Questões de Concurso Sobre português para analista judiciário - arquitetura
Foram encontradas 436 questões
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Ano: 2022
Banca:
FUMARC
Órgão:
TRT - 3ª Região (MG)
Provas:
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal
|
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – Área Administrativa |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – Área Judiciária |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Medicina (Cardiologia) |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Medicina |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Fisioterapia |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Estatística |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Engenharia de Segurança do Trabalho |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Engenharia Mecânica |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Engenharia Elétrica |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Engenharia Civil |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Comunicação Social |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Arquivologia |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Arquitetura |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Contabilidade |
Q2001681
Português
Texto associado
ASSINALE A RESPOSTA CORRETA.
As palavras e as coisas
Antônio Prata
Entre as sugestões que vieram da editora sobre meu novo livro, havia a
de trocar "índios" por "indígenas". Sempre fui um defensor do politicamente correto. Algumas mudanças na ética verbal, porém, me parecem contraproducentes.
Em certo momento dos anos 90, "favela" virou "comunidade". "Favelado"
era um termo pejorativo e é compreensível que os moradores destas áreas não
quisessem ser chamados assim, mas mudar para "morador de comunidade", embora amacie na semântica, não leva água encanada, esgoto e luz para ninguém.
Pelo contrário.
A gente ouve "comunidade" e dá a impressão de que aquelas pessoas
estão todas de mãos dadas fazendo uma ciranda em torno da horta orgânica, não
apinhando-se em condições sub-humanas, sem esgoto, asfalto, educação, saúde.
Talvez fosse bom deixarmos o incômodo nos tomar toda vez que disséssemos ou ouvíssemos "favela" ou "favelados". Nosso objetivo deveria ser dar condições de vida decente praquela gente, não nos sentirmos confortáveis ao mencioná-la.
O mesmo vale para "morador em situação de rua". Parece que o cara teve
um problema pra voltar pra casa numa terça, dormiu "em situação de rua" num
4
ponto de ônibus e na quarta vai retornar ao conforto do lar. É mentira. A pessoa
que mora na rua tá ferrada, é alguém que perdeu tudo na vida, até virar "mendigo".
"Mendigo" é um termo horrível não porque as vogais e consoantes se juntem de forma deselegante, mas pelo que ele nomeia: gente que dorme na calçada,
revira lixo pra comer, não tem sequer acesso a um banheiro. Mas quando a gente
fala "morador em situação de rua" vem junto o mesmo morninho no coração de
"comunidade": essa situação, pensamos, é temporária. Vai mudar. Logo, logo, ele
estará em outra.
Não, não estará se não nos indignarmos com a indigência e agirmos. Algumas palavras têm que doer, porque a realidade dói. Do contrário, a linguagem
deixa de ser uma ferramenta que busca representar a vida como ela é e se torna
um tapume nos impedindo de enxergá-la.
Sobre "índios" e "indígenas", li alguns textos. Os argumentos giram em
torno do fato de "índio" ter se tornado um termo pejorativo, ligado aos preconceitos
que os brancos sempre tiveram com os povos originários da América: preguiçosos,
atrasados, primitivos.
Tá certo. Mas o problema, pensei, não tá no termo "índio", tá no preconceito do branco. Outro dia ouvi num podcast americano um escritor judeu indignado porque ele, que sempre chamou os de sua religião de "jews" (judeus), agora
tinha que dizer "jewish people" (pessoas judias). Como se houvesse algo de errado
em ser judeu, ele disse. Como se a mudança na nomenclatura incorporasse o preconceito, quando deveria ser justamente o contrário, feito os negros americanos
dos anos 70 dizendo "say it loud, I’m black and I’m proud!" ("diga alto, sou preto e
tenho orgulho!").
