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Quem está perdido, a bala ou nós?
A linguagem é perigosa. A primeira vez que uma criança foi abatida à bala em algum beco pululante de uma metrópole brasileira e nós decidimos arquivar sua morte na gaveta “bala perdida”, seguindo com o dia sem pensar mais no caso, perdemos parte da humanidade.
Difícil precisar quando foi esse ato inaugural. “Bala perdida” é uma expressão antiga, talvez tão antiga quanto as armas de fogo. Projéteis sempre deram um jeito de se extraviar do alvo, indo traçar retas fatais no território do acaso.
Menos antiga é a imensa probabilidade de que uma reta dessas, inapelável feito um deus indiferente, intercepte um menino jogando bola na rua ou uma menina debruçada na janela do quarto e sussurre em seu ouvido: acabou.
Não que algo parecido não pudesse acontecer antes de nossas metrópoles começarem a inchar, latejar e apodrecer, mais de meio século atrás.
Podia acontecer, mas era evento raríssimo enquanto não havia essa guerra sem fim entre polícia e bandidos, a fronteira entre os dois lados muitas vezes difusa — e um monte de gente no meio.
Falta treinamento, perícia, profissionalismo? Bom, ainda que todos os atiradores fossem medalhistas olímpicos, nem assim deixaria de haver bala perdida. E olha que ainda não falamos das “balas perdidas” que são puro cinismo, eufemismo de chacina, disparadas pelas costas ou à queima-roupa.
Mentirosa ou cândida, é estranha a preferência da tal bala por crianças. Seria por que estas são serelepes e teimam em se intrometer em assunto de gente grande, aonde não foram chamadas?
Ou não, nada disso, pessoas de todas as idades morrem assim — e nós é que, viciados em sentimentalismos, só damos importância ao banal quando ele se abate sobre o futuro?
Sim, a bala perdida nos desumaniza. Começa que não é perdida coisa nenhuma. É supercentrada, segura de si. Feita para matar, vai lá e mata. Perdida, a bala?
Mesmo quando erra e não mata nem fere ninguém, e acaba encravada em alguma parede ou tronco de árvore aleatório, nem assim é o caso de dizer que se perdeu. Abriu um buraco, não abriu?
Pois então. Negócio de bala é abrir buraco, mais até do que matar. Claro que abrir buraco é muito bom quando o objetivo é matar, mas também serve para outros propósitos. Digamos que a intenção do atirador seja, sei lá, pôr abaixo uma porta trancada; bala funciona para isso também.
E pode acontecer, lógico, que alguém queira arrombar a porta para em seguida matar uma pessoa que está do outro lado; acontece, nada impede, desde que haja balas suficientes. Derrubar portas requer muitos cartuchos, razão pela qual tantos especialistas recomendam a pistola automática.
A bala que se diz perdida está encontradíssima, zunindo por aí como foi projetada para fazer, esticando um fio que pode cortar destinos feito linha de pipa braba com cerol. Perdidos estão os outros; perdidos estamos nós.
Perdido, muito, está quem disparou a bala. É bem difícil que a pessoa esteja andando na rua e, ao esbarrar sem querer em seu revólver, veja balas saírem loucas pelo mundo. Mais comum é que meta o dedo no gatilho para onde o nariz aponta e seja o que Deus quiser — e assim o atirador se torna perdido.
Claro que mais perdida ainda está a pessoa que a bala encontra, mas no fim do tiroteio perdidos estamos nós, todos nós, que deixamos que a história de tantas vidas estupidamente destruídas seja insultada por uma expressão covarde e imoral.
(RODRIGUES, Sérgio. Folha de S. Paulo, São Paulo, 31 ago. 2023. Cotidiano, p.
3. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/sergio-rodrigues/2023/08/quem-esta-perdido-a-bala-ou-nos.shtml. Com adaptações).
Quem está perdido, a bala ou nós?
A linguagem é perigosa. A primeira vez que uma criança foi abatida à bala em algum beco pululante de uma metrópole brasileira e nós decidimos arquivar sua morte na gaveta “bala perdida”, seguindo com o dia sem pensar mais no caso, perdemos parte da humanidade.
Difícil precisar quando foi esse ato inaugural. “Bala perdida” é uma expressão antiga, talvez tão antiga quanto as armas de fogo. Projéteis sempre deram um jeito de se extraviar do alvo, indo traçar retas fatais no território do acaso.
