer para nascer, em que tudo flui, caracterizando o mundo como um eterno devir, entendemos que as mudanças ocorrem a todo momento. Esse rio em que não podemos nos banhar com a mesma água nem uma única vez faz-nos compreender que as mudanças da vida são ligeiras e necessárias. Esse processo contínuo, desde o nascimento até a morte, recorda-nos da necessidade de nos colocar a serviço e à disposição de sua fluidez.

   As mudanças não ocorrem somente em situações difíceis, podem até se acentuar nelas, porém somos seres que fluímos, assim como as coisas fluem e a natureza flui. Nesse constante fluir vemos as águas do rio de Heráclito passarem e juntamente com elas as nossas ideias e reflexões. Porém, elas não só se vão; enquanto umas coisas morrem, outras nascem e, assim, somos preenchidos de novos conhecimentos e ideias para seguir a jornada.


 Adaptado de: https://fasbam.edu.br/2021/04/23/heraclito-asmudancas-ocorrem-simultaneamente-ao-rio-que-corre/

 

 

Analise os itens a seguir, ponderando sobre sua veracidade, e assinale a única opção cuja sequência está CORRETA.


I - Em “e quem ordena tais medidas que ora acendem, ora apagam é o Logos” (5º parágrafo), pode-se notar a aplicação da figura de linguagem Antítese, que reforça a relação de oposição entre os conceitos de “acender” e “apagar”.


II - O trecho “De Heráclito temos apenas fragmentos” (3º parágrafo) apresenta um exemplo de Metonímia, pois substitui a ideia de fragmentos da obra de Heráclito por “fragmento de Heráclito” apenas, isto é, o autor pela obra.


III - Em “Esse ciclo sem fim, no qual um sujeito morre à medida que nasce e nasce à medida que morre, vemos também no Evangelho” (6º parágrafo), nota-se a funcionalidade da figura de linguagem Hipérbato, a qual mantém a ordem padrão da construção da oração da Língua Portuguesa.


IV - No trecho “somos seres que fluímos” (8º parágrafo), encontramos um caso de silepse de pessoa, já que o autor busca, com tal aplicação da figura de linguagem, incluir-se entre os “seres” aos quais se refere. 

Alternativas
Q2499134 Português

Texto I


Heráclito: as mudanças ocorrem simultaneamente ao rio que corre


    É comum acreditarmos na ideia de que tem de acontecer algo ruim para começarmos a mudar. Em variadas situações percebemos isso se repetindo continuamente [...] Na realidade, vivemos intensamente a ideia de que “algo tem que acontecer” para a mudança começar e não nos esforçamos para perceber que estamos sempre em constante mudança.

    É compreensível que, em um mundo onde a agitação e o tempo “não param de correr”, precisemos muitas vezes fazer somente aquilo em que nos habituamos e esqueçamos de perceber os detalhes e as mudanças da nossa vida. Porém, somos seres em constante mudança, mesmo que não nos demos conta. A pandemia – como exemplo mais recente – veio para nos indagar de que forma estamos vivendo e o que estamos fazendo com nossas vidas, ou seja, o que estamos mudando, mas, em nenhum momento, ela foi um pontapé inicial de mudança, assim como outros fatores também não foram.

    Veremos isso claramente no pensamento de Heráclito, que nasceu em Éfeso, antiga colônia grega, em 540 a.C. e morreu por volta de 470 a.C. Era pré-socrático; e como bem sabemos não se tem muitas informações ou obras completas dos filósofos pré-socráticos. De Heráclito temos apenas fragmentos e o que os seus discípulos e colegas contaram com o passar do tempo.

    Quando falamos em Heráclito, é quase que instantâneo pensar na ideia do rio e toda a sua dinamicidade. Ele dizia que não se pode banhar duas vezes no mesmo rio, uma vez que as águas já não serão mais as mesmas e tampouco a pessoa será a mesma. Entretanto, em um estudo mais detalhado com mais profundas reflexões, é possível afirmar que nem mesmo uma só vez pode-se banhar no mesmo rio, pois a água que está tocando a ponta do dedo é diferente da que toca o calcanhar, e o homem que ali está banhando não está fixado com um único pensamento durante esse único banho.

    A figura do rio é justamente para nos levar a essa ideia de que tudo está em constante mudança; em todo momento, nós e as coisas estamos nos renovando, nos purificando, mudando e melhorando. Como Heráclito mesmo nos diz: “Este mundo, o mesmo de todos (os seres), nenhum deus, nenhum homem o fez, mas era, é, e será um fogo sempre vivo, acendendo-se em medidas e apagando-se em medidas”, mostrando que as coisas estão nascendo e morrendo, e quem ordena tais medidas que ora acendem, ora apagam é o Logos, que em Heráclito é traduzido como a razão, a inteligência.

