Questões de Concurso Público TRE-SP 2006 para Técnico Judiciário - Área Administrativa
Foram encontradas 23 questões
Ano: 2006
Banca:
FCC
Órgão:
TRE-SP
Prova:
FCC - 2006 - TRE-SP - Técnico Judiciário - Área Administrativa |
Q53160
Português
Texto associado
Na primeira metade do século XIX, as ferrovias surgiam
como o meio quase mágico que permitiria transpor enormes
distâncias com rapidez e grande capacidade de carga, atravessando
qualquer tipo de terreno. No Brasil, onde a era ferroviária
se iniciou em 1854, algumas vozes apontaram o
descompasso que tenderia a se verificar entre as modestas
dimensões da economia nacional e os grandes investimentos
requeridos para as construções ferroviárias. Mas pontos de
vista como esse foram vencidos pela fascinação exercida pelo
trem de ferro e pela fé em seu poder de transformar a realidade.
De um ponto de vista econômico, não seria propriamente
incorreto dizer que a experiência ferroviária no Brasil não
passou de um relativo fracasso - que se traduziria, hoje, no
predomínio das rodovias, ao contrário do ocorrido em outros
países de grandes dimensões. De acordo com supostas
explicações, o triunfo das rodovias no Brasil teria sido obtido
graças a um complô que envolveria governos e grandes
empresas petrolíferas e automobilísticas. Mas a verdade é que,
além de outras deficiências estruturais, o setor ferroviário nacional
nunca chegou a formar uma autêntica rede cobrindo todo
o território. Como a economia dependia da agroexportação, o
problema consistia simplesmente em ligar as regiões produtoras
aos portos marítimos.
A partir dos anos 30, quando se colocou o desafio da
efetiva integração econômica do país como parte do processo
de expansão do mercado interno, os transportes rodoviários
mais ágeis, necessitando de uma infra-estrutura muito menor
que a das vias férreas - demonstraram uma flexibilidade que o
trem não tinha como acompanhar. Isso não significa que as
ferrovias não tenham desempenhado um importante papel
econômico no país. Elas foram fundamentais no período dominado
pela agroexportação e continuaram a ser importantes
também no contexto da industrialização acelerada.
Mas as estradas de ferro não podem ser analisadas
apenas mediante critérios estritamente econômicos. No Brasil,
as ferrovias criaram novas cidades, como Porto Velho, e revitalizaram
antigas. Representaram uma experiência indelével, freqüentemente
dramática, para os trabalhadores mobilizados nas
construções. Objeto de fascínio, elas impuseram um novo ritmo
de vida, marcado pelos horários dos trens, e reorganizaram
espaços urbanos, nos quais as estações se destacavam como
"catedrais" da ciência e da técnica.
(Adaptado de Paulo Roberto Cimó Queiroz, Folha [Sinapse],
p. 20-22, 22 de fevereiro de 2005)
como o meio quase mágico que permitiria transpor enormes
distâncias com rapidez e grande capacidade de carga, atravessando
qualquer tipo de terreno. No Brasil, onde a era ferroviária
se iniciou em 1854, algumas vozes apontaram o
descompasso que tenderia a se verificar entre as modestas
dimensões da economia nacional e os grandes investimentos
requeridos para as construções ferroviárias. Mas pontos de
vista como esse foram vencidos pela fascinação exercida pelo
trem de ferro e pela fé em seu poder de transformar a realidade.
De um ponto de vista econômico, não seria propriamente
incorreto dizer que a experiência ferroviária no Brasil não
passou de um relativo fracasso - que se traduziria, hoje, no
predomínio das rodovias, ao contrário do ocorrido em outros
países de grandes dimensões. De acordo com supostas
explicações, o triunfo das rodovias no Brasil teria sido obtido
graças a um complô que envolveria governos e grandes
empresas petrolíferas e automobilísticas. Mas a verdade é que,
além de outras deficiências estruturais, o setor ferroviário nacional
nunca chegou a formar uma autêntica rede cobrindo todo
o território. Como a economia dependia da agroexportação, o
problema consistia simplesmente em ligar as regiões produtoras
aos portos marítimos.
A partir dos anos 30, quando se colocou o desafio da
efetiva integração econômica do país como parte do processo
de expansão do mercado interno, os transportes rodoviários
mais ágeis, necessitando de uma infra-estrutura muito menor
que a das vias férreas - demonstraram uma flexibilidade que o
trem não tinha como acompanhar. Isso não significa que as
ferrovias não tenham desempenhado um importante papel
econômico no país. Elas foram fundamentais no período dominado
pela agroexportação e continuaram a ser importantes
também no contexto da industrialização acelerada.
Mas as estradas de ferro não podem ser analisadas
apenas mediante critérios estritamente econômicos. No Brasil,
as ferrovias criaram novas cidades, como Porto Velho, e revitalizaram
antigas. Representaram uma experiência indelével, freqüentemente
dramática, para os trabalhadores mobilizados nas
construções. Objeto de fascínio, elas impuseram um novo ritmo
de vida, marcado pelos horários dos trens, e reorganizaram
espaços urbanos, nos quais as estações se destacavam como
"catedrais" da ciência e da técnica.
(Adaptado de Paulo Roberto Cimó Queiroz, Folha [Sinapse],
p. 20-22, 22 de fevereiro de 2005)
O segmento que aparece reescrito com o mesmo sentido original é:
Ano: 2006
Banca:
FCC
Órgão:
TRE-SP
Prova:
FCC - 2006 - TRE-SP - Técnico Judiciário - Área Administrativa |
Q53163
Português
Texto associado
Na primeira metade do século XIX, as ferrovias surgiam
como o meio quase mágico que permitiria transpor enormes
distâncias com rapidez e grande capacidade de carga, atravessando
qualquer tipo de terreno. No Brasil, onde a era ferroviária
se iniciou em 1854, algumas vozes apontaram o
descompasso que tenderia a se verificar entre as modestas
dimensões da economia nacional e os grandes investimentos
requeridos para as construções ferroviárias. Mas pontos de
vista como esse foram vencidos pela fascinação exercida pelo
trem de ferro e pela fé em seu poder de transformar a realidade.
De um ponto de vista econômico, não seria propriamente
incorreto dizer que a experiência ferroviária no Brasil não
passou de um relativo fracasso - que se traduziria, hoje, no
predomínio das rodovias, ao contrário do ocorrido em outros
países de grandes dimensões. De acordo com supostas
explicações, o triunfo das rodovias no Brasil teria sido obtido
graças a um complô que envolveria governos e grandes
empresas petrolíferas e automobilísticas. Mas a verdade é que,
além de outras deficiências estruturais, o setor ferroviário nacional
nunca chegou a formar uma autêntica rede cobrindo todo
o território. Como a economia dependia da agroexportação, o
problema consistia simplesmente em ligar as regiões produtoras
aos portos marítimos.
A partir dos anos 30, quando se colocou o desafio da
efetiva integração econômica do país como parte do processo
de expansão do mercado interno, os transportes rodoviários
mais ágeis, necessitando de uma infra-estrutura muito menor
que a das vias férreas - demonstraram uma flexibilidade que o
trem não tinha como acompanhar. Isso não significa que as
ferrovias não tenham desempenhado um importante papel
econômico no país. Elas foram fundamentais no período dominado
pela agroexportação e continuaram a ser importantes
também no contexto da industrialização acelerada.
Mas as estradas de ferro não podem ser analisadas
apenas mediante critérios estritamente econômicos. No Brasil,
as ferrovias criaram novas cidades, como Porto Velho, e revitalizaram
antigas. Representaram uma experiência indelével, freqüentemente
dramática, para os trabalhadores mobilizados nas
construções. Objeto de fascínio, elas impuseram um novo ritmo
de vida, marcado pelos horários dos trens, e reorganizaram
espaços urbanos, nos quais as estações se destacavam como
"catedrais" da ciência e da técnica.