Menos antiga é a imensa probabilidade de que uma reta dessas, inapelável feito um deus indiferente, intercepte um menino jogando bola na rua ou uma menina debruçada na janela do quarto e sussurre em seu ouvido: acabou.
Não que algo parecido não pudesse acontecer antes de nossas metrópoles começarem a inchar, latejar e apodrecer, mais de meio século atrás.
Podia acontecer, mas era evento raríssimo enquanto não havia essa guerra sem fim entre polícia e bandidos, a fronteira entre os dois lados muitas vezes difusa — e um monte de gente no meio.
Falta treinamento, perícia, profissionalismo? Bom, ainda que todos os atiradores fossem medalhistas olímpicos, nem assim deixaria de haver bala perdida. E olha que ainda não falamos das “balas perdidas” que são puro cinismo, eufemismo de chacina, disparadas pelas costas ou à queima-roupa.
Mentirosa ou cândida, é estranha a preferência da tal bala por crianças. Seria por que estas são serelepes e teimam em se intrometer em assunto de gente grande, aonde não foram chamadas?
Ou não, nada disso, pessoas de todas as idades morrem assim — e nós é que, viciados em sentimentalismos, só damos importância ao banal quando ele se abate sobre o futuro?
Sim, a bala perdida nos desumaniza. Começa que não é perdida coisa nenhuma. É supercentrada, segura de si. Feita para matar, vai lá e mata. Perdida, a bala?
Mesmo quando erra e não mata nem fere ninguém, e acaba encravada em alguma parede ou tronco de árvore aleatório, nem assim é o caso de dizer que se perdeu. Abriu um buraco, não abriu?
Pois então. Negócio de bala é abrir buraco, mais até do que matar. Claro que abrir buraco é muito bom quando o objetivo é matar, mas também serve para outros propósitos. Digamos que a intenção do atirador seja, sei lá, pôr abaixo uma porta trancada; bala funciona para isso também.
E pode acontecer, lógico, que alguém queira arrombar a porta para em seguida matar uma pessoa que está do outro lado; acontece, nada impede, desde que haja balas suficientes. Derrubar portas requer muitos cartuchos, razão pela qual tantos especialistas recomendam a pistola automática.
A bala que se diz perdida está encontradíssima, zunindo por aí como foi projetada para fazer, esticando um fio que pode cortar destinos feito linha de pipa braba com cerol. Perdidos estão os outros; perdidos estamos nós.
Perdido, muito, está quem disparou a bala. É bem difícil que a pessoa esteja andando na rua e, ao esbarrar sem querer em seu revólver, veja balas saírem loucas pelo mundo. Mais comum é que meta o dedo no gatilho para onde o nariz aponta e seja o que Deus quiser — e assim o atirador se torna perdido.
Claro que mais perdida ainda está a pessoa que a bala encontra, mas no fim do tiroteio perdidos estamos nós, todos nós, que deixamos que a história de tantas vidas estupidamente destruídas seja insultada por uma expressão covarde e imoral.
(RODRIGUES, Sérgio. Folha de S. Paulo, São Paulo, 31 ago. 2023. Cotidiano, p.
3. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/sergio-rodrigues/2023/08/quem-esta-perdido-a-bala-ou-nos.shtml. Com adaptações).
Os termos sublinhados estabelecem, respectivamente, noção de
Quem está perdido, a bala ou nós?
A linguagem é perigosa. A primeira vez que uma criança foi abatida à bala em algum beco pululante de uma metrópole brasileira e nós decidimos arquivar sua morte na gaveta “bala perdida”, seguindo com o dia sem pensar mais no caso, perdemos parte da humanidade.
Difícil precisar quando foi esse ato inaugural. “Bala perdida” é uma expressão antiga, talvez tão antiga quanto as armas de fogo. Projéteis sempre deram um jeito de se extraviar do alvo, indo traçar retas fatais no território do acaso.
Menos antiga é a imensa probabilidade de que uma reta dessas, inapelável feito um deus indiferente, intercepte um menino jogando bola na rua ou uma menina debruçada na janela do quarto e sussurre em seu ouvido: acabou.