Eu estava errado. Fui salvo da ignorância por minha querida prima antropóloga, Florência Ferrari, e pelo mestre Sérgio Rodrigues. "Indígena" vem de "endógeno", aquele que pertence a um lugar. Ou seja: "povos indígenas" dão uma
ideia da multiplicidade de etnias que aqui estavam. "Índio" é uma generalização
preconceituosa, tipo "paraíba", no Rio, para se referir a qualquer nordestino ou
nortista. Maravilha. Sai "índio". Entra "indígena". Viva a Paraíba.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2022/07/aspalavras-e-as-coisas.shtml (Adaptado) Acesso em: 22 set. 2022,
As palavras destacadas foram corretamente interpretadas entre parênteses, EXCETO em:
Ano: 2022
Banca:
FUMARC
Órgão:
TRT - 3ª Região (MG)
Provas:
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal
|
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – Área Administrativa |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – Área Judiciária |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Medicina (Cardiologia) |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Medicina |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Fisioterapia |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Estatística |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Engenharia de Segurança do Trabalho |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Engenharia Mecânica |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Engenharia Elétrica |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Engenharia Civil |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Comunicação Social |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Arquivologia |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Arquitetura |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Contabilidade |
Q2001680
Português
Texto associado
ASSINALE A RESPOSTA CORRETA.
As palavras e as coisas
Antônio Prata
Entre as sugestões que vieram da editora sobre meu novo livro, havia a
de trocar "índios" por "indígenas". Sempre fui um defensor do politicamente correto. Algumas mudanças na ética verbal, porém, me parecem contraproducentes.
Em certo momento dos anos 90, "favela" virou "comunidade". "Favelado"
era um termo pejorativo e é compreensível que os moradores destas áreas não
quisessem ser chamados assim, mas mudar para "morador de comunidade", embora amacie na semântica, não leva água encanada, esgoto e luz para ninguém.
Pelo contrário.
A gente ouve "comunidade" e dá a impressão de que aquelas pessoas
estão todas de mãos dadas fazendo uma ciranda em torno da horta orgânica, não
apinhando-se em condições sub-humanas, sem esgoto, asfalto, educação, saúde.
Talvez fosse bom deixarmos o incômodo nos tomar toda vez que disséssemos ou ouvíssemos "favela" ou "favelados". Nosso objetivo deveria ser dar condições de vida decente praquela gente, não nos sentirmos confortáveis ao mencioná-la.
O mesmo vale para "morador em situação de rua". Parece que o cara teve
um problema pra voltar pra casa numa terça, dormiu "em situação de rua" num
4
ponto de ônibus e na quarta vai retornar ao conforto do lar. É mentira. A pessoa
que mora na rua tá ferrada, é alguém que perdeu tudo na vida, até virar "mendigo".
"Mendigo" é um termo horrível não porque as vogais e consoantes se juntem de forma deselegante, mas pelo que ele nomeia: gente que dorme na calçada,
revira lixo pra comer, não tem sequer acesso a um banheiro. Mas quando a gente
fala "morador em situação de rua" vem junto o mesmo morninho no coração de
"comunidade": essa situação, pensamos, é temporária. Vai mudar. Logo, logo, ele
estará em outra.
Não, não estará se não nos indignarmos com a indigência e agirmos. Algumas palavras têm que doer, porque a realidade dói. Do contrário, a linguagem
deixa de ser uma ferramenta que busca representar a vida como ela é e se torna
um tapume nos impedindo de enxergá-la.
Sobre "índios" e "indígenas", li alguns textos. Os argumentos giram em
torno do fato de "índio" ter se tornado um termo pejorativo, ligado aos preconceitos
que os brancos sempre tiveram com os povos originários da América: preguiçosos,
atrasados, primitivos.
Tá certo. Mas o problema, pensei, não tá no termo "índio", tá no preconceito do branco. Outro dia ouvi num podcast americano um escritor judeu indignado porque ele, que sempre chamou os de sua religião de "jews" (judeus), agora
tinha que dizer "jewish people" (pessoas judias). Como se houvesse algo de errado
em ser judeu, ele disse. Como se a mudança na nomenclatura incorporasse o preconceito, quando deveria ser justamente o contrário, feito os negros americanos
dos anos 70 dizendo "say it loud, I’m black and I’m proud!" ("diga alto, sou preto e
tenho orgulho!").
