Questões de Vestibular PUC - SP 2018 para Vestibular - Segundo Semestre
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Leia o fragmento a seguir para responder a questão.
Apesar desta preocupação antirromântica, não creio acertada a crítica nacional, ao repetir que o romance é realista e naturalista, não lembra obra estrangeira nenhuma anterior a ele, e é precursor do Realismo e do Naturalismo francês. _____________________________ é um desses livros que de vez em quando aparecem mesmo, por assim dizer, à margem das literaturas. O que leva os seus autores a criá-los é especialmente um reacionarismo temperamental que os põe contra a retórica de seu tempo e antes de mais nada contra a vida tal como é, que eles então gozam a valer, lhe exagerando propositalmente o perfil dos casos e dos homens, pelo cômico, pelo humorismo, pelo sarcasmo, pelo grotesco e o caricato.
(Mário de Andrade. Aspectos da literatura brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia, 2002, p. 157)
Nesse fragmento, Mário de Andrade faz menção a um romance “à margem das literaturas”, geralmente classificado como obra de transição entre correntes literárias do século XIX. Assinale a alternativa que preenche CORRETAMENTE a lacuna:
O capitão chamou-o à parte, e em segredo lhe fez entrega de uma cinta de couro e uma caixa de pau pejadas de um bom par de doblas em ouro e prata, pedindo que fielmente as fosse entregar, apenas chegasse à terra, a uma filha sua, cuja morada lhe indicou. (...) Poucas horas depois expirou. Desse dia em diante nenhum só doente escapou mais, porque o médico já não sangrava tanto; andava preocupado, distraído, e assim levou até chegar à terra. (...) O compadre decidiu-se a instituir-se herdeiro do capitão, e assim o fez. Eis aqui como se explica o arranjei-me, e como se explicam muitos outros que vão aí pelo mundo.
(ALMEIDA, Manuel Antônio de. “O – arranjei-me – do Compadre”. In:______. Memórias de um sargento de milícias. São Paulo: Ateliê, p. 116)
Memórias de um sargento de milícias é considerado um romance singular no contexto da literatura brasileira do século XIX. No fragmento em questão, uma das características que evidenciam tal singularidade é a
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo; diferença radical entre este livro e o Pentateuco. Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! (...) (ASSIS, Machado. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ateliê, 2001, p. 69)
Memórias póstumas de Brás Cubas, obra inaugural do Realismo no Brasil, apresenta vários procedimentos literários que configuram o estilo de Machado de Assis. Dentre esses procedimentos, a leitura dos primeiros parágrafos do romance já permite identificar
Leia o poema a seguir para responder a questão.
Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião: 10 livros de
poesia. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979)
Leia o poema a seguir para responder a questão.
Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião: 10 livros de
poesia. 4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979)