
Quem nunca ficou alguns minutos lendo e relendo o mesmo tópico de um conteúdo para tentar absorver o que está escrito? Seja copiar uma fórmula várias e várias vezes até fixar, colar papeizinhos pela casa para ler todos os dias ou fazer resumos e mais resumos.
Memorizar a informação é muito importante para o processo de aprendizagem. Segundo a definição de memorização por Houaiss (2009), memorizar é reter e fixar na memória. Toda vez que resgatamos o que aprendemos ao longo da vida, utilizamos dos conhecimentos que estão no nosso subconsciente.
A memória é uma função do sistema nervoso que faz com que acionemos uma rede neural de ligação sináptica que é conectada quando precisamos buscar a fixação de lembranças dentro das estruturas da inteligência. Assim, para ser eficaz, a aprendizagem recorre a memórias de longo prazo.
A neurocientista Suzana Houzel, do Departamento de Anatomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica como funciona esse processo de armazenamento na memória:
“Os sistemas de curto e longo prazos estão ligados, transferindo informações um para o outro. Toda informação passa primeiramente pela memória de trabalho (curta duração). Se ela tiver algum valor, é então transferida para a memória de longo prazo. Caso contrário, a informação fica na memória de curto prazo enquanto for útil e depois é descartada”.
Uma informação para se tornar uma memória de longo prazo, ela precisa ser compreendida. Para isso existem recursos que facilitam a memorização, como a associação de elementos.
Memorizar e fixar, para muitos estudantes, é um dos maiores obstáculo do estudo, ainda mais para quem tem uma vida agitada e precisa conciliar isso com família e trabalho.
Quando se trata do concurseiro, que mantém uma rotina diária de estudos e precisa absorver um grande volume de conteúdo, esse é um desafio ainda maior. Porém há técnicas de memorização muito eficazes que auxiliam na assimilação de informações novas, e uma delas são os métodos mnemônicos. Mas você sabe o que é isso?
Métodos mnemônicos
O método mnemônico é uma técnica poderosa que utiliza a criatividade e fortalece a memória para fixação de conteúdos. Esse processo consiste em usar artifícios como agrupar o prefixo de palavras para tentar lembrar de um conteúdo com maior facilidade.
Segundo a definição dos dispositivos mnemônicos por Dr. Sushma R. e Dr. Geetha C. em seu livro Praticar mnemônicos em disciplinas escolares:
“Mnemônicos são dispositivos de memória que ajudam os alunos a recordar pedaços maiores de informação, especialmente na forma de listas como características, passos, etapas, partes, fases etc.”.
A construção do mnemônico é feita a partir da associação das informações que precisam ser retidas, com elementos que proporcionam melhor fixação, como combinação de caracteres, uso de imagens, números, palavras, entre outros. Assim, realiza-se a junção de prefixos e sufixos a fim de criar expressões que ativem sua memória de forma eficiente.
Quem na escola já decorou a fórmula de física de variação de calor de um corpo (Q = M.C.T), com “Qui MaCeTe”? Então, provavelmente você já passou em uma prova com esse recurso e nem sabia.
Mas como isso é feito? O cérebro humano possui a habilidade de memorizar imagens e sons facilmente. A memória é baseada em estímulos e associações, que são feitas sem percebermos. Assim, esses métodos criam um atalho para memorização.
Por meio da analogia do conteúdo com músicas, palavras ou frases, objetos, rimas, esquemas, gráficos e símbolos, entre outras formas, o conhecimento é fixado com maior facilidade.

No dia a dia, empregamos esse recurso involuntariamente. Exemplo disso, é quando sentimos um cheiro familiar e ele automaticamente traz a memória de um momento importante da nossa vida, ou quando utilizamos as dobras das mãos para saber se um mês tem 30 ou 31 dias.
E por que os mnemônicos são tão eficientes para os concurseiros? O conteúdo programático das disciplinas cobradas nos editais é extenso, e precisar dominar todo esse conhecimento para a aprovação assusta um pouco. Então, como o foco é passar no concurso, aplicamos essa tática.
Os mnemônicos podem ser usados em qualquer matéria, desde Matemática a Português até matérias específicas de áreas de estudos para o concurso.
Por exemplo, se o estudante está tentando ser aprovado em um certame da área de Direito e precisa memorizar os princípios administrativos expressos na Constituição Federal no artigo 37, ele pode recorrer a mnemônicos e, por meio do acrônimo “L.I.M.P.E”, se lembrar mais facilmente:
L – Legalidade
I – Impessoalidade
M – Moralidade
P – Publicidade
E – Eficiência
Outro exemplo:

Como a memória é baseada em gatilhos, as técnicas mnemônicas funcionam, produzindo gatilhos conscientes, por meio de sequências organizadas e simples, para aumentar a eficácia da fixação.
Qualquer pessoa pode fazer um mnemônico que auxilie no armazenamento de conteúdo. O ideal é usar a criatividade para construir relações que façam sentido, escrever e repetir essas construções em voz alta.
Outro exemplo que você provavelmente já conhece é o mnemônico que muitos utilizavam na escola e em vestibulares para a fórmula da velocidade: “Vou voar mais alto” para V = V0 + at.
Técnicas mnemônicas para te auxiliar nos estudos
1. Técnica de Acrósticos e Acrônimos
Essa técnica comprime sentenças inteiras em pequenos grupos de caracteres ou palavras.
Os acrósticos são usados para abreviar nomes de instituições a partir de suas siglas, como BB para Banco do Brasil, CCJ para Comissão de Constituição e Justiça ou então STF para Supremo Tribunal Federal.
Já os acrônimos são siglas inventadas a partir da primeira letra, prefixos ou sílabas de diferentes palavras, criando uma nova expressão. Para lembrar os direitos previstos na Constituição Federal, por exemplo, podemos utilizar a sigla ViLISP, que significa Vida, Liberdade, Igualdade, Segurança e Propriedade.
2. Técnica de Associações Visuais
Essa técnica é muito eficaz para quem tem uma memória visual forte. Ela utiliza a combinação de imagens para desenvolver um significado entre o visual e o conteúdo.
Assim, transforma-se um dado abstrato, como um conceito, data ou nome, em algo concreto, podendo ser um gráfico, um objeto, entre outros. Por exemplo, para lembrar do conceito “cortina de ferro”, você pode imaginar uma cortina confeccionada em pregos.
3. Técnica de Dividir para Memorizar
Como o nosso cérebro tem dificuldade em decorar dados, dividir e organizar informações é um truque mnemônico que auxilia muito na memorização.
No dia a dia o utilizamos quando queremos lembrar do nosso RG ou CPF, por exemplo. Dividimos o número em blocos ao invés de termos os números em série. O mesmo ocorre quando decoramos números de telefones, número de ônibus. Falamos em blocos.
Como vimos sobre o assunto, os métodos mnemônicos são bastante úteis para auxiliar no processo de memorização e são muito fáceis de reproduzir. Diversas pesquisas retratam que o cérebro fixa com maior eficiência quando fazemos associações de algo que já conhecemos.
Está com dificuldade em aprender e memorizar um conteúdo para concurso? Que tal recorrer a essa dica de estudos? Com muita criatividade, prática e rotina, a aprovação fica cada vez mais perto.