Questões de Concurso Público FAMES 2022 para Assistente em Administração
Foram encontradas 80 questões
Q2051606
Português
Texto associado
Entenda como o coronavírus pode mudar até nosso
jeito de falar português
Walter Porto
O novo coronavírus veio provocar abalos na nossa relação com quase tudo em volta, inclusive com uma
ferramenta de importância que nem sempre levamos
em conta – as palavras. Termos que usávamos raramente, como quarentena e pandemia, se tornaram
correntes ‒ já que pela primeira vez a nossa geração
as vive na pele ‒ e outras expressões entraram com
o pé na porta no léxico do dia a dia, caso de “distanciamento social”, “achatar a curva” e, claro, o próprio
“coronavírus”.
Já outras palavras renovaram sua relevância, ganhando novos significados. “Vacina” é um anseio coletivo
para o futuro, “gripe” se tornou um termo quase politizado, “peste” veio trotando de tempos antigos para
se tornar assombrosamente atual.
O jornal britânico The Guardian conta que o dicionário Oxford teve uma atualização extraordinária no
mês passado para adicionar palavras que tomaram o
discurso global e entraram de supetão na língua inglesa, como “Covid-19”.
Tudo isso planta sementes de mudança no idioma ‒
essa entidade inquieta. Como disse o linguista português Vergílio Ferreira, “a própria língua, como ser
vivo que é, decidirá o que lhe importa assimilar ou
recusar”, cuspindo alguns arranjos novos, engolindo
outros. Me resta imaginar como será o português depois dessas reviravoltas todas.
“Suponho que o que vai pegar mesmo é o que já
pegou, o corona”, diz Deonísio da Silva, escritor e
professor. “O futuro a Deus pertence, mas é difícil
alguém se referir, lembra a Covid? Lembra o Sars, o
coronavírus? A gente lembrará como os tempos do
corona”. O próprio modo de chamar o vírus já é objeto de rinha política e, como lembra Sheila Grillo, “as
palavras nunca são neutras, sempre trazem um recorte da realidade”.
Segundo o professor Deonísio da Silva, o desconhecido total, como uma situação de pandemia, faz com
que aceitemos passivamente a entrada de siglas e
procedimentos científicos nas falas cotidianas “como
um valor absoluto” assim como a invasão dos neologismos, “que chegam à nossa casa mudando tudo”.
“Não é possível que não tenhamos outro modo de
entregar coisas em casa que não seja o 'delivery'”,
afirma ele. “Outra palavra que de repente ficou indispensável é o ‘home office’, quando os portugueses,
que adaptam muito, já usam o ‘teletrabalho.’”
Grillo lembra que, no esforço de tentar explicar fenômenos novos como este, é comum fazer empréstimos de outras línguas e atualizar termos antigos. “Alguns desses termos são impostos meio na marra”, diz
o professor Pasquale Cipro Neto. “Isso é muito chato,
quando o gerente do banco fala comigo que tem um
‘call’, que ‘call’?” E nesses tempos em que a testagem
em massa tem sido um ponto focal de discussão, outro anglicismo tem dominado as notícias, o de que
fulano “testou positivo”. “É traduzido diretamente do
inglês”, diz Pasquale. “Não dá para dizer que é errado, porque o uso legitima a expressão, apesar de não
ser a sintaxe portuguesa padrão. É uma tradução literal que vigora.”
Enquanto estamos no nosso "lockdown" particular,
pedindo delivery pelo app, assistindo a lives e fazendo binge-watching no streaming, as palavras que
usamos ganham vida, amadurecem, apodrecem.
Sem que notemos, transformam-se.
Folha de São Paulo, Ilustrada, 1º mai. 2020. Adaptado.
Segundo Sarmento (2013, p. 86), “as línguas variam
de região para região, de grupo social para grupo social, de situação para situação. O cruzamento desses
fatores configura as variedades regionais e sociais. A
influência das variações regionais e sociais gera inúmeras variedades linguísticas dentro de um mesmo
idioma”.
A esse respeito, observe os textos seguintes.
