De acordo com o texto, sofrimento é:
DEFINITIVO
Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido juntos e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando−se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional...
Fonte: Martha Medeiros(adaptado).
Gabarito comentado
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Interpretação do texto: O texto de Martha Medeiros aborda a natureza do sofrimento humano, enfatizando que ele muitas vezes provém de expectativas não realizadas e de experiências que não vivemos, ao invés das dores das experiências efetivamente vividas. A questão pede para que identifiquemos a definição de sofrimento segundo o texto.
Alternativa correta:
A - Aquilo que não está explícito, mas que foi deixado de ser vivido em função de nossas escolhas ou como a vida se apresenta. Esta alternativa é a correta porque reflete a ideia central do texto: o sofrimento advém da comparação entre o que vivemos e o que sonhamos, ou seja, do que não foi realizado devido a nossas escolhas ou à vida em si. A autora menciona que sofremos por projeções irrealizadas, o que se alinha perfeitamente com a definição apresentada na alternativa A.
Alternativas incorretas:
B - A dor das coisas que vivemos por nossas escolhas e que nos fazem infeliz. Esta alternativa é incorreta porque sugere que o sofrimento vem das experiências vividas e não daquelas que não foram vividas. O texto enfatiza que o sofrimento está mais relacionado ao que deixamos de viver do que ao que realmente vivemos.
C - Ter de fazer coisas que não gostamos, mas somos obrigados por necessidade. Esta opção é inválida, pois não aborda o conceito de sofrimento conforme mencionado no texto. O sofrimento discutido não se refere a obrigações, mas a expectativas frustradas e experiências não realizadas.
D - Uma condição inerente ao ser humano, já que não temos escolha. Esta alternativa é errada, pois implica que o sofrimento é inevitável e incontrolável. O texto sugere que, embora a dor seja inevitável, o sofrimento é uma escolha, dependendo da forma como lidamos com nossas frustrações e expectativas.
Conclusão: A alternativa A é a que melhor reflete a essência do sofrimento conforme abordado no texto de Martha Medeiros. As outras opções falham em captar a ideia central de que o sofrimento está mais relacionado ao que não foi vivido do que ao que foi.
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