Questões de Vestibular PUC - RS 2016 para Vestibular - Primeiro Semestre - 2º Dia
Foram encontradas 10 questões
Ano: 2016
Banca:
PUC - RS
Órgão:
PUC - RS
Prova:
PUC - RS - 2016 - PUC - RS - Vestibular - Primeiro Semestre - 2º Dia |
Q761492
Literatura
Texto associado
Leia os excertos do conto Uma vela para Dario, de Dalton Trevisan, e analise as afirmativas sobre o texto.
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo
até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de
chuva, e descansou na pedra o cachimbo. (...)
Ele reclinou-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode
pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abriu-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta.
Quando lhe retiraram os sapatos, Dario roncou feio e bolhas de espuma surgiram no canto da boca. Cada pessoa
que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver. Os moradores da rua conversavam
de uma porta à outra, as crianças foram despertadas e de pijama acudiram à janela. O senhor gordo repetia que
Dario sentara-se na calçada, soprando ainda a fumaça do cachimbo e encostando o guarda-chuva na parede.
Mas não se via guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.
(....)
A última boca repetiu – Ele morreu, ele morreu. A gente começou a se dispersar. Dario levara duas horas
para morrer, ninguém acreditou que estivesse no fim. Agora, aos que podiam vê-lo, tinha todo o ar de um defunto.
Um senhor piedoso despiu o paletó de Dario para lhe sustentar a cabeça. Cruzou as suas mãos no peito. Não
pôde fechar os olhos nem a boca, onde a espuma tinha desaparecido. Apenas um homem morto e a multidão
se espalhou, as mesas do café ficaram vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os
cotovelos. Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acendeu ao lado do cadáver. Parecia morto há
muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva. Fecharam-se uma a uma as janelas e, três horas
depois, lá estava Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó e o dedo sem a aliança. A
vela tinha queimado até a metade e apagou-se às primeiras gotas da chuva, que voltava a cair.
I. O conto retrata a perversa fascinação diante da
morte de um passante.
II. Dario, ao longo do texto, é privado não só de
seus bens materiais, como também de seu nome
próprio, sendo referido, ao final, apenas como um
morto.
III. O personagem, embora enfrente o completo
desamparo, recebe uma espécie de cumplicidade
e apiedamento de um habitante urbano em
situação de fragilidade social.
A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são
Ano: 2016
Banca:
PUC - RS
Órgão:
PUC - RS
Prova:
PUC - RS - 2016 - PUC - RS - Vestibular - Primeiro Semestre - 2º Dia |
Q761493
Literatura
_________, no conto Venha ver o pôr do sol, narra
uma história de _________ a partir do encontro de
um casal de antigos amantes, em que, ao fim, a personagem
feminina é _________
Ano: 2016
Banca:
PUC - RS
Órgão:
PUC - RS
Prova:
PUC - RS - 2016 - PUC - RS - Vestibular - Primeiro Semestre - 2º Dia |
Q761494
Literatura
Leia o trecho da crônica A morte da Velhinha de
Taubaté, de Luís Fernando Veríssimo, e analise as
considerações que seguem, preenchendo os parênteses
com V (verdadeiro) ou F (falso).
“Morreu no último dia 19, aos 90 anos de idade,
de causa ignorada, a paulista conhecida como “a
Velhinha de Taubaté”, que se tornou uma celebridade
nacional há alguns anos por ser a última pessoa no
Brasil que ainda acreditava no governo.
(...) As circunstâncias da morte da Velhinha de Taubaté
ainda não estão esclarecidas. Sua sobrinha
Suzette, que tem uma agência de acompanhantes
de congressistas em Brasília embora a Velhinha
acreditasse que ela fazia trabalho social com religiosas,
informou que a Velhinha já tivera um pequeno
acidente vascular ao saber da compra de votos para
a reeleição do Fernando Henrique Cardoso, em quem
ela acreditava muito, mas ficara satisfeita com as
explicações e se recuperara. Segundo Suzette, ela estava acompanhando as
CPIs, comentara a sinceridade e o espírito público de
todos os componentes das comissões, nenhum dos
quais estava fazendo política, e de todos os depoentes,
e acreditava que, como todos estavam dizendo
a verdade, a crise acabaria logo, mas ultimamente
começara a dar sinais de desânimo e, para grande
surpresa da sobrinha, descrença. A Velhinha acreditara em Lula desde o começo e
até rebatizara o seu gato, que agora se chamava Zé.
Acreditava principalmente no Palocci. Ela morreu na
frente da televisão, talvez com o choque de alguma
notícia. Mas a polícia mandou os restos do chá que
a Velhinha estava tomando com bolinhos de polvilho
para exame de laboratório. Pode ter sido suicídio.
