Tendências: os reflexos da pandemia da Covid-19 no estudo para concursos

Há um ano, entrava em vigor o decreto da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) no Brasil e no mundo. Na época, uma série de medidas começou a ser implementada para conter o avanço da doença, como o distanciamento social, trabalho remoto e ensino a distância. Inicialmente previstas para uma quarentena, as ações se estenderam, fazendo com que muitos recalculassem as rotas de 2020. Com os concursos públicos, não foi diferente.

Ao longo dos últimos 12 meses, dezenas de seleções foram suspensas, adiadas ou canceladas. A situação poderia levar a um cenário desanimador, porém os números de resolução de questões no decorrer de 2020 apontam o contrário.

De março de 2020 a março de 2021, questões voltadas a concursos públicos no Brasil foram resolvidas mais de 860 milhões de vezes, um aumento de 174% em relação ao período anterior.

O gráfico acima indica a quantidade de questões resolvidas desde o início de 2019 até o início de março de 2021. Nota-se que há um aumento expressivo a partir de 2020, quando começaram as ações de prevenção ao vírus. O recorde de questões respondidas em março de 2020 foi superado ao longo dos meses, sendo quebrado mais uma vez em fevereiro de 2021.

A movimentação não surpreende se levarmos em conta os concursos que tiveram editais lançados durante a pandemia, como o processo seletivo do IBGE, que foi cancelado e reaberto em menos de um ano, e as seleções da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal.

Carreira policial em destaque

Os concursos policiais, aliás, foram os que estiveram mais em alta desde o início da pandemia. De fevereiro de 2020 a fevereiro de 2021, foi registrado um aumento de cerca de 193% nas questões resolvidas com foco na área. Isso porque, além da PF, PRF e Depen, diversos estados abriram seleções para as polícias Civil e Militar.

Percebe-se no gráfico acima que os concursos fiscais também estão bem cotados nos últimos meses. A resolução de questões de provas da área cresceu 95% no período.

Por outro lado, a carreira bancária, que ocupava o segundo lugar entre as mais estudadas, perdeu espaço durante o ano. As previsões de 2020 eram bastante otimistas para a área, mas a crise e suas consequências no mercado mudaram os planos de algumas seleções, como os concursos do Banco Central e do Banco do Brasil.

O avanço dos delegados

O destaque da carreira policial também é comprovado pelo aumento de questões resolvidas com foco no cargo de Delegado desde 2019, chegando ao topo em meados de 2020, como mostra a imagem abaixo.

Vale lembrar que, atualmente, estão em andamento e previstos pelo menos nove seleções para o cargo de Delegado, como a Polícia Civil do Rio Grande do Norte, a Polícia Civil do Paraná e a própria Polícia Federal.

Mudanças na rotina

Em abril de 2020, o Tendências mostrou uma mudança nos estudos logo no início da quarentena. Na ocasião, observou-se um aumento da presença dos estudantes na plataforma do Qconcursos no período de 16h às 23h e uma diminuição na madrugada.

Contudo, os novos horários vieram com o impacto do decreto da pandemia, já que o comportamento dos concurseiros sofreu mais variações durante o ano.

A adesão de novos alunos e a adaptação ao conhecido “novo normal” provocou, desde o início da crise sanitária, uma diminuição nos estudos do início da manhã e começo da tarde e um aumento no período noturno e durante a madrugada.

Estudo pelo país

Quando se trata de uma análise territorial, a mudança no comportamento acompanha a evolução de questões resolvidas nos últimos 12 meses. Todas as regiões apresentaram uma intensificação nos estudos desde o começo da pandemia, com destaque para o Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará.

Por outro lado, regiões como Acre, Amapá, Tocantins e Mato Grosso do Sul não seguiram a tendência de crescimento, registrando as menores taxas de resolução de questões.

Desafios do ensino a distância

A expansão do ensino para as redes também trouxe desafios. Estudantes que não estavam acostumados ao método foram obrigados a se adaptar a uma nova realidade de aulas 100% on-line.

“Nem todos sabem usar os equipamentos ou entendem as funcionalidades. Além disso, há aqueles que sentem falta do contato, tanto do professor quanto de outros colegas”, disse a professora do Qconcursos Ana Machado, que trabalha com educação a distância há cerca de seis anos.

No entanto, a professora afirma ter sido mais tranquilo para quem já estudava antes pelo ensino a distância (EAD).

“Tento sempre fazer uma aula mais interativa do que meramente expositiva. Isso ajuda muito com o entrosamento e a comunicação nas salas on-line”, acrescenta.

Ainda não há como saber o futuro do ensino após a pandemia, mas para a professora Ana Machado, o EAD será a melhor alternativa para quem deseja prosseguir com os estudos.

“E isso é um desafio para um país como o Brasil, pois nem todos possuem acesso amplo à internet e aos recursos digitais. Dessa forma, políticas públicas são muito necessárias, tanto para os alunos, quanto para os profissionais da educação. A inclusão digital necessita primeiramente da inclusão social para ter resultados mais satisfatórios”, encerra.
Concursos abertos Veja a lista completa e atualizada

*Com a colaboração de Vitor Silva


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