“(...) seres não-humanos que se veem sob forma humana deveriam
ver os humanos sob forma não-humana, uma vez que a
humanidade é uma posição e não uma substância, uma
propriedade intrínseca a certa porção de seres. Um porco-do-mato, por exemplo, se vê como humano enquanto vê o humano
como jaguar ou como espírito predador. Ora, todos esses
existentes são, potencialmente, humanos (partilham a mesma
condição de humanidade) apesar de não serem todos da espécie
humana. São todos sujeitos dotados de comportamento,
intencionalidade e consciência, estando inseridos em redes de
parentesco e afinidade, fazendo festas, bebendo cauim,
reportando-se a chefes, fazendo guerra, pintando e decorando
seus corpos.” (SZTUTMAN, Renato. Natureza & Cultura, versão americanista–Um sobrevoo. Ponto
Urbe. Revista do núcleo de antropologia urbana da USP, n. 4, 2009.)
Essa formulação descreve a seguinte perspectiva teórica da
etnologia contemporânea: