O Tropicalismo é considerado um movimento cultural de
ruptura com as expectativas culturais até então vigentes no
cenário musical regido pela Bossa Nova e por outros novos
expoentes do samba-canção. O lançamento do disco Tropicália
ou Panis et Circencis, em 1968, marca a estreia em circuito
nacional de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e Gal Costa,
bem como da banda Os Mutantes e do maestro Rogério Duprat.
Em entrevista concedida ao curador suíço Hans Ulrich Obrist em
novembro de 2010, Tom Zé afirma que “não havia no
Tropicalismo ligação com uma política partidária, mas é claro
que qualquer atitude sua é política. Principalmente, quando é
contra o establishment. Nós tínhamos um diretor de teatro,
Augusto Boal, que morreu há poucos anos, que dizia que até
quando olha para a lua você está fazendo política”. Essa
perspectiva ampliada da política como um posicionamento
pessoal no cotidiano imediato é característica desse momento
histórico em confluência com o cenário internacional do
movimento estudantil, do movimento feminista e das
efervescências da Primavera de Paris.
Hans Ulrich Obrist. Entrevistas, vol. 5. Belo Horizonte:
Editora Cobogó, 2011, p. 201 (com adaptações).