Não que algo parecido não pudesse acontecer antes de nossas metrópoles começarem a inchar, latejar e apodrecer, mais de meio século atrás.
Podia acontecer, mas era evento raríssimo enquanto não havia essa guerra sem fim entre polícia e bandidos, a fronteira entre os dois lados muitas vezes difusa — e um monte de gente no meio.
Falta treinamento, perícia, profissionalismo? Bom, ainda que todos os atiradores fossem medalhistas olímpicos, nem assim deixaria de haver bala perdida. E olha que ainda não falamos das “balas perdidas” que são puro cinismo, eufemismo de chacina, disparadas pelas costas ou à queima-roupa.
Mentirosa ou cândida, é estranha a preferência da tal bala por crianças. Seria por que estas são serelepes e teimam em se intrometer em assunto de gente grande, aonde não foram chamadas?
Ou não, nada disso, pessoas de todas as idades morrem assim — e nós é que, viciados em sentimentalismos, só damos importância ao banal quando ele se abate sobre o futuro?
Sim, a bala perdida nos desumaniza. Começa que não é perdida coisa nenhuma. É supercentrada, segura de si. Feita para matar, vai lá e mata. Perdida, a bala?
Mesmo quando erra e não mata nem fere ninguém, e acaba encravada em alguma parede ou tronco de árvore aleatório, nem assim é o caso de dizer que se perdeu. Abriu um buraco, não abriu?
Pois então. Negócio de bala é abrir buraco, mais até do que matar. Claro que abrir buraco é muito bom quando o objetivo é matar, mas também serve para outros propósitos. Digamos que a intenção do atirador seja, sei lá, pôr abaixo uma porta trancada; bala funciona para isso também.
E pode acontecer, lógico, que alguém queira arrombar a porta para em seguida matar uma pessoa que está do outro lado; acontece, nada impede, desde que haja balas suficientes. Derrubar portas requer muitos cartuchos, razão pela qual tantos especialistas recomendam a pistola automática.
A bala que se diz perdida está encontradíssima, zunindo por aí como foi projetada para fazer, esticando um fio que pode cortar destinos feito linha de pipa braba com cerol. Perdidos estão os outros; perdidos estamos nós.
Perdido, muito, está quem disparou a bala. É bem difícil que a pessoa esteja andando na rua e, ao esbarrar sem querer em seu revólver, veja balas saírem loucas pelo mundo. Mais comum é que meta o dedo no gatilho para onde o nariz aponta e seja o que Deus quiser — e assim o atirador se torna perdido.
Claro que mais perdida ainda está a pessoa que a bala encontra, mas no fim do tiroteio perdidos estamos nós, todos nós, que deixamos que a história de tantas vidas estupidamente destruídas seja insultada por uma expressão covarde e imoral.
(RODRIGUES, Sérgio. Folha de S. Paulo, São Paulo, 31 ago. 2023. Cotidiano, p.
3. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/sergio-rodrigues/2023/08/quem-esta-perdido-a-bala-ou-nos.shtml. Com adaptações).
Quem está perdido, a bala ou nós?
A linguagem é perigosa. A primeira vez que uma criança foi abatida à bala em algum beco pululante de uma metrópole brasileira e nós decidimos arquivar sua morte na gaveta “bala perdida”, seguindo com o dia sem pensar mais no caso, perdemos parte da humanidade.
Difícil precisar quando foi esse ato inaugural. “Bala perdida” é uma expressão antiga, talvez tão antiga quanto as armas de fogo. Projéteis sempre deram um jeito de se extraviar do alvo, indo traçar retas fatais no território do acaso.
Menos antiga é a imensa probabilidade de que uma reta dessas, inapelável feito um deus indiferente, intercepte um menino jogando bola na rua ou uma menina debruçada na janela do quarto e sussurre em seu ouvido: acabou.
Não que algo parecido não pudesse acontecer antes de nossas metrópoles começarem a inchar, latejar e apodrecer, mais de meio século atrás.
Podia acontecer, mas era evento raríssimo enquanto não havia essa guerra sem fim entre polícia e bandidos, a fronteira entre os dois lados muitas vezes difusa — e um monte de gente no meio.
Falta treinamento, perícia, profissionalismo? Bom, ainda que todos os atiradores fossem medalhistas olímpicos, nem assim deixaria de haver bala perdida. E olha que ainda não falamos das “balas perdidas” que são puro cinismo, eufemismo de chacina, disparadas pelas costas ou à queima-roupa.
