Questões de Concurso Comentadas sobre português para professor - ensino religioso

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Q2248436 Português

Cora Coralina


       Cora Coralina (1889-1985) foi uma poetisa e contista brasileira. Publicou seu primeiro livro quando tinha 75 anos e tornou-se uma das vozes femininas mais relevantes da literatura nacional.

      Ana Lins dos Guimarães Peixoto, conhecida como Cora Coralina, nasceu na cidade de Goiás, no Estado de Goiás, no dia 20 de agosto de 1889. Filha de Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, desembargador nomeado por Dom Pedro II, e de Jacinta Luísa do Couto Brandão, cursou apenas até a terceira série do curso primário.

     Em 1965, com 75 anos, Cora Coralina conseguiu realizar seu sonho de publicar o primeiro livro, “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais”.

      Em 1970, tomou posse da cadeira nº 5 da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás. Em 1976, lançou seu segundo livro, “Meu Livro de Cordel”. O interesse do grande público só foi despertado graças aos elogios do poeta Carlos Drummond de Andrade, em 1980.

    Nos últimos anos de vida, sua obra foi reconhecida, sendo a autora convidada para participar de conferências e programas de televisão. Cora Coralina foi agraciada com o título de Doutor Honoris Causa da UFG.

    Cora Coralina recebeu o “Prêmio Juca Pato” da União Brasileira dos Escritores como intelectual do ano de 1983, com o livro “Vintém de Cobre: Meias Confissões de Aninha”.

    Em 1984, foi nomeada para a Academia Goiana de Letras, ocupando a cadeira nº 38.

   A poetisa, que escreveu sobre seu tempo e sobre o futuro destacando a realidade das mulheres dos anos de 1900, é o principal nome da cidade de Goiás. Em 2002, a cidade de Goiás, com sua paisagem urbana predominantemente marcada pela arquitetura dos séculos XVIII e XIX, recebeu o título de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, dado pela Unesco. A casa onde morou a poetisa Cora Coralina é hoje o museu da escritora.

    Cora Coralina faleceu em Goiânia, Goiás, no dia 10 de abril de 1985.

(Fonte: Ebiografia — adaptado.)
Sobre o uso da crase, assinalar a alternativa CORRETA: 
Alternativas
Ano: 2023 Banca: OBJETIVA Órgão: Prefeitura de Lavras do Sul - RS Provas: OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Professor - Ciências | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Professor - Educação Artística | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Professor - Educação Especial | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Professor - Educação Física | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Professor - Espanhol | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Professor - Geografia | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Professor - História | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Professor - Inglês | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Professor - Matemática | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Professor - Português | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Professor de Cultura Afro-Indígena | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Professor de Ensino Religioso | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Arquiteto | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Biólogo | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Cirurgião Dentista | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Enfermeiro(a) | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Farmacêutico | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Fisioterapeuta | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Geólogo | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Médico - Clínico Geral | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Turismólogo | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Psicólogo | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Assistente Social | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Engenheiro Eletricista | OBJETIVA - 2023 - Prefeitura de Lavras do Sul - RS - Nutricionista |
Q2188750 Português
As misteriosas espirais de luz que surgiram na aurora boreal do Alasca

