Questões de Concurso Sobre sintaxe em português

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Q2470712 Português

Leia o Texto 3 para responder à questão.


INTERVENÇÃO HUMANA


O homem como ser animal,

De todos é o mais perigoso,

Pelo seu diferencial.

É dotado de inteligência,

Tem o domínio da ciência,

É um ser sensacional,

Homem de grande sapiência.

Domina a fala e a escrita,

Constrói a morada onde habita,

Defensor da ética e da moral,

Faz o bem e faz o mal.

Mas destrói a natureza sem pena,

E nessa intervenção humana,

Contribui para um desastre total.

Não destrói com tua vida.

Pensas que és imortal?


KAMBEBA, Márcia Wayna. O lugar do Saber. São Leopoldo: Casa Leiria,

2020. p. 38.


No verso “Não destrói com tua vida.”, segundo a Gramática Normativa, o emprego da preposição “com” se deve à transferência da regência de um outro verbo cujo sentido aproxima-se do expresso por “destruir”. Esse verbo é
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Q2470710 Português

Leia o Texto 2 para responder à questão.


Texto 2


    Quem vê as imponentes árvores na Floresta da Tijuca não imagina que há mais de 150 anos, a área era dominada por monoculturas, que capinavam abaixo todas as árvores para abrir espaço para plantações de cana e café, principalmente. Os inúmeros rios e fontes d’água eram providenciais para irrigar plantações de produtos introduzidos no Brasil no século XVIII. Engenhos, sítios e fazendas preenchiam as encostas arborizadas dos morros da região.
    O verde, hoje tão comum no Parque Nacional da Tijuca, é fruto de uma iniciativa pioneira de reflorestamento, por Dom Pedro II, em 1861. Devido à falta d’água associada à derrubada das árvores, o monarca baixou um decreto para tentar contornar a situação. Estava ordenado o plantio de novas mudas a partir das margens das nascentes dos rios e a preservação das já existentes na Floresta da Tijuca. A preocupação com o abastecimento de água da cidade, que crescia e consumia cada vez mais, foi o que motivou uma consciência de necessidade de conservação da floresta.
    A partir desse trabalho de preservação iniciado pelo homem, o bastão foi passado para a própria natureza, que assumiu a missão de se regenerar e consolidar a recuperação da floresta que quase perdeu esse status. Na atualidade, em uma mistura de áreas replantadas e de outras recuperadas naturalmente, cada árvore tem uma história para contar. Ou melhor, o homem é que pode contar com esse espaço preservado de beleza sacra, onde a natureza ensinou, talvez pela primeira vez aos cariocas, a importância da sua conservação.


MENEGASSI, Duda. O reflorestamento de um patrimônio. O Eco, 17 dez.
2012. Disponível em: https://oeco.org.br/reportagens/26758-oreflorestamento-de-um-patrimonio/. Acesso em: 2 mar. 2024. [Adaptado].


No segundo parágrafo, a oração “Devido à falta d’água associada à derrubada das árvores” estabelece com a oração seguinte uma relação de
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Q2470495 Português
RUTH GUIMARÃES: CENTENÁRIO DE UMA PIONEIRA

Joaquim Maria Botelho

        “Mulher, negra, pobre e caipira – eis as minhas credenciais”, disse Ruth Guimarães num discurso na Bienal Nestlé de Literatura, em 1983. Ruth tinha plena consciência de sua condição humana e de sua vocação para a literatura quando, jovenzinha de 26 anos, lançou Água funda (1946), romance que causou frisson na crítica literária da época e se tornou um marco da literatura regionalista.
        Ao lado de Antonio Candido – que publicou crítica elogiosa no jornal Correio Paulistano –, Érico Veríssimo foi um dos primeiros a comentarem a obra muito favoravelmente, num texto que a própria Editora Livraria do Globo passou a usar nas propagandas do livro de Ruth: “Há muito que não leio prosa brasileira tão rica de contactos com a terra e com a vida, tão fresca, tão natural e tão gostosa”. O romancista gaúcho tinha sido gerente do departamento editorial da Livraria do Globo e várias vezes se encontrou com a escritora em suas visitas à sucursal de São Paulo, dirigida por Edgard Cavalheiro. Ficaram amigos, mas seguiram caminhos diferentes e ficaram muito tempo sem se ver.
        Ruth passou a infância na fazenda Campestre, que o pai administrava, local hoje pertencente ao município de Pedralva, no sul de Minas Gerais. Ali, conviveu com as famílias de peões e colonos, e recolheu muitas histórias. Com a avó, aprendeu as tradições dos índios e dos negros. Já em São Paulo, decidiu recontar essas histórias, segura de que tinha em mãos o tesouro da tradição oral do povo que amava. Jovem atrevida, reuniu os racontos de assombração, duendes e pequenos demônios como o saci, a mula sem cabeça e o lobisomem, e foi procurar Mário de Andrade.
        O mestre a recebeu, elogiou, corrigiu e orientou-a nas técnicas de pesquisa folclórica, entre 1942 e 1944. Mário de Andrade não viu o livro pronto porque morreu em 1945 e a obra saiu depois de Água funda, em 1950, com o título de Os filhos do medo. Ampla pesquisa folclórica sobre o diabo e todas as manifestações demoníacas no imaginário do homem do Vale do Paraíba, a publicação lhe valeu um verbete na Enciclópédie Française de la Pléiade, publicada pela editora Gallimard, fazendo de Ruth Guimarães a única escritora latinoamericana a receber essa distinção.
        O autor é jornalista, escritor e mestre em literatura e crítica literária pela PUC-SP.
 Adaptado do site:
https://revistacult.uol.com.br/home/cult-301-ruth-guimaraes/ , acesso em 22 de março de 2024.
O verbo APRENDER, no período “Com a avó, aprendeu as tradições dos índios e dos negros” quanto à regência verbal é:
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Q2470494 Português
RUTH GUIMARÃES: CENTENÁRIO DE UMA PIONEIRA

Joaquim Maria Botelho

        “Mulher, negra, pobre e caipira – eis as minhas credenciais”, disse Ruth Guimarães num discurso na Bienal Nestlé de Literatura, em 1983. Ruth tinha plena consciência de sua condição humana e de sua vocação para a literatura quando, jovenzinha de 26 anos, lançou Água funda (1946), romance que causou frisson na crítica literária da época e se tornou um marco da literatura regionalista.
        Ao lado de Antonio Candido – que publicou crítica elogiosa no jornal Correio Paulistano –, Érico Veríssimo foi um dos primeiros a comentarem a obra muito favoravelmente, num texto que a própria Editora Livraria do Globo passou a usar nas propagandas do livro de Ruth: “Há muito que não leio prosa brasileira tão rica de contactos com a terra e com a vida, tão fresca, tão natural e tão gostosa”. O romancista gaúcho tinha sido gerente do departamento editorial da Livraria do Globo e várias vezes se encontrou com a escritora em suas visitas à sucursal de São Paulo, dirigida por Edgard Cavalheiro. Ficaram amigos, mas seguiram caminhos diferentes e ficaram muito tempo sem se ver.
        Ruth passou a infância na fazenda Campestre, que o pai administrava, local hoje pertencente ao município de Pedralva, no sul de Minas Gerais. Ali, conviveu com as famílias de peões e colonos, e recolheu muitas histórias. Com a avó, aprendeu as tradições dos índios e dos negros. Já em São Paulo, decidiu recontar essas histórias, segura de que tinha em mãos o tesouro da tradição oral do povo que amava. Jovem atrevida, reuniu os racontos de assombração, duendes e pequenos demônios como o saci, a mula sem cabeça e o lobisomem, e foi procurar Mário de Andrade.
        O mestre a recebeu, elogiou, corrigiu e orientou-a nas técnicas de pesquisa folclórica, entre 1942 e 1944. Mário de Andrade não viu o livro pronto porque morreu em 1945 e a obra saiu depois de Água funda, em 1950, com o título de Os filhos do medo. Ampla pesquisa folclórica sobre o diabo e todas as manifestações demoníacas no imaginário do homem do Vale do Paraíba, a publicação lhe valeu um verbete na Enciclópédie Française de la Pléiade, publicada pela editora Gallimard, fazendo de Ruth Guimarães a única escritora latinoamericana a receber essa distinção.
        O autor é jornalista, escritor e mestre em literatura e crítica literária pela PUC-SP.
 Adaptado do site:
https://revistacult.uol.com.br/home/cult-301-ruth-guimaraes/ , acesso em 22 de março de 2024.
A oração sublinhada no período: “Ali, conviveu com as famílias de peões e colonos, e recolheu muitas histórias”, classifica-se como: 
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Q2470427 Português
CLARICE LISPECTOR: A TEIA SUTIL DE UMA POÉTICA FEMINISTA

Rita Terezinha Schmidt
(03 de janeiro de 2024)


