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Q2709416 Português

INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto a seguir para responder às questões que a ele se referem.


Texto 01


Você nunca termina suas tarefas?

O problema pode não ser gestão de tempo


1Todo mundo já deixou uma tarefa chata ou complexa para o dia seguinte — e não há nada de errado nisso.

Muitas vezes até precisamos de um tempo extra para tomar uma decisão importante, refletir sobre um ponto de vista

ou avaliar um projeto da empresa.

A procrastinação só vira de fato um problema quando acontece com frequência e impacta negativamente

5a saúde física e mental.

“É o atraso de um ato voluntário, que ocorre apesar de sabermos que ele vai nos prejudicar”, define Timothy

A. Pychyl, professor de psicologia na Carleton University, no Canadá, em seu livro Solving the Procrastination Puzzle

(“Solucionando o quebra-cabeça da procrastinação”, em tradução livre, sem edição no Brasil).

De acordo com Timothy, que estuda o assunto há mais de 20 anos, o hábito de “empurrar com a barriga” não

10está ligado à lassidão ou à má administração da agenda, como a maioria de nós acredita.

“A procrastinação constante é uma inabilidade para gerenciar emoções e impulsos”, afirma. Por isso, segundo

ele, é fundamental descobrir quais gatilhos psicológicos dão origem a seu “depois eu faço” antes de combater esse

inimigo da produtividade.

Pesquisas indicam que cerca de 20% dos adultos são procrastinadores crônicos, ou seja, vivem postergando

15o início ou o término de uma atividade, mesmo sabendo que esse comportamento provoca algum desconforto

(estresse, arrependimento, frustração, ansiedade, culpa) e geralmente causa danos aos estudos, à carreira e aos

relacionamentos.

Ora, se a procrastinação prejudica nosso bem-estar, por que promovemos essa autossabotagem? “Ao protelar

algo que nos parece desagradável, usufruímos uma súbita sensação de prazer”, diz Christian Dunker, psicanalista e

20professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Só que esse alívio é temporário, pois em

algum momento teremos de resolver as pendências.

Como é uma necessidade humana buscar a satisfação e fugir do sofrimento, quem cultiva o hábito de

“transferir para outro dia” entra num círculo vicioso, do qual é difícil se libertar.

Portanto, a procrastinação constante não está ligada à má gestão do tempo — ela nada mais é do que uma

25estratégia do cérebro para lidar com as emoções negativas. “Sendo assim, é preciso aceitar o problema e entender o

que está por trás dele para começar a superá-lo”, afirma Tânia Campanharo, psicóloga clínica de São Paulo.

Quando se transforma num estilo de vida, a procrastinação pode ser um sintoma de ansiedade — estado

emocional que aparece ao encararmos algo que provoca medo, expectativa ou dúvida. “As pessoas ansiosas não

pensam nem agem”, diz Christian.

30Como geralmente estão com a cabeça voltada para o futuro, elas têm dificuldade de realizar algumas

atividades e acabam jogando-as para a frente. A ansiedade também é um dos fatores que desencadeiam a

depressão, outra mola propulsora do adiamento ou do atraso frequentes.

Quem apresenta essa condição sofre com pensamentos negativos, sensação de inutilidade e sentimento de

culpa. Qualquer tarefa se torna incômoda e complicada. “O depressivo não tem vontade nem energia para agir”, diz

35Tânia. Vale dizer que a procrastinação e a depressão se retroalimentam — e nem sempre é fácil apontar qual delas

surgiu primeiro.

Outro elemento é o estresse, que também está relacionado a quadros de depressão e ansiedade. Nesse

estado de ânimo, a pessoa vive nervosa e frustrada, se distrai com facilidade e, como se cobra demasiadamente, às

vezes tem bloqueios mentais.

40Ela costuma deixar de lado uma tarefa relevante, priorizando as secundárias como forma de alívio. Aliás, essa

é uma característica do procrastinador de carteirinha: avaliar a realização de uma atividade pela satisfação que ela

proporciona, e não pelo nível de importância que ela tem para si mesmo ou para os outros.

“A procrastinação também pode estar associada a transtornos de personalidade e ao déficit de atenção”, diz

Rita Martins, psicanalista e professora na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.

45Há mais fatores emocionais que podem sustentar o comportamento. Um deles é o medo — do fracasso ou do

sucesso, por exemplo.

Pessoas com esse perfil postergam decisões e tarefas sobretudo por três motivos: primeiro, porque desejam

evitar a crítica alheia; segundo, porque as coisas podem não sair do jeito que gostariam; e terceiro, porque acham

que não vão “dar conta do recado”.

