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Q3155652 Serviço Social

Considerando os aspectos de ética e atuação do profissional do serviço social, julgue o item seguinte. 


O Código de Ética do Serviço Social aprovado em 1965 não mencionava os princípios democráticos nem a luta para o estabelecimento de uma ordem social justa. 

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Eu acho que esse gabarito pode ter ressalvas. Vejam, na apostila do Estratégia achei que a resposta está incompleta:

Código de Ética de 1965: Este código foi sancionado após a regulamentação da profissão em 1957 e a criação do Conselho Federal dos Assistentes Sociais em 1962. Ele manteve os valores tradicionais, de cunho conservador e cristão, que estavam presentes no código anterior (1947). Ambos os códigos eram fundamentados por pressupostos neotomistas e/ou positivistas, imprimindo os dogmas cristãos e a moral conservadora à ética da profissão. Eles refletiam a natureza conservadora, vocacional, moralista, manipuladora e confessional do Serviço Social naquela época. 

MAS, em pesquisa na internet encontrei o seguinte trecho:

"O Código de Ética de 1965 apresenta pinceladas de renovação profissional, em um momento de modernização conservadora incorporando princípios do pluralismo, da democracia e da justiça, em uma forma de pensar liberal."

trata-se de uma produção acadêmica do XIII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ

Desta maneira, devemos também levar em conta o contexto histórico da sociedade à época. Não sei se a escrita foi mal formulada mas achei que é uma questão fácil de errar! O que acham? Fica a sugestão pro pessoal da Corujinha aprimorar o material também rs.

A afirmativa está correta e é amplamente respaldada por autores clássicos do Serviço Social brasileiro, como José Paulo Netto, Marilda Iamamoto e Yolanda Guerra.

O Código de Ética de 1965 foi construído em um contexto histórico marcado pela influência do conservadorismo, da moral religiosa e da função adaptativa do Serviço Social às normas da ordem vigente. Conforme destaca José Paulo Netto (1996), esse código refletia a perspectiva tradicional da profissão, voltada à manutenção da ordem social, sem compromisso com a transformação das estruturas injustas da sociedade.

Não havia menção a princípios democráticos, tampouco à luta por uma ordem social justa. A profissão estava alinhada a uma lógica funcionalista, com uma prática moralizante e assistencialista, fortemente influenciada pela doutrina social da Igreja Católica. O papel do/a assistente social era visto como o de ajudar os indivíduos a se ajustarem às adversidades sociais, sem questionar suas causas estruturais.

Marilda Iamamoto (2007) explica que, nesse período, o Serviço Social se constituiu como uma “mediação conservadora”, voltada à regulação das expressões da questão social, sem autonomia teórico-metodológica e sem compromisso com os direitos humanos e com a transformação social.

Foi somente com o avanço das lutas sociais e com a crítica interna feita pela categoria — sobretudo a partir da década de 1970 — que se iniciou o processo de ruptura com esse modelo conservador. Esse movimento culminou na aprovação do Código de Ética de 1993, que passou a afirmar explicitamente valores como a liberdade, a justiça social, a democracia e a defesa intransigente dos direitos humanos, conforme apontado por Yolanda Guerra.

Portanto, à luz dos principais autores do Serviço Social, o Código de 1965 não incorporava princípios democráticos porque representava uma fase da profissão ainda submissa ao conservadorismo e à lógica de reprodução da ordem, anterior à consolidação do projeto ético-político crítico que conhecemos hoje.

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