(Adaptado de Paulo Roberto Cimó Queiroz, Folha [Sinapse],
p. 20-22, 22 de fevereiro de 2005)
como o meio quase mágico que permitiria transpor enormes
distâncias com rapidez e grande capacidade de carga, atravessando
qualquer tipo de terreno. No Brasil, onde a era ferroviária
se iniciou em 1854, algumas vozes apontaram o
descompasso que tenderia a se verificar entre as modestas
dimensões da economia nacional e os grandes investimentos
requeridos para as construções ferroviárias. Mas pontos de
vista como esse foram vencidos pela fascinação exercida pelo
trem de ferro e pela fé em seu poder de transformar a realidade.
De um ponto de vista econômico, não seria propriamente
incorreto dizer que a experiência ferroviária no Brasil não
passou de um relativo fracasso - que se traduziria, hoje, no
predomínio das rodovias, ao contrário do ocorrido em outros
países de grandes dimensões. De acordo com supostas
explicações, o triunfo das rodovias no Brasil teria sido obtido
graças a um complô que envolveria governos e grandes
empresas petrolíferas e automobilísticas. Mas a verdade é que,
além de outras deficiências estruturais, o setor ferroviário nacional
nunca chegou a formar uma autêntica rede cobrindo todo
o território. Como a economia dependia da agroexportação, o
problema consistia simplesmente em ligar as regiões produtoras
aos portos marítimos.
A partir dos anos 30, quando se colocou o desafio da
efetiva integração econômica do país como parte do processo
de expansão do mercado interno, os transportes rodoviários
mais ágeis, necessitando de uma infra-estrutura muito menor
que a das vias férreas - demonstraram uma flexibilidade que o
trem não tinha como acompanhar. Isso não significa que as
ferrovias não tenham desempenhado um importante papel
econômico no país. Elas foram fundamentais no período dominado
pela agroexportação e continuaram a ser importantes
também no contexto da industrialização acelerada.
Mas as estradas de ferro não podem ser analisadas
apenas mediante critérios estritamente econômicos. No Brasil,
as ferrovias criaram novas cidades, como Porto Velho, e revitalizaram
antigas. Representaram uma experiência indelével, freqüentemente
dramática, para os trabalhadores mobilizados nas
construções. Objeto de fascínio, elas impuseram um novo ritmo
de vida, marcado pelos horários dos trens, e reorganizaram
espaços urbanos, nos quais as estações se destacavam como
"catedrais" da ciência e da técnica.
(Adaptado de Paulo Roberto Cimó Queiroz, Folha [Sinapse],
p. 20-22, 22 de fevereiro de 2005)
Observe a alteração dos sinais de pontuação nos segmentos transcritos abaixo:
I. que se traduziria, hoje, no predomínio das rodovias ... que se traduziria hoje no predomínio das rodovias ...
II.
mais ágeis, necessitando de uma infra-estrutura muito menor que a das vias férreas -
(mais ágeis, necessitando de uma infra-estrutura muito menor que a das vias férreas)
III. Representaram uma experiência indelével, freqüentemente dramática, para os trabalhadores ...
Representaram uma experiência indelével
freqüentemente dramática
para os trabalhadores ...
Com as alterações, mantém-se o sentido original em
I. que se traduziria, hoje, no predomínio das rodovias ... que se traduziria hoje no predomínio das rodovias ...
II.
