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Ar-condicionado deixa a conta de luz mais cara: saiba como evitar desperdício de energia
Barrar o contato direto com o sol, não tampar a saída de vento com toalhas e optar pelo modelo "inverter" são algumas das dicas dos especialistas.
BARBOSA, Marília. Ar-condicionado deixa a conta de luz mais cara: saiba como evitar desperdício de energia. G1, 15 de dezembro de 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/guia/guia-de-compras/ar-condicionado-deixaa-conta-de-luz-mais-cara-saiba-como-evitar-desperdicio-de-energia.ghtml. Acesso em: 15 dez. 2023.
Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação INCORRETA sobre os aspectos morfossintáticos e semânticos desse excerto.
“O Megadeth anunciou que se apresentará no Brasil, mais precisamente em São Paulo, no final de abril de 2024. O grupo não se apresenta em terras brasileiras desde 2017. Vale lembrar que o Megadeth iria se apresentar no Rock In Rio 2022, porém a apresentação foi cancelada.”
RIBEIRO, Mateus. Fãs e músicos apoiam Kiko Loureiro após guitarrista anunciar afastamento do Megadeth. Whiplash, 20 de novembro de 2023. Disponível em: https://whiplash.net/materias/news_701/356679-megadeth.html. Acesso em: 21 nov. 2023. Adaptado.
Assinale a alternativa que faz uma análise CORRETA quanto a essa estruturação.
Analise o meme a seguir.
Disponível em: https://wellas.com.br/memes-para-redes-sociais-08/. Acesso em: 15 nov. 2023.
Em que grau o advérbio “rápido” foi empregado no meme?
“No início deste ano, o professor Jacques Pironon estava à procura de metano na Bacia de Lorraine, no nordeste de França, quando sua equipe fez uma descoberta inesperada. A cerca de 3.000 metros de profundidade, eles encontraram um grande depósito de hidrogênio. ‘É o que chamamos de sorte’, diz Pironon, diretor de pesquisa do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) da França, na Universidade de Lorraine.
Não muito tempo atrás, tal descoberta teria apenas despertado interesse acadêmico. Hoje em dia, ela gera um frenesi. Isso porque muitos pensam que o hidrogênio será um combustível essencial nos próximos anos. Argumenta-se que esta poderá ser a chave para levar a economia global a zerar suas emissões de gases poluentes, uma vez que o hidrogênio não produz CO2 quando utilizado como combustível ou em processos industriais.”
DESCOBERTA de hidrogênio subterrâneo poderá criar nova 'corrida do ouro' no mundo. BBC Brasil, 12 de dezembro de 2023. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c102l2l693lo. Acesso em: 12 dez. 2023.
Assinale a alternativa que identifica, em meio a essas palavras, aquela que contribui para a coesão referencial do enunciado com base na hiperonímia.
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2010.
A que autor da literatura colonial brasileira se refere o trecho?
“O que pode ajudar o mundo a superar a dependência do petróleo que está causando as mudanças climáticas? A resposta está nos minerais críticos — e você os encontra no seu bolso. Estes minerais são usados para fabricar desde as baterias dos nossos celulares até as que produzem energia limpa, como a eólica e a solar.”
OS minerais em nossos telefones celulares que podem ajudar no combate às mudanças climáticas. BBC Brasil, novembro de 2023. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/resources/idt-785327f3-1924-47dd-bc5cdeea29a07e0a. Acesso em: 16 nov. 2023. Adaptado.
Qual é a classificação das orações grifadas no excerto?
Qual é a função da linguagem predominante no texto a seguir?
MODELLI, Laís; MATOS, Thais. Como a pandemia de coronavírus impacta de maneira mais severa a vida das mulheres em todo o mundo. G1, 19 de abril de 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/ noticia/2020/04/19/como-a-pandemia-de-coronavirus-impacta-de-maneira-maissevera-a-vida-das-mulheres-em-todo-o-mundo.ghtml. Acesso em: 14 nov. 2023.