Eu estava errado. Fui salvo da ignorância por minha querida prima antropóloga, Florência Ferrari, e pelo mestre Sérgio Rodrigues. "Indígena" vem de "endógeno", aquele que pertence a um lugar. Ou seja: "povos indígenas" dão uma
ideia da multiplicidade de etnias que aqui estavam. "Índio" é uma generalização
preconceituosa, tipo "paraíba", no Rio, para se referir a qualquer nordestino ou
nortista. Maravilha. Sai "índio". Entra "indígena". Viva a Paraíba.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2022/07/aspalavras-e-as-coisas.shtml (Adaptado) Acesso em: 22 set. 2022,
Em todos os trechos, há interlocução, EXCETO em:
Ano: 2022
Banca:
FUMARC
Órgão:
TRT - 3ª Região (MG)
Provas:
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal
|
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – Área Administrativa |
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FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Medicina (Cardiologia) |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Medicina |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Fisioterapia |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Estatística |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Engenharia de Segurança do Trabalho |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Engenharia Mecânica |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Engenharia Elétrica |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Engenharia Civil |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Comunicação Social |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Arquivologia |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Arquitetura |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Contabilidade |
Q2001679
Português
Texto associado
ASSINALE A RESPOSTA CORRETA.
As palavras e as coisas
Antônio Prata
Entre as sugestões que vieram da editora sobre meu novo livro, havia a
de trocar "índios" por "indígenas". Sempre fui um defensor do politicamente correto. Algumas mudanças na ética verbal, porém, me parecem contraproducentes.
Em certo momento dos anos 90, "favela" virou "comunidade". "Favelado"
era um termo pejorativo e é compreensível que os moradores destas áreas não
quisessem ser chamados assim, mas mudar para "morador de comunidade", embora amacie na semântica, não leva água encanada, esgoto e luz para ninguém.
Pelo contrário.
A gente ouve "comunidade" e dá a impressão de que aquelas pessoas
estão todas de mãos dadas fazendo uma ciranda em torno da horta orgânica, não
apinhando-se em condições sub-humanas, sem esgoto, asfalto, educação, saúde.
Talvez fosse bom deixarmos o incômodo nos tomar toda vez que disséssemos ou ouvíssemos "favela" ou "favelados". Nosso objetivo deveria ser dar condições de vida decente praquela gente, não nos sentirmos confortáveis ao mencioná-la.
O mesmo vale para "morador em situação de rua". Parece que o cara teve
um problema pra voltar pra casa numa terça, dormiu "em situação de rua" num
4
ponto de ônibus e na quarta vai retornar ao conforto do lar. É mentira. A pessoa
que mora na rua tá ferrada, é alguém que perdeu tudo na vida, até virar "mendigo".
"Mendigo" é um termo horrível não porque as vogais e consoantes se juntem de forma deselegante, mas pelo que ele nomeia: gente que dorme na calçada,
revira lixo pra comer, não tem sequer acesso a um banheiro. Mas quando a gente
fala "morador em situação de rua" vem junto o mesmo morninho no coração de
"comunidade": essa situação, pensamos, é temporária. Vai mudar. Logo, logo, ele
estará em outra.
Não, não estará se não nos indignarmos com a indigência e agirmos. Algumas palavras têm que doer, porque a realidade dói. Do contrário, a linguagem
deixa de ser uma ferramenta que busca representar a vida como ela é e se torna
um tapume nos impedindo de enxergá-la.
Sobre "índios" e "indígenas", li alguns textos. Os argumentos giram em
torno do fato de "índio" ter se tornado um termo pejorativo, ligado aos preconceitos
que os brancos sempre tiveram com os povos originários da América: preguiçosos,
atrasados, primitivos.
Tá certo. Mas o problema, pensei, não tá no termo "índio", tá no preconceito do branco. Outro dia ouvi num podcast americano um escritor judeu indignado porque ele, que sempre chamou os de sua religião de "jews" (judeus), agora
tinha que dizer "jewish people" (pessoas judias). Como se houvesse algo de errado
em ser judeu, ele disse. Como se a mudança na nomenclatura incorporasse o preconceito, quando deveria ser justamente o contrário, feito os negros americanos
dos anos 70 dizendo "say it loud, I’m black and I’m proud!" ("diga alto, sou preto e
tenho orgulho!").