    Para o filósofo, tudo flui em um ciclo infinito de transformações: “Para almas é morte tornar-se água, e para água é morte tornar-se terra; e de terra nasce água, e de água, alma”. Esse ciclo sem fim, no qual um sujeito morre à medida que nasce e nasce à medida que morre, vemos também no Evangelho: “Em verdade, em verdade vos digo que, se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica ele só, mas se morrer, dá muito fruto” (Jo 12:24).

    A partir desse constante morrer para nascer, em que tudo flui, caracterizando o mundo como um eterno devir, entendemos que as mudanças ocorrem a todo momento. Esse rio em que não podemos nos banhar com a mesma água nem uma única vez faz-nos compreender que as mudanças da vida são ligeiras e necessárias. Esse processo contínuo, desde o nascimento até a morte, recorda-nos da necessidade de nos colocar a serviço e à disposição de sua fluidez.

   As mudanças não ocorrem somente em situações difíceis, podem até se acentuar nelas, porém somos seres que fluímos, assim como as coisas fluem e a natureza flui. Nesse constante fluir vemos as águas do rio de Heráclito passarem e juntamente com elas as nossas ideias e reflexões. Porém, elas não só se vão; enquanto umas coisas morrem, outras nascem e, assim, somos preenchidos de novos conhecimentos e ideias para seguir a jornada.


 Adaptado de: https://fasbam.edu.br/2021/04/23/heraclito-asmudancas-ocorrem-simultaneamente-ao-rio-que-corre/

 

 

No trecho “vemos também no Evangelho: ‘Em verdade, em verdade vos digo que, se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica ele só, mas se morrer, dá muito fruto’ (Jo 12:24)”, o autor faz uso:
Alternativas
Q2499131 Português

Texto I


Heráclito: as mudanças ocorrem simultaneamente ao rio que corre


    É comum acreditarmos na ideia de que tem de acontecer algo ruim para começarmos a mudar. Em variadas situações percebemos isso se repetindo continuamente [...] Na realidade, vivemos intensamente a ideia de que “algo tem que acontecer” para a mudança começar e não nos esforçamos para perceber que estamos sempre em constante mudança.

    É compreensível que, em um mundo onde a agitação e o tempo “não param de correr”, precisemos muitas vezes fazer somente aquilo em que nos habituamos e esqueçamos de perceber os detalhes e as mudanças da nossa vida. Porém, somos seres em constante mudança, mesmo que não nos demos conta. A pandemia – como exemplo mais recente – veio para nos indagar de que forma estamos vivendo e o que estamos fazendo com nossas vidas, ou seja, o que estamos mudando, mas, em nenhum momento, ela foi um pontapé inicial de mudança, assim como outros fatores também não foram.

    Veremos isso claramente no pensamento de Heráclito, que nasceu em Éfeso, antiga colônia grega, em 540 a.C. e morreu por volta de 470 a.C. Era pré-socrático; e como bem sabemos não se tem muitas informações ou obras completas dos filósofos pré-socráticos. De Heráclito temos apenas fragmentos e o que os seus discípulos e colegas contaram com o passar do tempo.

    Quando falamos em Heráclito, é quase que instantâneo pensar na ideia do rio e toda a sua dinamicidade. Ele dizia que não se pode banhar duas vezes no mesmo rio, uma vez que as águas já não serão mais as mesmas e tampouco a pessoa será a mesma. Entretanto, em um estudo mais detalhado com mais profundas reflexões, é possível afirmar que nem mesmo uma só vez pode-se banhar no mesmo rio, pois a água que está tocando a ponta do dedo é diferente da que toca o calcanhar, e o homem que ali está banhando não está fixado com um único pensamento durante esse único banho.

    A figura do rio é justamente para nos levar a essa ideia de que tudo está em constante mudança; em todo momento, nós e as coisas estamos nos renovando, nos purificando, mudando e melhorando. Como Heráclito mesmo nos diz: “Este mundo, o mesmo de todos (os seres), nenhum deus, nenhum homem o fez, mas era, é, e será um fogo sempre vivo, acendendo-se em medidas e apagando-se em medidas”, mostrando que as coisas estão nascendo e morrendo, e quem ordena tais medidas que ora acendem, ora apagam é o Logos, que em Heráclito é traduzido como a razão, a inteligência.

    Para o filósofo, tudo flui em um ciclo infinito de transformações: “Para almas é morte tornar-se água, e para água é morte tornar-se terra; e de terra nasce água, e de água, alma”. Esse ciclo sem fim, no qual um sujeito morre à medida que nasce e nasce à medida que morre, vemos também no Evangelho: “Em verdade, em verdade vos digo que, se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica ele só, mas se morrer, dá muito fruto” (Jo 12:24).