   Uma espiral luminosa foi vista sob o céu do Alasca no mês de abril — foi uma cena ainda mais surpreendente do que a aurora boreal em si, que havia atraído vários espectadores para a região. Mas, afinal, que acontecimento misterioso e belo era aquele?
   “O que nós finalmente conseguimos descobrir é que a SpaceX lançou um foguete Falcon 9 partindo de Vandenberg (na Califórnia)”, explicou à BBC Don Hampton, pesquisador na área de geofísica da Universidade do Alasca Fairbanks. O Falcon 9 é um foguete de dois estágios — em um dado momento, o primeiro estágio se separa do segundo, que segue para a órbita.
   “Ou teve uma combustão para que o segundo estágio voltasse da órbita, o que acabou liberando basicamente vapor d'água, que congelou; ou houve o descarte de combustível, para que o segundo estágio ficasse mais leve. E quando isso sai (o combustível) no espaço gelado, ele se transforma em pequenos cristais de gelo. Os cristais de gelo refletem a luz do Sol, e nós podemos ver isso em terra. O foguete em si estava em movimento espiral, então, quando houve a liberação (de vapor ou de combustível), surgiu esse efeito com aparência espiral”, explica Hampton.
   A empresa SpaceX, do bilionário Elon Musk, fez lançamentos do Falcon 9 e de pequenos satélites no sábado. O desenvolvimento do Falcon 9 já passou por algumas falhas, como explosões logo após o lançamento e o abandono de um foguete por falta de combustível. Mas, dessa vez, a empresa considerou os feitos do último sábado bem-sucedidos.
   O geólogo e fotógrafo americano Todd Salat, que se autointitula o “caçador da aurora”, capturou uma das imagens mais compartilhadas da espiral luminosa causada pelo Falcon 9. “Um giro intrigante no céu se movimentava pela aurora e aparecia sobre o cume Donnelly Dome no Alasca (...) Quando essa espiral brilhante veio em minha direção, crescendo rapidamente, pensei: O que é isso?!”, escreveu Salat em seu site.
   Antes que o mistério fosse resolvido, várias imagens e postagens nas redes sociais abordaram o evento misterioso, especulando do que se tratava. Don Hampton explica que efeitos visuais parecidos já haviam sido observados antes, durante a aurora boreal, por conta de lançamentos de foguetes. “Gostaria que outros acontecimentos científicos recebessem tanta atenção assim”, brincou, com um fundo de verdade, o pesquisador.
(Fonte: BBC News Brasil - adaptado.)
Sobre os recursos coesivos empregados no texto, analisar os itens abaixo: 
I. A palavra “que” em “[...] que havia atraído vários espectadores [...]”, no primeiro parágrafo, refere-se à “aurora boreal”. II. A palavra “então” em “[...] então, quando houve a liberação [...]”, no terceiro parágrafo, expressa o sentido de explicação. III. A locução “[...] por conta de [...]”, no último parágrafo, pode ser substituída por “devido aos”.

Está(ão) CORRETO(S):
Alternativas
Ano: 2023 Banca: BRB Órgão: Prefeitura de Borda da Mata - MG Provas: BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Assistente Social | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Psicólogo | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor II -Inglês | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor II - Matemática | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor II - Língua Portuguesa | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor II - História | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Cirurgião Dentista / Cirurgião Dentista PSF | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Contador | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Educador Físico | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Engenheiro Civil | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Farmacêutico | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Fisioterapeuta | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Médico Pediatra | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Médico Cardiologista | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Médico do Trabalho | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Médico Oftamologista | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Médico PSF | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Médico Psiquiatra | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Médico Veterinário | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Oficial Administrativo | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Procurador Municipal | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor II - Geografia | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor II - Ensino Religioso | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor II - Educação Física | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor II - Ciências | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor I | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor II - Artes |
Q2108992 Português
Segundo as regras de escrita da Gramática normativa, assinale a alternativa que se apresenta inteiramente correta.
Alternativas
Ano: 2023 Banca: BRB Órgão: Prefeitura de Borda da Mata - MG Provas: BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Assistente Social | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Psicólogo | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor II -Inglês | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor II - Matemática | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor II - Língua Portuguesa | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor II - História | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Cirurgião Dentista / Cirurgião Dentista PSF | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Contador | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Educador Físico | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Engenheiro Civil | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Farmacêutico | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Fisioterapeuta | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Médico Pediatra | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Médico Cardiologista | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Médico do Trabalho | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Médico Oftamologista | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Médico PSF | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Médico Psiquiatra | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Médico Veterinário | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Oficial Administrativo | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Procurador Municipal | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor II - Geografia | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor II - Ensino Religioso | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor II - Educação Física | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor II - Ciências | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor I | BRB - 2023 - Prefeitura de Borda da Mata - MG - Professor II - Artes |
Q2108986 Português
Leia o texto I abaixo que serve de referência para análise da questão.

