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Ano: 2016 Banca: UFPR Órgão: PM-PR Prova: UFPR - 2016 - PM-PR - Aspirante |
Q2015236 Português

Livro e futebol


       O leitor a quem se dirige esse livro não é evidente: em geral, quem vive o futebol não está interessado em ler sobre ele mais do que a notícia de jornal ou revista, e quem se dedica a ler livros e especulações poucas vezes conhece o futebol por dentro. Pierre Bourdieu observa, por exemplo, que a sociologia esportiva é desdenhada pelos sociólogos e menosprezada pelos envolvidos com o esporte. A observação pode valer também para ensaios como este aqui, embora ele não seja do gênero sociológico. No limite, a onipresença do jogo de bola soa abusiva e irrelevante para quem acompanha a discussão cultural. Assim, mais do que um desconhecimento recíproco entre as partes, pode-se falar, de fato, de uma dupla resistência. Viver o futebol dispensa pensá-lo, e, em grande parte, é essa dispensa que se procura nele. Os pensadores, por sua vez, à esquerda ou à direita, na meia ou no centro, têm muitas vezes uma reserva contra os componentes anti-intelectuais e massivos do futebol, e temem ou se recusam a endossálos, por um lado, e a se misturar com eles, por outro. Tudo isso, por si só, já daria um belo assunto: o futebol como o nó cego em que a cultura e a sociedade se expõem no seu ponto ao mesmo tempo mais visível e invisível. E esse não deixa de ser o tema deste livro, que talvez possa interessar a quem esteja disposto a lê-lo independentemente de conhecer o futebol ou de ser ou não “intelectual”.

        Não é incomum, também, que intelectuais vivam intensamente o futebol, sem pensá-lo, e que resistam, ao mesmo tempo, a admiti-lo na ordem do pensamento. Nesse caso, aqueles dois personagens a que nos referimos no começo podem se encontrar numa pessoa só. [...]


(José Miguel Wisnik. Veneno Remédio: o Futebol e o Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.)
“Nesse caso, aqueles dois personagens a que nos referimos no começo podem se encontrar numa pessoa só”. Com isso, o autor reconhece que:
1. é desejável pensar o esporte por outro viés que não seja aquele permeado por admiração e paixão.
2. admitir o futebol na ordem do pensamento significa fazer do torcedor apaixonado uma pessoa capaz de refletir sobre seus pontos positivos e negativos.
3. há intelectuais que, mesmo não admitindo que possam haver abordagens intelectualizadas do futebol, são torcedores fervorosos.
4. o torcedor apaixonado é aquele que prefere pensar o futebol na sua expressão cultural e, portanto, é o que congrega as características de leitor preferencial do livro.
Assinale a alternativa correta.
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