Mentirosa ou cândida, é estranha a preferência da tal bala por crianças. Seria por que estas são serelepes e teimam em se intrometer em assunto de gente grande, aonde não foram chamadas?
Ou não, nada disso, pessoas de todas as idades morrem assim — e nós é que, viciados em sentimentalismos, só damos importância ao banal quando ele se abate sobre o futuro?
Sim, a bala perdida nos desumaniza. Começa que não é perdida coisa nenhuma. É supercentrada, segura de si. Feita para matar, vai lá e mata. Perdida, a bala?
Mesmo quando erra e não mata nem fere ninguém, e acaba encravada em alguma parede ou tronco de árvore aleatório, nem assim é o caso de dizer que se perdeu. Abriu um buraco, não abriu?
Pois então. Negócio de bala é abrir buraco, mais até do que matar. Claro que abrir buraco é muito bom quando o objetivo é matar, mas também serve para outros propósitos. Digamos que a intenção do atirador seja, sei lá, pôr abaixo uma porta trancada; bala funciona para isso também.
E pode acontecer, lógico, que alguém queira arrombar a porta para em seguida matar uma pessoa que está do outro lado; acontece, nada impede, desde que haja balas suficientes. Derrubar portas requer muitos cartuchos, razão pela qual tantos especialistas recomendam a pistola automática.
A bala que se diz perdida está encontradíssima, zunindo por aí como foi projetada para fazer, esticando um fio que pode cortar destinos feito linha de pipa braba com cerol. Perdidos estão os outros; perdidos estamos nós.
Perdido, muito, está quem disparou a bala. É bem difícil que a pessoa esteja andando na rua e, ao esbarrar sem querer em seu revólver, veja balas saírem loucas pelo mundo. Mais comum é que meta o dedo no gatilho para onde o nariz aponta e seja o que Deus quiser — e assim o atirador se torna perdido.
Claro que mais perdida ainda está a pessoa que a bala encontra, mas no fim do tiroteio perdidos estamos nós, todos nós, que deixamos que a história de tantas vidas estupidamente destruídas seja insultada por uma expressão covarde e imoral.
(RODRIGUES, Sérgio. Folha de S. Paulo, São Paulo, 31 ago. 2023. Cotidiano, p.
3. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/sergio-rodrigues/2023/08/quem-esta-perdido-a-bala-ou-nos.shtml. Com adaptações).
Quem está perdido, a bala ou nós?
A linguagem é perigosa. A primeira vez que uma criança foi abatida à bala em algum beco pululante de uma metrópole brasileira e nós decidimos arquivar sua morte na gaveta “bala perdida”, seguindo com o dia sem pensar mais no caso, perdemos parte da humanidade.
Difícil precisar quando foi esse ato inaugural. “Bala perdida” é uma expressão antiga, talvez tão antiga quanto as armas de fogo. Projéteis sempre deram um jeito de se extraviar do alvo, indo traçar retas fatais no território do acaso.
Menos antiga é a imensa probabilidade de que uma reta dessas, inapelável feito um deus indiferente, intercepte um menino jogando bola na rua ou uma menina debruçada na janela do quarto e sussurre em seu ouvido: acabou.
Não que algo parecido não pudesse acontecer antes de nossas metrópoles começarem a inchar, latejar e apodrecer, mais de meio século atrás.
Podia acontecer, mas era evento raríssimo enquanto não havia essa guerra sem fim entre polícia e bandidos, a fronteira entre os dois lados muitas vezes difusa — e um monte de gente no meio.
Falta treinamento, perícia, profissionalismo? Bom, ainda que todos os atiradores fossem medalhistas olímpicos, nem assim deixaria de haver bala perdida. E olha que ainda não falamos das “balas perdidas” que são puro cinismo, eufemismo de chacina, disparadas pelas costas ou à queima-roupa.
Mentirosa ou cândida, é estranha a preferência da tal bala por crianças. Seria por que estas são serelepes e teimam em se intrometer em assunto de gente grande, aonde não foram chamadas?
Ou não, nada disso, pessoas de todas as idades morrem assim — e nós é que, viciados em sentimentalismos, só damos importância ao banal quando ele se abate sobre o futuro?