Eu estava errado. Fui salvo da ignorância por minha querida prima antropóloga, Florência Ferrari, e pelo mestre Sérgio Rodrigues. "Indígena" vem de "endógeno", aquele que pertence a um lugar. Ou seja: "povos indígenas" dão uma
ideia da multiplicidade de etnias que aqui estavam. "Índio" é uma generalização
preconceituosa, tipo "paraíba", no Rio, para se referir a qualquer nordestino ou
nortista. Maravilha. Sai "índio". Entra "indígena". Viva a Paraíba.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2022/07/aspalavras-e-as-coisas.shtml (Adaptado) Acesso em: 22 set. 2022,
Sobre a constituição do texto, é correto afirmar, EXCETO:
Ano: 2022
Banca:
FUMARC
Órgão:
TRT - 3ª Região (MG)
Provas:
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal
|
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – Área Administrativa |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário – Área Judiciária |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Medicina (Cardiologia) |
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FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Engenharia Mecânica |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Engenharia Elétrica |
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FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Arquivologia |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Arquitetura |
FUMARC - 2022 - TRT - 3ª Região (MG) - Analista Judiciário - Contabilidade |
Q2001678
Português
Texto associado
ASSINALE A RESPOSTA CORRETA.
As palavras e as coisas
Antônio Prata
Entre as sugestões que vieram da editora sobre meu novo livro, havia a
de trocar "índios" por "indígenas". Sempre fui um defensor do politicamente correto. Algumas mudanças na ética verbal, porém, me parecem contraproducentes.
Em certo momento dos anos 90, "favela" virou "comunidade". "Favelado"
era um termo pejorativo e é compreensível que os moradores destas áreas não
quisessem ser chamados assim, mas mudar para "morador de comunidade", embora amacie na semântica, não leva água encanada, esgoto e luz para ninguém.
Pelo contrário.
A gente ouve "comunidade" e dá a impressão de que aquelas pessoas
estão todas de mãos dadas fazendo uma ciranda em torno da horta orgânica, não
apinhando-se em condições sub-humanas, sem esgoto, asfalto, educação, saúde.
Talvez fosse bom deixarmos o incômodo nos tomar toda vez que disséssemos ou ouvíssemos "favela" ou "favelados". Nosso objetivo deveria ser dar condições de vida decente praquela gente, não nos sentirmos confortáveis ao mencioná-la.
O mesmo vale para "morador em situação de rua". Parece que o cara teve
um problema pra voltar pra casa numa terça, dormiu "em situação de rua" num
4
ponto de ônibus e na quarta vai retornar ao conforto do lar. É mentira. A pessoa
que mora na rua tá ferrada, é alguém que perdeu tudo na vida, até virar "mendigo".
"Mendigo" é um termo horrível não porque as vogais e consoantes se juntem de forma deselegante, mas pelo que ele nomeia: gente que dorme na calçada,
revira lixo pra comer, não tem sequer acesso a um banheiro. Mas quando a gente
fala "morador em situação de rua" vem junto o mesmo morninho no coração de
"comunidade": essa situação, pensamos, é temporária. Vai mudar. Logo, logo, ele
estará em outra.
Não, não estará se não nos indignarmos com a indigência e agirmos. Algumas palavras têm que doer, porque a realidade dói. Do contrário, a linguagem
deixa de ser uma ferramenta que busca representar a vida como ela é e se torna
um tapume nos impedindo de enxergá-la.
Sobre "índios" e "indígenas", li alguns textos. Os argumentos giram em
torno do fato de "índio" ter se tornado um termo pejorativo, ligado aos preconceitos
que os brancos sempre tiveram com os povos originários da América: preguiçosos,
atrasados, primitivos.