        Assim como Clarice sempre resistiu a qualquer tentativa de enquadramento e manifestava publicamente sua falta de interesse em produzir “literatura” – termo ao qual atribuía o peso de uma instituição, um fardo que nunca cogitou carregar porque se considerava uma amadora, e não uma “profissional” –, também nunca mencionou o termo “feminista”, seja na sua vida pública, seja na sua produção ficcional. Talvez porque na época circulava o clichê de que feministas eram mulheres mal-amadas e desejavam se igualar aos homens, noções distorcidas e disseminadas por segmentos conservadores que não admitiam a agenda da luta por direitos, foco das reivindicações dos movimentos de mulheres que começaram a ganhar vulto a partir da década de 1950.
        Nesse período e nas décadas seguintes, o impacto da obra O segundo sexo (1949), de Simone de Beauvoir, foi explosivo, particularmente pela afirmação de que a mulher “feminina”, nos termos do binarismo de gênero na cultura patriarcal, é caracterizada pela passividade e que é nessa condição que ela se torna um ser para o outro, uma alteridade institucionalizada.
        Com vivências em países europeus e nos Estados Unidos, Clarice certamente tomou conhecimento das passeatas de mulheres que ganhavam, na época, ampla cobertura nos jornais e em noticiários na televisão. Também foi leitora de escritoras inglesas como Emily Brontë, Katherine Mansfield e Virginia Woolf, que abordaram questões relativas à condição feminina, definida como “o problema que não tem nome” por Betty Friedan, em seu A mística feminina (1963). Woolf, além de inovadora na prosa de ficção, em Um teto todo seu (1929) foi pioneira na denúncia da opressão econômica, intelectual e criativa das mulheres: ao tentar fazer uma pesquisa sobre o tema mulher e ficção na biblioteca de Oxbridge (nome fictício para as duas mais tradicionais universidades da Inglaterra, Cambridge e Oxford), teve sua entrada barrada por não estar acompanhada de um homem nem levar uma carta de apresentação. Ao retornar devidamente acompanhada, levantou informações que referendaram o que observara de forma empírica, isto é, que a tradição literária era pautada, exclusivamente, na genealogia pais/filhos.
        Em tempos de questionamentos e de transformações sociais, não surpreende que na singularidade composicional de suas obras Clarice articulasse um feminismo latente de outra genealogia, a de mãe/filhas, presente nos alinhamentos entre narradora, autora implícita e personagens femininas, tramados em diferentes graus de cumplicidade. Trata-se de uma teia na qual a relação da narradora com suas personagens conflui em fios de discurso/fios de pensamento que deslizam de uma obra a outra, produzindo ressonâncias e superposições na construção de elos intersubjetivos. Se o fio, no mito de Ariadne, é símbolo de salvação de um enredamento mortal, na obra de Clarice seu arquétipo tece um imaginário que fecunda subjetividades/identificações declinadas pelo pertencimento feminino e que entrelaçam vida e ficção numa economia de afetos que não deixa de evocar o lema feminista de nossa época, “o pessoal é político”.
        Talvez nenhuma outra escritora brasileira, ao longo de sua obra, tenha sido capaz de captar e sustentar com perspicácia e constância a problemática de personagens femininas, circunscritas por injunções de uma estrutura patriarcal que contamina o espaço familiar. Suas trajetórias oscilam em movimentos de resistência, de submissão e de transgressão, num aprendizado doloroso de autoconsciência e de percepção do mundo à sua volta. Isso não significa dizer que Clarice reduzia a literatura ao compromisso verossímil de um realismo ingênuo, mas, sim, que seu viés feminista estava presente na construção das experiências vividas por suas personagens e produzia, de forma subjacente, uma crítica social pertinente a seu tempo e lugar.
        A pergunta “quem sou eu?”, implícita ou explícita, que percorre os fios de sua teia ganha expressão em Joana, Ana, Lucrécia, Laura, Virgínia, G. H., Ângela, personagens que figuram a condição da mulher brasileira de classe média dos anos 1940 a 1960 – condição essa que transcende limites geográficos e temporais. Em diferentes graus de sensibilidade quanto à realidade, todas essas personagens passam por sensações de vazio e de impotência, um desconforto com um cotidiano regulado por rituais domésticos e padrões preestabelecidos que dão um falso equilíbrio às suas existências e distorcem as percepções de si próprias e da vida. Por isso, em momentos de devaneios, vertigens ou revelações, todas são assaltadas por certo mal-estar, um desejo confuso, pela falta de algo que não sabem definir o que é, mas que sentem ser necessário descobrir. Esse momento é o das horas perigosas, quando algo reprimido emerge à superfície para romper a normalidade das aparências e desestabilizar, mesmo que momentaneamente, a estrutura engessada de suas vidas. [...]
        As obras de Clarice são declinadas no feminino sob um viés feminista, não somente pelo protagonismo de suas personagens mulheres e pelos laços de cumplicidade entre elas e a narradora, mas pelo agenciamento da escritora que intervém, de forma eloquente, no sistema de representação da cultura patriarcal. Não por acaso, o último fio de sua teia culmina no caudal de Água viva, pura imersão na energia originária de um feminino cósmico que vem “das trevas de um passado remoto”. Assim, tecida por muitos fios, a poética feminista de Clarice inscreve seu posicionamento social e político no contexto da cultura de seu tempo e projeta uma ética da diferença, inscrita no potencial criativo e subversivo das mulheres, que se reinventam para poder se imaginar outras, e umas com as outras, na literatura e na vida. 

Texto publicado originalmente na Cult 264, de dezembro de 2020.
A autora do texto é doutora em literatura, professora titular de literatura e convidada do Programa de PósGraduação em Letras da UFRGS. Adaptado de https://revistacult.uol.com.br/home/cult-301-claricelispector/ , acesso em 21 de mar de 2024.

No período, “Com vivências em países europeus e nos Estados Unidos, Clarice certamente tomou conhecimento das passeatas de mulheres que ganhavam, na época, ampla cobertura nos jornais e em noticiários na televisão” a oração sublinhada classifica-se como: 
Alternativas
Respostas
6: D
7: A
8: D
9: C
10: A