Texto I
“...palavras que tomaram o discurso global e entraram de supetão na língua inglesa, como 'Covid-19'." [...] ‘Alguns desses termos são impostos meio na marra’, diz o professor Pasquale Cipro Neto. ‘Isso é muito chato, quando o gerente do banco fala comigo que tem um ‘call’, que ‘call’?’”
Texto II
Preencha corretamente as lacunas do texto a seguir, considerando o que propõe Sarmento.
Do ponto de vista de variação linguística, os Textos I e II apresentam certa identidade, uma vez que ambos expõem marcas de variantes linguísticas típicas do registro __________ pelo uso, por exemplo, de palavras e expressões como “de supetão”, “na marra”, “a gente”, “pra” e “tá”. Nesse caso, significa dizer que está sendo empregada a linguagem __________
A sequência que preenche corretamente as lacunas do texto é
A esse respeito, observe os textos seguintes.
Texto I
“...palavras que tomaram o discurso global e entraram de supetão na língua inglesa, como 'Covid-19'." [...] ‘Alguns desses termos são impostos meio na marra’, diz o professor Pasquale Cipro Neto. ‘Isso é muito chato, quando o gerente do banco fala comigo que tem um ‘call’, que ‘call’?’”
Texto II
Preencha corretamente as lacunas do texto a seguir, considerando o que propõe Sarmento.
Do ponto de vista de variação linguística, os Textos I e II apresentam certa identidade, uma vez que ambos expõem marcas de variantes linguísticas típicas do registro __________ pelo uso, por exemplo, de palavras e expressões como “de supetão”, “na marra”, “a gente”, “pra” e “tá”. Nesse caso, significa dizer que está sendo empregada a linguagem __________
A sequência que preenche corretamente as lacunas do texto é
Q2051607
Português
Texto associado
Entenda como o coronavírus pode mudar até nosso
jeito de falar português
Walter Porto
O novo coronavírus veio provocar abalos na nossa relação com quase tudo em volta, inclusive com uma
ferramenta de importância que nem sempre levamos
em conta – as palavras. Termos que usávamos raramente, como quarentena e pandemia, se tornaram
correntes ‒ já que pela primeira vez a nossa geração
as vive na pele ‒ e outras expressões entraram com
o pé na porta no léxico do dia a dia, caso de “distanciamento social”, “achatar a curva” e, claro, o próprio
“coronavírus”.
Já outras palavras renovaram sua relevância, ganhando novos significados. “Vacina” é um anseio coletivo
para o futuro, “gripe” se tornou um termo quase politizado, “peste” veio trotando de tempos antigos para
se tornar assombrosamente atual.
O jornal britânico The Guardian conta que o dicionário Oxford teve uma atualização extraordinária no
mês passado para adicionar palavras que tomaram o
discurso global e entraram de supetão na língua inglesa, como “Covid-19”.
Tudo isso planta sementes de mudança no idioma ‒
essa entidade inquieta. Como disse o linguista português Vergílio Ferreira, “a própria língua, como ser
vivo que é, decidirá o que lhe importa assimilar ou
recusar”, cuspindo alguns arranjos novos, engolindo
outros. Me resta imaginar como será o português depois dessas reviravoltas todas.
“Suponho que o que vai pegar mesmo é o que já
pegou, o corona”, diz Deonísio da Silva, escritor e
professor. “O futuro a Deus pertence, mas é difícil
alguém se referir, lembra a Covid? Lembra o Sars, o
coronavírus? A gente lembrará como os tempos do
corona”. O próprio modo de chamar o vírus já é objeto de rinha política e, como lembra Sheila Grillo, “as
palavras nunca são neutras, sempre trazem um recorte da realidade”.
Segundo o professor Deonísio da Silva, o desconhecido total, como uma situação de pandemia, faz com
que aceitemos passivamente a entrada de siglas e
procedimentos científicos nas falas cotidianas “como
um valor absoluto” assim como a invasão dos neologismos, “que chegam à nossa casa mudando tudo”.
