Questões de Vestibular UEMA 2021 para Vestibular - 1º Dia
Foram encontradas 44 questões
Q2082110
Português
Texto associado
Leia o texto a seguir para responder à questão.
CARTA PRAS ICAMIABAS
Ás mui queridas súbditas nossas, Senhoras Amazonas.
Trinta de Maio de Mil Novecentos e Vinte e Seis,
São Paulo.
Senhoras:
Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a literatura desta missiva. Cumpre-nos,
entretanto, iniciar estas linhas de saùdade e muito amor, com desagradável nova. É bem verdade
que na boa cidade de São Paulo – a maior do universo, no dizer de seus prolixos habitantes – não
sois conhecidas por “icamiabas”, voz espúria, sinão que pelo apelativo de Amazonas; e de vós,
se afirma, cavalgardes ginetes belígeros e virdes da Hélade clássica; e assim sois chamadas [...]
Nem cinco sóis eram passados que de vós nos partíramos, quando a mais temerosa desdita
pesou sobre Nós. Por uma bela noite dos idos de maio do ano translato, perdíamos a muiraquitã;
que outrém grafara muraquitã, e, alguns doutos, ciosos de etimologias esdrúxulas, ortografam
muyrakitan e até mesmo muraqué-itã, não sorriais! Haveis de saber que esse vocábulo, tão
familiar às vossas trompas de Eustáquio, é quasi desconhecido por aqui. [...] Mas não nos sobra
já vagar para discretearmos “sub tegmine fagi” sobre a língua portuguesa, também chamada
lusitana. [...]
Andrade, M. Macunaíma. Porto Alegre: L&PM, 2018.
O trecho de “Cartas pras Icamiabas” em que se identifica intertextualidade, com efeitos de paródia,
relativa à passagem da produção poética do poeta português Luís Vaz de Camões, é
Q2082111
Português
Texto associado
Leia o texto a seguir para responder à questão.
CARTA PRAS ICAMIABAS
Ás mui queridas súbditas nossas, Senhoras Amazonas.
Trinta de Maio de Mil Novecentos e Vinte e Seis,
São Paulo.
Senhoras:
Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a literatura desta missiva. Cumpre-nos,
entretanto, iniciar estas linhas de saùdade e muito amor, com desagradável nova. É bem verdade
que na boa cidade de São Paulo – a maior do universo, no dizer de seus prolixos habitantes – não
sois conhecidas por “icamiabas”, voz espúria, sinão que pelo apelativo de Amazonas; e de vós,
se afirma, cavalgardes ginetes belígeros e virdes da Hélade clássica; e assim sois chamadas [...]
Nem cinco sóis eram passados que de vós nos partíramos, quando a mais temerosa desdita
pesou sobre Nós. Por uma bela noite dos idos de maio do ano translato, perdíamos a muiraquitã;
que outrém grafara muraquitã, e, alguns doutos, ciosos de etimologias esdrúxulas, ortografam
muyrakitan e até mesmo muraqué-itã, não sorriais! Haveis de saber que esse vocábulo, tão
familiar às vossas trompas de Eustáquio, é quasi desconhecido por aqui. [...] Mas não nos sobra
já vagar para discretearmos “sub tegmine fagi” sobre a língua portuguesa, também chamada
lusitana. [...]
Andrade, M. Macunaíma. Porto Alegre: L&PM, 2018.
Há efeito de estranhamento para o leitor, porque a escrita difere da língua padrão atual, nas seguintes
palavras:
Q2082112
Português
Leia o trecho a seguir para responder à questão.
[...] — Mãe, quem que leva nossa casa pra outra banda do rio no banhado, quem que leva? Pergunta assim! A velha fez. Macunaíma pediu pra ela ficar com os olhos fechados e carregou todos os carregos, tudo, pro lugar em que estavam de já-hoje no mondongo imundado. Quando a velha abriu os olhos tudo estava no lugar de dantes, vizinhando com os tejupares de mano Maanape e de mano Jiguê com a linda Iriqui. E todos ficaram roncando de fome outra vez. Então a velha teve uma raiva malvada. Carregou o herói na cintura e partiu. Atravessou o mato e chegou no capoeirão chamado Cafundó do Judas. Andou légua e meia nele, nem se enxergava mato mais, era um coberto plano apenas movimentado com o pulinho dos cajueiros. Nem guaxe animava a solidão. A velha botou o curumim no campo onde ele podia crescer mais não e falou: — Agora vossa mãe vai embora. Tu ficas perdido no coberto e podes crescer mais não.
Andrade, M. Macunaíma. Porto Alegre: L&PM, 2018.
Em Macunaíma, Mário de Andrade inova nos padrões linguísticos, nos níveis lexical, morfológico e sintático, ao empregar a linguagem coloquial popular falada como marca de identidade nacional. No trecho acima, essa brasilidade está presente no(a)
[...] — Mãe, quem que leva nossa casa pra outra banda do rio no banhado, quem que leva? Pergunta assim! A velha fez. Macunaíma pediu pra ela ficar com os olhos fechados e carregou todos os carregos, tudo, pro lugar em que estavam de já-hoje no mondongo imundado. Quando a velha abriu os olhos tudo estava no lugar de dantes, vizinhando com os tejupares de mano Maanape e de mano Jiguê com a linda Iriqui. E todos ficaram roncando de fome outra vez. Então a velha teve uma raiva malvada. Carregou o herói na cintura e partiu. Atravessou o mato e chegou no capoeirão chamado Cafundó do Judas. Andou légua e meia nele, nem se enxergava mato mais, era um coberto plano apenas movimentado com o pulinho dos cajueiros. Nem guaxe animava a solidão. A velha botou o curumim no campo onde ele podia crescer mais não e falou: — Agora vossa mãe vai embora. Tu ficas perdido no coberto e podes crescer mais não.
Andrade, M. Macunaíma. Porto Alegre: L&PM, 2018.
Em Macunaíma, Mário de Andrade inova nos padrões linguísticos, nos níveis lexical, morfológico e sintático, ao empregar a linguagem coloquial popular falada como marca de identidade nacional. No trecho acima, essa brasilidade está presente no(a)
Q2082113
Português
A alcova estava mobiliada com as famosas redes brancas do Maranhão. Bem no centro havia uma mesa
de jacarandá esculpido arranjada com louça branco-encarnada de Breves e cerâmica de Belém, dispostas
sobre uma toalha de rendas tecidas com fibra de bananeiras.
Andrade, M. Macunaíma. Porto Alegre: L&PM, 2018.
O fragmento exemplifica que, em Macunaíma, de Mário de Andrade, há
Andrade, M. Macunaíma. Porto Alegre: L&PM, 2018.
O fragmento exemplifica que, em Macunaíma, de Mário de Andrade, há
Q2082114
Português
Leia o trecho a seguir para responder à questão.
No mocambo si alguma cunhatã se aproximava dele pra fazer festinha, Macunaíma punha a mão nas graças dela, cunhatã se afastava. Nos machos guspia na cara. Porém respeitava os velhos e frequentava com aplicação a murua a poracê o torê o bacororô a cucuicogue, todas essas danças religiosas da tribo.
Andrade, M. Macunaíma. Porto Alegre: L&PM, 2018.
Após apresentar fatos sobre as traquinagens do herói, o narrador, no último período, apresenta argumentação que consolida a tese de uma entidade moral para a personagem, por meio de
No mocambo si alguma cunhatã se aproximava dele pra fazer festinha, Macunaíma punha a mão nas graças dela, cunhatã se afastava. Nos machos guspia na cara. Porém respeitava os velhos e frequentava com aplicação a murua a poracê o torê o bacororô a cucuicogue, todas essas danças religiosas da tribo.
Andrade, M. Macunaíma. Porto Alegre: L&PM, 2018.
Após apresentar fatos sobre as traquinagens do herói, o narrador, no último período, apresenta argumentação que consolida a tese de uma entidade moral para a personagem, por meio de