( ) A crônica constrói-se por meio da crítica bemhumorada do autor à corrupção generalizada da classe política. ( ) O autor explora, nesse texto, a linguagem típica da notícia de jornal para apresentar a realidade brasileira de forma caricaturesca. ( ) A profissão de Suzette na crônica é apresentada de modo direto, sem eufemismos. ( ) FHC, Lula e Palocci são personagens reais a partir dos quais a fé da Velhinha na política se consolida. ( ) Luís Fernando Veríssimo é um autor que, em seus textos, explora outros gêneros textuais, como a notícia, o conto, o diálogo, a poesia. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
( ) A crônica constrói-se por meio da crítica bemhumorada do autor à corrupção generalizada da classe política. ( ) O autor explora, nesse texto, a linguagem típica da notícia de jornal para apresentar a realidade brasileira de forma caricaturesca. ( ) A profissão de Suzette na crônica é apresentada de modo direto, sem eufemismos. ( ) FHC, Lula e Palocci são personagens reais a partir dos quais a fé da Velhinha na política se consolida. ( ) Luís Fernando Veríssimo é um autor que, em seus textos, explora outros gêneros textuais, como a notícia, o conto, o diálogo, a poesia. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
Ano: 2016
Banca:
PUC - RS
Órgão:
PUC - RS
Prova:
PUC - RS - 2016 - PUC - RS - Vestibular - Primeiro Semestre - 2º Dia |
Q761495
Literatura
Leia o poema As mortes sucessivas, de Adélia Prado, e analise as afirmativas.
Quando minha irmã morreu eu chorei muito e me consolei depressa. Tinha um vestido novo e moitas no quintal onde eu ia existir. Quando minha mãe morreu Me consolei mais lento. Tinha uma perturbação recém-achada: meus seios conformavam dois montículos e eu fiquei muito nua, cruzando os braços sobre eles é que eu chorava. Quando meu pai morreu Nunca mais me consolei. Busquei retratos antigos, procurei conhecidos, parentes, que me lembrassem sua fala, seu modo de apertar os lábios e ter certeza. Reproduzi o encolhido do seu corpo em seu último sono e repeti as palavras que ele disse quando toquei seus pés: ´deixa, tá bom assim´. Quem me consolará desta lembrança? Meus seios se cumpriram e as moitas onde existo são pura sarça ardente de memória. I. O poema apresenta um eu lírico que busca uma aprendizagem frente à morte. II. As transformações do corpo do eu lírico evidenciam uma sucessão de perdas, enfrentadas desde a juventude. III. A lembrança do pai é representada como ferida dolorosa que não tranquiliza o sentimento de falta. A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são
Quando minha irmã morreu eu chorei muito e me consolei depressa. Tinha um vestido novo e moitas no quintal onde eu ia existir. Quando minha mãe morreu Me consolei mais lento. Tinha uma perturbação recém-achada: meus seios conformavam dois montículos e eu fiquei muito nua, cruzando os braços sobre eles é que eu chorava. Quando meu pai morreu Nunca mais me consolei. Busquei retratos antigos, procurei conhecidos, parentes, que me lembrassem sua fala, seu modo de apertar os lábios e ter certeza. Reproduzi o encolhido do seu corpo em seu último sono e repeti as palavras que ele disse quando toquei seus pés: ´deixa, tá bom assim´. Quem me consolará desta lembrança? Meus seios se cumpriram e as moitas onde existo são pura sarça ardente de memória. I. O poema apresenta um eu lírico que busca uma aprendizagem frente à morte. II. As transformações do corpo do eu lírico evidenciam uma sucessão de perdas, enfrentadas desde a juventude. III. A lembrança do pai é representada como ferida dolorosa que não tranquiliza o sentimento de falta. A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são
Ano: 2016
Banca:
PUC - RS
Órgão:
PUC - RS
Prova:
PUC - RS - 2016 - PUC - RS - Vestibular - Primeiro Semestre - 2º Dia |
Q761496
Literatura
Leia o excerto do romance Intermitências da Morte, de José Saramago, e analise as afirmativas.
No dia seguinte ninguém morreu. O facto, por absolutamente contrário às normas da vida, causou nos espíritos uma perturbação
enorme, efeito em todos os aspectos justificado, basta que nos lembremos de que não havia notícia nos quarenta
volumes da história universal, nem ao menos um caso para amostra, de ter alguma vez ocorrido fenómeno semelhante,
passar-se um dia completo, com todas as suas pródigas vinte e quatro horas, contadas entre diurnas e nocturnas, matutinas
e vespertinas, sem que tivesse sucedido um falecimento por doença, uma queda mortal, um suicídio levado a bom fim, nada
de nada, pela palavra nada. Nem sequer um daqueles acidentes de automóvel tão frequentes em ocasiões festivas, quando
a alegre irresponsabilidade e o excesso de álcool se desafiam mutuamente nas estradas para decidir sobre quem vai conseguir
chegar à morte em primeiro lugar.
I. A partir de uma situação fantástica, a inexistência de mortes é vista como um fato inquietante.
II. Conforme o texto, podemos inferir que adoentados em estado grave foram salvos da morte, libertando-se de seu
sofrimento.
III. O estilo do autor é marcado pela oscilação entre a narrativa de um fato e o comentário dissertativo sobre ele.
A(s) afirmativa(s) correta(s) é/são, apenas,