Questões de Português - Tipos de Discurso: Direto, Indireto e Indireto Livre para Concurso
Foram encontradas 534 questões
Ano: 2023
Banca:
FUNCERN
Órgão:
Câmara de Natal - RN
Provas:
FUNCERN - 2023 - Câmara de Natal - RN - Técnico Legislativo (TLNM) - Técnico em Administração
|
FUNCERN - 2023 - Câmara de Natal - RN - Técnico Legislativo (TLNM) - Técnico em Eletrônica |
FUNCERN - 2023 - Câmara de Natal - RN - Técnico Legislativo (TLNM) - Técnico em Redes de Computadores |
FUNCERN - 2023 - Câmara de Natal - RN - Técnico Legislativo (TLNM) - Técnico em Eventos |
FUNCERN - 2023 - Câmara de Natal - RN - Técnico Legislativo (TLNM) - Técnico em Manutenção de Suporte em Informática |
Q2197173
Português
Texto associado
Os dentes dos pobres
por Olivier Cyran
Em 1970, um jovem dentista de Autun, bafejado pelos ventos do Maio de 68, se lançou em um projeto
audacioso: abrir, em Saône-et-Loire, um consultório destinado aos pobres. Bernard Jeault conseguiu obter
um empréstimo bancário e aliciar para a aventura quatro colegas, prontos como ele a trair o evangelho de
sua profissão: a prática liberal e o sucesso material. Trabalhariam juntos, com o mesmo equipamento e por
um valor modesto. Adeus vida de figurões convidados para os saraus do subprefeito: socialização dos
cuidados e bons dentes para todos!
No entanto, a Ordem Nacional dos Cirurgiões-dentistas velava por seus interesses. Hostis à ideia de
um atendimento com vocação social e temendo que essa subversão do modelo sacrossanto do pequeno
empresário dentista abrisse uma brecha capaz de abalar todo o sistema, os sabichões travaram contra Jeault
uma longa e implacável guerra. Arruinado, depois proibido de exercer a profissão em represália a uma obra
em que relatava seus desenganos com os “arrancadores de dentes”, o “dentista dos pobres” amargou o
desemprego, a assistência social e uma velhice com dificuldades, antes de morrer, em julho de 2019.
Cinquenta anos após seu torpedeado projeto, as desigualdades de acesso aos serviços que ele
esperava proporcionar continuam abissais. Os estragos podem ser observados desde a mais tenra idade.
Segundo levantamentos de saúde escolar em cursos pré-primários da França, um quarto dos filhos de
operários tem cáries não cuidadas, contra apenas 4% dos filhos de executivos, disparidade que aumenta na
idade adulta. Estima-se que mais de um quarto dos casais de baixa renda não vai ao dentista por falta de
meios. Como reconhecia o ministro da Saúde em 2011, “as desigualdades constatadas se traduzem, de um
lado, por uma exposição desigual ao risco: os hábitos favoráveis à saúde bucodentária (escovação diária,
exposição aos fluoretos, alimentação variada) são mais disseminados entre a população beneficiada por um
melhor nível de educação e renda; de outro, um recurso também desigual aos tratamentos: os executivos
consultam mais frequentemente o cirurgião-dentista que as categorias sociais pouco qualificadas”.
Fraco consolo para os desfavorecidos do sistema francês, condenados a dores atrozes, a dificuldades
de mastigação ou a um sorriso murcho que sabota sua vida amorosa, social e profissional: o fardo que
carregam é largamente partilhado no mundo inteiro.
Embora afetem milhões de pessoas e gerem sofrimentos consideráveis, essas desigualdades são
muitas vezes negadas ou minimizadas. Os próprios dentistas repisam de bom grado o refrão, ventilado nas
campanhas preventivas, segundo o qual a saúde dentária é essencialmente um problema de responsabilidade
individual. Para ter uma dentição sadia, cabe a cada um respeitar as regras de higiene preconizadas desde o
berço, seguir um regime alimentar equilibrado, evitar os doces, o álcool, o fumo e as drogas, não se expor ao
cassetete do policial nem ao punho do marido violento – levar, em suma, uma existência virtuosa e protegida.
Do contrário, a culpa será sua se seus dentes se estragarem.