![Imagem 001.jpg](https://arquivos.qconcursos.com/images/provas/1569/Imagem%20001.jpg)
(mais ágeis, necessitando de uma infra-estrutura muito menor que a das vias férreas)
III. Representaram uma experiência indelével, freqüentemente dramática, para os trabalhadores ...
Representaram uma experiência indelével
![Imagem 002.jpg](https://arquivos.qconcursos.com/images/provas/1569/Imagem%20002.jpg)
![Imagem 003.jpg](https://arquivos.qconcursos.com/images/provas/1569/Imagem%20003.jpg)
Com as alterações, mantém-se o sentido original em
Ano: 2006
Banca:
FCC
Órgão:
TRE-SP
Prova:
FCC - 2006 - TRE-SP - Técnico Judiciário - Área Administrativa |
Q53165
Português
Texto associado
A arte brasileira da conversa não é de fácil aprendizado.
Como toda arte, exige antes de mais nada uma verdadeira
vocação. E essa vocação se aprimora ao longo do caminho que
vai da inocência à experiência. Como em toda arte. [...]
Falo precisamente no bate-papo, erigido numa das mais
requintadas instituições nacionais.
Mas por que arte brasileira? Os outros povos acaso não
batem papo? [...] Este não deve ter finalidade alguma, senão a
de matar o tempo da melhor maneira possível. É coisa de latino
em geral e de brasileiro em particular: fazer da conversa não um
meio, mas um fim em si mesmo. Se não me engano, essa é a
distância que separa a ciência da arte.
No papo bem batido, a discussão não passa de uma
motivação, sem intuito de convencer ninguém, nem de provar
que se tem razão. Os que nela se envolvem devem estar
sempre prontos a reconhecer, no íntimo, que poderiam muito
bem passar a defender o ponto de vista oposto, desde que os
que o defendem fizessem o mesmo. Os temas devem ser de
uma apaixonante gratuidade, a ponto de permitir que, no
desenrolar da conversa, de súbito ninguém mais saiba o que se
está discutindo. [...]
Além disso a discussão, ainda que gratuita, pode exaurir
o papo diante de uma impossível opção, como a de saber qual
é o melhor, Tolstoi ou Dostoievski, Corcel ou Opala, Caetano ou
Chico. A menos que ocorra ao discutidor o recurso daquele
outro, hábil em conduzir o papo, que teve de se calar quando,
no melhor de sua argumentação sobre energia atômica, soube
que estava discutindo com um professor de física nuclear:
Você é presidencialista ou parlamentarista? - perguntou
então.
Presidencialista.
Pois eu sou parlamentarista.
E recomeçaram a discutir.
Mais ardente praticante do que estes, só mesmo o que
um dia se intrometeu na nossa roda, interrompendo animadíssima
conversa:
Posso dar minha opinião?
Todos se calaram para ouvi-lo. E ele, muito sério:
Qual é o assunto?
(Fernando Sabino. Deixa o Alfredo falar! Record: Rio de
Janeiro, 1976, p. 28-31)
Como toda arte, exige antes de mais nada uma verdadeira
vocação. E essa vocação se aprimora ao longo do caminho que
vai da inocência à experiência. Como em toda arte. [...]
Falo precisamente no bate-papo, erigido numa das mais
requintadas instituições nacionais.
Mas por que arte brasileira? Os outros povos acaso não
batem papo? [...] Este não deve ter finalidade alguma, senão a
de matar o tempo da melhor maneira possível. É coisa de latino
em geral e de brasileiro em particular: fazer da conversa não um
meio, mas um fim em si mesmo. Se não me engano, essa é a
distância que separa a ciência da arte.
No papo bem batido, a discussão não passa de uma
motivação, sem intuito de convencer ninguém, nem de provar
que se tem razão. Os que nela se envolvem devem estar
sempre prontos a reconhecer, no íntimo, que poderiam muito
bem passar a defender o ponto de vista oposto, desde que os
que o defendem fizessem o mesmo. Os temas devem ser de
uma apaixonante gratuidade, a ponto de permitir que, no
desenrolar da conversa, de súbito ninguém mais saiba o que se
está discutindo. [...]
Além disso a discussão, ainda que gratuita, pode exaurir
o papo diante de uma impossível opção, como a de saber qual
é o melhor, Tolstoi ou Dostoievski, Corcel ou Opala, Caetano ou
Chico. A menos que ocorra ao discutidor o recurso daquele
outro, hábil em conduzir o papo, que teve de se calar quando,
no melhor de sua argumentação sobre energia atômica, soube
que estava discutindo com um professor de física nuclear:
![Imagem 004.jpg](https://s3.amazonaws.com/qcon-assets-production/images/provas/1569/Imagem 004.jpg)
então.
![Imagem 005.jpg](https://s3.amazonaws.com/qcon-assets-production/images/provas/1569/Imagem 005.jpg)
![Imagem 006.jpg](https://s3.amazonaws.com/qcon-assets-production/images/provas/1569/Imagem 006.jpg)
E recomeçaram a discutir.
Mais ardente praticante do que estes, só mesmo o que
um dia se intrometeu na nossa roda, interrompendo animadíssima
conversa:
![Imagem 007.jpg](https://s3.amazonaws.com/qcon-assets-production/images/provas/1569/Imagem 007.jpg)
Todos se calaram para ouvi-lo. E ele, muito sério:
![Imagem 008.jpg](https://s3.amazonaws.com/qcon-assets-production/images/provas/1569/Imagem 008.jpg)
(Fernando Sabino. Deixa o Alfredo falar! Record: Rio de
Janeiro, 1976, p. 28-31)
De acordo com o texto, ser hábil em conduzir o papo consiste em
Ano: 2006
Banca:
FCC
Órgão:
TRE-SP
Prova:
FCC - 2006 - TRE-SP - Técnico Judiciário - Área Administrativa |
Q53166
Português
Texto associado
A arte brasileira da conversa não é de fácil aprendizado.
Como toda arte, exige antes de mais nada uma verdadeira
vocação. E essa vocação se aprimora ao longo do caminho que
vai da inocência à experiência. Como em toda arte. [...]
Falo precisamente no bate-papo, erigido numa das mais
requintadas instituições nacionais.
Mas por que arte brasileira? Os outros povos acaso não
batem papo? [...] Este não deve ter finalidade alguma, senão a
de matar o tempo da melhor maneira possível. É coisa de latino
em geral e de brasileiro em particular: fazer da conversa não um
meio, mas um fim em si mesmo. Se não me engano, essa é a
distância que separa a ciência da arte.
No papo bem batido, a discussão não passa de uma
motivação, sem intuito de convencer ninguém, nem de provar
que se tem razão. Os que nela se envolvem devem estar
sempre prontos a reconhecer, no íntimo, que poderiam muito
bem passar a defender o ponto de vista oposto, desde que os
que o defendem fizessem o mesmo. Os temas devem ser de
uma apaixonante gratuidade, a ponto de permitir que, no
desenrolar da conversa, de súbito ninguém mais saiba o que se
está discutindo. [...]
Além disso a discussão, ainda que gratuita, pode exaurir
o papo diante de uma impossível opção, como a de saber qual
é o melhor, Tolstoi ou Dostoievski, Corcel ou Opala, Caetano ou
Chico. A menos que ocorra ao discutidor o recurso daquele
outro, hábil em conduzir o papo, que teve de se calar quando,
no melhor de sua argumentação sobre energia atômica, soube
que estava discutindo com um professor de física nuclear:
Você é presidencialista ou parlamentarista? - perguntou
então.
Presidencialista.
Pois eu sou parlamentarista.
E recomeçaram a discutir.
Mais ardente praticante do que estes, só mesmo o que
um dia se intrometeu na nossa roda, interrompendo animadíssima
conversa:
Posso dar minha opinião?
Todos se calaram para ouvi-lo. E ele, muito sério:
Qual é o assunto?
(Fernando Sabino. Deixa o Alfredo falar! Record: Rio de
Janeiro, 1976, p. 28-31)
Como toda arte, exige antes de mais nada uma verdadeira
vocação. E essa vocação se aprimora ao longo do caminho que
vai da inocência à experiência. Como em toda arte. [...]