Texto I

A Teoria da Dependência e a Institucionalização do Atraso

   Em 1800 o PIB per capita brasileiro era igual ao americano. Em 1913 o PIB americano já era sete vezes maior que o brasileiro (1). Tivemos crescimento econômico quase zero no século XIX. Foi ali que o Brasil ficou para trás. Ao contrário do que aconteceu nos EUA, nossa independência em 1822 não abriu as portas para a industrialização da economia. Permanecemos com uma economia agrária, de baixa produtividade. O transporte era inexistente. A inexistência de mercados de crédito e capital impossibilitava aos empreendedores importar tecnologia para a indústria. Nossa economia e nossas finanças públicas dependiam da exportação de algodão e açúcar e, posteriormente, de café. Essa situação só começou a mudar na última década do século XIX, com a (lenta) introdução das ferrovias e a queda do custo de transporte. O atraso no desenvolvimento do Brasil no século XIX foi causado pelas características intrínsecas da economia brasileira. A culpa foi exclusivamente nossa. Tudo isso está documentado.
   Mas alguns de nossos historiadores, antropólogos, sociólogos e economistas preferiram ignorar os dados históricos e criaram a Teoria da Dependência. Essa teoria culpa os países desenvolvidos pelo nosso atraso. Essa escola de pensamento, da qual fizeram parte intelectuais celebrados como Celso Furtado, rejeita o uso sistemático de dados quantitativos para testar hipóteses. E vai mais além: alguns de seus teóricos argumentam que as leis econômicas que regem as economias desenvolvidas não se aplicam aos países em desenvolvimento. Somos subdesenvolvidos porque isso interessa aos países do primeiro mundo, diz a teoria.
      Parece piada. Mas é sério.
   A Teoria da Dependência afirma que o comércio internacional é a causa de nossa pobreza – ao contrário do que mostra toda a história da humanidade. É esse raciocínio que criou a política de “substituição de importações” – aquela que ainda faz o brasileiro pagar uma fortuna por lixo made in Brazil, em vez de importar tecnologia de primeira linha, o que aumentaria a produtividade, geraria riqueza e espalharia progresso pela economia. É esse raciocínio que diz que você só pode trazer 1.000 dólares em mercadoria de uma viagem ao exterior (até pouco tempo o limite era de 500 dólares). É esse raciocínio que nos deu o iPhone mais caro do mundo.
  A Teoria da Dependência é inconsistente com os dados econômicos e não consegue explicar a evolução histórica da nossa economia. Mesmo assim, a Teoria da Dependência ainda é a base dos estudos históricos econômicos na América Latina e está entranhada nos livros-texto de nossas escolas e universidades. Uma mentira repetida mil vezes vira verdade.
  O comércio exterior é uma das maiores fontes de enriquecimento das nações. Exportando aquilo que fazem melhor e importando aquilo que, por várias razões, não conseguem produzir com eficiência, os países melhoram as condições de vida de suas populações e caminham em direção ao desenvolvimento.
     A Teoria da Dependência disseminou em nossa cultura um preconceito profundo contra o comércio internacional. As raízes criadas por essa visão ideologizada do comércio explicam o desempenho medíocre do Brasil no cenário internacional: somando importações e exportações, o total do nosso comércio internacional corresponde a menos de 30% do Produto Interno Bruto, enquanto em países como China, Índia, México e Rússia essa participação está acima de 50% e no Chile ultrapassa os 70%.
   No Brasil, exportar e importar envolvem muita burocracia e o Estado é sempre um elemento complicador. Enquanto o custo de exportar um container é de 620 dólares na China, de 1.450 no México e de 1.650 na Argentina, no Brasil esse custo ultrapassa os 2.200 dólares. Importações continuam sendo vistas, em nossa cultura e por nossos homens públicos, como algo negativo, a ser evitado a todo custo. Isso cria inúmeras oportunidades para a criação de tarifas de proteção de mercado que, na verdade, protegem apenas alguns produtores à custa de toda a sociedade, que é forçada a pagar mais caro por produtos inferiores fabricados no Brasil.
   Essa fabricação nacional, muitas vezes, consiste apenas em encaixar peças importadas e colocar uma plaquinha made in Brazil. A falácia dessa visão negativa do comércio exterior e das importações já foi desmistificada por Henry Hazlitt em Economia em Uma Só Lição (2):
   A única coisa que supera o medo de importar, que afeta todas as nações, é o desejo patológico de exportar. Nada pode ser mais inconsistente do ponto de vista lógico. [...] É através delas (as importações) que os consumidores conseguem comprar no exterior produtos a preços melhores do que seria possível comprar de produtores nacionais, ou produtos que não existem no país. A verdadeira razão pela qual um país exporta é para pagar por suas importações.
    O comércio exterior continua sendo visto como uma relação em que existe um ganhador e um perdedor. Graças à Teoria da Dependência, há muitas décadas, os consumidores brasileiros estão sujeitos a políticas de substituição de importações, principalmente na forma de tarifas que tornam a compra de produtos importados – seja um carro, uma máquina ou um serviço – muito mais cara.