O sistema francês de cuidados dentários repousa em dois princípios: por um lado, a primazia do
modelo liberal, que exige do profissional tirar o máximo de seu investimento; por outro, a organização de uma
oferta de serviços de duas vias, na qual as intervenções reembolsadas a preço de “assistência social”,
disponíveis para os pacientes modestos, rivalizam com as intervenções sem limite de preços, infinitamente
mais lucrativas, como os implantes e as próteses. Entre o juramento que ele faz no primeiro dia de sua carreira
– “Cuidarei do indigente e de quem quer que procure meus serviços” – e a tentação de privilegiar os clientes
de alto valor agregado, o dentista se vê diante de um dilema que está pouco interessado em deslindar no
interesse da saúde pública.
Sem dúvida, a atração do ganho tem aí seu papel. Não é por acaso que, no jargão dos especialistas
europeus em evasão fiscal, “o investidor privado que cruza a fronteira com seu dinheiro escuso para aplicá-lo em um ambiente fiscal mais favorável é conhecido como dentista belga” – uma homenagem à profissão,
não à bandeira. A sede de euros acentua a repugnância por aqueles que não os têm. No fim de 2018, o
Defensor dos Direitos (uma autoridade independente francesa de defesa dos direitos dos cidadãos)
conclamou as plataformas de marcação de consultas on-line, como a Doctolib, a bloquear em seus sites
menções abertamente discriminatórias feitas por numerosos dentistas, como “os beneficiários da CMU
(Cobertura Médica Universal) não serão aceitos no consultório”. A recusa de cuidados – aos beneficiários da CMU, mas também aos pobres em geral, crianças, idosos e deficientes – é moeda corrente na profissão,
ainda que em geral disfarçada.
Mas, embora os dentistas endossem o primeiro papel nesse sistema de triagem, nem por isso foram
seus criadores. É a nomenclatura dos pagamentos editada pelos poderes públicos que, pondo em
concorrência serviços gratuitos e serviços lucrativos, incita-os a negligenciar os primeiros para melhor se
consagrar aos segundos. “Se você me pede um orçamento bucodentário, serão 23 euros, isto é, uma
ninharia”, explica-nos um profissional aborrecido com sua profissão. “Assim, posso resolver o caso em quinze
minutos ou decidir trabalhar a sério e gastar 45. Se fizer isso várias vezes ao dia, vou acabar na miséria.”
Acabrunhado de trabalho e consciente de sua missão, ele próprio mal consegue pagar suas contas e ganhar
a vida. Ao contrário, um colega menos escrupuloso, que despacha uma limpeza de dentes em dez minutos
cronometrados – quando seriam necessários trinta, no mínimo – ganha confortavelmente a sua. Como resume
nosso interlocutor, “os que cuidam de você de qualquer jeito ou inventam um pretexto para não cuidar são os
mais bem-sucedidos”.
A esse respeito, a reforma chamada de “o resto a custo zero”, em vigor desde janeiro de 2020, não
mudou fundamentalmente o sistema. Se ela permite que o plano de saúde pague integralmente algumas
próteses de baixo custo (e os planos de saúde se aproveitaram disso para aumentar seus preços), deixa
intacta a lógica de negligência e rentabilidade que rege o dispositivo. Sim, existem profissionais heroicos que
não medem esforços para cuidar da melhor maneira possível de quem os procura, com risco de burn-out,
mas não é certo que sejam os mais numerosos entre os 42 mil dentistas instalados na França – dos quais 35
mil são particulares.
Reconhecer o direito de cada um de ter dentes que mordam, tornar público o serviço, pagar aos
dentistas salários que lhes permitam exercer sua arte sem se preocupar com o ganho ou com o financiamento
da piscina de bolinhas em sua segunda residência: o projeto imaginado por Bernard Jeault há meio século
merece sem dúvida uma segunda oportunidade. Por enquanto, a única utopia que parece capaz de abalar o
sacrossanto modelo liberal se mostra ainda mais mercantil que este último. Com efeito, nos termos de uma
lei de desregulamentação adotada em 2009 sob a égide de Roselyne Bachelot, então ministra da Saúde,
clínicas odontológicas de baixo custo foram surgindo às centenas. Dentego, Dentimad, Dentifree, Dentalvie,
Dentymed, Dentasmile. Apesar dos nomes, que evocam um concurso de onomástica publicitária, seriam
“associações sem fins lucrativos”, que não deveriam render nada. Mas as liberalidades proporcionadas pela
lei lhes permitem superar isso.
Disponível em: <https://diplomatique.org.br/os-dentes-dos-pobres/> Acesso em: mar. 2023 [Adaptado]
Em relação aos modos de citar o discurso alheio, existe, no terceiro parágrafo, a presença de
Ano: 2023
Banca:
Quadrix
Órgão:
CRB 9ª Região
Prova:
Quadrix - 2023 - CRB 9ª Região - Agente de Orientação e Fiscalização |
Q2188832
Português
A partir da leitura do texto e considerando seus aspectos formais e de conteúdo, julgue o item abaixo.
O trecho separado por travessões “— sobretudo modernos —” (linha 19) exemplifica o chamado discurso indireto livre.
O trecho separado por travessões “— sobretudo modernos —” (linha 19) exemplifica o chamado discurso indireto livre.
Ano: 2023
Banca:
IVIN
Órgão:
Prefeitura de Canto do Buriti - PI
Provas:
IVIN - 2023 - Prefeitura de Canto do Buriti - PI - Assistente Social
|
IVIN - 2023 - Prefeitura de Canto do Buriti - PI - Dentista Periodontista |
IVIN - 2023 - Prefeitura de Canto do Buriti - PI - Educador Físico |
IVIN - 2023 - Prefeitura de Canto do Buriti - PI - Enfermeiro |
IVIN - 2023 - Prefeitura de Canto do Buriti - PI - Fisioterapeuta |
IVIN - 2023 - Prefeitura de Canto do Buriti - PI - Fonoaudiólogo |
IVIN - 2023 - Prefeitura de Canto do Buriti - PI - Médico |
IVIN - 2023 - Prefeitura de Canto do Buriti - PI - Médico Cardiologista |
IVIN - 2023 - Prefeitura de Canto do Buriti - PI - Médico ESF |
IVIN - 2023 - Prefeitura de Canto do Buriti - PI - Médico Psiquiatra |
IVIN - 2023 - Prefeitura de Canto do Buriti - PI - Terapeuta Ocupacional |
IVIN - 2023 - Prefeitura de Canto do Buriti - PI - Médico Veterinário |
IVIN - 2023 - Prefeitura de Canto do Buriti - PI - Nutricionista |
IVIN - 2023 - Prefeitura de Canto do Buriti - PI - Psicopedagogo |
IVIN - 2023 - Prefeitura de Canto do Buriti - PI - Psicólogo |
IVIN - 2023 - Prefeitura de Canto do Buriti - PI - Professor de Educação Física |
Q2187641
Português
Texto associado
Cientistas descobrem novo método para retardar o envelhecimento das células
Disponível em: https://canaltech.com.br/saude/cientistas-descobrem-novo-metodo-para-retardar-o-envelhecimento-das-celulas-227708/
O parágrafo constituído quase em sua totalidade
pelo discurso direto é o:
Ano: 2023
Banca:
FGV
Órgão:
TJ-RN
Provas:
FGV - 2023 - TJ-RN - Analista Judiciário - Administrativa – Contabilidade
|
FGV - 2023 - TJ-RN - Analista Judiciário - Apoio especializado – Psicologia |
FGV - 2023 - TJ-RN - Analista Judiciário - Apoio especializado – Serviço Social |
FGV - 2023 - TJ-RN - Analista Judiciário - Apoio especializado – Pedagogia |
FGV - 2023 - TJ-RN - Analista Judiciário - Apoio especializado – História ou Museologia |
FGV - 2023 - TJ-RN - Analista Judiciário - Apoio especializado – Arquivologia |
FGV - 2023 - TJ-RN - Analista Judiciário - Apoio especializado – Biblioteconomia |
Q2183591
Português
A opção abaixo em que está presente uma forma interrogativa
indireta é:
Ano: 2022
Banca:
FUNCERN
Órgão:
Prefeitura de Maxaranguape - RN
Provas:
FUNCERN - 2022 - Prefeitura de Maxaranguape - RN - Advogado
|
FUNCERN - 2022 - Prefeitura de Maxaranguape - RN - Analista Orçamentário |
Q2178147
Português
Texto associado
TEXTO
Quem tem medo da liberdade de expressão?
Alexandre Cruz
Com o advento das redes sociais, debates sobre os limites da liberdade de expressão têm ganhado
força na sociedade brasileira e, com a proximidade das eleições de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
entrou no baile. Sob argumento de que notícias e opiniões falsas ou desinformativas podem causar danos a
grupos sociais ou até mesmo interferir no resultado final de uma eleição, aumenta-se perigosamente o apoio
à formulação de uma espécie de "index prohibitorum" digital, contendo palavras e opiniões que devem ser
previamente censuradas sob o risco potencial de causar danos sociais ou eleitorais.
O Youtube, por exemplo, já filtra palavras que não podem ser ditas, podendo gerar a desmonetização
de um vídeo ou, no limite, a sua exclusão da plataforma. O resultado, no final, é o surgimento de uma
variedade de neologismos cifrados utilizados por youtubers para substituir as palavras indesejadas.
A perspectiva na qual palavras, ideias e opiniões devem ser censuradas pelo seu dano presumido
não é nova. Além de ser utilizada levianamente por grupos para cercear opiniões divergentes sem ter o
trabalho de argumentar, tende a focar mais nos possíveis prejuízos do que nos benefícios de uma
amplíssima liberdade de expressão para a sociedade em geral.
Entre a independência dos Estados Unidos e o fim da 1ª Guerra Mundial, por exemplo, diversos casos
contestando os limites da liberdade de expressão e de imprensa tiveram curso em tribunais estaduais e na
Suprema Corte daquele país. Neste período, como aponta o historiador Michael Curtis, prevaleceu no
judiciário norte-americano a chamada "Doutrina da Tendência Ruim", onde opiniões consideradas com
potencial para causar eventuais danos sociais deveriam ser suprimidas.
Na esteira dessa doutrina, obras que criticavam a escravidão, por exemplo, foram censuradas em
diversas cortes de estados escravagistas sob o argumento de causar danos ao direito de propriedade. Coube
a jornalistas, advogados, intelectuais e ativistas contestar essa doutrina e muitas vezes promover a circulação
de obras abolicionistas ilegalmente. Ou seja, enquanto setores do judiciário norte-americano impunham uma
visão restritiva e racista da liberdade de expressão, coube à sociedade civil ampliar os seus limites na prática.
Ecos de uma concepção de liberdade de expressão mais ampla, de raiz popular, chegariam à
Suprema Corte dos Estados Unidos apenas na década de 1920. Anos antes, Benjamin Gitlow, membro do
Partido Socialista, foi processado pelo estado de Nova Iorque pelo crime de anarquia após ter publicado no
periódico "The Revolutionary Age" o texto "The Left Wing Manifesto". Embora sua defesa tenha alegado que
o artigo se tratava de uma análise histórica, não de uma incitação revolucionária, Gitlow foi considerado
culpado pela corte estadual, tendo sua condenação confirmada pela maioria da Suprema Corte em 1925.
Porém, durante o julgamento, foi possível vislumbrar a penetração de uma concepção mais ampla da
liberdade de expressão entre juízes da corte. Em um histórico voto dissidente, o juiz Oliver Wendell Holmes
Jr. registraria que: "toda ideia é um incitamento. Ela se oferece para a crença e, se acreditada, é praticada a
menos que outra crença a supere, ou a falta de empenho sufoque o movimento em seu nascimento. A única
diferença entre a expressão de uma opinião e uma incitação, no sentido mais restrito, é o entusiasmo do
orador pelo resultado".
No Brasil, também a liberdade de expressão e de imprensa foram uma conquista da sociedade civil
após décadas de censura ao longo do século 20, não uma concessão da burocracia estatal. Historicamente,
a ampla liberdade de expressão sempre foi um instrumento popular para fustigar o poder estabelecido em
prol de mudanças sociais. Não podemos deixar que contextos políticos nublados nos façam esquecer disso.
Os benefícios de uma ampla liberdade de expressão e de imprensa são maiores do que os malefícios de sua
utilização para o cometimento de crimes (que devem ser punidos através do devido processo legal).
Aceitar a premissa de que uma ideia ou opinião deva ser censurada, talvez até por algoritmos, antes
de alcançar o espaço público devido ao seu possível dano social ou eleitoral, sem crime determinado e
comprovado, é lançar um bumerangue autoritário que mais cedo ou mais tarde voltará.
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/>. Acesso em: 14 set. 2022.
No parágrafo 7, há citação