Questões de Concurso Sobre português para analista - assistência social
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No que se refere ao texto e a seus aspectos linguísticos, julgue o item a seguir.
Estaria mantida a correção gramatical do texto caso a
forma verbal “contam” (linha 23) estivesse flexionada na
terceira pessoa do singular – conta –, visto que o núcleo
do sujeito da oração é representado por uma
porcentagem.
No que se refere ao texto e a seus aspectos linguísticos, julgue o item a seguir.
O emprego de vírgula após os termos “subsidiado” (linha 9) e “transitórias” (linha 10) justifica‐se por isolar
segmento de sentido explicativo.
No que se refere ao texto e a seus aspectos linguísticos, julgue o item a seguir.
Na linha 3, o emprego do acento indicativo de crase em
“às famílias de baixa renda” justifica‐se pela regência do
termo “propriedade” e pela presença do artigo definido
feminino que precede o substantivo “famílias”.
No que se refere ao texto e a seus aspectos linguísticos, julgue o item a seguir.
No texto, que se caracteriza como
dissertativo‐argumentativo, o aluguel social é
apresentado como alternativa para substituir a política
habitacional no Brasil, marcada pela concessão da
propriedade dos imóveis a famílias de baixa renda.
Sem privacidade
Ainda é possível ter privacidade em meio a celulares, redes sociais e dispositivos outros das mais variadas conexões? Os mais velhos devem se lembrar do tempo em que era feio “ouvir conversa alheia”. Hoje é impossível transitar por qualquer espaço público sem recolher informações pessoais de todo mundo. Viajando de ônibus, por exemplo, acompanham-se em conversas ao celular brigas de casal, reclamações trabalhistas, queixas de pais a filhos e vice-versa, declarações românticas, acordo de negócios, informações técnicas, transmissão de dados e um sem-número de situações de que se é testemunha compulsória. Em clara e alta voz, lances da vida alheia se expõem aos nossos ouvidos, desfazendo-se por completo a fronteira que outrora distinguia entre a intimidade e a mais aberta exposição.
Nas redes sociais, emoções destemperadas convivem com confissões perturbadoras, o humor de mau gosto disputa espaço com falácias políticas – tudo deixando ver que agora o sujeito só pode existir na medida em que proclama para o mundo inteiro seu gosto, sua opinião, seu juízo, sua reação emotiva. É como se todos se obrigassem a deixar bem claro para o resto da humanidade o sentido de sua existência, seu propósito no mundo. A discrição, a fala contida, o recolhimento íntimo parecem fazer parte de uma civilização extinta, de quando fazia sentido proteger os limites da própria individualidade.
Em meio a tais processos da irrestrita divulgação da personalidade, as reticências, a reflexão silenciosa e o olhar contemplativo surgem como sintomas problemáticos de alienação. Impõe-se um tipo de coletivismo no qual todos se obrigam a se falar, na esperança de que sejam ouvidos por todos. Nesse imenso ruído social, a reclamação por privacidade é recebida como o mais condenável egoísmo. Pretender identificar-se como um sujeito singular passou a soar como uma provocação escandalosa, em tempos de celebração do paradigma público da informação.
(Jeremias Tancredo Paz, inédito)