Paula, uma jovem de 26 anos, chega ao pronto-socorro com vis...
Paula, uma jovem de 26 anos, chega ao pronto-socorro com visível desconforto. Há dez dias, ela vem percebendo um corrimento vaginal de odor desagradável e, nos últimos sete dias, o quadro piorou com o surgimento de uma dor persistente no baixo ventre. Ela informa que utiliza um dispositivo intrauterino (DIU) de cobre há cerca de um ano. Embora negue febre, vômitos ou diarreia, o corrimento e a dor estão afetando significativamente a sua qualidade de vida e rotina. Durante o exame físico, o médico detecta um corrimento vaginal esverdeado e fétido. Paula apresenta dor à palpação abdominal no baixo ventre e dor significativa à mobilização do colo uterino, além de sensibilidade à palpação dos anexos uterinos.
Com base nesse cenário clínico, qual a abordagem terapêutica mais adequada para garantir o tratamento eficaz e seguro para Paula?
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O tema central desta questão é a abordagem terapêutica em casos de Doença Inflamatória Pélvica (DIP) em uma paciente que utiliza o dispositivo intrauterino (DIU). A questão requer conhecimentos sobre o manejo clínico da DIP, incluindo o uso de antibióticos e a decisão sobre a remoção ou manutenção do DIU.
A alternativa correta é a Alternativa D: Tratamento ambulatorial com doxiciclina, ceftriaxona e metronidazol, mantendo o DIU.
Justificativa da Alternativa Correta:
A Doença Inflamatória Pélvica é uma infecção do trato reprodutivo superior em mulheres, muitas vezes causada por uma infecção ascendente a partir do canal cervical. O tratamento ambulatorial é apropriado quando a paciente não apresenta sinais de complicações severas como febre alta, vômitos ou sinais de sepse. A combinação de doxiciclina, ceftriaxona e metronidazol cobre uma ampla gama de patógenos que podem estar envolvidos na DIP.
Análise das Alternativas Incorretas:
A - Internação hospitalar com administração de clindamicina e gentamicina, mantendo o DIU: Este regime é mais utilizado em casos de infecção mais grave ou em pacientes hospitalizadas. Paula não apresenta sinais de infecção grave que justifiquem internamento.
B - Internação hospitalar com administração de penicilina cristalina e ceftriaxona, retirando o DIU: Embora a ceftriaxona seja adequada, a penicilina cristalina não é a escolha padrão para DIP, e não há necessidade de internação conforme descrito no cenário.
C - Tratamento ambulatorial com azitromicina, ceftriaxona e metronidazol, retirando o DIU: A azitromicina não é a escolha habitual para o tratamento da DIP. Além disso, a questão não exige a remoção imediata do DIU, a menos que a paciente não responda ao tratamento inicial.
E - Tratamento ambulatorial com ciprofloxacino e metronidazol, retirando o DIU: A ciprofloxacina não é indicada de rotina para DIP, e novamente, a remoção do DIU não é necessária inicialmente.
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⚕️DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) ASSOCIADA AO USO DE DIU
✅ALTERNATIVA CORRETA: D) Tratamento ambulatorial com doxiciclina, ceftriaxona e metronidazol, mantendo o DIU.
✏️JUSTIFICATIVA.
A paciente apresenta um quadro clínico compatível com Doença Inflamatória Pélvica (DIP), caracterizado por:
Dor em baixo ventre
Corrimento vaginal fétido
Dor à mobilização do colo uterino
Sensibilidade anexial
O uso de DIU de cobre é um fator de risco para DIP, principalmente nas primeiras semanas após a inserção. Entretanto, não há indicação rotineira para remoção do DIU durante o tratamento, exceto em casos graves, falha terapêutica ou abscesso tubo-ovariano.
O tratamento ambulatorial com doxiciclina (7 a 14 dias), ceftriaxona (dose única) e metronidazol (14 dias) cobre os principais agentes etiológicos da DIP:
◼ Neisseria gonorrhoeae (coberta pela ceftriaxona)
◼ Chlamydia trachomatis (coberta pela doxiciclina)
◼ Anaeróbios, incluindo Gardnerella vaginalis e bactérias entéricas (cobertos pelo metronidazol)
⚠️ANÁLISE DAS DEMAIS ALTERNATIVAS
❌ [A]: Clindamicina e gentamicina são indicadas em casos graves, que exigem internação, o que não se aplica à paciente, pois ela não apresenta sinais sistêmicos graves (febre alta, sepse ou abscesso).
❌ [B]: Penicilina cristalina não é recomendada para DIP, pois não cobre Chlamydia e anaeróbios. Além disso, não há indicação obrigatória de retirada do DIU se o quadro for leve ou moderado.
❌ [C]: Azitromicina não é a primeira escolha para DIP, pois a doxiciclina é preferível no esquema ambulatorial devido à sua melhor cobertura contra Chlamydia.
❌ [E]: Ciprofloxacino não é indicado para tratamento de DIP, pois não apresenta boa cobertura para Neisseria gonorrhoeae e anaeróbios.
⏳RESUMO:
O tratamento da DIP leve a moderada pode ser feito ambulatorialmente com doxiciclina, ceftriaxona e metronidazol, sem necessidade de retirar o DIU. Casos graves exigem internação e antibióticos intravenosos.
‼️PONTOS CHAVE
◊ DIP é uma infecção ascendente, comum em usuárias de DIU.
◊ O tratamento ambulatorial inclui doxiciclina, ceftriaxona e metronidazol.
◊ O DIU não precisa ser removido, exceto em falha terapêutica ou complicações.
◊ Casos graves exigem internação e antibioticoterapia intravenosa.
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