Falo precisamente no bate-papo, erigido numa das mais
requintadas instituições nacionais.
Mas por que arte brasileira? Os outros povos acaso não
batem papo? [...] Este não deve ter finalidade alguma, senão a
de matar o tempo da melhor maneira possível. É coisa de latino
em geral e de brasileiro em particular: fazer da conversa não um
meio, mas um fim em si mesmo. Se não me engano, essa é a
distância que separa a ciência da arte.
No papo bem batido, a discussão não passa de uma
motivação, sem intuito de convencer ninguém, nem de provar
que se tem razão. Os que nela se envolvem devem estar
sempre prontos a reconhecer, no íntimo, que poderiam muito
bem passar a defender o ponto de vista oposto, desde que os
que o defendem fizessem o mesmo. Os temas devem ser de
uma apaixonante gratuidade, a ponto de permitir que, no
desenrolar da conversa, de súbito ninguém mais saiba o que se
está discutindo. [...]
Além disso a discussão, ainda que gratuita, pode exaurir
o papo diante de uma impossível opção, como a de saber qual
é o melhor, Tolstoi ou Dostoievski, Corcel ou Opala, Caetano ou
Chico. A menos que ocorra ao discutidor o recurso daquele
outro, hábil em conduzir o papo, que teve de se calar quando,
no melhor de sua argumentação sobre energia atômica, soube
que estava discutindo com um professor de física nuclear:
![Imagem 004.jpg](https://s3.amazonaws.com/qcon-assets-production/images/provas/1569/Imagem 004.jpg)
então.
![Imagem 005.jpg](https://s3.amazonaws.com/qcon-assets-production/images/provas/1569/Imagem 005.jpg)
![Imagem 006.jpg](https://s3.amazonaws.com/qcon-assets-production/images/provas/1569/Imagem 006.jpg)
E recomeçaram a discutir.
Mais ardente praticante do que estes, só mesmo o que
um dia se intrometeu na nossa roda, interrompendo animadíssima
conversa:
![Imagem 007.jpg](https://s3.amazonaws.com/qcon-assets-production/images/provas/1569/Imagem 007.jpg)
Todos se calaram para ouvi-lo. E ele, muito sério:
![Imagem 008.jpg](https://s3.amazonaws.com/qcon-assets-production/images/provas/1569/Imagem 008.jpg)
(Fernando Sabino. Deixa o Alfredo falar! Record: Rio de
Janeiro, 1976, p. 28-31)
Conclui-se corretamente do texto que o verdadeiro espírito da arte da conversa está em
Ano: 2006
Banca:
FCC
Órgão:
TRE-SP
Prova:
FCC - 2006 - TRE-SP - Técnico Judiciário - Área Administrativa |
Q53167
Português
Texto associado
A arte brasileira da conversa não é de fácil aprendizado.
Como toda arte, exige antes de mais nada uma verdadeira
vocação. E essa vocação se aprimora ao longo do caminho que
vai da inocência à experiência. Como em toda arte. [...]
Falo precisamente no bate-papo, erigido numa das mais
requintadas instituições nacionais.
Mas por que arte brasileira? Os outros povos acaso não
batem papo? [...] Este não deve ter finalidade alguma, senão a
de matar o tempo da melhor maneira possível. É coisa de latino
em geral e de brasileiro em particular: fazer da conversa não um
meio, mas um fim em si mesmo. Se não me engano, essa é a
distância que separa a ciência da arte.
No papo bem batido, a discussão não passa de uma
motivação, sem intuito de convencer ninguém, nem de provar
que se tem razão. Os que nela se envolvem devem estar
sempre prontos a reconhecer, no íntimo, que poderiam muito
bem passar a defender o ponto de vista oposto, desde que os
que o defendem fizessem o mesmo. Os temas devem ser de
uma apaixonante gratuidade, a ponto de permitir que, no
desenrolar da conversa, de súbito ninguém mais saiba o que se
está discutindo. [...]