    A partir desse constante morrer para nascer, em que tudo flui, caracterizando o mundo como um eterno devir, entendemos que as mudanças ocorrem a todo momento. Esse rio em que não podemos nos banhar com a mesma água nem uma única vez faz-nos compreender que as mudanças da vida são ligeiras e necessárias. Esse processo contínuo, desde o nascimento até a morte, recorda-nos da necessidade de nos colocar a serviço e à disposição de sua fluidez.

   As mudanças não ocorrem somente em situações difíceis, podem até se acentuar nelas, porém somos seres que fluímos, assim como as coisas fluem e a natureza flui. Nesse constante fluir vemos as águas do rio de Heráclito passarem e juntamente com elas as nossas ideias e reflexões. Porém, elas não só se vão; enquanto umas coisas morrem, outras nascem e, assim, somos preenchidos de novos conhecimentos e ideias para seguir a jornada.


 Adaptado de: https://fasbam.edu.br/2021/04/23/heraclito-asmudancas-ocorrem-simultaneamente-ao-rio-que-corre/

 

 

Acerca do Texto I NÃO se pode afirmar:
Alternativas
Q2499042 Português
O que são os manguezais e por que é importante conservá-los

         Os manguezais estão na lista dos mais produtivos ecossistemas do mundo, de acordo com especialistas. Segundo a Convenção de Ramsar (Convenção sobre as Áreas Úmidas de Importância Internacional), os ecossistemas de mangue são únicos, raros e extremamente ricos em biodiversidade. Com espécies da flora, fauna e até solo exclusivos, esse ambiente, quando gerenciado de forma sustentável, tem um papel importante na mitigação das mudanças climáticas, na proteção de zonas costeiras e na subsistência de milhões de pessoas.
           Entretanto, segundo a Unesco, as áreas úmidas estão desaparecendo três a cinco vezes mais rápido do que as outras florestas no mundo, trazendo sérios impactos ecológicos e socioeconômicos. O órgão estima que a cobertura de mangue global foi reduzida à metade da área original nos últimos 40 anos.

O que são os manguezais

       A bióloga Marta Vannucci, uma das pioneiras em estudos oceanográficos no Brasil e responsável por mais de 100 publicações científicas sobre os mangues, descreve as florestas desse ecossistema como “grandiosas, únicas e maravilhosas”. “Não há, como nas outras florestas, chão sobre o qual andar. Durante a maré cheia, a floresta está inundada e, quando a maré recua, deixa atrás de si um emaranhado caótico de raízes de todo tipo, recobertos por mucilagem, liquens e algas que crescem também sobre os galhos e emergem do lodo, onde é possível afundar-se até os joelhos, se houver espaço suficiente para apoiar os pés”, escreve ela.
       Trata-se de um lugar que funciona como uma transição do meio marinho para o terrestre, comumente encontrado em regiões tropicais e subtropicais onde a vida é controlada pelo ritmo das marés.
         Por serem donos de características tão específicas, os manguezais abrigam espécies únicas, como algumas adaptadas para ambientes com água salobra (onde a salinidade é maior que nos rios e menor que no mar).
        Árvores típicas do ecossistema, os mangues propriamente ditos chamam atenção por suas raízes, que ficam expostas acima do solo lodoso e formam redes complexas capazes de sustentar os altos troncos e as copas cheias.

Onde encontramos ecossistemas de mangue

         Os manguezais colonizam os litorais de 123 nações e territórios pelo mundo, segundo a Unesco. Entretanto, eles ainda são considerados ecossistemas raros, já que representam menos de 1% das florestas tropicais e menos de 0,4% das superfícies florestais do planeta.
        Ainda que espalhados por todo o mundo, apenas um punhado de países abriga mais de 70% dos manguezais do planeta.
      Só no Brasil, de acordo com o levantamento do Atlas dos Manguezais do Brasil, lançado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em 2018, existem aproximadamente 14 mil km² de florestas de mangue ao longo do litoral. Isso coloca o país como o segundo com a maior extensão de manguezais no mundo, com 12% do total, atrás apenas da Indonésia.

