Questões de Concurso Público FEAES - PR 2019 para Assistente Administrativo

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Q2036289 Português
O jovem casal

Rubem Braga

          Estavam esperando o bonde e fazia muito calor. Veio um bonde, mas estava tão cheio, com tanta gente pendurada nos estribos que ela apenas deu um passo à frente, ele esboçou com o braço o gesto de quem vai pegar um balaústre – e desistiram.
          Um homem da carrocinha de pão obrigou-os a recuar para perto do meio-fio; depois o negrinho da lavanderia passou com a bicicleta tão junto que um vestido esvoaçante bateu na cara do rapaz.
          Ela se queixou de dor de cabeça; ele sentia uma dor de dente enjoada e insistente – preferiu não dizer nada. Ano e meio casados, tanta aventura sonhada, e estavam tão mal naquele quarto de pensão do Catete, muito barulhento: "Lutaremos contra tudo" – havia dito – e ele pensou com amargor que estavam lutando apenas contra as baratas, as horríveis baratas do velho sobradão. Ela com um gesto de susto e nojo se encolhia a um canto ou saía para o corredor – ele, com repugnância, ia matar a barata; depois, com mais desgosto ainda, jogá-la fora.
         E havia as pulgas; havia a falta de água, e quando havia água, a fila dos hóspedes no corredor, diante da porta do chuveiro. Havia as instalações que cheiravam mal, o papel da parede amarelado e feio.
As duas velhas gordas, pintadas, da mesinha ao seu lado, que lhe tiravam o apetite para a mesquinha comida da pensão. Toda a tristeza, toda a mediocridade, toda a feiura duma vida estreita onde o mau gosto pretensioso da classe média se juntava à minuciosa ganância comercial – um simples ovo era “extraordinário”. Quando eles pediam dois ovos, a dona da pensão olhava com raiva; estavam atrasados no pagamento.
         Passou um ônibus, parou logo adiante, abriu com ruído a porta, num grande suspiro de ar comprimido, e ela nem sequer olhou o ônibus, era tão mais caro. Ele teve um ímpeto, segurou-a pelo braço disposto a fazer uma pequena loucura financeira – “Vamos pegar um ônibus!” – Mas o monstro se fechara e partira jogando lhes na cara um jato de fumaça.
         Ele então chegou mais para perto dela – lá vinha outro bonde, mas aquele não servia – enlaçou-a pela cintura, depois ficou segurando seu ombro com um gesto de ternura protetora, disse-lhe vagas meiguices, ela apenas ficou quieta. “Está doendo muito a cabeça?” Ela disse que não. “Seu cabelo está mais bonito, meio queimado de sol.” Ela sorriu levemente, mas de repente: “Ih, me esqueci da receita do médico”, pediu-lhe a chave do quarto, ele disse que iria apanhar para ela, ela disse que não, ela iria; quando voltou, foi exatamente a tempo de perder um bonde quase vazio; os dois ficaram ali desanimados.
         Então um grande carro conversível se deteve um instante perto deles, diante do sinal fechado. Lá dentro havia um casal, um sujeito de ar importante na direção e sua mulherzinha meio gorducha, muito clara. A mulherzinha deu um rápido olhar ao rapaz e olhou com mais vagar a moça, correndo os olhos da cabeça até os sapatos, enquanto o homem dizia alguma coisa de um anel. No momento de o carro partir com um arranco macio ouviram que a mulher dizia: “se ele deixar por quinze, eu fico”.
          Quinze contos – isso entrou pelos ouvidos do rapaz, parece que foi bater, como um soco, em seu
estômago mal alimentado – quinze contos, meses e meses, anos de pensão! Então olhou sua mulher e achou a tão linda e triste com uma blusinha branca, tão frágil, tão jovem e tão querida, que sentiu os olhos arderem de vontade de chorar. Disse: “Viu aquela vaca dizendo que ia comprar um anel de quinze contos?”
         Vinha o bonde.

(In: Davi Arrigucci Jr., org. Os melhores contos de Rubem Braga. 3. Ed. São Paulo: Global, 1985. p. 41-2)
Analise as assertivas sobre o texto:
I. A crônica retrata um momento da vida de um casal que vive no Catete, bairro do Rio de Janeiro. Sobre o casal, é possível identificar que são pobres, têm dificuldades financeiras e são casados há um ano e meio.
II. As personagens centrais são identificadas apenas como “ele” e “ela” para não expor a triste realidade a qual vivia aquele casal pobre e recém-casado.
III. As palavras e expressões, como “cheiravam mal”, “papel de parede amarelado e feio”, “mesquinha comida da pensão”, “mediocridade”, “vida estreita”, empregadas no 4º parágrafo, criam um campo semântico negativo que traduz o modo como as personagens viam e sentiam o espaço em que viviam.
IV. O clímax da crônica ocorre no 6º parágrafo, quando o marido enlaça a cintura da mulher e a vê de forma diferente. Ele a vê como uma mulher linda e querida.
V. O tema central da crônica é as surpresas da vida de um casal recém-casado e suas relações pessoais.
A situação vivida pelo casal tem uma dimensão particular, pois retrata algo incomum aos demais casais.
Está CORRETO o que se afirma em:  
Alternativas
Q2036290 Português
O jovem casal

Rubem Braga

          Estavam esperando o bonde e fazia muito calor. Veio um bonde, mas estava tão cheio, com tanta gente pendurada nos estribos que ela apenas deu um passo à frente, ele esboçou com o braço o gesto de quem vai pegar um balaústre – e desistiram.
          Um homem da carrocinha de pão obrigou-os a recuar para perto do meio-fio; depois o negrinho da lavanderia passou com a bicicleta tão junto que um vestido esvoaçante bateu na cara do rapaz.
          Ela se queixou de dor de cabeça; ele sentia uma dor de dente enjoada e insistente – preferiu não dizer nada. Ano e meio casados, tanta aventura sonhada, e estavam tão mal naquele quarto de pensão do Catete, muito barulhento: "Lutaremos contra tudo" – havia dito – e ele pensou com amargor que estavam lutando apenas contra as baratas, as horríveis baratas do velho sobradão. Ela com um gesto de susto e nojo se encolhia a um canto ou saía para o corredor – ele, com repugnância, ia matar a barata; depois, com mais desgosto ainda, jogá-la fora.
         E havia as pulgas; havia a falta de água, e quando havia água, a fila dos hóspedes no corredor, diante da porta do chuveiro. Havia as instalações que cheiravam mal, o papel da parede amarelado e feio.
As duas velhas gordas, pintadas, da mesinha ao seu lado, que lhe tiravam o apetite para a mesquinha comida da pensão. Toda a tristeza, toda a mediocridade, toda a feiura duma vida estreita onde o mau gosto pretensioso da classe média se juntava à minuciosa ganância comercial – um simples ovo era “extraordinário”. Quando eles pediam dois ovos, a dona da pensão olhava com raiva; estavam atrasados no pagamento.
         Passou um ônibus, parou logo adiante, abriu com ruído a porta, num grande suspiro de ar comprimido, e ela nem sequer olhou o ônibus, era tão mais caro. Ele teve um ímpeto, segurou-a pelo braço disposto a fazer uma pequena loucura financeira – “Vamos pegar um ônibus!” – Mas o monstro se fechara e partira jogando lhes na cara um jato de fumaça.
         Ele então chegou mais para perto dela – lá vinha outro bonde, mas aquele não servia – enlaçou-a pela cintura, depois ficou segurando seu ombro com um gesto de ternura protetora, disse-lhe vagas meiguices, ela apenas ficou quieta. “Está doendo muito a cabeça?” Ela disse que não. “Seu cabelo está mais bonito, meio queimado de sol.” Ela sorriu levemente, mas de repente: “Ih, me esqueci da receita do médico”, pediu-lhe a chave do quarto, ele disse que iria apanhar para ela, ela disse que não, ela iria; quando voltou, foi exatamente a tempo de perder um bonde quase vazio; os dois ficaram ali desanimados.
         Então um grande carro conversível se deteve um instante perto deles, diante do sinal fechado. Lá dentro havia um casal, um sujeito de ar importante na direção e sua mulherzinha meio gorducha, muito clara. A mulherzinha deu um rápido olhar ao rapaz e olhou com mais vagar a moça, correndo os olhos da cabeça até os sapatos, enquanto o homem dizia alguma coisa de um anel. No momento de o carro partir com um arranco macio ouviram que a mulher dizia: “se ele deixar por quinze, eu fico”.
          Quinze contos – isso entrou pelos ouvidos do rapaz, parece que foi bater, como um soco, em seu
estômago mal alimentado – quinze contos, meses e meses, anos de pensão! Então olhou sua mulher e achou a tão linda e triste com uma blusinha branca, tão frágil, tão jovem e tão querida, que sentiu os olhos arderem de vontade de chorar. Disse: “Viu aquela vaca dizendo que ia comprar um anel de quinze contos?”
         Vinha o bonde.