“Não é possível que não tenhamos outro modo de
entregar coisas em casa que não seja o 'delivery'”,
afirma ele. “Outra palavra que de repente ficou indispensável é o ‘home office’, quando os portugueses,
que adaptam muito, já usam o ‘teletrabalho.’”
Grillo lembra que, no esforço de tentar explicar fenômenos novos como este, é comum fazer empréstimos de outras línguas e atualizar termos antigos. “Alguns desses termos são impostos meio na marra”, diz
o professor Pasquale Cipro Neto. “Isso é muito chato,
quando o gerente do banco fala comigo que tem um
‘call’, que ‘call’?” E nesses tempos em que a testagem
em massa tem sido um ponto focal de discussão, outro anglicismo tem dominado as notícias, o de que
fulano “testou positivo”. “É traduzido diretamente do
inglês”, diz Pasquale. “Não dá para dizer que é errado, porque o uso legitima a expressão, apesar de não
ser a sintaxe portuguesa padrão. É uma tradução literal que vigora.”
Enquanto estamos no nosso "lockdown" particular,
pedindo delivery pelo app, assistindo a lives e fazendo binge-watching no streaming, as palavras que
usamos ganham vida, amadurecem, apodrecem.
Sem que notemos, transformam-se.
Folha de São Paulo, Ilustrada, 1º mai. 2020. Adaptado.
Segundo Cereja (2013, p. 314), “o uso da pontuação
depende da intenção do locutor do discurso. Assim,
os sinais de pontuação estão diretamente relacionados ao contexto, ao interlocutor e às intenções”.
Com base nesse enunciado, atente para o emprego dos sinais de pontuação na seguinte passagem transcrita do texto.
Já outras palavras renovaram sua relevância, ganhando novos significados. “Vacina” é um anseio coletivo para o futuro, “gripe” se tornou um termo quase politizado, “peste” veio trotando de tempos antigos para se tornar assombrosamente atual... Tudo isso planta sementes de mudança no idioma ‒ essa entidade inquieta. Como disse o linguista português Vergílio Ferreira, “a própria língua, como ser vivo que é, decidirá o que lhe importa assimilar ou recusar”, cuspindo alguns arranjos novos, engolindo outros. Resta imaginar como será o português depois dessas reviravoltas todas.
Avalie as afirmações acerca dos sinais de pontuação.
I - As reticências foram utilizadas para indicar a supressão de um trecho transcrito do texto de Walter Porto.
II - As vírgulas em “... a própria língua, como ser vivo que é, decidirá o que lhe importa...” separam uma oração intercalada e de caráter explicativo.
III - O travessão na frase “Tudo isso planta sementes de mudança no idioma ‒ essa entidade inquieta.” pode ser substituído pela vírgula, empregada para isolar o vocativo.
IV - As aspas nas palavras “Vacina”, “gripe” e “peste” nada apresentam de relevante em termos de sentido para o texto, razão pela qual podem ser eliminadas dele sem nenhum prejuízo semântico.
Está correto apenas o que se afirma em
Com base nesse enunciado, atente para o emprego dos sinais de pontuação na seguinte passagem transcrita do texto.
Já outras palavras renovaram sua relevância, ganhando novos significados. “Vacina” é um anseio coletivo para o futuro, “gripe” se tornou um termo quase politizado, “peste” veio trotando de tempos antigos para se tornar assombrosamente atual... Tudo isso planta sementes de mudança no idioma ‒ essa entidade inquieta. Como disse o linguista português Vergílio Ferreira, “a própria língua, como ser vivo que é, decidirá o que lhe importa assimilar ou recusar”, cuspindo alguns arranjos novos, engolindo outros. Resta imaginar como será o português depois dessas reviravoltas todas.
Avalie as afirmações acerca dos sinais de pontuação.
I - As reticências foram utilizadas para indicar a supressão de um trecho transcrito do texto de Walter Porto.
II - As vírgulas em “... a própria língua, como ser vivo que é, decidirá o que lhe importa...” separam uma oração intercalada e de caráter explicativo.
