Em “... o leito de mármore dos que ali dormem...” (parte VI...

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Ano: 2008 Banca: UCPEL Órgão: UCPEL Prova: UCPEL - 2008 - UCPEL - Vestibular |
Q1359263 Português

Leia o texto a seguir.

ANGELINA

I

    A mão de Deus passou de leve pelos seus cabelos loiros e ela adormeceu. 
    Ao pé de sua alcova, nesse dia de luto e de tristeza para os de sua casa, as roseiras amareleciam e finavam também com saudade. 
    Era quase noite... a lua pálida, como um cadáver, surgia através da montanha, atirando os primeiros raios à cabeceira da morta.

II
    Angelina expirara com um sorriso a brincar-lhe na boca cor de rosa.
    É assim que emurchece a campainha dos vales; é assim que morre a abelha que não lhe encontra no seio o último favo de mel.
    A alma da criança voara de seus lábios sorrindo e parecia adejar ainda em torno daquela cabeça emoldurada em ouro.
    É que as almas das moças bonitas são como as mariposas da noite, amam as rosas mesmo depois que se esfolham. 

III
Pobre Angelina!
    E a dor prostrara a todos naquela casa, porque ninguém supunha que ela morresse; tão linda que era, tão cheia de vida!
    A família não se animara a vê-la no leito de defunta.
    Apenas de joelhos junto à cabeceira, chorava uma pobre escrava que a trouxera aos peitos, quando pequena, e chorava com a eloqüência dessas agonias maternais que não se explicam.

IV 

    E a Nhan-nhanzinha já não podia ouvir o soluçar de sua negra velha!
    Era em vão que as lágrimas caíam sobre as mãos frias da criança; o sono dos que vão para o céu é tão suave que os próprios espíritos aprazem-se em fazê-lo eterno! 


    E quando, no outro dia, o esquife saiu, a pobre escrava deixava cair sobre a mortalha fria de Angelina um ramo de cravos brancos, que fora arrancar no jardim.

VI 

    A ponte desceu... os convidados voltaram... e a menina ficou na sua cova do cemitério velho.
    Nunca mais a alegria voltou à estância.
  Durante um ano e mais, os escravos supersticiosos imaginavam ver a figura branca e vaporosa de Nhannhanzinha, altas horas da noite, voltear sorrindo por entre as cravinas e as rosas do canteiro grande ao pé da casa!

VII

    Mas, o certo foi que, sobre a sepultura da menina, nasceram muitos cravos brancos e perfumosos, cuja essência agreste e divina embalsama o leito de mármore dos que ali dormem...     Ainda hoje mesmo, as borboletas, que perpassam pelo ninho daquelas flores, parecem ser o espírito de Angelina que se lembra, com saudade, da casa onde nasceu e para onde nunca mais voltará!

LOBO DA COSTA, Francisco. Angelina. Arauto das Letras, 8 de outubro de 1882.

Em “... o leito de mármore dos que ali dormem...” (parte VII, linha 3), a classe gramatical do termo sublinhado é
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