É uma operação sutil, em que ele prefere apresentar os atos...
Atenção: A questão refere-se ao texto seguinte.
Violência e naturalidade
Há na ficção do grande Machado de Assis páginas tão admiráveis quanto duras − ou mesmo cínicas, preferem alguns. Lembremos este trecho famoso do romance Quincas Borba:
"− Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição da sobrevivência de outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria e ousadia da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.”
Aqui, Machado leva ao extremo a tese que chancela a lei do mais forte, a competitividade brutal que esmaga o perdedor. Parece concordar com ela, apesar do tom extremamente irônico, e talvez concorde mesmo − mas a caprichosa naturalidade com que o nosso escritor aborda as violências mais radicais faz desconfiar que ele também nos esteja provocando. Machado sabe que uma das formas mais eficazes de mostrar a barbárie está em naturalizá-la. É uma operação sutil, em que ele prefere apresentar os atos mais selvagens como se fizessem parte da plena rotina. Os leitores mais sensíveis acusarão o golpe, e terão que enfrentar a pergunta tremenda: se tanta violência decorre com tamanha naturalidade, que sentido terá aquilo que os homens vêm chamando de civilização?
É uma operação sutil, em que ele prefere apresentar os atos mais selvagens como se fizessem parte da plena rotina.
Os elementos sublinhados na frase acima podem ser corretamente
substituídos, na ordem dada, por:
- Gabarito Comentado (1)
- Aulas (2)
- Comentários (1)
- Estatísticas
- Cadernos
- Criar anotações
- Notificar Erro
Gabarito comentado
Confira o gabarito comentado por um dos nossos professores
Para resolver essa questão, precisamos focar em substituições adequadas dos elementos gramaticais sublinhados, que são: "em que ele prefere" e "como se fizessem parte da plena rotina". Vamos abordar cada uma dessas partes separadamente.
**Interpretação dos Elementos Substituídos:**
1. "em que ele prefere": A expressão "em que" é uma combinação de preposição "em" com o pronome relativo "que". Essa estrutura é usada para introduzir uma oração subordinada adjetiva, referindo-se a um termo anterior no texto. A substituição correta deve manter o sentido e a função da expressão original.
2. "como se fizessem parte da plena rotina": A expressão "como se" indica uma comparação hipotética, usualmente seguida de um verbo no modo subjuntivo, que expressa uma ação não realizada ou irreal. A substituição correta deve manter essa ideia de hipótese ou suposição.
**Análise das Alternativas:**
A - na qual ele prefere / como se plenamente integrados na rotina:
Esta alternativa é a correta. "Na qual" substitui adequadamente "em que", mantendo a relação de subordinação e referindo-se ao termo antecedente. "Como se plenamente integrados na rotina" mantém a ideia de uma ação hipotética e irreal, similar à estrutura original.
B - aonde ele prefere / tal como se adequassem na mesma rotina:
"Aonde" é usado para indicar movimento em direção a um lugar e, portanto, é inadequado aqui. Além disso, "tal como se adequassem" não transmite a ideia de comparação hipotética.
C - em cuja ele prefere / assim como se mesclados na plena rotina:
A expressão "em cuja" está incorreta, pois "cuja" exige um complemento nominal que não é fornecido. "Assim como se mesclados" não transmite a mesma ideia de comparação hipotética.
D - onde acha mais preferível / de modo a que a rotina viesse a integrá-los:
"Onde" geralmente se refere a lugar e não é adequado para substituir "em que". "De modo a que a rotina viesse a integrá-los" altera significativamente o sentido original.
E - quando ele prefere mais / tal seria se participassem da mesma rotina:
"Quando" refere-se a tempo e é inadequado aqui. "Tal seria se participassem" não reflete a comparação hipotética original.
**Conclusão:**
A alternativa A é a única que preserva tanto a função quanto o sentido das expressões originais, garantindo uma substituição gramaticalmente correta e semanticamente adequada.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!
Clique para visualizar este gabarito
Visualize o gabarito desta questão clicando no botão abaixo
Comentários
Veja os comentários dos nossos alunos
GAB A
É uma operação sutil, em que ele prefere apresentar os atos mais selvagens como se fizessem parte da plena rotina.
Os elementos sublinhados na frase acima podem ser corretamente substituídos, na ordem dada, por:
a) na qual ele prefere / como se plenamente integrados na rotina.
Clique para visualizar este comentário
Visualize os comentários desta questão clicando no botão abaixo