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Q2496386 Português

Barata entende


    Nesta casa, quando vim para cá, havia muitas baratas. Grandes, lentas, parecidas umas com as outras. Eram vistas à noite saindo da cozinha e passavam por mim, muitas vezes, aos pares, como as mulheres amigas que passeiam conversando.

    Havia uma que não se juntava com as outras e era diferente. Um pouco mais clara, talvez. Mais alazã. Essa, quando eu estava escrevendo, se punha defronte, em cima da Antologia poética, de Vinicius de Moraes, e ficava me olhando. A princípio, a testemunha, a vigilância, sua simples presença me causava um certo desconforto. Depois, já não me fazia o menor mal. Ao contrário, quando parava para pensar, fitava-a e as ideias me vinham mais depressa.

    Uma noite, demorou a aparecer e, enquanto a esperei, confesso, não estivesse sossegado. Imaginei que lhe houvesse acontecido alguma coisa. Tivesse comido um pó errado. Encontrado uma dessas gatas lascivas, que matam as baratas aos pouquinhos, brincando com elas. Só sei que, quando levantei os olhos e a vi, outra vez, em cima da Antologia Poética, não contive o grito:

    — Onde é que você andava!?

    A barata desceu do livro e começou a caminhar, na direção do banheiro. Parou, na porta, e voltou-se para mim, como que pedindo que a seguisse. Não me custava nada. Era a primeira vez. No banheiro, no canto onde se guardavam as vassourinhas e o desentupidor, parou. Ficou parada. Com um ar de “olhe para isso”. Lá, havia um pó amarelo, que a cozinheira, sem me consultar e absolutamente certa de que estava prestando um grande serviço, comprara. Eu precisava fazer qualquer coisa para minha barata saber que não era eu, que não fora eu, que não seria eu, nunca…

    Abaixei-me e, quando ia começar a varrer o veneno, descobri que a pobrezinha, antes, tinha ido no pó. Estava com as patinhas e a boca sujas de amarelo. Além disso, já se punha mal nas pernas. Ia morrer, como de fato morreu, minutos depois, erguendo-se sobre o traseiro e caindo, pesadamente, de barriga para cima. Então, eu lhe gritei, com toda voz e toda inocência:

    — Olha, barata, não fui eu, não!

    No dia seguinte, porque as outras não me interessavam, ou temendo que viesse, um dia, a me interessar por outra, telefonei para Insetisan e pedi que mandassem dedetizar a casa.


(Vento vadio: as crônicas de Antônio Maria. Pesquisa, organização e introdução de Guilherme Tauil, Todavia, 2021, pp. 391-392. Publicada originalmente em: O Jornal, de 10/11/1962.)

Considere a disposição do acento grave sublinhado em “Eram vistas à noite saindo da cozinha e passavam por mim, muitas vezes, aos pares, como as mulheres amigas que passeiam conversando.” (1º§). É correto afirmar que ele se deu para demarcar a ocorrência de crase, pois se trata de um caso de:
Alternativas
Q2495345 Português
Transporte movido a energia limpa tem a
necessidade de investimento para o
combate às mudanças climáticas





GONÇALVES, D. Revista Fórum Brasil de Gestão Ambiental.
Disponível em: https://revistafbga.com.br/transporte-movido-a-
-energia-limpa/. Acesso em: 2 mar. 2024. Adaptado.
O acento grave indicador de crase está empregado, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, na palavra destacada em:
Alternativas
Q2493705 Português
Texto para a questão.

POVOS INDÍGENAS NO BRASIL 

    Os povos indígenas do Brasil são os habitantes originários do território brasileiro e estavam presentes aqui antes da chegada dos europeus no final do século XV. Existe uma grande diversidade de povos indígenas no país, e essa população, segundo critérios do Censo de 2022, é de aproximadamente 1,6 milhão.
  Atualmente, ainda existem uma série de obstáculos na vida desses povos, como a demora na demarcação das terras indígenas e o desrespeito a essas demarcações por garimpeiros e madeireiros, que invadem ilegalmente essas terras.
    Não se sabe com precisão qual era a população de indígenas no Brasil quando os portugueses aqui chegaram, no ano 1500, mas as estimativas mais aceitas trabalham com a possibilidade de que havia de cinco a sete milhões de indígenas no território brasileiro. Infelizmente, o número de indígenas atualmente em nosso país é sensivelmente menor.
    Um ponto muito importante, quando falamos dos indígenas no Brasil, é a grande diversidade cultural e étnica desses povos. Estima-se que existam mais de 300 etnias atualmente no território brasileiro e mais de 250 línguas são faladas. Infelizmente, uma parte considerável desses povos e desses idiomas está sob risco de desaparecer permanentemente.
   Como foi informado, o Censo de 2022 apontou para o fato de que cerca de 1,6 milhão indígenas vivem no Brasil, sendo eles originários de mais de 300 etnias. Os povos indígenas do Brasil são catalogadas dentro de quatro grandes troncos étnicos: aruak, karib, macro-jê e tupi. É importante mencionar que nem todos os povos indígenas do Brasil podem ser classificados dessa forma.
    Em sua grande parcela, os indígenas vivem em tribos e sobrevivem por meio do cultivo de alimentos, bem como da caça e pesca. Alguns povos vivem totalmente isolados da sociedade nacional, enquanto outros são mais receptivos. Entre os maiores povos indígenas presentes no Brasil, podem ser citados guajajara, terena, guarani, kaiowá, ianomâmi, entre outros.
   Desde a promulgação da Constituição de 1988, os indígenas têm direito à demarcação de suas terras, e a obrigação dessa demarcação é do Estado brasileiro, tendo de ser realizada em diálogo com os indígenas. Entretanto, muitos povos indígenas ainda não tiveram seus direitos respeitados pelo Estado brasileiro e não tiveram suas terras demarcadas.
  Mesmo os povos indígenas que tiveram suas terras demarcadas, como os ianomâmis, sofrem bastante. Isso porque é bastante comum que as terras ianomâmis sejam invadidas por garimpeiros e madeireiros, grupos que procuram explorar irregularmente os recursos daquelas terras.
   A invasão de terras demarcadas tem trazido morte aos indígenas, que são constantemente ameaçados pelos invasores. A ameaça à vida dos povos indígenas no território brasileiro tem sido tão grande nos últimos anos que o Brasil foi mencionado na ONU como um caso de possível genocídio se os crimes contra essas populações não forem controlados.
    O caso dos ianomâmis, novamente, é simbólico. Isso porque em 2023 foi identificada uma grande tragédia humanitária em curso nas terras habitadas pelos ianomâmis. Entre 2019 e 2022, cerca de 570 crianças morreram de fome ou por doenças que poderiam ter sido tratadas. Houve denúncias de que pedidos de socorro para a situação ianomâmi tenham sido realizados ao governo Bolsonaro, mas foram ignorados. Essa situação foi causada pela invasão das terras ianomâmis pelo garimpo ilegal. 

Adaptado de: https://brasilescola.uol.com.br/brasil /o-indigena-no-brasil.htm

Considerando as normas gramaticais da língua portuguesa sobre o uso da crase, assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas no trecho a seguir:


“Os direitos ___ terras indígenas, garantidos desde ___ Constituição de 1988, são essenciais para a sobrevivência e cultura dos povos originários do Brasil. No entanto, muitos desses povos ainda lutam pelo acesso ___ recursos necessários ___ sua plena realização.”

Alternativas
Q2493476 Português
Sobre a regência nominal, avaliar se as afirmativas são certas (C) ou erradas (E) e assinalar a sequência correspondente.

( ) Tenho muito carinho por meus irmãos.
( ) Ela não deveria ser castigada por ter feito aquilo sem querer.
( ) Ele foi infiel da transcrição de dados.
Alternativas
Q2491670 Português
A QUESTÃO SE REFERE AO TEXTO A SEGUIR.

A morte da atenção

         Em 9 de janeiro de 2007, às 10h da manhã, um Steve Jobs saudável subiu ao palco do Moscone Center: “Vamos fazer história hoje”, disse. O Iphone decolou, vieram os aplicativos, redes sociais, o Android, a massificação. Hoje, 6,4 bilhões de pessoas têm um smartphone – superando com folga o saneamento básico, que chega a 4,4 bilhões. É bizarro, mas até que tem seu nexo: o instinto humano de encontrar algo interessante, e prestar atenção àquilo, é tão primal quanto as necessidades fisiológicas. A internet móvel saciou, finalmente, esse desejo. Passamos a ter acesso a um fluxo constante e quase infinito de informações novas.
        Ao mesmo tempo, foram aparecendo sinais de que algo não andava bem. A média de atenção humana, segundo um estudo da Microsoft, havia regredido para míseros oito segundos – um a menos do que o peixe-dourado, uma espécie ornamental de aquário, que é capaz de focar num estímulo visual por nove segundos. Essa informação, de 2017, correu o mundo e foi replicada em milhões de páginas da internet.
          Só havia um problema: o tal estudo (que não era da Microsoft) não apresentava nenhuma prova. A notícia era claramente absurda. Mas isso não impediu que se espalhasse, inquestionada, por todos os cantos. Simplesmente porque ninguém havia se dado ao trabalho de prestar atenção ao que estava lendo.
         O papo de oito segundos é mito, mas a atenção humana está caindo, sim. Há hoje todas as formas possíveis de informação e entretenimento. Isso é ótimo, mas também tem consequências ruins. Está cada vez mais difícil focar em algo. Qual foi a última coisa que chamou a sua atenção na internet hoje? Você lembra? É bem possível que não: olhou aquilo por tão pouco tempo que o seu cérebro nem chegou a formar uma memória.

Super Interessante, ed. 456, out. 2023, p.22-23. Adaptado
Crase é o fenômeno morfossintático que se dá na fusão de duas vogais idênticas (a + a).

Sobre isso, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que afirma.

( ) Não se usa o acento indicativo da crase antes de numerais, como na passagem “que chega a 4,4 bilhões”.
( ) Antes de verbo não se emprega o acento grave, como em “nem chegou a formar uma memória”.
( ) O uso do acento indicativo de crase é facultativo antes de "horas"; assim, no texto, optou-se por empregá-lo em “às 10h da manhã”.
( ) Após locução prepositiva, não se usa o acento indicativo de crase; por isso, ele não foi empregado em “quanto as necessidades fisiológicas”.

De acordo com as afirmações, a sequência correta é: 
Alternativas
Respostas
1: D
2: C
3: C
4: B
5: B