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Q3104981 Português
Texto VI


    O bife e o vinho compartilham a mitologia sanguínea. É o coração da carne, e qualquer um que a consuma assimila a força do touro. Obviamente, o prestígio do bife deve-se ao seu estado de semicrueza: nele o sangue é simultaneamente visível, denso, compacto e suscetível de ser cortado: imagina-se logo a ambrosia antiga sob a forma de uma matéria pesada que diminui entre os dentes, de modo a fazer com que se sinta ao mesmo tempo a sua força de origem e a sua plasticidade se expandirem no próprio sangue do homem.

    E assim como o vinho se transforma, para um bom número de intelectuais, em substância mediúnica que os conduz à força original da natureza, do mesmo modo o bife é para eles um alimento de redenção, graças ao qual tornam o seu cerebralismo mais prosaico e conjuram, pelo sangue e a polpa mole, a secura estéril de que são acusados.

    Tal como o vinho, na França, o bife é um elemento básico, mais nacionalizado do que socializado, estando presente em todos os cenários da vida alimentar; participa de todos os ritmos, desde a confortável refeição burguesa ao lanche boêmio do celibatário; é uma alimentação simultaneamente rápida e densa, que realiza a mais perfeita união entre a economia e a eficácia, a mitologia e a plasticidade do seu consumo. Além de tudo isso, é um produto eminentemente francês (é certo que se encontra circunscrito, hoje em dia, pela invasão dos steaks americanos). Sendo nacional, depende da cotação dos valores patrióticos: revigora-os em tempo de guerra, sendo a própria carne do combatente francês, o bem inalienável que só pode passar-se para o inimigo à traição. Associado geralmente às batatas fritas, o bife transmite-lhes o seu renome: elas são nostálgicas e patrióticas como o bife.


Roland Barthes. O bife com batatas fritas. In: Mitologias. 2010, p.79-80 (com adaptações).

Ainda em relação ao texto VI, julgue (C ou E) o item a seguir.


No texto, o autor contesta a ideia do intelecto privilegiado dos intelectuais, o que os coloca na esfera dos mitos da sociedade. 

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Comentários

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GABARITO: ERRADO!

Acredito que houve extrapolação, em nenhum momento o autor contesta a ideia do intelecto privilegiado dos intelectuais. Quando ele ressalta "que realiza a mais perfeita união entre a economia e a eficácia, a mitologia e a plasticidade do seu consumo" dá o entender que está em uma sinergia entre esses elementos e não apenas os colocando na esfera dos mitos da sociedade. 

Qualquer equívoco deixem aqui!

Bons estudos!! <3

O cara saiu de um churrasco e escreveu isso, né possível kkkkkkkkkkkk.

De onde veio esse texto? HAHAHAHA

Essas questões estão me fazendo duvidar de mim mesma...não é possível

Errado.

O 2 paragrafo que responde essa questão, onde é falado a perspectiva dos intelectuais. Existe, sim, uma crítica na última parte, ''graças ao qual tornam o seu cerebralismo mais prosaico e conjuram, pelo sangue e a polpa mole, a secura estéril de que são acusados''. Agora, colocar eles como mitos da sociedade, não está implícito nem explicito essa informação.

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