50“O medo é uma das maiores travas que enfrentamos na vida”, afirma José Roberto Marques, presidente do

Instituto Brasileiro de Coaching.

Um exemplo disso foi o que aconteceu com o designer gráfico David Arty, de 31 anos. Na última empresa em

que atuou, ele fazia home office e tinha dificuldade de organizar a rotina — acabava deixando tudo para a última

hora. “Dormia mal, vivia estressado e não me sentia produtivo”, diz.

55Nessa época, David já sonhava em trabalhar por conta própria, mas o receio de fracassar fez com que adiasse

esse projeto. Depois que tomou coragem e virou freelancer, aprendeu a estabelecer prioridades e a administrar a

agenda. “Também passei a lidar melhor com o perfeccionismo, outra razão pela qual eu procrastinava”, afirma.

A mania de perfeição, aliás, pode andar de mãos dadas com o atraso frequente. Além do medo de ser

julgado, quem sofre desse mal presta tanta atenção nos detalhes que conclui os trabalhos só no último segundo.

60Isso faz com que o perfeccionista cometa erros, mantendo-se preso à ciranda da procrastinação.

A desmotivação também costuma estar por trás do adiamento constante — quando a pessoa não vê sentido

naquilo que faz, fica propensa a “empurrar com a barriga”. Segundo Timothy A. Pychyl, esse comportamento pode

indicar problemas maiores, como falta de direção na vida ou de identidade.

Esse era o caso de Sousete Silva, de 50 anos, coordenadora de compras do Minas Tênis Clube. Embora

65atuasse nessa mesma área, ela se sentia frustrada no emprego anterior e vivia cheia de pendências.

“Procrastinava no escritório e na vida pessoal”, diz. Ao se desligar da empresa, Sousete buscou o

autoconhecimento frequentando cursos de filosofia.

“Descobri que o antigo trabalho não estava alinhado com meus valores, daí o motivo da insatisfação”, afirma.

Hoje ela fez as pazes com a rotina e mantém a procrastinação sob controle focando três princípios: organização,

70disciplina e eficiência.



LIMA, Paula. Você nunca termina suas tarefas? O problema pode não ser getão de tempo. Disponível em:<https://exame.abril.com.br/carreira/voce-nunca-termina-suas-tarefas-o-problema-pode-nao-ser-gestao-de-tempo/. >Acesso em: 20 ago. 2019.

Considere o trecho: “Pesquisas indicam que cerca de 20% dos adultos são procrastinadores crônicos, ou seja, vivem postergando o início ou o término de uma atividade, mesmo sabendo que esse comportamento provoca algum desconforto (estresse, arrependimento, frustração, ansiedade, culpa) e geralmente causa danos aos estudos, à carreira e aos relacionamentos.” (Linhas 14-17)


Tendo em vista a pontuação usada no trecho, assinale a alternativa CORRETA, de acordo com a Gramática Normativa da Língua Portuguesa.

Alternativas
Q2709415 Português

INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto a seguir para responder às questões que a ele se referem.


Texto 01


Você nunca termina suas tarefas?

O problema pode não ser gestão de tempo


1Todo mundo já deixou uma tarefa chata ou complexa para o dia seguinte — e não há nada de errado nisso.

Muitas vezes até precisamos de um tempo extra para tomar uma decisão importante, refletir sobre um ponto de vista

ou avaliar um projeto da empresa.

A procrastinação só vira de fato um problema quando acontece com frequência e impacta negativamente

5a saúde física e mental.

“É o atraso de um ato voluntário, que ocorre apesar de sabermos que ele vai nos prejudicar”, define Timothy

A. Pychyl, professor de psicologia na Carleton University, no Canadá, em seu livro Solving the Procrastination Puzzle

(“Solucionando o quebra-cabeça da procrastinação”, em tradução livre, sem edição no Brasil).

De acordo com Timothy, que estuda o assunto há mais de 20 anos, o hábito de “empurrar com a barriga” não

10está ligado à lassidão ou à má administração da agenda, como a maioria de nós acredita.

“A procrastinação constante é uma inabilidade para gerenciar emoções e impulsos”, afirma. Por isso, segundo

ele, é fundamental descobrir quais gatilhos psicológicos dão origem a seu “depois eu faço” antes de combater esse

inimigo da produtividade.