“A pergunta ‘o que significa ser um autor?’ é apenas uma das questões mais urgentes no mercado [...] de Inteligência Artificial (IA). [...] Suas fontes de informação são grandes bancos de textos com exemplos que lhes permitem determinar, em um sentido probabilístico, quais palavras, estruturas de frases, temas e evidências são mais frequentes. As respostas, entretanto, podem levantar dúvidas sobre plágio, precisão e originalidade das explicações fornecidas.”
SPINAK, Ernesto. IA: Como detectar textos produzidos por chatbox e seus plágios. Scielo em Perspectiva, 17 de novembro de 2023. Disponível em: https://blog.scielo.org/blog/2023/11/17/ia-como-detectar-textos-produzidos-porchatbox-e-seus-plagios/. Acesso em: 19 nov. 2023. Adaptado.
O conectivo “entretanto” empregado nesse trecho pode ser substituído, sem prejuízo de sentido ao enunciado em que ocorre, por:
“Dentro do Metal Progressivo é comum encontrar longas composições, mudanças de tempo frequentes, uso extensivo de instrumentos musicais complexos, letras líricas mais elaboradas e temas conceituais, com seus músicos muitas vezes buscando empurrar os limites do gênero, explorando novas sonoridades e incorporando elementos de diversos estilos musicais.”
WILLIAM, Bruce. O álbum de Metal Progressivo que fez Bruce perceber que o Maiden estava ficando pra trás. Whiplash, 20 de novembro de 2023. Disponível em: https://whiplash.net/materias/news_701/356684-ironmaiden.html. Acesso em: 21 nov. 2023.
Texto para a questão.
O escritor é um sádico
Publicado em 11/12/2023 | Paulo Pestana | Crônica
Todo mundo que mexe com palavras já pensou em escrever um romance. Mas nada é mais desanimador para um candidato a escritor do que ir a uma biblioteca ou livraria. Ao olhar em volta, o sujeito se vê cercado de histórias encadernadas; o que ainda falta para ser escrito? Qual história ainda não foi contada?
Depois do teatro de Shakespeare[,] restou pouco para ser escrito sobre a condição humana, mas, ainda assim, de lá para cá, muitas histórias foram contadas, encantaram leitores, viraram filmes, influenciaram pessoas. Portanto, histórias não se encerram no ‘fim’ da última página; há sempre algo para vir em seguida. Só que, cá para nós, essa história também já foi contada. No mito de Sherazade, por exemplo.
Mas quem trabalha com palavras é incorrigível; acredita em deuses, procura respostas, namora o improvável, recusa o inexequível. E foi assim que meu amigo começou o projeto de escrever o grande romance da história do Brasil. Traçou o plano literário do jeito que tinha aprendido num desses livros que ensinam a fazer romance, com uma intrincada sucessão de resumos de capítulos que mais parecia aqueles painéis de investigação policial do cinema.
A ideia dele era partir de núcleos familiares em cidades mais antigas e, a partir dos personagens principais, montar pequenos dramas em torno de grandes acontecimentos históricos, até que as famílias fossem se desmembrando por meio de migrações que fizessem um resumo da ocupação do país, como a busca por esmeraldas, o êxodo cearense para o Acre na época da borracha, a Brasília prometida dos candangos, a chegada dos europeus.
Isso tudo ele me contou no espaço de uns três cafezinhos, tão empolgado com a novela, que eu nem tive coragem de dizer que já tinha lido algo bem parecido. Duas semanas nos encontramos novamente, e ele disse que havia dado um tempo na ideia. Falta amadurecer, me disse ele.
E me lembrei de mim mesmo, que cismei de começar a escrever um livro quando estivesse ardendo de febre; achava – como todo jovem acha – que há verdades que só vão aparecer do delírio. Foram meses de espera de uma febre que não vinha; demorou, foi um período em que nem um mísero e vulgar resfriado esteve disponível para meu talento literário.
Quando ela finalmente veio, atacou com a força das febres. E eu fiquei prostrado sem sequer lembrar que pretendia escrever o meu delirante romance, que nunca ganhou uma mísera palavra. Foi quando descobri que o delírio estava mesmo em achar que alguém produz algo bom estando fora de si. Huxley e Castañeda já tinham mostrado isso, mas só a realidade dá a verdadeira dimensão da mediocridade.
Quando ela finalmente veio, atacou com a força das febres. E eu fiquei prostrado sem sequer lembrar que pretendia escrever o meu delirante romance, que nunca ganhou uma mísera palavra. Foi quando descobri que o delírio estava mesmo em achar que alguém produz algo bom estando fora de si. Huxley e Castañeda já tinham mostrado isso, mas só a realidade dá a verdadeira dimensão da mediocridade.
PESTANA, Paulo. O escritor é um sádico. Correio Braziliense, 11 de dezembro de 2023. Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/paulopestana/oescritor-e-um-sadico/. Acesso em: 12 dez. 2023. Adaptado.
Texto para a questão.
O escritor é um sádico
Publicado em 11/12/2023 | Paulo Pestana | Crônica
Todo mundo que mexe com palavras já pensou em escrever um romance. Mas nada é mais desanimador para um candidato a escritor do que ir a uma biblioteca ou livraria. Ao olhar em volta, o sujeito se vê cercado de histórias encadernadas; o que ainda falta para ser escrito? Qual história ainda não foi contada?
Depois do teatro de Shakespeare[,] restou pouco para ser escrito sobre a condição humana, mas, ainda assim, de lá para cá, muitas histórias foram contadas, encantaram leitores, viraram filmes, influenciaram pessoas. Portanto, histórias não se encerram no ‘fim’ da última página; há sempre algo para vir em seguida. Só que, cá para nós, essa história também já foi contada. No mito de Sherazade, por exemplo.
Mas quem trabalha com palavras é incorrigível; acredita em deuses, procura respostas, namora o improvável, recusa o inexequível. E foi assim que meu amigo começou o projeto de escrever o grande romance da história do Brasil. Traçou o plano literário do jeito que tinha aprendido num desses livros que ensinam a fazer romance, com uma intrincada sucessão de resumos de capítulos que mais parecia aqueles painéis de investigação policial do cinema.
A ideia dele era partir de núcleos familiares em cidades mais antigas e, a partir dos personagens principais, montar pequenos dramas em torno de grandes acontecimentos históricos, até que as famílias fossem se desmembrando por meio de migrações que fizessem um resumo da ocupação do país, como a busca por esmeraldas, o êxodo cearense para o Acre na época da borracha, a Brasília prometida dos candangos, a chegada dos europeus.
Isso tudo ele me contou no espaço de uns três cafezinhos, tão empolgado com a novela, que eu nem tive coragem de dizer que já tinha lido algo bem parecido. Duas semanas nos encontramos novamente, e ele disse que havia dado um tempo na ideia. Falta amadurecer, me disse ele.
E me lembrei de mim mesmo, que cismei de começar a escrever um livro quando estivesse ardendo de febre; achava – como todo jovem acha – que há verdades que só vão aparecer do delírio. Foram meses de espera de uma febre que não vinha; demorou, foi um período em que nem um mísero e vulgar resfriado esteve disponível para meu talento literário.
Quando ela finalmente veio, atacou com a força das febres. E eu fiquei prostrado sem sequer lembrar que pretendia escrever o meu delirante romance, que nunca ganhou uma mísera palavra. Foi quando descobri que o delírio estava mesmo em achar que alguém produz algo bom estando fora de si. Huxley e Castañeda já tinham mostrado isso, mas só a realidade dá a verdadeira dimensão da mediocridade.
Quando ela finalmente veio, atacou com a força das febres. E eu fiquei prostrado sem sequer lembrar que pretendia escrever o meu delirante romance, que nunca ganhou uma mísera palavra. Foi quando descobri que o delírio estava mesmo em achar que alguém produz algo bom estando fora de si. Huxley e Castañeda já tinham mostrado isso, mas só a realidade dá a verdadeira dimensão da mediocridade.
PESTANA, Paulo. O escritor é um sádico. Correio Braziliense, 11 de dezembro de 2023. Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/paulopestana/oescritor-e-um-sadico/. Acesso em: 12 dez. 2023. Adaptado.
Texto para a questão.
O escritor é um sádico
Publicado em 11/12/2023 | Paulo Pestana | Crônica
Todo mundo que mexe com palavras já pensou em escrever um romance. Mas nada é mais desanimador para um candidato a escritor do que ir a uma biblioteca ou livraria. Ao olhar em volta, o sujeito se vê cercado de histórias encadernadas; o que ainda falta para ser escrito? Qual história ainda não foi contada?
Depois do teatro de Shakespeare[,] restou pouco para ser escrito sobre a condição humana, mas, ainda assim, de lá para cá, muitas histórias foram contadas, encantaram leitores, viraram filmes, influenciaram pessoas. Portanto, histórias não se encerram no ‘fim’ da última página; há sempre algo para vir em seguida. Só que, cá para nós, essa história também já foi contada. No mito de Sherazade, por exemplo.
Mas quem trabalha com palavras é incorrigível; acredita em deuses, procura respostas, namora o improvável, recusa o inexequível. E foi assim que meu amigo começou o projeto de escrever o grande romance da história do Brasil. Traçou o plano literário do jeito que tinha aprendido num desses livros que ensinam a fazer romance, com uma intrincada sucessão de resumos de capítulos que mais parecia aqueles painéis de investigação policial do cinema.
A ideia dele era partir de núcleos familiares em cidades mais antigas e, a partir dos personagens principais, montar pequenos dramas em torno de grandes acontecimentos históricos, até que as famílias fossem se desmembrando por meio de migrações que fizessem um resumo da ocupação do país, como a busca por esmeraldas, o êxodo cearense para o Acre na época da borracha, a Brasília prometida dos candangos, a chegada dos europeus.
Isso tudo ele me contou no espaço de uns três cafezinhos, tão empolgado com a novela, que eu nem tive coragem de dizer que já tinha lido algo bem parecido. Duas semanas nos encontramos novamente, e ele disse que havia dado um tempo na ideia. Falta amadurecer, me disse ele.
E me lembrei de mim mesmo, que cismei de começar a escrever um livro quando estivesse ardendo de febre; achava – como todo jovem acha – que há verdades que só vão aparecer do delírio. Foram meses de espera de uma febre que não vinha; demorou, foi um período em que nem um mísero e vulgar resfriado esteve disponível para meu talento literário.
Quando ela finalmente veio, atacou com a força das febres. E eu fiquei prostrado sem sequer lembrar que pretendia escrever o meu delirante romance, que nunca ganhou uma mísera palavra. Foi quando descobri que o delírio estava mesmo em achar que alguém produz algo bom estando fora de si. Huxley e Castañeda já tinham mostrado isso, mas só a realidade dá a verdadeira dimensão da mediocridade.
Quando ela finalmente veio, atacou com a força das febres. E eu fiquei prostrado sem sequer lembrar que pretendia escrever o meu delirante romance, que nunca ganhou uma mísera palavra. Foi quando descobri que o delírio estava mesmo em achar que alguém produz algo bom estando fora de si. Huxley e Castañeda já tinham mostrado isso, mas só a realidade dá a verdadeira dimensão da mediocridade.
PESTANA, Paulo. O escritor é um sádico. Correio Braziliense, 11 de dezembro de 2023. Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/paulopestana/oescritor-e-um-sadico/. Acesso em: 12 dez. 2023. Adaptado.
Texto para a questão.
O escritor é um sádico
Publicado em 11/12/2023 | Paulo Pestana | Crônica
Todo mundo que mexe com palavras já pensou em escrever um romance. Mas nada é mais desanimador para um candidato a escritor do que ir a uma biblioteca ou livraria. Ao olhar em volta, o sujeito se vê cercado de histórias encadernadas; o que ainda falta para ser escrito? Qual história ainda não foi contada?
Depois do teatro de Shakespeare[,] restou pouco para ser escrito sobre a condição humana, mas, ainda assim, de lá para cá, muitas histórias foram contadas, encantaram leitores, viraram filmes, influenciaram pessoas. Portanto, histórias não se encerram no ‘fim’ da última página; há sempre algo para vir em seguida. Só que, cá para nós, essa história também já foi contada. No mito de Sherazade, por exemplo.
Mas quem trabalha com palavras é incorrigível; acredita em deuses, procura respostas, namora o improvável, recusa o inexequível. E foi assim que meu amigo começou o projeto de escrever o grande romance da história do Brasil. Traçou o plano literário do jeito que tinha aprendido num desses livros que ensinam a fazer romance, com uma intrincada sucessão de resumos de capítulos que mais parecia aqueles painéis de investigação policial do cinema.
A ideia dele era partir de núcleos familiares em cidades mais antigas e, a partir dos personagens principais, montar pequenos dramas em torno de grandes acontecimentos históricos, até que as famílias fossem se desmembrando por meio de migrações que fizessem um resumo da ocupação do país, como a busca por esmeraldas, o êxodo cearense para o Acre na época da borracha, a Brasília prometida dos candangos, a chegada dos europeus.
Isso tudo ele me contou no espaço de uns três cafezinhos, tão empolgado com a novela, que eu nem tive coragem de dizer que já tinha lido algo bem parecido. Duas semanas nos encontramos novamente, e ele disse que havia dado um tempo na ideia. Falta amadurecer, me disse ele.
E me lembrei de mim mesmo, que cismei de começar a escrever um livro quando estivesse ardendo de febre; achava – como todo jovem acha – que há verdades que só vão aparecer do delírio. Foram meses de espera de uma febre que não vinha; demorou, foi um período em que nem um mísero e vulgar resfriado esteve disponível para meu talento literário.
Quando ela finalmente veio, atacou com a força das febres. E eu fiquei prostrado sem sequer lembrar que pretendia escrever o meu delirante romance, que nunca ganhou uma mísera palavra. Foi quando descobri que o delírio estava mesmo em achar que alguém produz algo bom estando fora de si. Huxley e Castañeda já tinham mostrado isso, mas só a realidade dá a verdadeira dimensão da mediocridade.
Quando ela finalmente veio, atacou com a força das febres. E eu fiquei prostrado sem sequer lembrar que pretendia escrever o meu delirante romance, que nunca ganhou uma mísera palavra. Foi quando descobri que o delírio estava mesmo em achar que alguém produz algo bom estando fora de si. Huxley e Castañeda já tinham mostrado isso, mas só a realidade dá a verdadeira dimensão da mediocridade.
PESTANA, Paulo. O escritor é um sádico. Correio Braziliense, 11 de dezembro de 2023. Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/paulopestana/oescritor-e-um-sadico/. Acesso em: 12 dez. 2023. Adaptado.
Texto para a questão.
O escritor é um sádico
Publicado em 11/12/2023 | Paulo Pestana | Crônica
Todo mundo que mexe com palavras já pensou em escrever um romance. Mas nada é mais desanimador para um candidato a escritor do que ir a uma biblioteca ou livraria. Ao olhar em volta, o sujeito se vê cercado de histórias encadernadas; o que ainda falta para ser escrito? Qual história ainda não foi contada?
Depois do teatro de Shakespeare[,] restou pouco para ser escrito sobre a condição humana, mas, ainda assim, de lá para cá, muitas histórias foram contadas, encantaram leitores, viraram filmes, influenciaram pessoas. Portanto, histórias não se encerram no ‘fim’ da última página; há sempre algo para vir em seguida. Só que, cá para nós, essa história também já foi contada. No mito de Sherazade, por exemplo.
Mas quem trabalha com palavras é incorrigível; acredita em deuses, procura respostas, namora o improvável, recusa o inexequível. E foi assim que meu amigo começou o projeto de escrever o grande romance da história do Brasil. Traçou o plano literário do jeito que tinha aprendido num desses livros que ensinam a fazer romance, com uma intrincada sucessão de resumos de capítulos que mais parecia aqueles painéis de investigação policial do cinema.
A ideia dele era partir de núcleos familiares em cidades mais antigas e, a partir dos personagens principais, montar pequenos dramas em torno de grandes acontecimentos históricos, até que as famílias fossem se desmembrando por meio de migrações que fizessem um resumo da ocupação do país, como a busca por esmeraldas, o êxodo cearense para o Acre na época da borracha, a Brasília prometida dos candangos, a chegada dos europeus.
Isso tudo ele me contou no espaço de uns três cafezinhos, tão empolgado com a novela, que eu nem tive coragem de dizer que já tinha lido algo bem parecido. Duas semanas nos encontramos novamente, e ele disse que havia dado um tempo na ideia. Falta amadurecer, me disse ele.
E me lembrei de mim mesmo, que cismei de começar a escrever um livro quando estivesse ardendo de febre; achava – como todo jovem acha – que há verdades que só vão aparecer do delírio. Foram meses de espera de uma febre que não vinha; demorou, foi um período em que nem um mísero e vulgar resfriado esteve disponível para meu talento literário.
Quando ela finalmente veio, atacou com a força das febres. E eu fiquei prostrado sem sequer lembrar que pretendia escrever o meu delirante romance, que nunca ganhou uma mísera palavra. Foi quando descobri que o delírio estava mesmo em achar que alguém produz algo bom estando fora de si. Huxley e Castañeda já tinham mostrado isso, mas só a realidade dá a verdadeira dimensão da mediocridade.
Quando ela finalmente veio, atacou com a força das febres. E eu fiquei prostrado sem sequer lembrar que pretendia escrever o meu delirante romance, que nunca ganhou uma mísera palavra. Foi quando descobri que o delírio estava mesmo em achar que alguém produz algo bom estando fora de si. Huxley e Castañeda já tinham mostrado isso, mas só a realidade dá a verdadeira dimensão da mediocridade.
PESTANA, Paulo. O escritor é um sádico. Correio Braziliense, 11 de dezembro de 2023. Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/paulopestana/oescritor-e-um-sadico/. Acesso em: 12 dez. 2023. Adaptado.
Texto para a questão.
O escritor é um sádico
Publicado em 11/12/2023 | Paulo Pestana | Crônica
Todo mundo que mexe com palavras já pensou em escrever um romance. Mas nada é mais desanimador para um candidato a escritor do que ir a uma biblioteca ou livraria. Ao olhar em volta, o sujeito se vê cercado de histórias encadernadas; o que ainda falta para ser escrito? Qual história ainda não foi contada?
Depois do teatro de Shakespeare[,] restou pouco para ser escrito sobre a condição humana, mas, ainda assim, de lá para cá, muitas histórias foram contadas, encantaram leitores, viraram filmes, influenciaram pessoas. Portanto, histórias não se encerram no ‘fim’ da última página; há sempre algo para vir em seguida. Só que, cá para nós, essa história também já foi contada. No mito de Sherazade, por exemplo.
Mas quem trabalha com palavras é incorrigível; acredita em deuses, procura respostas, namora o improvável, recusa o inexequível. E foi assim que meu amigo começou o projeto de escrever o grande romance da história do Brasil. Traçou o plano literário do jeito que tinha aprendido num desses livros que ensinam a fazer romance, com uma intrincada sucessão de resumos de capítulos que mais parecia aqueles painéis de investigação policial do cinema.
A ideia dele era partir de núcleos familiares em cidades mais antigas e, a partir dos personagens principais, montar pequenos dramas em torno de grandes acontecimentos históricos, até que as famílias fossem se desmembrando por meio de migrações que fizessem um resumo da ocupação do país, como a busca por esmeraldas, o êxodo cearense para o Acre na época da borracha, a Brasília prometida dos candangos, a chegada dos europeus.
Isso tudo ele me contou no espaço de uns três cafezinhos, tão empolgado com a novela, que eu nem tive coragem de dizer que já tinha lido algo bem parecido. Duas semanas nos encontramos novamente, e ele disse que havia dado um tempo na ideia. Falta amadurecer, me disse ele.
E me lembrei de mim mesmo, que cismei de começar a escrever um livro quando estivesse ardendo de febre; achava – como todo jovem acha – que há verdades que só vão aparecer do delírio. Foram meses de espera de uma febre que não vinha; demorou, foi um período em que nem um mísero e vulgar resfriado esteve disponível para meu talento literário.
Quando ela finalmente veio, atacou com a força das febres. E eu fiquei prostrado sem sequer lembrar que pretendia escrever o meu delirante romance, que nunca ganhou uma mísera palavra. Foi quando descobri que o delírio estava mesmo em achar que alguém produz algo bom estando fora de si. Huxley e Castañeda já tinham mostrado isso, mas só a realidade dá a verdadeira dimensão da mediocridade.
Quando ela finalmente veio, atacou com a força das febres. E eu fiquei prostrado sem sequer lembrar que pretendia escrever o meu delirante romance, que nunca ganhou uma mísera palavra. Foi quando descobri que o delírio estava mesmo em achar que alguém produz algo bom estando fora de si. Huxley e Castañeda já tinham mostrado isso, mas só a realidade dá a verdadeira dimensão da mediocridade.
PESTANA, Paulo. O escritor é um sádico. Correio Braziliense, 11 de dezembro de 2023. Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/paulopestana/oescritor-e-um-sadico/. Acesso em: 12 dez. 2023. Adaptado.
Texto para a questão.
O escritor é um sádico
Publicado em 11/12/2023 | Paulo Pestana | Crônica
Todo mundo que mexe com palavras já pensou em escrever um romance. Mas nada é mais desanimador para um candidato a escritor do que ir a uma biblioteca ou livraria. Ao olhar em volta, o sujeito se vê cercado de histórias encadernadas; o que ainda falta para ser escrito? Qual história ainda não foi contada?
Depois do teatro de Shakespeare[,] restou pouco para ser escrito sobre a condição humana, mas, ainda assim, de lá para cá, muitas histórias foram contadas, encantaram leitores, viraram filmes, influenciaram pessoas. Portanto, histórias não se encerram no ‘fim’ da última página; há sempre algo para vir em seguida. Só que, cá para nós, essa história também já foi contada. No mito de Sherazade, por exemplo.
Mas quem trabalha com palavras é incorrigível; acredita em deuses, procura respostas, namora o improvável, recusa o inexequível. E foi assim que meu amigo começou o projeto de escrever o grande romance da história do Brasil. Traçou o plano literário do jeito que tinha aprendido num desses livros que ensinam a fazer romance, com uma intrincada sucessão de resumos de capítulos que mais parecia aqueles painéis de investigação policial do cinema.
A ideia dele era partir de núcleos familiares em cidades mais antigas e, a partir dos personagens principais, montar pequenos dramas em torno de grandes acontecimentos históricos, até que as famílias fossem se desmembrando por meio de migrações que fizessem um resumo da ocupação do país, como a busca por esmeraldas, o êxodo cearense para o Acre na época da borracha, a Brasília prometida dos candangos, a chegada dos europeus.
Isso tudo ele me contou no espaço de uns três cafezinhos, tão empolgado com a novela, que eu nem tive coragem de dizer que já tinha lido algo bem parecido. Duas semanas nos encontramos novamente, e ele disse que havia dado um tempo na ideia. Falta amadurecer, me disse ele.
E me lembrei de mim mesmo, que cismei de começar a escrever um livro quando estivesse ardendo de febre; achava – como todo jovem acha – que há verdades que só vão aparecer do delírio. Foram meses de espera de uma febre que não vinha; demorou, foi um período em que nem um mísero e vulgar resfriado esteve disponível para meu talento literário.
Quando ela finalmente veio, atacou com a força das febres. E eu fiquei prostrado sem sequer lembrar que pretendia escrever o meu delirante romance, que nunca ganhou uma mísera palavra. Foi quando descobri que o delírio estava mesmo em achar que alguém produz algo bom estando fora de si. Huxley e Castañeda já tinham mostrado isso, mas só a realidade dá a verdadeira dimensão da mediocridade.
Quando ela finalmente veio, atacou com a força das febres. E eu fiquei prostrado sem sequer lembrar que pretendia escrever o meu delirante romance, que nunca ganhou uma mísera palavra. Foi quando descobri que o delírio estava mesmo em achar que alguém produz algo bom estando fora de si. Huxley e Castañeda já tinham mostrado isso, mas só a realidade dá a verdadeira dimensão da mediocridade.
PESTANA, Paulo. O escritor é um sádico. Correio Braziliense, 11 de dezembro de 2023. Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/paulopestana/oescritor-e-um-sadico/. Acesso em: 12 dez. 2023. Adaptado.