Sobre o Código Florestal, o Supremo Tribunal Federal, no ju...
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Tema da questão: A questão aborda a constitucionalidade de disposições do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012), conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O Código Florestal regula a proteção da vegetação nativa, definindo, entre outros aspectos, as Áreas de Preservação Permanente (APPs) e as Reservas Legais. Essas regulamentações são fundamentais para garantir o equilíbrio ecológico e a preservação ambiental no Brasil. O STF avaliou a constitucionalidade de várias disposições desta lei.
Justificativa da alternativa correta (A):
A alternativa A afirma que é constitucional a alteração do conceito de leito regular realizada pelo legislador. O STF decidiu que essa alteração está de acordo com a Constituição, pois o conceito de leito regular é essencial para definir as margens dos cursos d'água e, consequentemente, as APPs. O tribunal entendeu que a modificação não viola princípios constitucionais.
Análise das alternativas incorretas:
B - A afirmação de que é inconstitucional o uso agrícola de várzeas em pequenas propriedades ou posses rurais está incorreta. O STF reconheceu a importância do uso sustentável e equilibrado das várzeas, considerando aspectos sociais e econômicos, especialmente para pequenos proprietários.
C - A alegação de que o uso de APPs à margem de rios para atividades de aquicultura é inconstitucional está errada. O STF permitiu, sob condições específicas, a utilização dessas áreas para aquicultura, desde que respeitadas as normas ambientais.
D - A dispensa de reserva legal para exploração de potencial de energia hidráulica não foi considerada inconstitucional pelo STF. O tribunal reconheceu a necessidade de compatibilizar o desenvolvimento energético com a preservação ambiental.
E - A possibilidade de plantio intercalado de espécies nativas e exóticas para recomposição de área de Reserva Legal foi considerada constitucional. O STF entendeu que essa prática pode ser benéfica para a recuperação ambiental, desde que bem manejada.
Estratégia para interpretação:
Ao analisar questões sobre decisões do STF, é essencial lembrar que o tribunal busca equilibrar a proteção ambiental com o desenvolvimento sustentável e os direitos dos pequenos proprietários rurais. Fique atento a palavras-chave como "constitucional" e "inconstitucional", e relacione-as ao contexto das normas ambientais.
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ARGUMENTOS INVOCADOS PELO STF PARA A DECLARAÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE DOS DEMAIS DISPOSITIVOS
Meio ambiente como direito e dever O art. 225 da Constituição Federal estabelece que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Sob essa perspectiva, o meio ambiente assume função dúplice no microssistema jurídico, na medida em que representa simultaneamente um direito e um dever dos cidadãos, os quais se posicionam, paralelamente, também de forma simultânea, como credores e como devedores da obrigação de proteção respectiva.
Homem é parte indissociável do meio ambiente: Por intermédio das interações genéticas biologicamente evolutivas que se sucederam nos últimos milhares de anos, o meio ambiente produziu a espécie humana, cuja vida depende dos recursos nele contidos. Nesse ponto, nem os mais significativos avanços tecnológicos permitirão ao homem, em algum momento futuro, dissociar-se do meio ambiente, na medida em que a atividade humana inventiva e transformadora depende da matéria nele contida, sob todas as suas formas.
Homem é produto (e não proprietário) do meio ambiente: A capacidade de os indivíduos desestabilizarem o equilíbrio do conjunto de recursos naturais que lhes fornece a própria existência tem gerado legítimas preocupações, as quais se intensificaram no último século. Afinal, recursos naturais são escassos; determinados danos são irreversíveis ou extremamente agressivos à natureza; alterações climáticas tornaram-se problema real; e a poluição se alastra pelos grandes centros, entre outras evidências empíricas da crise ambiental. Portanto, o foco no crescimento econômico sem a devida preocupação ecológica consiste em ameaça presente e futura para o progresso das nações e até mesmo para a sobrevivência da espécie humana. O homem apenas progride como ser biológico e como coletividade quando se percebe como produto — e não proprietário — do meio ambiente.
CONTINUA
O STF analisou a constitucionalidade do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) e decidiu:
1) declarar a inconstitucionalidade das expressões “gestão de resíduos” e “instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais”, contidas no art. 3º, VIII, b, da Lei nº 12.651/2012;
2) dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, VIII e IX, da Lei, de modo a se condicionar a intervenção excepcional em APP, por interesse social ou utilidade pública, à inexistência de alternativa técnica e/ou locacional à atividade proposta;
3) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, XVII e ao art. 4º, IV, para fixar a interpretação de que os entornos das nascentes e dos olhos d´água intermitentes configuram área de preservação permanente;
4) declarar a inconstitucionalidade das expressões “demarcadas” e “tituladas”, contidas no art. 3º, parágrafo único;
5) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, para permitir compensação apenas entre áreas com identidade ecológica;
6) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 59, §§ 4º e 5º, de modo a afastar, no decurso da execução dos termos de compromissos subscritos nos programas de regularização ambiental, o risco de decadência ou prescrição, seja dos ilícitos ambientais praticados antes de 22.7.2008, seja das sanções deles decorrentes, aplicando-se extensivamente o disposto no § 1º do art. 60 da Lei 12.651/2012, segundo o qual “a prescrição ficará interrompida durante o período de suspensão da pretensão punitiva”.
Todos os demais dispositivos da Lei foram considerados constitucionais.
STF. Plenário. ADC 42/DF, ADI 4901/DF, ADI 4902/DF, ADI 4903/DF e ADI 4937/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 28/2/2018 (Info 892).
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