III - O travessão na frase “Tudo isso planta sementes de mudança no idioma ‒ essa entidade inquieta.” pode ser substituído pela vírgula, empregada para isolar o vocativo.
IV - As aspas nas palavras “Vacina”, “gripe” e “peste” nada apresentam de relevante em termos de sentido para o texto, razão pela qual podem ser eliminadas dele sem nenhum prejuízo semântico.
Está correto apenas o que se afirma em
Q2051608
Português
Texto associado
Entenda como o coronavírus pode mudar até nosso
jeito de falar português
Walter Porto
O novo coronavírus veio provocar abalos na nossa relação com quase tudo em volta, inclusive com uma
ferramenta de importância que nem sempre levamos
em conta – as palavras. Termos que usávamos raramente, como quarentena e pandemia, se tornaram
correntes ‒ já que pela primeira vez a nossa geração
as vive na pele ‒ e outras expressões entraram com
o pé na porta no léxico do dia a dia, caso de “distanciamento social”, “achatar a curva” e, claro, o próprio
“coronavírus”.
Já outras palavras renovaram sua relevância, ganhando novos significados. “Vacina” é um anseio coletivo
para o futuro, “gripe” se tornou um termo quase politizado, “peste” veio trotando de tempos antigos para
se tornar assombrosamente atual.
O jornal britânico The Guardian conta que o dicionário Oxford teve uma atualização extraordinária no
mês passado para adicionar palavras que tomaram o
discurso global e entraram de supetão na língua inglesa, como “Covid-19”.
Tudo isso planta sementes de mudança no idioma ‒
essa entidade inquieta. Como disse o linguista português Vergílio Ferreira, “a própria língua, como ser
vivo que é, decidirá o que lhe importa assimilar ou
recusar”, cuspindo alguns arranjos novos, engolindo
outros. Me resta imaginar como será o português depois dessas reviravoltas todas.
“Suponho que o que vai pegar mesmo é o que já
pegou, o corona”, diz Deonísio da Silva, escritor e
professor. “O futuro a Deus pertence, mas é difícil
alguém se referir, lembra a Covid? Lembra o Sars, o
coronavírus? A gente lembrará como os tempos do
corona”. O próprio modo de chamar o vírus já é objeto de rinha política e, como lembra Sheila Grillo, “as
palavras nunca são neutras, sempre trazem um recorte da realidade”.
Segundo o professor Deonísio da Silva, o desconhecido total, como uma situação de pandemia, faz com
que aceitemos passivamente a entrada de siglas e
procedimentos científicos nas falas cotidianas “como
um valor absoluto” assim como a invasão dos neologismos, “que chegam à nossa casa mudando tudo”.
“Não é possível que não tenhamos outro modo de
entregar coisas em casa que não seja o 'delivery'”,
afirma ele. “Outra palavra que de repente ficou indispensável é o ‘home office’, quando os portugueses,
que adaptam muito, já usam o ‘teletrabalho.’”
Grillo lembra que, no esforço de tentar explicar fenômenos novos como este, é comum fazer empréstimos de outras línguas e atualizar termos antigos. “Alguns desses termos são impostos meio na marra”, diz
o professor Pasquale Cipro Neto. “Isso é muito chato,
quando o gerente do banco fala comigo que tem um
‘call’, que ‘call’?” E nesses tempos em que a testagem
em massa tem sido um ponto focal de discussão, outro anglicismo tem dominado as notícias, o de que
fulano “testou positivo”. “É traduzido diretamente do
inglês”, diz Pasquale. “Não dá para dizer que é errado, porque o uso legitima a expressão, apesar de não
ser a sintaxe portuguesa padrão. É uma tradução literal que vigora.”
Enquanto estamos no nosso "lockdown" particular,
pedindo delivery pelo app, assistindo a lives e fazendo binge-watching no streaming, as palavras que
usamos ganham vida, amadurecem, apodrecem.
Sem que notemos, transformam-se.
Folha de São Paulo, Ilustrada, 1º mai. 2020. Adaptado.
A colocação pronominal e o emprego correto de elementos anafóricos contribuem para a coerência e a
coesão textuais.
A esse respeito, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma.
( ) Na frase “Me resta imaginar como será o português depois dessas reviravoltas todas.”, o uso do pronome proclítico destacado está de acordo com a língua culta.
( ) No período “... veio trotando de tempos antigos para se tornar assombrosamente atual.”, é indiferente a colocação do pronome antes ou depois do verbo quando este vem regido da preposição “para”.
( ) Em “... inclusive com uma ferramenta de importância que nem sempre levamos em conta – as palavras. Termos que usávamos raramente, como quarentena e pandemia, se tornaram correntes ‒ já que pela primeira vez a nossa geração as vive na pele.”, o pronome oblíquo anafórico em destaque retoma o termo “correntes”.
De acordo com as afirmações, a sequência correta é
A esse respeito, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma.
( ) Na frase “Me resta imaginar como será o português depois dessas reviravoltas todas.”, o uso do pronome proclítico destacado está de acordo com a língua culta.
( ) No período “... veio trotando de tempos antigos para se tornar assombrosamente atual.”, é indiferente a colocação do pronome antes ou depois do verbo quando este vem regido da preposição “para”.
( ) Em “... inclusive com uma ferramenta de importância que nem sempre levamos em conta – as palavras. Termos que usávamos raramente, como quarentena e pandemia, se tornaram correntes ‒ já que pela primeira vez a nossa geração as vive na pele.”, o pronome oblíquo anafórico em destaque retoma o termo “correntes”.
De acordo com as afirmações, a sequência correta é
Q2051609
Português
Texto associado
Entenda como o coronavírus pode mudar até nosso
jeito de falar português
Walter Porto
O novo coronavírus veio provocar abalos na nossa relação com quase tudo em volta, inclusive com uma
ferramenta de importância que nem sempre levamos
em conta – as palavras. Termos que usávamos raramente, como quarentena e pandemia, se tornaram
correntes ‒ já que pela primeira vez a nossa geração
as vive na pele ‒ e outras expressões entraram com
o pé na porta no léxico do dia a dia, caso de “distanciamento social”, “achatar a curva” e, claro, o próprio
“coronavírus”.
Já outras palavras renovaram sua relevância, ganhando novos significados. “Vacina” é um anseio coletivo
para o futuro, “gripe” se tornou um termo quase politizado, “peste” veio trotando de tempos antigos para
se tornar assombrosamente atual.
O jornal britânico The Guardian conta que o dicionário Oxford teve uma atualização extraordinária no
mês passado para adicionar palavras que tomaram o
discurso global e entraram de supetão na língua inglesa, como “Covid-19”.
Tudo isso planta sementes de mudança no idioma ‒
essa entidade inquieta. Como disse o linguista português Vergílio Ferreira, “a própria língua, como ser
vivo que é, decidirá o que lhe importa assimilar ou
recusar”, cuspindo alguns arranjos novos, engolindo
outros. Me resta imaginar como será o português depois dessas reviravoltas todas.
“Suponho que o que vai pegar mesmo é o que já
pegou, o corona”, diz Deonísio da Silva, escritor e
professor. “O futuro a Deus pertence, mas é difícil
alguém se referir, lembra a Covid? Lembra o Sars, o
coronavírus? A gente lembrará como os tempos do
corona”. O próprio modo de chamar o vírus já é objeto de rinha política e, como lembra Sheila Grillo, “as
palavras nunca são neutras, sempre trazem um recorte da realidade”.
Segundo o professor Deonísio da Silva, o desconhecido total, como uma situação de pandemia, faz com
que aceitemos passivamente a entrada de siglas e
procedimentos científicos nas falas cotidianas “como
um valor absoluto” assim como a invasão dos neologismos, “que chegam à nossa casa mudando tudo”.
“Não é possível que não tenhamos outro modo de
entregar coisas em casa que não seja o 'delivery'”,
afirma ele. “Outra palavra que de repente ficou indispensável é o ‘home office’, quando os portugueses,
que adaptam muito, já usam o ‘teletrabalho.’”
Grillo lembra que, no esforço de tentar explicar fenômenos novos como este, é comum fazer empréstimos de outras línguas e atualizar termos antigos. “Alguns desses termos são impostos meio na marra”, diz
o professor Pasquale Cipro Neto. “Isso é muito chato,
quando o gerente do banco fala comigo que tem um
‘call’, que ‘call’?” E nesses tempos em que a testagem
em massa tem sido um ponto focal de discussão, outro anglicismo tem dominado as notícias, o de que
fulano “testou positivo”. “É traduzido diretamente do
inglês”, diz Pasquale. “Não dá para dizer que é errado, porque o uso legitima a expressão, apesar de não
ser a sintaxe portuguesa padrão. É uma tradução literal que vigora.”
Enquanto estamos no nosso "lockdown" particular,
pedindo delivery pelo app, assistindo a lives e fazendo binge-watching no streaming, as palavras que
usamos ganham vida, amadurecem, apodrecem.
Sem que notemos, transformam-se.
Folha de São Paulo, Ilustrada, 1º mai. 2020. Adaptado.
A morfossintaxe é a análise feita às orações em termos morfológicos (ou seja, analisa as palavras de
uma oração individualmente, independentemente
da sua ligação com as outras palavras) e em termos
sintáticos (analisa conjuntamente a relação das palavras de uma oração, ou seja, a função que as palavras
desempenham na sua formação).
Baseando-se nesse postulado, avalie as afirmações sobre a seguinte passagem transcrita do texto.
“... fulano 'testou positivo'. 'É traduzido diretamente do inglês', diz Pasquale. 'Não dá para dizer que é errado, porque o uso legitima a expressão, apesar de não ser a sintaxe portuguesa padrão. É uma tradução literal que vigora. [...] as palavras que usamos ganham vida, amadurecem, apodrecem. Sem que notemos, transformam-se'."
I - Quanto aos aspectos semânticos e estilísticos, há palavras usadas no sentido denotativo e no sentido figurado.
II - Há uma frase no texto empregada em desacordo com a norma-padrão da língua portuguesa quanto às regras de concordância e de regência.
III - O último período é composto por subordinação e introduzido por uma locução conjuntiva; na segunda oração, o sujeito está elíptico e o verbo exprime ação.
IV - Do ponto de vista da norma-padrão, há dois desvios: a ausência do emprego do sinal indicativo de crase em “à expressão” e a grafia incorreta da palavra “legitima”, que se classifica como proparoxítona e, por isso, deve receber acento gráfico obrigatório: “legítima”.
Está correto apenas o que se afirma em
Baseando-se nesse postulado, avalie as afirmações sobre a seguinte passagem transcrita do texto.
“... fulano 'testou positivo'. 'É traduzido diretamente do inglês', diz Pasquale. 'Não dá para dizer que é errado, porque o uso legitima a expressão, apesar de não ser a sintaxe portuguesa padrão. É uma tradução literal que vigora. [...] as palavras que usamos ganham vida, amadurecem, apodrecem. Sem que notemos, transformam-se'."
I - Quanto aos aspectos semânticos e estilísticos, há palavras usadas no sentido denotativo e no sentido figurado.
II - Há uma frase no texto empregada em desacordo com a norma-padrão da língua portuguesa quanto às regras de concordância e de regência.
III - O último período é composto por subordinação e introduzido por uma locução conjuntiva; na segunda oração, o sujeito está elíptico e o verbo exprime ação.
IV - Do ponto de vista da norma-padrão, há dois desvios: a ausência do emprego do sinal indicativo de crase em “à expressão” e a grafia incorreta da palavra “legitima”, que se classifica como proparoxítona e, por isso, deve receber acento gráfico obrigatório: “legítima”.