Além disso a discussão, ainda que gratuita, pode exaurir
o papo diante de uma impossível opção, como a de saber qual
é o melhor, Tolstoi ou Dostoievski, Corcel ou Opala, Caetano ou
Chico. A menos que ocorra ao discutidor o recurso daquele
outro, hábil em conduzir o papo, que teve de se calar quando,
no melhor de sua argumentação sobre energia atômica, soube
que estava discutindo com um professor de física nuclear:
Você é presidencialista ou parlamentarista? - perguntou
então.
Presidencialista.
Pois eu sou parlamentarista.
E recomeçaram a discutir.
Mais ardente praticante do que estes, só mesmo o que
um dia se intrometeu na nossa roda, interrompendo animadíssima
conversa:
Posso dar minha opinião?
Todos se calaram para ouvi-lo. E ele, muito sério:
Qual é o assunto?
(Fernando Sabino. Deixa o Alfredo falar! Record: Rio de
Janeiro, 1976, p. 28-31)
Como toda arte, exige antes de mais nada uma verdadeira
vocação. E essa vocação se aprimora ao longo do caminho que
vai da inocência à experiência. Como em toda arte. [...]
Falo precisamente no bate-papo, erigido numa das mais
requintadas instituições nacionais.
Mas por que arte brasileira? Os outros povos acaso não
batem papo? [...] Este não deve ter finalidade alguma, senão a
de matar o tempo da melhor maneira possível. É coisa de latino
em geral e de brasileiro em particular: fazer da conversa não um
meio, mas um fim em si mesmo. Se não me engano, essa é a
distância que separa a ciência da arte.
No papo bem batido, a discussão não passa de uma
motivação, sem intuito de convencer ninguém, nem de provar
que se tem razão. Os que nela se envolvem devem estar
sempre prontos a reconhecer, no íntimo, que poderiam muito
bem passar a defender o ponto de vista oposto, desde que os
que o defendem fizessem o mesmo. Os temas devem ser de
uma apaixonante gratuidade, a ponto de permitir que, no
desenrolar da conversa, de súbito ninguém mais saiba o que se
está discutindo. [...]
Além disso a discussão, ainda que gratuita, pode exaurir
o papo diante de uma impossível opção, como a de saber qual
é o melhor, Tolstoi ou Dostoievski, Corcel ou Opala, Caetano ou
Chico. A menos que ocorra ao discutidor o recurso daquele
outro, hábil em conduzir o papo, que teve de se calar quando,
no melhor de sua argumentação sobre energia atômica, soube
que estava discutindo com um professor de física nuclear:
![Imagem 004.jpg](https://s3.amazonaws.com/qcon-assets-production/images/provas/1569/Imagem 004.jpg)
então.
![Imagem 005.jpg](https://s3.amazonaws.com/qcon-assets-production/images/provas/1569/Imagem 005.jpg)
![Imagem 006.jpg](https://s3.amazonaws.com/qcon-assets-production/images/provas/1569/Imagem 006.jpg)
E recomeçaram a discutir.
Mais ardente praticante do que estes, só mesmo o que
um dia se intrometeu na nossa roda, interrompendo animadíssima
conversa:
![Imagem 007.jpg](https://s3.amazonaws.com/qcon-assets-production/images/provas/1569/Imagem 007.jpg)
Todos se calaram para ouvi-lo. E ele, muito sério:
![Imagem 008.jpg](https://s3.amazonaws.com/qcon-assets-production/images/provas/1569/Imagem 008.jpg)
(Fernando Sabino. Deixa o Alfredo falar! Record: Rio de
Janeiro, 1976, p. 28-31)
A frase do texto que pode ser interpretada como uma síntese do que o autor afirma no 4º parágrafo é: