Questões da Prova EsFCEx - 2010 - EsFCEx - Oficial - Magistério Português
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Na antologia que organizou, Italo Moriconi apresenta um painel sobre o conto brasileiro, utilizando critérios de delimitação temporal por décadas. Nesse sentido, sobre a contística brasileira, analise as afirmativas abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.
I. Ana Cristina César e Adelia Prado são poetisas que, nos anos 70, romperam barreiras e optaram também pela escrita de narrativas curtas.
II. Os contos publicados nos anos 60 apresentam uma exacerbação do viés erótico e da temática do corpo.
III. Os anos 90 mostram um esgotamento da contística, que se volta para uma revisitação das formas do passado.
IV. A década de 70 foi a década do conto, com intensa produção de autores que apresentavam domínio da técnica narrativa e agilidade na escrita.
CANTO IV
II
Dormindo estava Paraguaçu formosa,
Onde um claro ribeiro à sombra corre;
Lânguida está, como ela, a branca rosa,
E nas plantas com a calma o vigor morre;
Mas buscando a frescura deleitosa
De um grão maracujá, que ali discorre,
Recostava-se a bela sobre um posto
Que, encobrindo-lhe o mais, descobre o rosto.
III
Respira tão tranqüila, tão serena,
E em langor tão suave adormecida,
Como quem livre de temor, ou pena,
Repousa, dando pausa à doce vida.
Ali passar a ardente sesta ordena
O bravo Jararaca, a quem convida
A frescura do sítio e sombra amada,
E dentro d'água a imagem da latada.
IV
No diáfano reflexo da onda pura
Avistou dentro dágua buliçosa,
Tremulando, a belíssima figura.
Pasma, nem cre que imagem tão formosa
Seja cópia de humana criatura.
E, remirando a face prodigiosa,
Olha de um lado e doutro, e busca atento
Quem seja original deste portento.
V
Enquanto tudo explora com cuidado,
Vai dar cos olhos na gentil donzela;
Fica sem uso dalma arrebatado,
Que toda quanta tem se ocupa em vê-la:
Ambos fora de si, desacordado
Ele mais de observar coisa tão bela,
Ela absorta no sono em que pegara,
Ele encantado a contemplar-lhe a cara.
VI
Quisera bem falar, mas não acerta,
Por mais que dentro em si fazia estudo.
Ela de um seu suspiro olhou desperta;
Ele daquele olhar ficou mais mudo.
Levanta-se a donzela mal coberta,
Tomando a rama por modesto escudo;
Pôs-Ihe os olhos então, porém tão fera,
Como nunca beleza se pudera.
VII
Voa, não corre, pelo denso mato,
A buscar na cabana o seu retiro;
E, indo ele a suspirar, vê num ato,
Em meio ela fugir do seu suspiro.
Nem torna o triste a si por longo trato,
Até que, dando à mágua algum respiro,
Por saber donde habita, ou quem seja ela,
Seguiu voando os passos da donzela.
(DURÃO, Santa Rita. Caramuru. In: CANDIDO, Antonio. Na sala de aula.
São Paulo: Editora Ática, 1988).
I - O sono da índia se dá em um típico locus amoenus, o que é , ao mesmo tempo, espaço pitoresco americano e lugar idealizado nas literaturas de inspiração clássica.
II - Trata-se de uma situação plátonica, onde a perfeição da realidade é vista através de seu reflexo imperfeito.
III - O encontro dos amantes anuncia a guerra entre Caramuru, o invasor, e o bravo guerreiro , Jararaca, futuro esposo de Paraguaçu.
CANTO IV
II
Dormindo estava Paraguaçu formosa,
Onde um claro ribeiro à sombra corre;
Lânguida está, como ela, a branca rosa,
E nas plantas com a calma o vigor morre;
Mas buscando a frescura deleitosa
De um grão maracujá, que ali discorre,
Recostava-se a bela sobre um posto
Que, encobrindo-lhe o mais, descobre o rosto.
III
Respira tão tranqüila, tão serena,
E em langor tão suave adormecida,
Como quem livre de temor, ou pena,
Repousa, dando pausa à doce vida.
Ali passar a ardente sesta ordena
O bravo Jararaca, a quem convida
A frescura do sítio e sombra amada,
E dentro d'água a imagem da latada.
IV
No diáfano reflexo da onda pura
Avistou dentro dágua buliçosa,
Tremulando, a belíssima figura.
Pasma, nem cre que imagem tão formosa
Seja cópia de humana criatura.
E, remirando a face prodigiosa,
Olha de um lado e doutro, e busca atento
Quem seja original deste portento.
V
Enquanto tudo explora com cuidado,
Vai dar cos olhos na gentil donzela;
Fica sem uso dalma arrebatado,
Que toda quanta tem se ocupa em vê-la:
Ambos fora de si, desacordado
Ele mais de observar coisa tão bela,
Ela absorta no sono em que pegara,
Ele encantado a contemplar-lhe a cara.
VI
Quisera bem falar, mas não acerta,
Por mais que dentro em si fazia estudo.
Ela de um seu suspiro olhou desperta;
Ele daquele olhar ficou mais mudo.
Levanta-se a donzela mal coberta,
Tomando a rama por modesto escudo;
Pôs-Ihe os olhos então, porém tão fera,
Como nunca beleza se pudera.
VII
Voa, não corre, pelo denso mato,
A buscar na cabana o seu retiro;
E, indo ele a suspirar, vê num ato,
Em meio ela fugir do seu suspiro.
Nem torna o triste a si por longo trato,
Até que, dando à mágua algum respiro,
Por saber donde habita, ou quem seja ela,
Seguiu voando os passos da donzela.
(DURÃO, Santa Rita. Caramuru. In: CANDIDO, Antonio. Na sala de aula.
São Paulo: Editora Ática, 1988).
Neste caso movimento e parada significam, respectivamente.
1. A minha pátria é como se não fosse, é íntima
2. Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
3. É minha pátria. Por isso, no exílio
4. Assistindo dormir meu filho
5. Choro de saudades de minha pátria.
6. Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
7. Não sei. De fato, não sei
8. Como, por que e quando a minha pátria
9. Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
10. Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
11. Em longas lágrimas amargas.
12. Vontade de beijar os olhos de minha pátria
13. De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
14. Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
15. De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
16. E sem meias pátria minha
17. Tão pobrinha!
(...)
18. Quero rever-te, pátria minha, e para
19. Rever-te me esqueci de tudo
20. Fui cego, estropiado, surdo, mudo
21. Vi minha humilde morte cara a cara
22. Rasguei poemas, mulheres, horizontes
23. Fiquei simples, sem fontes.
24. Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
25. Lábaro não; a minha pátria é desolação
26. De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
(...)
27. Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
28. Que brinca em teus cabelos e te alisa
29. Pátria minha, e perfuma o teu chão...
30. Que vontade de adormecer-me
31. Entre teus doces montes, pátria minha
32. Atento à fome em tuas entranhas
33. E ao batuque em teu coração.
34. Não te direi o nome, pátria minha
35. Teu nome é pátria amada, é patriazinha
36. Não rima com mãe gentil
37. Vives em mim como uma filha, que és
38. Uma ilha de ternura: a Ilha
39. Brasil, talvez.
(...)
(Moraes, Vinicius de. Pátria mina).
I. Segundo Paul Ricoeur um indivíduo narra a si mesmo através de historias das quais pode extrair a definição de sua própria essência o que se confirma no poema.
II. O poeta oscila entre a sacralização e dessacralização, pois em todo o poema apresenta a adesão à pátria mistificada ao lado de uma visão realista dos problemas.
III. Em se tratando de uma pátria que surgiu no contexto da colonização, é visível a critica aos sistemas totalitários e hegemônicos no poema.
IV. O poeta se opõe aos discursos ufanistas e acríticos sobre a pátria.