Está correto apenas o que se afirma em
Q2051610
Português
Texto associado
Entenda como o coronavírus pode mudar até nosso
jeito de falar português
Walter Porto
O novo coronavírus veio provocar abalos na nossa relação com quase tudo em volta, inclusive com uma
ferramenta de importância que nem sempre levamos
em conta – as palavras. Termos que usávamos raramente, como quarentena e pandemia, se tornaram
correntes ‒ já que pela primeira vez a nossa geração
as vive na pele ‒ e outras expressões entraram com
o pé na porta no léxico do dia a dia, caso de “distanciamento social”, “achatar a curva” e, claro, o próprio
“coronavírus”.
Já outras palavras renovaram sua relevância, ganhando novos significados. “Vacina” é um anseio coletivo
para o futuro, “gripe” se tornou um termo quase politizado, “peste” veio trotando de tempos antigos para
se tornar assombrosamente atual.
O jornal britânico The Guardian conta que o dicionário Oxford teve uma atualização extraordinária no
mês passado para adicionar palavras que tomaram o
discurso global e entraram de supetão na língua inglesa, como “Covid-19”.
Tudo isso planta sementes de mudança no idioma ‒
essa entidade inquieta. Como disse o linguista português Vergílio Ferreira, “a própria língua, como ser
vivo que é, decidirá o que lhe importa assimilar ou
recusar”, cuspindo alguns arranjos novos, engolindo
outros. Me resta imaginar como será o português depois dessas reviravoltas todas.
“Suponho que o que vai pegar mesmo é o que já
pegou, o corona”, diz Deonísio da Silva, escritor e
professor. “O futuro a Deus pertence, mas é difícil
alguém se referir, lembra a Covid? Lembra o Sars, o
coronavírus? A gente lembrará como os tempos do
corona”. O próprio modo de chamar o vírus já é objeto de rinha política e, como lembra Sheila Grillo, “as
palavras nunca são neutras, sempre trazem um recorte da realidade”.
Segundo o professor Deonísio da Silva, o desconhecido total, como uma situação de pandemia, faz com
que aceitemos passivamente a entrada de siglas e
procedimentos científicos nas falas cotidianas “como
um valor absoluto” assim como a invasão dos neologismos, “que chegam à nossa casa mudando tudo”.
“Não é possível que não tenhamos outro modo de
entregar coisas em casa que não seja o 'delivery'”,
afirma ele. “Outra palavra que de repente ficou indispensável é o ‘home office’, quando os portugueses,
que adaptam muito, já usam o ‘teletrabalho.’”
Grillo lembra que, no esforço de tentar explicar fenômenos novos como este, é comum fazer empréstimos de outras línguas e atualizar termos antigos. “Alguns desses termos são impostos meio na marra”, diz
o professor Pasquale Cipro Neto. “Isso é muito chato,
quando o gerente do banco fala comigo que tem um
‘call’, que ‘call’?” E nesses tempos em que a testagem
em massa tem sido um ponto focal de discussão, outro anglicismo tem dominado as notícias, o de que
fulano “testou positivo”. “É traduzido diretamente do
inglês”, diz Pasquale. “Não dá para dizer que é errado, porque o uso legitima a expressão, apesar de não
ser a sintaxe portuguesa padrão. É uma tradução literal que vigora.”
Enquanto estamos no nosso "lockdown" particular,
pedindo delivery pelo app, assistindo a lives e fazendo binge-watching no streaming, as palavras que
usamos ganham vida, amadurecem, apodrecem.
Sem que notemos, transformam-se.
Folha de São Paulo, Ilustrada, 1º mai. 2020. Adaptado.
Segundo Sarmento (2013, p. 238) “A intertextualidade é o diálogo entre textos. Em outras palavras, é a
criação de um novo texto a partir de outros já existentes”.
Texto I
“Suponho que o que vai pegar mesmo é o que já pegou, o corona”, diz Deonísio da Silva, escritor e professor.
Texto II
Considerando-se os dois textos, é correto afirmar que neles a intertextualidade ocorre por meio da
Texto I
“Suponho que o que vai pegar mesmo é o que já pegou, o corona”, diz Deonísio da Silva, escritor e professor.
Texto II
Considerando-se os dois textos, é correto afirmar que neles a intertextualidade ocorre por meio da