Sim, a bala perdida nos desumaniza. Começa que não é perdida coisa nenhuma. É supercentrada, segura de si. Feita para matar, vai lá e mata. Perdida, a bala?
Mesmo quando erra e não mata nem fere ninguém, e acaba encravada em alguma parede ou tronco de árvore aleatório, nem assim é o caso de dizer que se perdeu. Abriu um buraco, não abriu?
Pois então. Negócio de bala é abrir buraco, mais até do que matar. Claro que abrir buraco é muito bom quando o objetivo é matar, mas também serve para outros propósitos. Digamos que a intenção do atirador seja, sei lá, pôr abaixo uma porta trancada; bala funciona para isso também.
E pode acontecer, lógico, que alguém queira arrombar a porta para em seguida matar uma pessoa que está do outro lado; acontece, nada impede, desde que haja balas suficientes. Derrubar portas requer muitos cartuchos, razão pela qual tantos especialistas recomendam a pistola automática.
A bala que se diz perdida está encontradíssima, zunindo por aí como foi projetada para fazer, esticando um fio que pode cortar destinos feito linha de pipa braba com cerol. Perdidos estão os outros; perdidos estamos nós.
Perdido, muito, está quem disparou a bala. É bem difícil que a pessoa esteja andando na rua e, ao esbarrar sem querer em seu revólver, veja balas saírem loucas pelo mundo. Mais comum é que meta o dedo no gatilho para onde o nariz aponta e seja o que Deus quiser — e assim o atirador se torna perdido.
Claro que mais perdida ainda está a pessoa que a bala encontra, mas no fim do tiroteio perdidos estamos nós, todos nós, que deixamos que a história de tantas vidas estupidamente destruídas seja insultada por uma expressão covarde e imoral.
(RODRIGUES, Sérgio. Folha de S. Paulo, São Paulo, 31 ago. 2023. Cotidiano, p.
3. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/sergio-rodrigues/2023/08/quem-esta-perdido-a-bala-ou-nos.shtml. Com adaptações).
I. deve ser considerada no seu sentido denotativo. II. indica como a linguagem pode dissimular fatos. III. suaviza atitudes de desrespeito à vida das vítimas. IV. engloba a história de vidas estupidamente destruídas.
É CORRETO o que se afirma APENAS em
Quem está perdido, a bala ou nós?
A linguagem é perigosa. A primeira vez que uma criança foi abatida à bala em algum beco pululante de uma metrópole brasileira e nós decidimos arquivar sua morte na gaveta “bala perdida”, seguindo com o dia sem pensar mais no caso, perdemos parte da humanidade.
Difícil precisar quando foi esse ato inaugural. “Bala perdida” é uma expressão antiga, talvez tão antiga quanto as armas de fogo. Projéteis sempre deram um jeito de se extraviar do alvo, indo traçar retas fatais no território do acaso.
Menos antiga é a imensa probabilidade de que uma reta dessas, inapelável feito um deus indiferente, intercepte um menino jogando bola na rua ou uma menina debruçada na janela do quarto e sussurre em seu ouvido: acabou.
Não que algo parecido não pudesse acontecer antes de nossas metrópoles começarem a inchar, latejar e apodrecer, mais de meio século atrás.
Podia acontecer, mas era evento raríssimo enquanto não havia essa guerra sem fim entre polícia e bandidos, a fronteira entre os dois lados muitas vezes difusa — e um monte de gente no meio.
Falta treinamento, perícia, profissionalismo? Bom, ainda que todos os atiradores fossem medalhistas olímpicos, nem assim deixaria de haver bala perdida. E olha que ainda não falamos das “balas perdidas” que são puro cinismo, eufemismo de chacina, disparadas pelas costas ou à queima-roupa.
Mentirosa ou cândida, é estranha a preferência da tal bala por crianças. Seria por que estas são serelepes e teimam em se intrometer em assunto de gente grande, aonde não foram chamadas?
Ou não, nada disso, pessoas de todas as idades morrem assim — e nós é que, viciados em sentimentalismos, só damos importância ao banal quando ele se abate sobre o futuro?
Sim, a bala perdida nos desumaniza. Começa que não é perdida coisa nenhuma. É supercentrada, segura de si. Feita para matar, vai lá e mata. Perdida, a bala?