Pesquisas indicam que cerca de 20% dos adultos são procrastinadores crônicos, ou seja, vivem postergando

15o início ou o término de uma atividade, mesmo sabendo que esse comportamento provoca algum desconforto

(estresse, arrependimento, frustração, ansiedade, culpa) e geralmente causa danos aos estudos, à carreira e aos

relacionamentos.

Ora, se a procrastinação prejudica nosso bem-estar, por que promovemos essa autossabotagem? “Ao protelar

algo que nos parece desagradável, usufruímos uma súbita sensação de prazer”, diz Christian Dunker, psicanalista e

20professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Só que esse alívio é temporário, pois em

algum momento teremos de resolver as pendências.

Como é uma necessidade humana buscar a satisfação e fugir do sofrimento, quem cultiva o hábito de

“transferir para outro dia” entra num círculo vicioso, do qual é difícil se libertar.

Portanto, a procrastinação constante não está ligada à má gestão do tempo — ela nada mais é do que uma

25estratégia do cérebro para lidar com as emoções negativas. “Sendo assim, é preciso aceitar o problema e entender o

que está por trás dele para começar a superá-lo”, afirma Tânia Campanharo, psicóloga clínica de São Paulo.

Quando se transforma num estilo de vida, a procrastinação pode ser um sintoma de ansiedade — estado

emocional que aparece ao encararmos algo que provoca medo, expectativa ou dúvida. “As pessoas ansiosas não

pensam nem agem”, diz Christian.

30Como geralmente estão com a cabeça voltada para o futuro, elas têm dificuldade de realizar algumas

atividades e acabam jogando-as para a frente. A ansiedade também é um dos fatores que desencadeiam a

depressão, outra mola propulsora do adiamento ou do atraso frequentes.

Quem apresenta essa condição sofre com pensamentos negativos, sensação de inutilidade e sentimento de

culpa. Qualquer tarefa se torna incômoda e complicada. “O depressivo não tem vontade nem energia para agir”, diz

35Tânia. Vale dizer que a procrastinação e a depressão se retroalimentam — e nem sempre é fácil apontar qual delas

surgiu primeiro.

Outro elemento é o estresse, que também está relacionado a quadros de depressão e ansiedade. Nesse

estado de ânimo, a pessoa vive nervosa e frustrada, se distrai com facilidade e, como se cobra demasiadamente, às

vezes tem bloqueios mentais.

40Ela costuma deixar de lado uma tarefa relevante, priorizando as secundárias como forma de alívio. Aliás, essa

é uma característica do procrastinador de carteirinha: avaliar a realização de uma atividade pela satisfação que ela

proporciona, e não pelo nível de importância que ela tem para si mesmo ou para os outros.

“A procrastinação também pode estar associada a transtornos de personalidade e ao déficit de atenção”, diz

Rita Martins, psicanalista e professora na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.

45Há mais fatores emocionais que podem sustentar o comportamento. Um deles é o medo — do fracasso ou do

sucesso, por exemplo.

Pessoas com esse perfil postergam decisões e tarefas sobretudo por três motivos: primeiro, porque desejam

evitar a crítica alheia; segundo, porque as coisas podem não sair do jeito que gostariam; e terceiro, porque acham

que não vão “dar conta do recado”.

50“O medo é uma das maiores travas que enfrentamos na vida”, afirma José Roberto Marques, presidente do

Instituto Brasileiro de Coaching.

Um exemplo disso foi o que aconteceu com o designer gráfico David Arty, de 31 anos. Na última empresa em

que atuou, ele fazia home office e tinha dificuldade de organizar a rotina — acabava deixando tudo para a última

hora. “Dormia mal, vivia estressado e não me sentia produtivo”, diz.

55Nessa época, David já sonhava em trabalhar por conta própria, mas o receio de fracassar fez com que adiasse

esse projeto. Depois que tomou coragem e virou freelancer, aprendeu a estabelecer prioridades e a administrar a

agenda. “Também passei a lidar melhor com o perfeccionismo, outra razão pela qual eu procrastinava”, afirma.

A mania de perfeição, aliás, pode andar de mãos dadas com o atraso frequente. Além do medo de ser

julgado, quem sofre desse mal presta tanta atenção nos detalhes que conclui os trabalhos só no último segundo.

60Isso faz com que o perfeccionista cometa erros, mantendo-se preso à ciranda da procrastinação.

A desmotivação também costuma estar por trás do adiamento constante — quando a pessoa não vê sentido

naquilo que faz, fica propensa a “empurrar com a barriga”. Segundo Timothy A. Pychyl, esse comportamento pode

indicar problemas maiores, como falta de direção na vida ou de identidade.

Esse era o caso de Sousete Silva, de 50 anos, coordenadora de compras do Minas Tênis Clube. Embora

65atuasse nessa mesma área, ela se sentia frustrada no emprego anterior e vivia cheia de pendências.

“Procrastinava no escritório e na vida pessoal”, diz. Ao se desligar da empresa, Sousete buscou o

autoconhecimento frequentando cursos de filosofia.

“Descobri que o antigo trabalho não estava alinhado com meus valores, daí o motivo da insatisfação”, afirma.

Hoje ela fez as pazes com a rotina e mantém a procrastinação sob controle focando três princípios: organização,

70disciplina e eficiência.



LIMA, Paula. Você nunca termina suas tarefas? O problema pode não ser getão de tempo. Disponível em:<https://exame.abril.com.br/carreira/voce-nunca-termina-suas-tarefas-o-problema-pode-nao-ser-gestao-de-tempo/. >Acesso em: 20 ago. 2019.

Assinale a alternativa em que o uso do sinal indicativo de crase se justifica por regra diferente da regra geral (fusão do “a” preposição com o “a” / “as” artigo definido feminino).

Alternativas
Q2709414 Português

INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto a seguir para responder às questões que a ele se referem.


Texto 01


Você nunca termina suas tarefas?

O problema pode não ser gestão de tempo


1Todo mundo já deixou uma tarefa chata ou complexa para o dia seguinte — e não há nada de errado nisso.

Muitas vezes até precisamos de um tempo extra para tomar uma decisão importante, refletir sobre um ponto de vista

ou avaliar um projeto da empresa.

A procrastinação só vira de fato um problema quando acontece com frequência e impacta negativamente

5a saúde física e mental.

“É o atraso de um ato voluntário, que ocorre apesar de sabermos que ele vai nos prejudicar”, define Timothy

A. Pychyl, professor de psicologia na Carleton University, no Canadá, em seu livro Solving the Procrastination Puzzle

(“Solucionando o quebra-cabeça da procrastinação”, em tradução livre, sem edição no Brasil).

De acordo com Timothy, que estuda o assunto há mais de 20 anos, o hábito de “empurrar com a barriga” não

10está ligado à lassidão ou à má administração da agenda, como a maioria de nós acredita.

“A procrastinação constante é uma inabilidade para gerenciar emoções e impulsos”, afirma. Por isso, segundo

ele, é fundamental descobrir quais gatilhos psicológicos dão origem a seu “depois eu faço” antes de combater esse

inimigo da produtividade.

Pesquisas indicam que cerca de 20% dos adultos são procrastinadores crônicos, ou seja, vivem postergando

15o início ou o término de uma atividade, mesmo sabendo que esse comportamento provoca algum desconforto

(estresse, arrependimento, frustração, ansiedade, culpa) e geralmente causa danos aos estudos, à carreira e aos

relacionamentos.

Ora, se a procrastinação prejudica nosso bem-estar, por que promovemos essa autossabotagem? “Ao protelar

algo que nos parece desagradável, usufruímos uma súbita sensação de prazer”, diz Christian Dunker, psicanalista e

20professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Só que esse alívio é temporário, pois em

algum momento teremos de resolver as pendências.

Como é uma necessidade humana buscar a satisfação e fugir do sofrimento, quem cultiva o hábito de

“transferir para outro dia” entra num círculo vicioso, do qual é difícil se libertar.

Portanto, a procrastinação constante não está ligada à má gestão do tempo — ela nada mais é do que uma

25estratégia do cérebro para lidar com as emoções negativas. “Sendo assim, é preciso aceitar o problema e entender o

que está por trás dele para começar a superá-lo”, afirma Tânia Campanharo, psicóloga clínica de São Paulo.

Quando se transforma num estilo de vida, a procrastinação pode ser um sintoma de ansiedade — estado

emocional que aparece ao encararmos algo que provoca medo, expectativa ou dúvida. “As pessoas ansiosas não

pensam nem agem”, diz Christian.

30Como geralmente estão com a cabeça voltada para o futuro, elas têm dificuldade de realizar algumas

atividades e acabam jogando-as para a frente. A ansiedade também é um dos fatores que desencadeiam a

depressão, outra mola propulsora do adiamento ou do atraso frequentes.

Quem apresenta essa condição sofre com pensamentos negativos, sensação de inutilidade e sentimento de

culpa. Qualquer tarefa se torna incômoda e complicada. “O depressivo não tem vontade nem energia para agir”, diz

35Tânia. Vale dizer que a procrastinação e a depressão se retroalimentam — e nem sempre é fácil apontar qual delas

surgiu primeiro.

Outro elemento é o estresse, que também está relacionado a quadros de depressão e ansiedade. Nesse

estado de ânimo, a pessoa vive nervosa e frustrada, se distrai com facilidade e, como se cobra demasiadamente, às

vezes tem bloqueios mentais.

40Ela costuma deixar de lado uma tarefa relevante, priorizando as secundárias como forma de alívio. Aliás, essa

é uma característica do procrastinador de carteirinha: avaliar a realização de uma atividade pela satisfação que ela

proporciona, e não pelo nível de importância que ela tem para si mesmo ou para os outros.

“A procrastinação também pode estar associada a transtornos de personalidade e ao déficit de atenção”, diz

Rita Martins, psicanalista e professora na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.

45Há mais fatores emocionais que podem sustentar o comportamento. Um deles é o medo — do fracasso ou do

sucesso, por exemplo.

Pessoas com esse perfil postergam decisões e tarefas sobretudo por três motivos: primeiro, porque desejam

evitar a crítica alheia; segundo, porque as coisas podem não sair do jeito que gostariam; e terceiro, porque acham

que não vão “dar conta do recado”.

50“O medo é uma das maiores travas que enfrentamos na vida”, afirma José Roberto Marques, presidente do

Instituto Brasileiro de Coaching.

Um exemplo disso foi o que aconteceu com o designer gráfico David Arty, de 31 anos. Na última empresa em

que atuou, ele fazia home office e tinha dificuldade de organizar a rotina — acabava deixando tudo para a última

hora. “Dormia mal, vivia estressado e não me sentia produtivo”, diz.

55Nessa época, David já sonhava em trabalhar por conta própria, mas o receio de fracassar fez com que adiasse

esse projeto. Depois que tomou coragem e virou freelancer, aprendeu a estabelecer prioridades e a administrar a

agenda. “Também passei a lidar melhor com o perfeccionismo, outra razão pela qual eu procrastinava”, afirma.

A mania de perfeição, aliás, pode andar de mãos dadas com o atraso frequente. Além do medo de ser

julgado, quem sofre desse mal presta tanta atenção nos detalhes que conclui os trabalhos só no último segundo.

60Isso faz com que o perfeccionista cometa erros, mantendo-se preso à ciranda da procrastinação.

A desmotivação também costuma estar por trás do adiamento constante — quando a pessoa não vê sentido

naquilo que faz, fica propensa a “empurrar com a barriga”. Segundo Timothy A. Pychyl, esse comportamento pode

indicar problemas maiores, como falta de direção na vida ou de identidade.

Esse era o caso de Sousete Silva, de 50 anos, coordenadora de compras do Minas Tênis Clube. Embora

65atuasse nessa mesma área, ela se sentia frustrada no emprego anterior e vivia cheia de pendências.

“Procrastinava no escritório e na vida pessoal”, diz. Ao se desligar da empresa, Sousete buscou o

autoconhecimento frequentando cursos de filosofia.

“Descobri que o antigo trabalho não estava alinhado com meus valores, daí o motivo da insatisfação”, afirma.

Hoje ela fez as pazes com a rotina e mantém a procrastinação sob controle focando três princípios: organização,

70disciplina e eficiência.



LIMA, Paula. Você nunca termina suas tarefas? O problema pode não ser getão de tempo. Disponível em:<https://exame.abril.com.br/carreira/voce-nunca-termina-suas-tarefas-o-problema-pode-nao-ser-gestao-de-tempo/. >Acesso em: 20 ago. 2019.

Para construir o texto, a autora lança mão de alguns recursos de argumentação. Entre os recursos elencados abaixo, assinale a alternativa que apresenta aquele que foi usado com maior predominância no texto.

Alternativas
Q2709413 Português

INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto a seguir para responder às questões que a ele se referem.


Texto 01


Você nunca termina suas tarefas?

O problema pode não ser gestão de tempo


1Todo mundo já deixou uma tarefa chata ou complexa para o dia seguinte — e não há nada de errado nisso.

Muitas vezes até precisamos de um tempo extra para tomar uma decisão importante, refletir sobre um ponto de vista

ou avaliar um projeto da empresa.

A procrastinação só vira de fato um problema quando acontece com frequência e impacta negativamente

5a saúde física e mental.