(In: Davi Arrigucci Jr., org. Os melhores contos de Rubem Braga. 3. Ed. São Paulo: Global, 1985. p. 41-2)
Releia o trecho do 3º parágrafo:
"Lutaremos contra tudo" – havia dito – e ele pensou com amargor que estavam lutando apenas contra as baratas, as horríveis baratas do velho sobradão.”
Sobre o trecho do texto, está INCORRETO afirmar que:
Alternativas
Q2036291 Português
O jovem casal

Rubem Braga

          Estavam esperando o bonde e fazia muito calor. Veio um bonde, mas estava tão cheio, com tanta gente pendurada nos estribos que ela apenas deu um passo à frente, ele esboçou com o braço o gesto de quem vai pegar um balaústre – e desistiram.
          Um homem da carrocinha de pão obrigou-os a recuar para perto do meio-fio; depois o negrinho da lavanderia passou com a bicicleta tão junto que um vestido esvoaçante bateu na cara do rapaz.
          Ela se queixou de dor de cabeça; ele sentia uma dor de dente enjoada e insistente – preferiu não dizer nada. Ano e meio casados, tanta aventura sonhada, e estavam tão mal naquele quarto de pensão do Catete, muito barulhento: "Lutaremos contra tudo" – havia dito – e ele pensou com amargor que estavam lutando apenas contra as baratas, as horríveis baratas do velho sobradão. Ela com um gesto de susto e nojo se encolhia a um canto ou saía para o corredor – ele, com repugnância, ia matar a barata; depois, com mais desgosto ainda, jogá-la fora.
         E havia as pulgas; havia a falta de água, e quando havia água, a fila dos hóspedes no corredor, diante da porta do chuveiro. Havia as instalações que cheiravam mal, o papel da parede amarelado e feio.
As duas velhas gordas, pintadas, da mesinha ao seu lado, que lhe tiravam o apetite para a mesquinha comida da pensão. Toda a tristeza, toda a mediocridade, toda a feiura duma vida estreita onde o mau gosto pretensioso da classe média se juntava à minuciosa ganância comercial – um simples ovo era “extraordinário”. Quando eles pediam dois ovos, a dona da pensão olhava com raiva; estavam atrasados no pagamento.
         Passou um ônibus, parou logo adiante, abriu com ruído a porta, num grande suspiro de ar comprimido, e ela nem sequer olhou o ônibus, era tão mais caro. Ele teve um ímpeto, segurou-a pelo braço disposto a fazer uma pequena loucura financeira – “Vamos pegar um ônibus!” – Mas o monstro se fechara e partira jogando lhes na cara um jato de fumaça.
         Ele então chegou mais para perto dela – lá vinha outro bonde, mas aquele não servia – enlaçou-a pela cintura, depois ficou segurando seu ombro com um gesto de ternura protetora, disse-lhe vagas meiguices, ela apenas ficou quieta. “Está doendo muito a cabeça?” Ela disse que não. “Seu cabelo está mais bonito, meio queimado de sol.” Ela sorriu levemente, mas de repente: “Ih, me esqueci da receita do médico”, pediu-lhe a chave do quarto, ele disse que iria apanhar para ela, ela disse que não, ela iria; quando voltou, foi exatamente a tempo de perder um bonde quase vazio; os dois ficaram ali desanimados.
         Então um grande carro conversível se deteve um instante perto deles, diante do sinal fechado. Lá dentro havia um casal, um sujeito de ar importante na direção e sua mulherzinha meio gorducha, muito clara. A mulherzinha deu um rápido olhar ao rapaz e olhou com mais vagar a moça, correndo os olhos da cabeça até os sapatos, enquanto o homem dizia alguma coisa de um anel. No momento de o carro partir com um arranco macio ouviram que a mulher dizia: “se ele deixar por quinze, eu fico”.
          Quinze contos – isso entrou pelos ouvidos do rapaz, parece que foi bater, como um soco, em seu
estômago mal alimentado – quinze contos, meses e meses, anos de pensão! Então olhou sua mulher e achou a tão linda e triste com uma blusinha branca, tão frágil, tão jovem e tão querida, que sentiu os olhos arderem de vontade de chorar. Disse: “Viu aquela vaca dizendo que ia comprar um anel de quinze contos?”
         Vinha o bonde.

(In: Davi Arrigucci Jr., org. Os melhores contos de Rubem Braga. 3. Ed. São Paulo: Global, 1985. p. 41-2)
No trecho: “Passou um (1)ônibus, parou logo adiante, (2)abriu com ruído (3)a porta, num (4)grande suspiro de ar comprimido, e (5)ela nem sequer olhou o ônibus, era tão mais caro.”, a que classe de palavras pertencem os termos em destaque? Assinale a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q2036292 Português
O jovem casal

Rubem Braga

          Estavam esperando o bonde e fazia muito calor. Veio um bonde, mas estava tão cheio, com tanta gente pendurada nos estribos que ela apenas deu um passo à frente, ele esboçou com o braço o gesto de quem vai pegar um balaústre – e desistiram.
          Um homem da carrocinha de pão obrigou-os a recuar para perto do meio-fio; depois o negrinho da lavanderia passou com a bicicleta tão junto que um vestido esvoaçante bateu na cara do rapaz.
          Ela se queixou de dor de cabeça; ele sentia uma dor de dente enjoada e insistente – preferiu não dizer nada. Ano e meio casados, tanta aventura sonhada, e estavam tão mal naquele quarto de pensão do Catete, muito barulhento: "Lutaremos contra tudo" – havia dito – e ele pensou com amargor que estavam lutando apenas contra as baratas, as horríveis baratas do velho sobradão. Ela com um gesto de susto e nojo se encolhia a um canto ou saía para o corredor – ele, com repugnância, ia matar a barata; depois, com mais desgosto ainda, jogá-la fora.
         E havia as pulgas; havia a falta de água, e quando havia água, a fila dos hóspedes no corredor, diante da porta do chuveiro. Havia as instalações que cheiravam mal, o papel da parede amarelado e feio.
As duas velhas gordas, pintadas, da mesinha ao seu lado, que lhe tiravam o apetite para a mesquinha comida da pensão. Toda a tristeza, toda a mediocridade, toda a feiura duma vida estreita onde o mau gosto pretensioso da classe média se juntava à minuciosa ganância comercial – um simples ovo era “extraordinário”. Quando eles pediam dois ovos, a dona da pensão olhava com raiva; estavam atrasados no pagamento.
         Passou um ônibus, parou logo adiante, abriu com ruído a porta, num grande suspiro de ar comprimido, e ela nem sequer olhou o ônibus, era tão mais caro. Ele teve um ímpeto, segurou-a pelo braço disposto a fazer uma pequena loucura financeira – “Vamos pegar um ônibus!” – Mas o monstro se fechara e partira jogando lhes na cara um jato de fumaça.
         Ele então chegou mais para perto dela – lá vinha outro bonde, mas aquele não servia – enlaçou-a pela cintura, depois ficou segurando seu ombro com um gesto de ternura protetora, disse-lhe vagas meiguices, ela apenas ficou quieta. “Está doendo muito a cabeça?” Ela disse que não. “Seu cabelo está mais bonito, meio queimado de sol.” Ela sorriu levemente, mas de repente: “Ih, me esqueci da receita do médico”, pediu-lhe a chave do quarto, ele disse que iria apanhar para ela, ela disse que não, ela iria; quando voltou, foi exatamente a tempo de perder um bonde quase vazio; os dois ficaram ali desanimados.
         Então um grande carro conversível se deteve um instante perto deles, diante do sinal fechado. Lá dentro havia um casal, um sujeito de ar importante na direção e sua mulherzinha meio gorducha, muito clara. A mulherzinha deu um rápido olhar ao rapaz e olhou com mais vagar a moça, correndo os olhos da cabeça até os sapatos, enquanto o homem dizia alguma coisa de um anel. No momento de o carro partir com um arranco macio ouviram que a mulher dizia: “se ele deixar por quinze, eu fico”.
          Quinze contos – isso entrou pelos ouvidos do rapaz, parece que foi bater, como um soco, em seu
estômago mal alimentado – quinze contos, meses e meses, anos de pensão! Então olhou sua mulher e achou a tão linda e triste com uma blusinha branca, tão frágil, tão jovem e tão querida, que sentiu os olhos arderem de vontade de chorar. Disse: “Viu aquela vaca dizendo que ia comprar um anel de quinze contos?”
         Vinha o bonde.

(In: Davi Arrigucci Jr., org. Os melhores contos de Rubem Braga. 3. Ed. São Paulo: Global, 1985. p. 41-2)
“Ele teve um ímpeto, segurou-a pelo braço disposto a fazer uma pequena loucura financeira – ‘Vamos pegar um ônibus!’”. São sinônimos da palavra em destaque, EXCETO:
Alternativas
Q2036293 Português
Analise as orações a seguir:
I. Não fui à festa por que tenho que estudar para a prova. II. Diga-me o porquê de tanta preocupação. III. Porque você chegou atrasado? IV. Ele está demorando tanto por quê?
O uso dos “porquês” foi empregado CORRETAMENTE em:
Alternativas
Respostas
1: C
2: E
3: B
4: A
5: D