(1) How Latin America Fell Behind: Essays on the Economic Histories of Brazil and Mexico, 1800-1914, Stanford University Press, 1997, p. 1.

(2) Henry Hazlitt, Economics in One Lesson, Three Rivers Press, 1979, p. 85 e p. 89.

 (https://www.robertomotta.com.br/artigos/a-teoria-da-dependencia-e-a-institucionalizacao-do-atraso/ adaptado)
Conforme as ideias defendidas pelo autor, mostra-se como um equívoco de pensamento a afirmação feita no texto I em: 
Alternativas
Q2086761 Português

Ainda dá tempo? O interrompido sonho de futuro


Talvez resida na contradição expressa na convergência entre continuar correndo nas redes virtuais, ainda que imobilizado em casa, um jeito de não enlouquecer.


    Parar o tempo. Voltar no tempo. Avançar no tempo. Três desejos associados à felicidade que até foram realizados pela Covid-19, mas como tragédia. O ser humano sonhou errado?

    A humanidade é ambígua ao se relacionar com o tempo. Na prática, vive o presente. Na fantasia, adora o passado. De verdade, só pensa em antecipar o futuro. Era assim. Mas mudou com a Covid-19. Como um hacker, o confinamento associado à longa pandemia foi desconfigurando o algoritmo do psiquismo humano: mais de 600 mil mortes, mais de 500 dias e toneladas de dor, raiva e frustração depois, a saída é dar ctrl+alt+del e reiniciar a relação com este deus – ou deusa – chamado tempo.

    Exagerada, a humanidade sonhou tão intensamente com o futuro que estressou o próprio tempo, que agora nos revela o modelito híbrido – um tipo de tempo mais confuso ainda. Teremos saúde mental para lidar com a instabilidade que reside nele?

    A pandemia interrompeu o fluxo livre dos nossos desejos. Nessa medida, foi bom. Isso porque o sonho humano de controlar o tempo nunca foi inócuo. Apontava para a determinação da espécie humana em estar no controle das vidas, de todas as vidas, incluindo a vida das outras espécies que habitam o planeta, também para além da vida, na governança do legado de quem já faleceu. Nem na ficção científica isto costuma dar certo.

    É tudo delírio da humanidade, porque o tempo sempre fluiu a seu capricho, poderoso e soberano. Mas imaginávamos que fosse sempre para a frente, na direção do futuro. Não foi. Veio o passado. Ou a nítida sensação de que voltamos ao passado. De tal modo que hoje estamos entre o futuro e o passado, construindo um presente volátil e, ao mesmo tempo, permanente.

    Povos ancestrais marcam o tempo com fenômenos naturais dos quais participam ao vivo. Nós também. Sem aulas presenciais – decisão necessária – as crianças isoladas em casa não viram, por exemplo, os dentinhos de leite das outras crianças da turma caírem. Nem tiveram a alegria de lhes mostrar suas bocas banguelas também. Um ritual da infância. Meninas menstruaram pela primeira vez sem ter como compartilhar essa emoção com as amigas, ao vivo. Um ritual da adolescência. E como terá sido relacionar-se sexualmente com alguém pela primeira vez nas fases mais críticas da pandemia? Paixão, prazer, insegurança e possivelmente medos – incluindo, agora, o de se contaminar.

    Na pandemia, rituais naturais e auspiciosos que registram a passagem do tempo foram substituídos por outros, mórbidos, como acompanhar o ciclo de 14 dias do coronavírus de pessoas próximas. Ou o ciclo de uma intubação, com final feliz ou não. Rituais ao vivo são marcadores de tempo da vida. E tanto a vida como seus marcadores de tempo têm sido maculados desde 2020.

    O isolamento social e o receio da contaminação também agravaram as intolerâncias. Quem ainda aguenta se olhar no espelho? Descobri que o verbo olhar, em “olhar-se no espelho”, não é intransitivo coisa nenhuma. É transitivo: uma ação de início, meio e fim, e com complemento verbal. Olhar-se no espelho precisa ter um objetivo não narcísico ou íntimo, como sair de casa ou receber alguém. Na pandemia, olhar-se no espelho foi perdendo a graça.

    Abrir os armários de roupa hoje me provoca uma sensação estranha. As peças perderam a anima e, fantasmagoricamente, parecem ser de uma outra pessoa que viveu remotamente, e que não sou eu. Que aberração psíquica é esta de construir o seu próprio e indesejável museu? Um museu que ninguém visita.

    Passamos a dedicar mais amor aos banheiros e a verificar a quantidade de rejuntes necessários nos azulejos no box, no piso e ao redor da pia. Esfregamos com toda a força qualquer sujeirinha recém-descoberta, para depois ignorála de novo. Vida que segue.

    Vestir-se ficou automático – o esmero é só da cintura pra cima, parte que aparece nas lives. Os batons ganharam insignificância por causa das máscaras. E os sapatos novos mofaram ou deixaram de caber nos pés – cujas plantas alargaram – de tanto ficarem descalços. A ortopedia vem registrando um número inédito de dedinhos mínimos fraturados por topadas em móveis. Na pandemia, todo mundo ficou mais corcunda, grisalho, careca e… perdido no tempo. A esperança? Agilizar tudo para que um futuro melhor chegue depressa.

    É sobretudo no mundo digital que a urgência em alcançar o futuro se manifesta. A paixão pela velocidade virtual inebria, vicia e concretiza a obstinação da humanidade em prematurar o tempo. Confinados, ficamos ainda mais ávidos por experienciar processos que fluem com rapidez, como quando consumimos online. E talvez resida justamente nessa contradição, expressa na convergência entre continuar correndo nas redes virtuais, ainda que imobilizado em casa, um jeito de não enlouquecer.

    Não há previsão de como a humanidade irá se relacionar com o tempo após esse rewind, que drasticamente conectou passado e presente, e, como se não bastasse, estragou o futuro imediato que parecia tão promissor. Nessa direção, imagino também que o tema do idadismo se expandirá com novas reflexões relacionadas a percepções díspares do tempo entre quem é pessoa adulta hoje e as crianças nascidas em 2020 e 2021. Conflitos intergeracionais irão se agravar em casa e no ambiente de trabalho?

    Enfim, em qual matemática a humanidade poderá confiar, se a história parou e o tempo voltou? Cem anos não serão mais 100 anos. Podem ser bem mais ou bem menos. Busca-se desesperadamente um algoritmo novo. Evoluído o suficiente para calcular a distância temporal que, agora se sabe, é mutante.


(WERNECK, Claudia. Ainda dá tempo? O interrompido sonho de futuro. Nexo, 2021. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/ensaio /2021/Ainda-d%C3%A1-tempo-O-interrompido-sonho-defuturo. Acesso em: 31/12/2021.)

Em “Na pandemia, todo mundo ficou mais corcunda, grisalho, careca e… perdido no tempo.” (11º§), o emprego das reticências tem a função de:
Alternativas
Respostas
6: D
7: C
8: D
9: C
10: A