“É o atraso de um ato voluntário, que ocorre apesar de sabermos que ele vai nos prejudicar”, define Timothy

A. Pychyl, professor de psicologia na Carleton University, no Canadá, em seu livro Solving the Procrastination Puzzle

(“Solucionando o quebra-cabeça da procrastinação”, em tradução livre, sem edição no Brasil).

De acordo com Timothy, que estuda o assunto há mais de 20 anos, o hábito de “empurrar com a barriga” não

10está ligado à lassidão ou à má administração da agenda, como a maioria de nós acredita.

“A procrastinação constante é uma inabilidade para gerenciar emoções e impulsos”, afirma. Por isso, segundo

ele, é fundamental descobrir quais gatilhos psicológicos dão origem a seu “depois eu faço” antes de combater esse

inimigo da produtividade.

Pesquisas indicam que cerca de 20% dos adultos são procrastinadores crônicos, ou seja, vivem postergando

15o início ou o término de uma atividade, mesmo sabendo que esse comportamento provoca algum desconforto

(estresse, arrependimento, frustração, ansiedade, culpa) e geralmente causa danos aos estudos, à carreira e aos

relacionamentos.

Ora, se a procrastinação prejudica nosso bem-estar, por que promovemos essa autossabotagem? “Ao protelar

algo que nos parece desagradável, usufruímos uma súbita sensação de prazer”, diz Christian Dunker, psicanalista e

20professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Só que esse alívio é temporário, pois em

algum momento teremos de resolver as pendências.

Como é uma necessidade humana buscar a satisfação e fugir do sofrimento, quem cultiva o hábito de

“transferir para outro dia” entra num círculo vicioso, do qual é difícil se libertar.

Portanto, a procrastinação constante não está ligada à má gestão do tempo — ela nada mais é do que uma

25estratégia do cérebro para lidar com as emoções negativas. “Sendo assim, é preciso aceitar o problema e entender o

que está por trás dele para começar a superá-lo”, afirma Tânia Campanharo, psicóloga clínica de São Paulo.

Quando se transforma num estilo de vida, a procrastinação pode ser um sintoma de ansiedade — estado

emocional que aparece ao encararmos algo que provoca medo, expectativa ou dúvida. “As pessoas ansiosas não

pensam nem agem”, diz Christian.

30Como geralmente estão com a cabeça voltada para o futuro, elas têm dificuldade de realizar algumas

atividades e acabam jogando-as para a frente. A ansiedade também é um dos fatores que desencadeiam a

depressão, outra mola propulsora do adiamento ou do atraso frequentes.

Quem apresenta essa condição sofre com pensamentos negativos, sensação de inutilidade e sentimento de

culpa. Qualquer tarefa se torna incômoda e complicada. “O depressivo não tem vontade nem energia para agir”, diz

35Tânia. Vale dizer que a procrastinação e a depressão se retroalimentam — e nem sempre é fácil apontar qual delas

surgiu primeiro.

Outro elemento é o estresse, que também está relacionado a quadros de depressão e ansiedade. Nesse

estado de ânimo, a pessoa vive nervosa e frustrada, se distrai com facilidade e, como se cobra demasiadamente, às

vezes tem bloqueios mentais.

40Ela costuma deixar de lado uma tarefa relevante, priorizando as secundárias como forma de alívio. Aliás, essa

é uma característica do procrastinador de carteirinha: avaliar a realização de uma atividade pela satisfação que ela

proporciona, e não pelo nível de importância que ela tem para si mesmo ou para os outros.

“A procrastinação também pode estar associada a transtornos de personalidade e ao déficit de atenção”, diz

Rita Martins, psicanalista e professora na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.

45Há mais fatores emocionais que podem sustentar o comportamento. Um deles é o medo — do fracasso ou do

sucesso, por exemplo.

Pessoas com esse perfil postergam decisões e tarefas sobretudo por três motivos: primeiro, porque desejam

evitar a crítica alheia; segundo, porque as coisas podem não sair do jeito que gostariam; e terceiro, porque acham

que não vão “dar conta do recado”.

50“O medo é uma das maiores travas que enfrentamos na vida”, afirma José Roberto Marques, presidente do

Instituto Brasileiro de Coaching.

Um exemplo disso foi o que aconteceu com o designer gráfico David Arty, de 31 anos. Na última empresa em

que atuou, ele fazia home office e tinha dificuldade de organizar a rotina — acabava deixando tudo para a última

hora. “Dormia mal, vivia estressado e não me sentia produtivo”, diz.

55Nessa época, David já sonhava em trabalhar por conta própria, mas o receio de fracassar fez com que adiasse

esse projeto. Depois que tomou coragem e virou freelancer, aprendeu a estabelecer prioridades e a administrar a

agenda. “Também passei a lidar melhor com o perfeccionismo, outra razão pela qual eu procrastinava”, afirma.

A mania de perfeição, aliás, pode andar de mãos dadas com o atraso frequente. Além do medo de ser

julgado, quem sofre desse mal presta tanta atenção nos detalhes que conclui os trabalhos só no último segundo.

60Isso faz com que o perfeccionista cometa erros, mantendo-se preso à ciranda da procrastinação.

A desmotivação também costuma estar por trás do adiamento constante — quando a pessoa não vê sentido

naquilo que faz, fica propensa a “empurrar com a barriga”. Segundo Timothy A. Pychyl, esse comportamento pode

indicar problemas maiores, como falta de direção na vida ou de identidade.

Esse era o caso de Sousete Silva, de 50 anos, coordenadora de compras do Minas Tênis Clube. Embora

65atuasse nessa mesma área, ela se sentia frustrada no emprego anterior e vivia cheia de pendências.

“Procrastinava no escritório e na vida pessoal”, diz. Ao se desligar da empresa, Sousete buscou o

autoconhecimento frequentando cursos de filosofia.

“Descobri que o antigo trabalho não estava alinhado com meus valores, daí o motivo da insatisfação”, afirma.

Hoje ela fez as pazes com a rotina e mantém a procrastinação sob controle focando três princípios: organização,

70disciplina e eficiência.



LIMA, Paula. Você nunca termina suas tarefas? O problema pode não ser getão de tempo. Disponível em:<https://exame.abril.com.br/carreira/voce-nunca-termina-suas-tarefas-o-problema-pode-nao-ser-gestao-de-tempo/. >Acesso em: 20 ago. 2019.

Assinale a alternativa que, segundo a autora, não representa uma causa da procrastinação constante.

Alternativas
Q2709412 Português

INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto a seguir para responder às questões que a ele se referem.


Texto 01


Você nunca termina suas tarefas?

O problema pode não ser gestão de tempo


1Todo mundo já deixou uma tarefa chata ou complexa para o dia seguinte — e não há nada de errado nisso.

Muitas vezes até precisamos de um tempo extra para tomar uma decisão importante, refletir sobre um ponto de vista

ou avaliar um projeto da empresa.

A procrastinação só vira de fato um problema quando acontece com frequência e impacta negativamente

5a saúde física e mental.

“É o atraso de um ato voluntário, que ocorre apesar de sabermos que ele vai nos prejudicar”, define Timothy

A. Pychyl, professor de psicologia na Carleton University, no Canadá, em seu livro Solving the Procrastination Puzzle

(“Solucionando o quebra-cabeça da procrastinação”, em tradução livre, sem edição no Brasil).

De acordo com Timothy, que estuda o assunto há mais de 20 anos, o hábito de “empurrar com a barriga” não

10está ligado à lassidão ou à má administração da agenda, como a maioria de nós acredita.

“A procrastinação constante é uma inabilidade para gerenciar emoções e impulsos”, afirma. Por isso, segundo

ele, é fundamental descobrir quais gatilhos psicológicos dão origem a seu “depois eu faço” antes de combater esse

inimigo da produtividade.

Pesquisas indicam que cerca de 20% dos adultos são procrastinadores crônicos, ou seja, vivem postergando

15o início ou o término de uma atividade, mesmo sabendo que esse comportamento provoca algum desconforto

(estresse, arrependimento, frustração, ansiedade, culpa) e geralmente causa danos aos estudos, à carreira e aos

relacionamentos.

Ora, se a procrastinação prejudica nosso bem-estar, por que promovemos essa autossabotagem? “Ao protelar

algo que nos parece desagradável, usufruímos uma súbita sensação de prazer”, diz Christian Dunker, psicanalista e

20professor titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Só que esse alívio é temporário, pois em

algum momento teremos de resolver as pendências.

Como é uma necessidade humana buscar a satisfação e fugir do sofrimento, quem cultiva o hábito de

“transferir para outro dia” entra num círculo vicioso, do qual é difícil se libertar.

Portanto, a procrastinação constante não está ligada à má gestão do tempo — ela nada mais é do que uma

25estratégia do cérebro para lidar com as emoções negativas. “Sendo assim, é preciso aceitar o problema e entender o

que está por trás dele para começar a superá-lo”, afirma Tânia Campanharo, psicóloga clínica de São Paulo.

