Questões de Vestibular Sobre análise sintática em português

Foram encontradas 482 questões

Ano: 2018 Banca: IF SUL - MG Órgão: IF Sul - MG Prova: IF SUL - MG - 2018 - IF Sul - MG - Vestibular - Primeiro Semestre |
Q1268929 Português
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Sobre a campanha publicitária produzida pela Federação Nacional de Educação e Inclusão dos Surdos (FENEIS) são feitas as seguintes afirmações:
I- O uso do adjetivo "total" produz o sentido de que a inclusão ainda é incompleta. II – A expressão “com a língua de sinais” indica o modo como “uma inclusão total” será conquistada. III – O uso do termo “quando” indica uma condição para que uma “inclusão total com a língua de sinais” seja possível.
São corretas as afirmações feitas em:
Alternativas
Ano: 2018 Banca: UDESC Órgão: UDESC Prova: UDESC - 2018 - UDESC - Vestibular - Segundo Semestre (Manhã) |
Q1264822 Português

Analise as proposições em relação à obra Um lugar na janela 2: relatos de viagem, Martha Medeiros, ao Texto 5, e assinale (V) para verdadeira e (F) para falsa.
( ) Da leitura da obra depreende-se que o título Um lugar na janela 2: relatos de viagem, metaforicamente, sugere sair de dentro de si e enxergar o mundo de uma forma diferente, com um novo olhar. ( ) As locuções verbais “havia sido” (linha 4) e “ havia me tornado” (linha 14) podem ser substituídas por fora e me tornara, respectivamente, sem que ocorra alteração de sentido, no texto. ( ) Em “pontas da adolescente que havia sido com a mulher madura que me tornara” (linhas 4 e 5) e “ouvindo músicas que cutucavam” (linhas 9 e 10) os vocábulos destacados são, na morfologia, pronomes relativos e referem-se a termos antecedentes que são adolescente, mulher madura e músicas, respectivamente. ( ) As palavras “Queria” (linha 1), “quando” (linha 7), “noite” (linha 8) e “inteira” (linha 11) apresentam ditongo crescente. ( ) Na sintaxe, os vocábulos “onde” (linha 14) e “aonde” (linha 17), por exercerem a função de adjunto adverbial de lugar, podem ser substituídos, no texto, indiferentemente, um pelo outro, sem que ocorra alteração de sentido e às normas gramaticais.
Assinale a alternativa correta, de cima para baixo.

Alternativas
Ano: 2018 Banca: UDESC Órgão: UDESC Prova: UDESC - 2018 - UDESC - Vestibular - Segundo Semestre (Manhã) |
Q1264819 Português
Analise as proposições em relação à obra Nós, Salim Miguel, e ao Texto 4.
I. Em “Ia começar anotando nomes, endereço, telefone, e-mail” (linhas 2 e 3) as vírgulas foram usadas para separar termos com a mesma função sintática: objeto direto. II. Da estrutura verbal “e de que modo este alguém se evaporara” (linha 5), deduz-se que havia alguém com a moça assassinada, e que este passou a ser indiciado como o principal suspeito do suposto crime. III. No período “Chegou a equipe do Samu, o médico confirmou o que havia explicado” (linha 12) os vocábulos destacados são, na morfologia, sequencialmente, artigo definido, artigo definido e pronome demonstrativo. IV. O desfecho da obra mostra que o comissário tem as provas concretas para identificar o assassino, sendo que esse “nó”, na narrativa, consegue ser desatado. V. No período “O comissário pediu que o gerente o ajudasse” (linha 1), a oração destacada, em relação à primeira, quanto à sintaxe, é subordinada substantiva objetiva direta.
Assinale a alternativa correta.
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Ano: 2018 Banca: UDESC Órgão: UDESC Prova: UDESC - 2018 - UDESC - Vestibular - Segundo Semestre (Manhã) |
Q1264816 Português
Analise as proposições em relação à obra Lucíola, José de Alencar, e ao Texto 3.
I. Na estrutura “Não toques em coisa” (linha 6) observa-se o uso do verbo tocar no imperativo negativo. Trata-se de uma ordem, e a ação, indicada pelo verbo, sugere que ela vai ser praticada por várias pessoas. II. A leitura da estrutura “Ela respondeu à interrogação muda do meu olhar murmurando-me ao ouvido” (linhas 13 e 14) leva o leitor a inferir o grau de cumplicidade que havia entre o casal, pois eles se entendiam até mesmo pelo olhar. III. A partícula que pode assumir diversas funções ou classificações na morfologia e na sintaxe, no período “que banhou estas palavras como de uma luz divina” (linha 17) tem-se, morfossintaticamente, pronome relativo/sujeito. IV. A leitura do período “Elas não sabem, como tu, que eu tenho outra virgindade, a virgindade do coração” (linhas 15 e 16) leva o leitor a inferir que já ocorreu o período de recolhimento de Lúcia como cortesã, iniciando-se o período da tentativa de expurgação. V. Na estrutura verbal “Corri para fazer Lúcia retirar-se antes de vê-lo” (linhas 2 e 3) há um período composto, formado por quatro orações, sendo a oração destacada subordinada adverbial final reduzida de infinitivo.
Assinale a alternativa correta.
Alternativas
Ano: 2018 Banca: UDESC Órgão: UDESC Prova: UDESC - 2018 - UDESC - Vestibular - Segundo Semestre (Manhã) |
Q1264812 Português
Assinale a alternativa incorreta em relação à obra Valsa no 6, Nelson Rodrigues, e ao Texto 2.
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Ano: 2018 Banca: UDESC Órgão: UDESC Prova: UDESC - 2018 - UDESC - Vestibular - Segundo Semestre (Manhã) |
Q1264809 Português

Analise as proposições em relação à obra Melhores poemas, Manuel Bandeira, e ao Texto 1.
I. Nos versos “Será a idade que pareces” (verso 2) e “Tivesses a que tivesses” (verso 3) a palavra destacada, em relação à morfossintaxe, classifica-se em artigo/adjunto adnominal e pronome demonstrativo/objeto direto, sequencialmente.
II. No verso “Que exíguo o teu talhe! E penso” (verso 5) se as palavras destacadas forem substituídas, respectivamente, por pequeno e porte o sentido e a coerência, no texto, são mantidos.
III. O sinal de pontuação de reticências nos versos “Dão os dois uma mancheia...” (verso 10) e “Faz cinza de desenganos...” (verso 12) é usado para reforçar o sentido dos termos assinalados.
IV. O poema é marcado por elementos linguísticos como, reticências e interrogação, ponto de exclamação, dois pontos, vocativo, para configurar a função que o autor deseja: registrar a emoção, a expressividade por meio da expressão oral.
V. Nos versos “Que idade tens, Colombina” (verso 1) e “Perdão, perdão, Colombina” (verso 33) a palavra destacada, em relação à morfologia, é substantivo próprio nos dois versos e, quanto à sintaxe, no verso 1 é vocativo e no verso 33, sujeito.
Assinale a alternativa correta.

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Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: FGV Prova: FGV - 2018 - FGV - Vestibular |
Q1069800 Português
Texto para a questão

PARDAIS NOVOS

    Um dia o meu telefone, instalado à cabeceira de minha cama, retiniu violentamente às sete da manhã. Estremunhado tomei do receptor e ouvi do outro lado uma voz que dizia: “Mestre, sou um pardal novo. Posso ler-lhe uns versos para que o senhor me dê a sua opinião?” Ponderei com mau humor ao pardal que aquilo não eram horas para consultas de tal natureza, que ele me telefonasse mais tarde. O pardal não telefonou de novo: veio às nove e meia ao meu apartamento.
    Mal o vi, percebi que não se tratava de pardal novo. Ele mesmo como que concordou que o não era, pois perguntando-lhe eu a idade, hesitou contrafeito para responder que tinha 35 anos. Ainda por cima era um pardal velho!
    Desde esse dia passei a chamar de pardais novos os rapazes que me procuram para mostrar-me os seus primeiros ensaios de voo no céu da poesia. Dizem eles que desejam saber se têm realmente queda para o ofício, se vale a pena persistir etc. Fico sempre embaraçado para dar qualquer conselho. A menos que se seja um Rimbaud ou, mais modestamente, um Castro Alves, que poesia se pode fazer antes dos vinte anos? Como Mallarmé afirmou certa vez que todo verso é um esforço para o estilo, acabo aconselhando ao pardal que vá fazendo os seus versinhos, sem se preocupar com a opinião de ninguém, inclusive a minha. (...)

Manuel Bandeira, Melhores crônicas. Global Editora.
A oração sublinhada no trecho “Mal o vi, percebi que não se tratava de pardal novo.” tem valor
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Ano: 2018 Banca: UNESPAR Órgão: UNESPAR Prova: UNESPAR - 2018 - UNESPAR - Vestibular |
Q961083 Português

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No contexto deste post, o slogan de campanha de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos (“Faça a América grande de novo!”) e a imagem destacando a etiqueta de procedência de uma peça de gravata de coleção assinada pelo mesmo Donald Trump (“Made in China”/”Hecho en China” = Feito na China) expressam uma relação de:

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Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: UNESP Prova: VUNESP - 2018 - UNESP - Vestibular - Primeiro Semestre |
Q956695 Português

Leia o trecho do livro A dança do universo, do físico brasileiro Marcelo Gleiser, para responder a questão.


    Algumas pessoas tornam-se heróis contra sua própria vontade. Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou potencialmente) revolucionárias, muitas vezes não as reconhecem como tais, ou não acreditam no seu próprio potencial. Divididas entre enfrentar sua insegurança expondo suas ideias à opinião dos outros, ou manter-se na defensiva, elas preferem a segunda opção. O mundo está cheio de poemas e teorias escondidos no porão.

    Copérnico é, talvez, o mais famoso desses relutantes heróis da história da ciência. Ele foi o homem que colocou o Sol de volta no centro do Universo, ao mesmo tempo fazendo de tudo para que suas ideias não fossem difundidas, possivelmente com medo de críticas ou perseguição religiosa. Foi quem colocou o Sol de volta no centro do Universo, motivado por razões erradas. Insatisfeito com a falha do modelo de Ptolomeu, que aplicava o dogma platônico do movimento circular uniforme aos corpos celestes, Copérnico propôs que o equante fosse abandonado e que o Sol passasse a ocupar o centro do cosmo. Ao tentar fazer com que o Universo se adaptasse às ideias platônicas, ele retornou aos pitagóricos, ressuscitando a doutrina do fogo central, que levou ao modelo heliocêntrico de Aristarco dezoito séculos antes.

    Seu pensamento reflete o desejo de reformular as ideias cosmológicas de seu tempo apenas para voltar ainda mais no passado; Copérnico era, sem dúvida, um revolucionário conservador. Ele jamais poderia ter imaginado que, ao olhar para o passado, estaria criando uma nova visão cósmica, que abriria novas portas para o futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de suas ideias, Copérnico decerto teria odiado a revolução que involuntariamente causou.

    Entre 1510 e 1514, compôs um pequeno trabalho resumindo suas ideias, intitulado Commentariolus (Pequeno comentário). Embora na época fosse relativamente fácil publicar um manuscrito, Copérnico decidiu não publicar seu texto, enviando apenas algumas cópias para uma audiência seleta. Ele acreditava piamente no ideal pitagórico de discrição; apenas aqueles que eram iniciados nas complicações da matemática aplicada à astronomia tinham permissão para compartilhar sua sabedoria. Certamente essa posição elitista era muito peculiar, vinda de alguém que fora educado durante anos dentro da tradição humanista italiana. Será que Copérnico estava tentando sentir o clima intelectual da época, para ter uma ideia do quão “perigosas” eram suas ideias? Será que ele não acreditava muito nas suas próprias ideias e, portanto, queria evitar qualquer tipo de crítica? Ou será que ele estava tão imerso nos ideais pitagóricos que realmente não tinha o menor interesse em tornar populares suas ideias? As razões que possam justificar a atitude de Copérnico são, até hoje, um ponto de discussão entre os especialistas.


(A dança do universo, 2006. Adaptado.)

Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de suas ideias, Copérnico decerto teria odiado a revolução que involuntariamente causou.” (3o parágrafo)

Em relação ao trecho que o sucede, o trecho sublinhado tem sentido de

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Ano: 2018 Banca: IF-SE Órgão: IF-SE Prova: IF-SE - 2018 - IF-SE - Vestibular - Segundo Semestre |
Q939443 Português

PORTUGUÊS

TEXTO I 

Depois, chegou o Natal, o Ano-Novo que passaram juntos, recusando convites dos colegas de repartição. Raul deu a Saul uma reprodução do Nascimento de Vênus, de Botticelli, que ele colocou na parede exatamente onde estivera o quadro de Van Gogh. Saul deu a Raul um disco chamado Os grandes sucessos de Dalva de Oliveira. A faixa que mais ouviram foi Nossas Vidas, prestando atenção naquele trechinho que dizia “até nossos beijos parecem beijos de quem nunca amou”.

Foi na noite de trinta e um, aberta a champanhe na quitinete de Raul, que Saul ergueu a taça e brindou à nossa amizade que nunca vai terminar. Beberam até quase cair. Na hora de deitar, trocando a roupa no banheiro, muito bêbado, Saul falou que ia dormir nu. Raul olhou para ele e disse você tem um corpo bonito. Você também, disse Saul, e baixou os olhos. Deitaram ambos nus, um na cama atrás do guarda-roupa, outro no sofá. Quase a noite inteira, um conseguia ver a brasa acesa do cigarro do outro, furando o escuro feito um demônio de olhos incendiados. Pela manhã, Saul foi embora sem se despedir para que Raul não percebesse suas fundas olheiras.

Quando janeiro começou, quase na época de tirarem férias — e tinham planejado, juntos, quem sabe Parati, Ouro Preto, Porto Seguro — ficaram surpresos naquela manhã em que o chefe de seção os chamou, perto do meio-dia. Fazia muito calor. Suarento, o chefe foi direto ao assunto. Tinha recebido algumas cartas anônimas. Recusou-se a mostrá-las. Pálidos, os dois ouviram expressões como "relação anormal e ostensiva", "desavergonhada aberração", "comportamento doentio", "psicologia deformada", sempre assinadas por Um Atento Guardião da Moral. Saul baixou os olhos desmaiados, mas Raul colocou-se em pé. Parecia muito alto quando, com uma das mãos apoiadas no ombro do amigo e a outra erguendo-se atrevida no ar, conseguiu ainda dizer a palavra nunca, antes que o chefe, entre coisas como a-reputação-de-nossa-firma ou tenho-que-zelar-pela-moral-dos-meus-funcionários, declarasse frio: os senhores estão despedidos.

Esvaziaram lentamente cada um a sua gaveta, a sala deserta na hora do almoço, sem se olharem nos olhos.O sol de verão escaldava o tampo de metal das mesas. Raul guardou no grande envelope pardo um par de olhos enormes, sem íris nem pupilas, presente de Saul, que guardou no seu grande envelope pardo, com algumas manchas de café, a letra de Tú Me Acostumbraste, escrita à mão por Raul numa tarde qualquer de agosto e com algumas manchas de café. Desceram juntos pelo elevador, em silêncio.

Mas quando saíram pela porta daquele prédio grande e antigo, parecido com uma clínica ou uma penitenciária, vistos de cima pelos colegas todos postos na janela, a camisa branca de um, a azul do outro, estavam ainda mais altos e mais altivos. Demoraram alguns minutos na frente do edifício. Depois apanharam o mesmo táxi, Raul abrindo a porta para que Saul entrasse. Ai-ai! alguém gritou da janela. Mas eles não ouviram. O táxi já tinha dobrado a esquina.

Pelas tardes poeirentas daquele resto de janeiro, quando o sol parecia a gema de um enorme ovo frito no azul sem nuvens no céu, ninguém mais conseguiu trabalhar em paz na repartição. Quase todos ali dentro tinham a nítida sensação de que seriam infelizes para sempre. E foram.


ABREU, Caio Fernando. Morangos mofados. Rio de Janeiro: Agir, 2005. 


A estrutura sintática é uma importante ferramenta na organização e na progressão do texto. Considerando a organização sintática do segundo parágrafo do Texto I, é INCORRETO o que se afirma em:
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Ano: 2018 Banca: INEP Órgão: IF-RR Prova: INEP - 2018 - IF-RR - Vestibular - Segundo Semestre |
Q939351 Português

A partir do poema IX, p. 43, do livro “Urihi – nossa terra, nossa floresta”, responda à questão .


Antes havia mais o silêncio

antes havia somente o voar dos pássaros

hoje, os pássaros pousam em pistas clandestinas

sobre corpos de garimpeiros mortos

trazem doenças aos rios, por causa do ouro

dizem que não há garimpo

dizem que não houve massacre

dizem que não exista.

(FIOROTTI, Devair. Urihi – nossa terra, nossa floresta. São Paulo: Editora Patuá, 2017)


Marque a alternativa que contém erro de análise:

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Ano: 2018 Banca: IFF Órgão: IFF Prova: IFF - 2018 - IFF - Vestibular - Segundo Semestre |
Q939306 Português

Texto IV

Felicidade clandestina

    Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós, menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".

    Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.

    Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.

    Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.

    No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disseme que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente 

nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.

    E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.

    Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!

    E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.

    Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo. 

    Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.

    Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.

    Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.


                                          LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. In: Felicidade Clandestina: contos.                                           Rio de Janeiro: Ed. Rocco, 1998 (adaptado).



Texto V

A busca pela felicidade está nos tornando infelizes e as redes sociais não estão ajudando

    A opinião é do pianista James Rhodes, "Não somos destinados a ser felizes o tempo inteiro", diz ele no quadro opinativo Viewsnight, do programa da BBC Newsnight, afirmando que a busca pela felicidade a todo custo está nos tornando infelizes.

    Na visão do pianista, "a busca pela felicidade parece nobre, mas é fundamentalmente falha".

    Ele considera que "a felicidade não é algo a se perseguir mais do que a tristeza, a raiva, a esperança ou o amor".

    A felicidade "é, simplesmente, um estado de ser, que é fluido, passageiro e às vezes inatingível".

    Negar a existência de outros sentimentos, nem sempre considerados positivos, afirma, não é o melhor caminho. [...]

    Rhodes observa que estamos em uma era de ritmo sem precedentes no dia a dia e que "nossa mentalidade 'sempre ligada' criou um ambiente impraticável e insustentável".

    "Estamos em apuros", diz ele. "E as selfies cuidadosamente escolhidas e postadas no Instagram; a perfeição física espalhada por todas as mídias – inalcançável e extremamente 'photoshopada' – e o anonimato das redes sociais, onde descarregamos nossa ira, não estão ajudando".


"Sentimentos desafiadores"

    Rhodes chama a atenção para os diferentes tipos de sentimento que permeiam a vida e nem todos têm a ver com satisfação ou alegrias. Há também o outro lado. 

    "Todos nos sentimos alternadamente ansiosos, para baixo, tranquilos, aflitos, contentes. Ocasionalmente, alguns de nós podemos nos perder no continuum em direção a depressão, ao transtorno de estresse pós-traumático e a pensamentos suicidas", diz.

    Mas pondera: "Só porque não estamos felizes não significa que estamos infelizes".

    Para o pianista, assim é a complexidade da vida: "repleta de sentimentos e situações tumultuados, desafiadores e difíceis".

    "Negá-los, resistir a eles, se desculpar por eles ou fingir que não existem é contraintuitivo e contraproducente".

    Foi justamente o caminho contrário, o do reconhecimento de que "coisas ruins também acontecem" e de que é preciso falar sobre elas que ele decidiu trilhar há alguns anos – quando resolveu contar em livro problemas que enfrentou ao longo da vida.


Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/salasocial-42680542. Acesso em: 06 abr. 2018 (adaptado). 

Assinale a alternativa que avalia CORRETAMENTE as assertivas seguintes:


I. No texto IV, caso seja retirado o acento gráfico de “histórias”, não haverá alteração semântica tampouco morfológica, o que comprova a acentuação gráfica ser fundamental para a coerência textual.

II. Corroborando ser a ortografia recurso importante para se manter a coerência de um enunciado, no texto IV, em “...espiava em silêncio...”, se a palavra em negrito for substituída por seu homônimo homófono “expiava”, manter-se-á o sentido original da expressão.

III. “Rhodes chama a atenção para os diferentes tipos de sentimento que permeiam a vida...” (texto V) – No período transcrito, o acréscimo de uma vírgula antes do pronome relativo “que” mudará o caráter restritivo da oração. Isso demonstra que a pontuação contribui para a coerência do texto.

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Ano: 2018 Banca: UECE-CEV Órgão: UECE Prova: UECE-CEV - 2018 - UECE - Vestibular - Segundo Semestre |
Q938871 Português
No enunciado “Cada pessoa que chegava erguia-se na ponta dos pés, embora não o pudesse ver” (linhas 20-21), a oração destacada mantém com as orações anteriores uma relação sintático-semântica de
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Ano: 2018 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: UEMG Prova: INSTITUTO AOCP - 2018 - UEMG - Vestibular |
Q924513 Português

Texto 3


“ALIEN INTERVIEW” (Entrevista com um alienígena)


No momento em que o ser alienígena tinha sido devolvido à base eu já tinha passado várias horas com ela. Como já referi, o Sr. Cavitt me disse para ficar com a extraterrestre, já que eu era a única pessoa entre nós que poderia compreendê-la e manter comunicação telepaticamente. Eu não pude compreender e entender a minha capacidade de me “comunicar” telepaticamente com o ser extraterrestre. Eu nunca antes havia tido experiência com comunicação telepática com alguém.

A comunicação não-verbal que eu experimentei era como a compreensão que se tem quando uma criança ou um cão está tentando fazer você entender alguma coisa, mas muito, muito mais direta e poderosa! Mesmo que não houvesse falado “palavras”, ou comunicação através de sinais, a intenção dos pensamentos eram inconfundíveis para mim. Percebi mais tarde que, apesar de eu receber o pensamento, eu necessariamente não interpretava o seu significado exatamente.

[...]

Disponível em:<http://www.bibliotecapleyades.net/vida_alien/alieninterview/alieninterview.htm) >. Acesso em 10 nov.


Assinale a alternativa correta a respeito do Texto 3 e de seus elementos linguísticos.

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Ano: 2018 Banca: CECIERJ Órgão: CEDERJ Prova: CECIERJ - 2018 - CEDERJ - Vestibular - Segundo Semestre |
Q906036 Português

“E, mesmo assim, insistem nas brincadeiras de roda, no jogo de futebol.” (linhas 13-15)


A expressão sublinhada veicula uma relação de

Alternativas
Q1790824 Português

Cada pessoa/ que chegava/ se impressionava com o nacionalismo exagerado, /embora não o compreendesse.

Há no fragmento acima, três orações, assim distribuídas: 1. Cada pessoa se impressionava com o nacionalismo exagerado; 2. Que chegava; 3. Embora não o compreendesse. A terceira oferece uma ideia de:

Alternativas
Q1790822 Português

Cada pessoa/ que chegava/ se impressionava com o nacionalismo exagerado, /embora não o compreendesse.

Há no fragmento acima, três orações, assim distribuídas: 1. Cada pessoa se impressionava com o nacionalismo exagerado; 2. Que chegava; 3. Embora não o compreendesse. A primeira oração é:

Alternativas
Ano: 2017 Banca: FEPESE Órgão: ABEPRO Prova: FEPESE - 2017 - ABEPRO - Processo de Seleção |
Q1789275 Português

Sociologia Ambiental


O interesse da academia no desenvolvimento de estudos voltados para as questões ambientais é relativamente novo. Só começou a aparecer em meados de 1970, quando o mundo, fortemente influenciado por movimentos ecologistas e ambientalistas nascidos nos EUA, finalmente voltava seus olhos aos desastres ambientais causados pelos homens. Até então acreditava-se que os recursos naturais eram infinitos e que os impactos causados pelo homem eram facilmente revertidos pela natureza. Assim, discutir o futuro do planeta não parecia ser relevante.


Na década de 1990, os estudos voltados para a relação sociedade-natureza deram um grande salto com as contribuições de um dos mais respeitados e conhecidos sociólogos ambientais do mundo: Frederick Howard Buttel. Nascido nos Estados Unidos, Buttel dedicou sua vida acadêmica a compreender as complexas relações entre a sociedade e o ambiente natural. Apontava o caráter ambivalente do homem, que seria parte integrante da paisagem natural, submetido às dinâmicas próprias da natureza e, ao mesmo tempo, agente modificador e criador de novos ambientes. Sobre essa dualidade humana escreveu:


O ser humano, especialidade zoológica da Sociologia, é singular em todo o mundo animal, tanto quanto o é sua capacidade de criar uma cultura e comunicação simbólica. A Sociologia não pode nem deve se tornar um ramo da ecologia comportamental. Mas o ser humano também é uma espécie entre muitas, e é uma parte integral da biosfera. Assim, um entendimento perfeito do desenvolvimento histórico e do futuro das sociedades humanas se torna problemático quando se deixa de considerar o substrato ecológico e material da existência humana. Esse entendimento é limitado pelo antropocentrismo sociológico. Parece certo que, no futuro, haverá prolongados debates sobre articulação ou isolamento “adequados” entre a Sociologia e a Biologia.


Também na década de 1990, a Sociologia Ambiental ganhou mais contribuições com os estudos do sociólogo, antropólogo e filósofo da ciência, o francês Bruno Latour. Em seu ensaio monográfico Jamais fomos modernos, ele afirma que essa divisão sociedade-natureza seria, na verdade, uma invenção ocidental. Seria um traço característico da modernidade a criação de Constituições que definem e separam o que é humano do não humano, “legalizando” assim essa separação. No entanto, defende ele que na realidade essa separação não existe, porque o homem está em constante mudança em função do meio em que vive, assim como a natureza está em constante mudança em função das vontades humanas. Em outras palavras, o social está submetido ao natural e vice-versa.


RAMOS, V. R. Os caminhos da Sociologia Ambiental. Sociologia. ed.

72. 2017. p. 45-46.[Adaptado]

Considere, em seu contexto, os trechos abaixo extraídos do texto:
1. O ser humano, especialidade zoológica da Sociologia, é singular em todo o mundo animal, tanto quanto o é sua capacidade de criar uma cultura e comunicação simbólica. (3°  parágrafo) 2. Seria um traço característico da modernidade a criação de Constituições que definem e separam o que é humano do não humano, “legalizando” assim essa separação. (4°  parágrafo)
Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as falsas ( F ) em relação aos trechos considerados.
( ) Em 1, “especialidade zoológica da Sociologia” funciona como aposto explicativo de “ser humano”. ( ) Em 1, “tanto quanto” estabelece uma relação semântica de comparação – a partir de uma característica comum, a singularidade – entre o ser humano no mundo animal e a capacidade do ser humano de criar uma cultura e comunicação simbólica. ( ) Em 1, o vocábulo “o” tem valor coesivo, sendo usado em substituição a “singular”. ( ) Em 2, “Seria um traço característico da modernidade” funciona como oração principal no período. ( ) Em 2, o vocábulo “que” funciona como pronome relativo na primeira ocorrência e como conjunção integrante na segunda.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: FEPESE Órgão: ABEPRO Prova: FEPESE - 2017 - ABEPRO - Processo de Seleção |
Q1789274 Português

Sociologia Ambiental


O interesse da academia no desenvolvimento de estudos voltados para as questões ambientais é relativamente novo. Só começou a aparecer em meados de 1970, quando o mundo, fortemente influenciado por movimentos ecologistas e ambientalistas nascidos nos EUA, finalmente voltava seus olhos aos desastres ambientais causados pelos homens. Até então acreditava-se que os recursos naturais eram infinitos e que os impactos causados pelo homem eram facilmente revertidos pela natureza. Assim, discutir o futuro do planeta não parecia ser relevante.


Na década de 1990, os estudos voltados para a relação sociedade-natureza deram um grande salto com as contribuições de um dos mais respeitados e conhecidos sociólogos ambientais do mundo: Frederick Howard Buttel. Nascido nos Estados Unidos, Buttel dedicou sua vida acadêmica a compreender as complexas relações entre a sociedade e o ambiente natural. Apontava o caráter ambivalente do homem, que seria parte integrante da paisagem natural, submetido às dinâmicas próprias da natureza e, ao mesmo tempo, agente modificador e criador de novos ambientes. Sobre essa dualidade humana escreveu:


O ser humano, especialidade zoológica da Sociologia, é singular em todo o mundo animal, tanto quanto o é sua capacidade de criar uma cultura e comunicação simbólica. A Sociologia não pode nem deve se tornar um ramo da ecologia comportamental. Mas o ser humano também é uma espécie entre muitas, e é uma parte integral da biosfera. Assim, um entendimento perfeito do desenvolvimento histórico e do futuro das sociedades humanas se torna problemático quando se deixa de considerar o substrato ecológico e material da existência humana. Esse entendimento é limitado pelo antropocentrismo sociológico. Parece certo que, no futuro, haverá prolongados debates sobre articulação ou isolamento “adequados” entre a Sociologia e a Biologia.


Também na década de 1990, a Sociologia Ambiental ganhou mais contribuições com os estudos do sociólogo, antropólogo e filósofo da ciência, o francês Bruno Latour. Em seu ensaio monográfico Jamais fomos modernos, ele afirma que essa divisão sociedade-natureza seria, na verdade, uma invenção ocidental. Seria um traço característico da modernidade a criação de Constituições que definem e separam o que é humano do não humano, “legalizando” assim essa separação. No entanto, defende ele que na realidade essa separação não existe, porque o homem está em constante mudança em função do meio em que vive, assim como a natureza está em constante mudança em função das vontades humanas. Em outras palavras, o social está submetido ao natural e vice-versa.


RAMOS, V. R. Os caminhos da Sociologia Ambiental. Sociologia. ed.

72. 2017. p. 45-46.[Adaptado]

Considere, em seu contexto, o trecho abaixo extraído do texto:
Até então acreditava-se que os recursos naturais eram infinitos e que os impactos causados pelo homem eram facilmente revertidos pela natureza. Assim, discutir o futuro do planeta não parecia ser relevante. (1°  parágrafo)
Analise as afirmativas abaixo em relação ao texto:
1. O vocábulo “que”, em suas duas ocorrências, introduz orações subordinadas coordenadas entre si, as quais complementam o verbo acreditar. 2. A expressão “Até então” funciona como conector, estabelecendo uma relação semântica de conclusão. 3. O vocábulo “Assim” funciona como conector, estabelecendo uma relação semântica de causalidade. 4. O segmento “não parecia ser relevante” confere força assertiva ao conteúdo expresso por “discutir o futuro do planeta”. 5. A forma verbal “eram”, em cada uma das ocorrências, pode ser substituída por “fossem”, sem prejuízo de informação temporal.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: UNICENTRO Órgão: UNICENTRO Prova: UNICENTRO - 2017 - UNICENTRO - Vestibular - PAC - 3ª Etapa |
Q1404221 Português
Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável. O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da agenda 2030 da Organização das Nações Unidas traz um grande desafio aos países.
Os programas realizados nos últimos anos permitiram avanços significativos, contudo a situação global ainda é alarmante: 1 em cada 9 pessoas é subnutrida.
Especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas preveem que as variações nos próximos anos impactarão a agricultura e a produção de alimentos em todo o mundo, agravando substancialmente o problema. Com uma perspectiva tão complexa e restrita, como garantir a sobrevivência das futuras gerações?
A chamada agropecuária tradicional tem dado passos importantes para se adaptar a essa nova realidade, mas não há dúvida de que a escolha pela produção agroecológica de alimentos pode trazer a resposta mais adequada a esse cenário.
A agroecologia integra conhecimentos científicos e saberes tradicionais na construção de sistemas agrícolas de baixo impacto ambiental e alta capacidade de resiliência.
Essa abordagem propõe uma dinâmica de produção de acordo com as características dos ecossistemas, com o uso e a conservação dos recursos naturais. As estratégias de cultivo são fundamentadas a partir do equilíbrio dos componentes do solo, com a recuperação da fertilidade e sem a necessidade de agrotóxicos.
É importante destacar que a produção agroecológica não se restringe à área rural e também influencia hábitos na cidade. A crescente demanda por uma vida saudável nos centros urbanos estimula, por exemplo, a criação de hortas comunitárias com produção de verduras e hortaliças sem uso de agrotóxicos.
No Brasil, as grandes proporções territoriais e a diversidade de biomas tornam-se uma oportunidade e um desafio para a implantação de políticas orientadas à produção agroecológica. Existem no país diversas redes que aderiram a práticas sustentáveis e integradas na produção e comercialização de alimentos.
Para o fortalecimento e ampliação dessas redes, a sociedade civil organizada requisitou a elaboração de um programa que aumentasse a escala de produção e a oferta de alimentos saudáveis. Em 2013, atendendo a esse desejo, foi criado o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo).
Também nesse sentido, surgiu o Programa de Fortalecimento e Ampliação das Redes de Agroecologia, Extrativismo e Produção Orgânica (Ecoforte), com o qual se buscou integrar o investimento social privado às políticas públicas com foco territorial, associando ações de pesquisa, extensão, produção, comercialização, consumo e certificação orgânica.
Ações articuladas da sociedade civil, somadas ao incentivo de políticas públicas por meio de programas e linhas de crédito, fortalecem às organizações agroecológicas, geram renda no campo e nas cidades, promovem segurança alimentar e hídrica e dinamizam os territórios.
Contribuem, também, para que um número maior de agricultores familiares, assentados da reforma agrária, extrativistas e suas organizações se interessem por conhecer e participar desse ciclo virtuoso de desenvolvimento sustentável, proporcionando uma alimentação mais saudável aos brasileiros e ao mundo. 

Folha de São Paulo, ASCLEPIUS RAMATIZ é presidente da Fundação Banco do Brasil. Graduado em direito, possui
MBA em negócios internacionais, 12 set. 2017, com adaptações).
No trecho: “Os programas realizados nos últimos anos permitiram avanços significativos, contudo a situação global ainda é alarmante: 1 em cada 9 pessoas é subnutrida”. Estabelece a relação de sentido entre as orações de
Alternativas
Respostas
121: A
122: C
123: D
124: C
125: C
126: C
127: D
128: C
129: B
130: D
131: C
132: D
133: C
134: D
135: D
136: D
137: C
138: A
139: D
140: C