Por que os manguezais são importantes

    Com toda essa biodiversidade, os manguezais também são responsáveis por inúmeros serviços ecossistêmicos, que beneficiam tanto os seres humanos quanto as demais espécies que os habitam. A importância dos manguezais vai desde a proteção de costas e controle climático até a reprodução de espécies.
     “O emaranhado de raízes e o solo rico em nutrientes formam um excelente berçário para muitos animais, principalmente marinhos, que vivem nas raízes submersas quando jovens e seguem para o mar aberto depois de adultos”, explica Aburto.
     “Por exemplo, entre as espécies de interesse comercial, a tainha, o linguado, a sardinha e o mero são altamente dependentes do manguezal para a manutenção de suas populações", diz Monica Tognella, da Ufes.
     Outro serviço prestado é a redução da vulnerabilidade de zonas costeiras a perigos naturais. “[O manguezal] impede a erosão das costas e protege qualquer infraestrutura, sejam casas, hotéis, ou outros empreendimentos, porque consegue barrar a força das ondas e de tempestades”, diz Aburto.
       Segundo a Unesco, uma faixa de 500 metros de mangues consegue diminuir a altura das ondas que chegam ao litoral em 50 a 99%.
       Em relação ao controle climático, os manguezais também são importantes sequestradores de carbono. “Eles sequestram CO2 da atmosfera 50 vezes mais rápido do que qualquer outra árvore, e o armazenam no solo em uma quantidade que pode ser até cinco vezes maior do que qualquer outra floresta”, diz Aburto. Dados da Unesco mostram que um hectare de bosque de mangues é capaz de armazenar 3.754 toneladas de carbono, o equivalente ao emitido por 2.650 carros em um ano. “É por isso que os manguezais têm sido considerados os grandes super-heróis que podem nos ajudar a combater as mudanças climáticas”, afirma o explorador.
       O Atlas dos Manguezais do Brasil reforça que eles também impactam na sobrevivência humana no dia a dia. O documento informa que, aproximadamente 120 milhões de pessoas em todo o mundo vivem a pelo menos 10 quilômetros de distância de áreas significativas de mangue, se beneficiando deles de diversas formas, como com a pesca e extração de produtos florestais, a obtenção de água potável e a proteção contra erosão e eventos climáticos extremos. O Atlas também menciona que os manguezais são importantes para a recreação e o turismo, além de serem importantes para religiões populares.

Ameaças aos manguezais

      A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) alerta para os danos aos manguezais causados por extração predatória de lenha e alimentos (caranguejos, lagostas, peixes, camarões, etc.); retirada da vegetação nativa para culturas agrícolas – como arroz, cana-de-açúcar, palmeiras (extração de óleo de palma); e construção de estradas, imóveis e grandes empreendimentos turísticos. “A agricultura e a criação de animais, principalmente a cultura de camarão, são os principais problemas, porque entram em conflito com as áreas de manguezais, causando o desmatamento”, explica Aburto.
       Segundo o IUCN, nos últimos 20 anos, o mundo perdeu 36% dos seus manguezais. Só no Brasil, de acordo com o Atlas, 25% das florestas de mangue foram destruídas desde o começo do século 20. A situação é particularmente grave nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, que apresentam um alto nível de fragmentação – estimativas recentes sugerem que cerca de 40% do que um dia foi uma extensão contínua de manguezais já não existe mais.

Como ajudar na conservação de manguezais

    “O primeiro passo é saber mais sobre eles”, diz Aburto. Segundo ele, por ser um ambiente que ocorre em poucas áreas do planeta, há quem não saiba da sua existência, o que dificulta ações coletivas de conservação. “Muitas pessoas consomem produtos que vêm ou dependem dos manguezais, mas nunca ouviram falar desse ecossistema. Como se protege algo que não se conhece?”
    Para a professora Monica Tognella, “devemos construir um diálogo entre os estudos científicos que mostram como os ambientes intactos são mais benéficos do que a retirada dos bosques de mangue, influenciando esforços coletivos para a conservação."
     Outras ações possíveis para proteger os manguezais, segundo os especialistas, estão ligadas ao consumo consciente. “Saber da onde vem e como são produzidos os alimentos que consumimos, por exemplo, é um meio de proteger esses ecossistemas, considerando que a produção de camarão e óleo de palma para alimentação é uma das principais causas do desmatamento dos mangues”, diz Aburto. “Exigir produções mais sustentáveis e que empreendimentos, como grandes hotéis, não destruam áreas de mangue também são ações que cidadãos comuns podem se comprometer.”
    “Compartilhar e se informar sobre o valor dos manguezais para os humanos e o meio ambiente", diz Aburto, "é uma forma de promover, cada vez mais, sua proteção e o uso sustentável."

Adaptado de: https://www.nationalgeographicbrasil.com/meio-
ambiente/2022/07/o-que-sao-os-manguezais-e-por-que-e-
importante-conserva-los Acesso em: 25/03/24
 
Com relação ao que o texto afirma sobre os manguezais é INCORRETO o que se diz em:
Alternativas
Respostas
71: C
72: D
73: A
74: C
75: C