Mesmo quando erra e não mata nem fere ninguém, e acaba encravada em alguma parede ou tronco de árvore aleatório, nem assim é o caso de dizer que se perdeu. Abriu um buraco, não abriu?
Pois então. Negócio de bala é abrir buraco, mais até do que matar. Claro que abrir buraco é muito bom quando o objetivo é matar, mas também serve para outros propósitos. Digamos que a intenção do atirador seja, sei lá, pôr abaixo uma porta trancada; bala funciona para isso também.
E pode acontecer, lógico, que alguém queira arrombar a porta para em seguida matar uma pessoa que está do outro lado; acontece, nada impede, desde que haja balas suficientes. Derrubar portas requer muitos cartuchos, razão pela qual tantos especialistas recomendam a pistola automática.
A bala que se diz perdida está encontradíssima, zunindo por aí como foi projetada para fazer, esticando um fio que pode cortar destinos feito linha de pipa braba com cerol. Perdidos estão os outros; perdidos estamos nós.
Perdido, muito, está quem disparou a bala. É bem difícil que a pessoa esteja andando na rua e, ao esbarrar sem querer em seu revólver, veja balas saírem loucas pelo mundo. Mais comum é que meta o dedo no gatilho para onde o nariz aponta e seja o que Deus quiser — e assim o atirador se torna perdido.
Claro que mais perdida ainda está a pessoa que a bala encontra, mas no fim do tiroteio perdidos estamos nós, todos nós, que deixamos que a história de tantas vidas estupidamente destruídas seja insultada por uma expressão covarde e imoral.
(RODRIGUES, Sérgio. Folha de S. Paulo, São Paulo, 31 ago. 2023. Cotidiano, p.
3. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/sergio-rodrigues/2023/08/quem-esta-perdido-a-bala-ou-nos.shtml. Com adaptações).
I. O autor, por meio da frase “A linguagem é perigosa.”, antecipa sua visão objetiva acerca dos fatos.
II. O autor sustenta a opinião de que o uso da expressão “bala perdida” indica perda de humanidade.
III. O autor sugere que conflitos entre policiais e bandidos contribuem para o aumento de vítimas de “bala perdida”.
É CORRETO o que se afirma em
No navegador Firefox, considere as seguintes afirmações:
I. O Firefox é desenvolvido pela Microsoft.
II. A função "Navegação Privada" permite navegar na internet sem salvar informações como histórico e cookies.
III. Você pode instalar extensões para adicionar funcionalidades ao navegador.
IV. O Firefox não suporta abas, cada página deve ser aberta em uma janela separada.
Quais das afirmações acima estão CORRETAS?
Lucas está preocupado com a segurança de seu computador e tem lido a Cartilha de Segurança para Internet para entender como se proteger contra códigos maliciosos. Qual das seguintes afirmações está INCORRETA sobre códigos maliciosos, conforme as orientações da cartilha?
No Microsoft Excel 2016, considere as seguintes afirmações:
I - A função "MÉDIA" pode ser usada para calcular a média aritmética de um conjunto de números em um intervalo de células.
II - As fórmulas no Excel são sempre iniciadas com o símbolo "=".
Considerando o Direito do particular de acesso à informação perante órgãos e autoridades públicas, é CORRETO afirmar:
O servidor com atribuições administrativas da Câmara Municipal de Lavras possui subordinação ao seguinte Órgão da Casa Legislativa:
A utilização de veículos do município pelo servidor para fins alheios ao serviço público CONSTITUI
Acerca das sessões da Câmara Municipal de Lavras, é CORRETO afirmar:
A legislatura corresponde corretamente ao seguinte período:
Em face de pedido de informações de interesse geral apresentado por particular, DEVE o servidor competente
Os cargos de provimento efetivo na Câmara Municipal de Lavras são, necessariamente, ocupados pelos seguintes agentes:
Ao servidor municipal investido em mandato eletivo de vereador aplica-se a seguinte norma:
A Mesa da Câmara possui a seguinte competência:
A delegação da função de um dos poderes municipais é objeto da seguinte vedação, nos termos da Lei Orgânica do Município de Lavras:
A fim de realizar uma pesquisa na rede mundial de computadores, Internet, utilizando o Google Chrome, qual das alternativas abaixo NÃO funciona?