Quando se transforma num estilo de vida, a procrastinação pode ser um sintoma de ansiedade — estado

emocional que aparece ao encararmos algo que provoca medo, expectativa ou dúvida. “As pessoas ansiosas não

pensam nem agem”, diz Christian.

30Como geralmente estão com a cabeça voltada para o futuro, elas têm dificuldade de realizar algumas

atividades e acabam jogando-as para a frente. A ansiedade também é um dos fatores que desencadeiam a

depressão, outra mola propulsora do adiamento ou do atraso frequentes.

Quem apresenta essa condição sofre com pensamentos negativos, sensação de inutilidade e sentimento de

culpa. Qualquer tarefa se torna incômoda e complicada. “O depressivo não tem vontade nem energia para agir”, diz

35Tânia. Vale dizer que a procrastinação e a depressão se retroalimentam — e nem sempre é fácil apontar qual delas

surgiu primeiro.

Outro elemento é o estresse, que também está relacionado a quadros de depressão e ansiedade. Nesse

estado de ânimo, a pessoa vive nervosa e frustrada, se distrai com facilidade e, como se cobra demasiadamente, às

vezes tem bloqueios mentais.

40Ela costuma deixar de lado uma tarefa relevante, priorizando as secundárias como forma de alívio. Aliás, essa

é uma característica do procrastinador de carteirinha: avaliar a realização de uma atividade pela satisfação que ela

proporciona, e não pelo nível de importância que ela tem para si mesmo ou para os outros.

“A procrastinação também pode estar associada a transtornos de personalidade e ao déficit de atenção”, diz

Rita Martins, psicanalista e professora na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.

45Há mais fatores emocionais que podem sustentar o comportamento. Um deles é o medo — do fracasso ou do

sucesso, por exemplo.

Pessoas com esse perfil postergam decisões e tarefas sobretudo por três motivos: primeiro, porque desejam

evitar a crítica alheia; segundo, porque as coisas podem não sair do jeito que gostariam; e terceiro, porque acham

que não vão “dar conta do recado”.

50“O medo é uma das maiores travas que enfrentamos na vida”, afirma José Roberto Marques, presidente do

Instituto Brasileiro de Coaching.

Um exemplo disso foi o que aconteceu com o designer gráfico David Arty, de 31 anos. Na última empresa em

que atuou, ele fazia home office e tinha dificuldade de organizar a rotina — acabava deixando tudo para a última

hora. “Dormia mal, vivia estressado e não me sentia produtivo”, diz.

55Nessa época, David já sonhava em trabalhar por conta própria, mas o receio de fracassar fez com que adiasse

esse projeto. Depois que tomou coragem e virou freelancer, aprendeu a estabelecer prioridades e a administrar a

agenda. “Também passei a lidar melhor com o perfeccionismo, outra razão pela qual eu procrastinava”, afirma.

A mania de perfeição, aliás, pode andar de mãos dadas com o atraso frequente. Além do medo de ser

julgado, quem sofre desse mal presta tanta atenção nos detalhes que conclui os trabalhos só no último segundo.

60Isso faz com que o perfeccionista cometa erros, mantendo-se preso à ciranda da procrastinação.

A desmotivação também costuma estar por trás do adiamento constante — quando a pessoa não vê sentido

naquilo que faz, fica propensa a “empurrar com a barriga”. Segundo Timothy A. Pychyl, esse comportamento pode

indicar problemas maiores, como falta de direção na vida ou de identidade.

Esse era o caso de Sousete Silva, de 50 anos, coordenadora de compras do Minas Tênis Clube. Embora

65atuasse nessa mesma área, ela se sentia frustrada no emprego anterior e vivia cheia de pendências.

“Procrastinava no escritório e na vida pessoal”, diz. Ao se desligar da empresa, Sousete buscou o

autoconhecimento frequentando cursos de filosofia.

“Descobri que o antigo trabalho não estava alinhado com meus valores, daí o motivo da insatisfação”, afirma.

Hoje ela fez as pazes com a rotina e mantém a procrastinação sob controle focando três princípios: organização,

70disciplina e eficiência.



LIMA, Paula. Você nunca termina suas tarefas? O problema pode não ser getão de tempo. Disponível em:<https://exame.abril.com.br/carreira/voce-nunca-termina-suas-tarefas-o-problema-pode-nao-ser-gestao-de-tempo/. >Acesso em: 20 ago. 2019.

Assinale a alternativa que, de acordo com os argumentos apresentados no texto, pode ser uma causa e também uma consequência da procrastinação.

Alternativas
Respostas
21: C
22: A
23: E
24: B
25: B