Tá certo. Mas o problema, pensei, não tá no termo "índio", tá no preconceito do branco. Outro dia ouvi num podcast americano um escritor judeu indignado porque ele, que sempre chamou os de sua religião de "jews" (judeus), agora
tinha que dizer "jewish people" (pessoas judias). Como se houvesse algo de errado
em ser judeu, ele disse. Como se a mudança na nomenclatura incorporasse o preconceito, quando deveria ser justamente o contrário, feito os negros americanos
dos anos 70 dizendo "say it loud, I’m black and I’m proud!" ("diga alto, sou preto e
tenho orgulho!").
Eu estava errado. Fui salvo da ignorância por minha querida prima antropóloga, Florência Ferrari, e pelo mestre Sérgio Rodrigues. "Indígena" vem de "endógeno", aquele que pertence a um lugar. Ou seja: "povos indígenas" dão uma
ideia da multiplicidade de etnias que aqui estavam. "Índio" é uma generalização
preconceituosa, tipo "paraíba", no Rio, para se referir a qualquer nordestino ou
nortista. Maravilha. Sai "índio". Entra "indígena". Viva a Paraíba.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2022/07/aspalavras-e-as-coisas.shtml (Adaptado) Acesso em: 22 set. 2022,
Sobre o gênero do texto, é CORRETO dizer que se trata de
Ano: 2022
Banca:
FCC
Órgão:
TRT - 5ª Região (BA)
Provas:
FCC - 2022 - TRT - 5ª Região (BA) - Analista Judiciário - Área Administrativa - Contabilidade
|
FCC - 2022 - TRT - 5ª Região (BA) - Analista Judiciário - Tecnologia da Informação |
FCC - 2022 - TRT - 5ª Região (BA) - Analista Judiciário - Arquitetura |
FCC - 2022 - TRT - 5ª Região (BA) - Analista Judiciário - Arquivologia |
FCC - 2022 - TRT - 5ª Região (BA) - Analista Judiciário - Engenharia de Segurança do Trabalho |
FCC - 2022 - TRT - 5ª Região (BA) - Analista Judiciário - Engenharia Elétrica |
FCC - 2022 - TRT - 5ª Região (BA) - Analista Judiciário - Engenharia Civil |
FCC - 2022 - TRT - 5ª Região (BA) - Analista Judiciário - Engenharia |
FCC - 2022 - TRT - 5ª Região (BA) - Analista Judiciário - Estatística |
FCC - 2022 - TRT - 5ª Região (BA) - Analista Judiciário - Psiquiatria |
FCC - 2022 - TRT - 5ª Região (BA) - Analista Judiciário - Medicina |
FCC - 2022 - TRT - 5ª Região (BA) - Analista Judiciário - Psicologia |
FCC - 2022 - TRT - 5ª Região (BA) - Analista Judiciário - Serviço Social |
Q1992394
Português
Texto associado
Esta velha angústia,
Esta angústia que trago há séculos em mim,
Transbordou da vasilha,
Em lágrimas, em grandes imaginações,
Em sonhos em estilo de pesadelo sem terror,
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum.
Transbordou.
Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar-entre,
Este quase,
Este poder ser que...,
Isto.
Um internado num manicômio é, ao menos, alguém.
Eu sou um internado num manicômio sem manicômio.
Estou doido a frio,
Estou lúcido e louco,
Estou alheio a tudo e igual a todos:
Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura
Porque não são sonhos.
Estou assim...
(Fernando Pessoa. Obra poética. Rio de Janeiro:
Editora Nova Aguilar, 1997)
As palavras podem mudar de classe gramatical sem sofrer modificação na forma. A este processo de enriquecimento vocabular pela mudança de classe das palavras dá-se o nome de “derivação imprópria”.
(Adaptado de CUNHA, Celso. Gramática essencial. Rio de Janeiro: Lexikon, 2013)
Constitui exemplo de derivação imprópria o vocábulo sublinhado em:
(Adaptado de CUNHA, Celso. Gramática essencial. Rio de Janeiro: Lexikon, 2013)
Constitui exemplo de derivação imprópria o vocábulo sublinhado em: