Questões de Concurso Sobre português para nosso rumo

Foram encontradas 129 questões

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Ano: 2017 Banca: Nosso Rumo Órgão: MGS Prova: Nosso Rumo - 2017 - MGS - Artífice |
Q864503 Português

                           Porquinho-da-índia

                                                                                         Manuel Bandeira


                       Quando eu tinha seis anos

                    Ganhei um porquinho-da-índia.

                      Que dor de coração me dava

          Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!

                              Levava ele pra sala

                 Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos

                                    Ele não gostava:

                          Queria era estar debaixo do fogão.

                Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...

           - O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada

Assinale a alternativa cuja palavra em destaque corresponde a um advérbio de negação.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: Nosso Rumo Órgão: MGS Prova: Nosso Rumo - 2017 - MGS - Artífice |
Q864502 Português

                           Porquinho-da-índia

                                                                                         Manuel Bandeira


                       Quando eu tinha seis anos

                    Ganhei um porquinho-da-índia.

                      Que dor de coração me dava

          Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!

                              Levava ele pra sala

                 Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos

                                    Ele não gostava:

                          Queria era estar debaixo do fogão.

                Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...

           - O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada

As palavras em destaque no texto são
Alternativas
Ano: 2017 Banca: Nosso Rumo Órgão: MGS Prova: Nosso Rumo - 2017 - MGS - Artífice |
Q864501 Português
Assinale a alternativa cuja palavra deve ser acentuada, conforme a norma-padrão da Língua Portuguesa.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: Nosso Rumo Órgão: MGS Prova: Nosso Rumo - 2017 - MGS - Artífice |
Q864500 Português

                           Guignard na parede


      — Este seu Guignard é falso ou verdadeiro? — perguntoulhe o visitante, coçando o queixo, de um modo ainda mais suspeitoso do que a pergunta.

      — Ora essa, por que duvida?

      — Eu não duvido nada, só que existem por aí uns cinquenta quadros falsos de Guignard, e então...

      — Então o quê?

      — Esse também podia ser. Só isso.

      — Pois não é, não senhor. Qualquer um vê logo que se trata de Guignard autêntico, Guignard da melhor época.

      — Não ponho em dúvida sua palavra, Deus me livre. Mas nunca se sabe se um quadro é autêntico ou não. Nunca. Não há prova irrefutável.

      — Mesmo que se tenha visto o pintor trabalhando nele?

      — Em geral, o pintor não trabalha à vista dos outros. No máximo dá uma pincelada, um toque. Até os retratos, não sabia? São feitos em grande parte na ausência dos retratados. Todo artista tem um auxiliar, espécie de primo pobre, que imita à perfeição a maneira do mestre...

      — Guignard tinha alunos; e daí? Vai me dizer que os alunos pintavam e ele assinava?

      — O senhor é que parece estar insinuando isso. Eu digo apenas que assinatura pode ser autêntica num quadro falso. Veja Picasso. Picasso assina falsos Picassos por blague ou para ajudar pobres-diabos. Pode parecer maluquice, mas para mim o pintor é o primeiro falsificador de sua obra, ele se copia e manda os outros copiarem...

      — Não diga uma besteira dessas.

      — Vejo que não gostou. Natural, tem amor a seu Guignard, quer preservá-lo de suspeitas. Pois, meu caro, o pintor, quando famoso, não chega para as encomendas, e aí então é que assina apenas o que os outros pintam para ele. Como foi ele que mandou pintar, a falsificação é relativa, ou por outra, é endossada, fica sendo autoria. Pode se distinguir entre a falsificação original e a falsificação falsa mesmo, à revelia do autor.

      — Nunca ouvi tanta bobagem na minha vida.

      — O senhor acha que é bobagem? Bem, está no seu direito. Mas me diga só uma coisa: viu Guignard pintar este quadro? 

      — Não, mesmo porque quando comprei o quadro, ele já tinha morrido. Mas comprei de uma pessoa que o comprou de Guignard.

      — Está vendo? É a tal coisa. O pintor morreu, não pode dar testemunho. A pessoa afirma uma coisa, o senhor acredita, em sua boa-fé; e assim por diante. Aí é que nunca mais se apura a verdade.

      — Acho uma impertinência de sua parte...

     — Não, mesmo porque quando comprei o quadro, ele já tinha morrido. Mas comprei de uma pessoa que o comprou de Guignard. 

      — Está vendo? É a tal coisa. O pintor morreu, não pode dar testemunho. A pessoa afirma uma coisa, o senhor acredita, em sua boa-fé; e assim por diante. Aí é que nunca mais se apura a verdade

      — Acho uma impertinência de sua parte...

      — Perdão. Eu seria incapaz de duvidar de sua palavra e de sua inteligência. Porque acredito nas duas é que estou lhe abrindo os olhos. Não ouso pretender o título de seu amigo, mas a minha lealdade...

      — ...

      — Porque leal eu sou, mesmo para os desconhecidos. Faço questão. Fomos apresentados há meia hora, na conversa calhou o senhor dizer que tinha um ótimo Guignard, eu fiquei curioso de ver, o senhor me trouxe aqui... Não foi?

      — Foi.

      — Pois então. Fiquei com medo do senhor ter um falso Guignard, e preveni. Não há razão para se queimar.

      — Está bem.

      — Talvez tenha feito mal em alertá-lo. O senhor vai ficar preocupado, cismado. Não desejo isso. Vamos fazer uma coisa? Para o senhor não se chatear, eu compro o seu quadro, mesmo tendo as maiores dúvidas sobre a autenticidade. Repare bem: a fluidez da pintura é demasiado fluida para ser original... Um mestre nunca vai ao extremo de sua potencialidade; deixa que os outros exacerbem sua maneira. Este Guignard é tão leve, tão aéreo, que só mesmo de alguém muito habilidoso, que procurasse ser mais Guignard do que o próprio Guignard... Não há dúvida, para mim não é Guignard. Quanto quer por isto?

      — Quero que o senhor vá para o inferno, sim?

                                                                                                    22/06/1966

ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 Historinhas. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

Assinale a alternativa cujo pronome oblíquo da sentença poderia ser substituído por “para/a ele(a)”.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: Nosso Rumo Órgão: MGS Prova: Nosso Rumo - 2017 - MGS - Artífice |
Q864499 Português

                           Guignard na parede


      — Este seu Guignard é falso ou verdadeiro? — perguntoulhe o visitante, coçando o queixo, de um modo ainda mais suspeitoso do que a pergunta.

      — Ora essa, por que duvida?

      — Eu não duvido nada, só que existem por aí uns cinquenta quadros falsos de Guignard, e então...

      — Então o quê?

      — Esse também podia ser. Só isso.

      — Pois não é, não senhor. Qualquer um vê logo que se trata de Guignard autêntico, Guignard da melhor época.

      — Não ponho em dúvida sua palavra, Deus me livre. Mas nunca se sabe se um quadro é autêntico ou não. Nunca. Não há prova irrefutável.

      — Mesmo que se tenha visto o pintor trabalhando nele?

      — Em geral, o pintor não trabalha à vista dos outros. No máximo dá uma pincelada, um toque. Até os retratos, não sabia? São feitos em grande parte na ausência dos retratados. Todo artista tem um auxiliar, espécie de primo pobre, que imita à perfeição a maneira do mestre...

      — Guignard tinha alunos; e daí? Vai me dizer que os alunos pintavam e ele assinava?

      — O senhor é que parece estar insinuando isso. Eu digo apenas que assinatura pode ser autêntica num quadro falso. Veja Picasso. Picasso assina falsos Picassos por blague ou para ajudar pobres-diabos. Pode parecer maluquice, mas para mim o pintor é o primeiro falsificador de sua obra, ele se copia e manda os outros copiarem...

      — Não diga uma besteira dessas.

      — Vejo que não gostou. Natural, tem amor a seu Guignard, quer preservá-lo de suspeitas. Pois, meu caro, o pintor, quando famoso, não chega para as encomendas, e aí então é que assina apenas o que os outros pintam para ele. Como foi ele que mandou pintar, a falsificação é relativa, ou por outra, é endossada, fica sendo autoria. Pode se distinguir entre a falsificação original e a falsificação falsa mesmo, à revelia do autor.

      — Nunca ouvi tanta bobagem na minha vida.

      — O senhor acha que é bobagem? Bem, está no seu direito. Mas me diga só uma coisa: viu Guignard pintar este quadro? 

      — Não, mesmo porque quando comprei o quadro, ele já tinha morrido. Mas comprei de uma pessoa que o comprou de Guignard.

      — Está vendo? É a tal coisa. O pintor morreu, não pode dar testemunho. A pessoa afirma uma coisa, o senhor acredita, em sua boa-fé; e assim por diante. Aí é que nunca mais se apura a verdade.

      — Acho uma impertinência de sua parte...

     — Não, mesmo porque quando comprei o quadro, ele já tinha morrido. Mas comprei de uma pessoa que o comprou de Guignard. 

      — Está vendo? É a tal coisa. O pintor morreu, não pode dar testemunho. A pessoa afirma uma coisa, o senhor acredita, em sua boa-fé; e assim por diante. Aí é que nunca mais se apura a verdade

      — Acho uma impertinência de sua parte...

      — Perdão. Eu seria incapaz de duvidar de sua palavra e de sua inteligência. Porque acredito nas duas é que estou lhe abrindo os olhos. Não ouso pretender o título de seu amigo, mas a minha lealdade...

      — ...

      — Porque leal eu sou, mesmo para os desconhecidos. Faço questão. Fomos apresentados há meia hora, na conversa calhou o senhor dizer que tinha um ótimo Guignard, eu fiquei curioso de ver, o senhor me trouxe aqui... Não foi?

      — Foi.

      — Pois então. Fiquei com medo do senhor ter um falso Guignard, e preveni. Não há razão para se queimar.

      — Está bem.

      — Talvez tenha feito mal em alertá-lo. O senhor vai ficar preocupado, cismado. Não desejo isso. Vamos fazer uma coisa? Para o senhor não se chatear, eu compro o seu quadro, mesmo tendo as maiores dúvidas sobre a autenticidade. Repare bem: a fluidez da pintura é demasiado fluida para ser original... Um mestre nunca vai ao extremo de sua potencialidade; deixa que os outros exacerbem sua maneira. Este Guignard é tão leve, tão aéreo, que só mesmo de alguém muito habilidoso, que procurasse ser mais Guignard do que o próprio Guignard... Não há dúvida, para mim não é Guignard. Quanto quer por isto?

      — Quero que o senhor vá para o inferno, sim?

                                                                                                    22/06/1966

ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 Historinhas. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

Leia a sentença abaixo retirada do texto.


Um mestre nunca vai ao extremo de sua potencialidade; deixa que os outros exacerbem sua maneira.


A palavra em destaque tem o mesmo sentido de

Alternativas
Ano: 2017 Banca: Nosso Rumo Órgão: MGS Prova: Nosso Rumo - 2017 - MGS - Artífice |
Q864498 Português

                           Guignard na parede


      — Este seu Guignard é falso ou verdadeiro? — perguntoulhe o visitante, coçando o queixo, de um modo ainda mais suspeitoso do que a pergunta.

      — Ora essa, por que duvida?

      — Eu não duvido nada, só que existem por aí uns cinquenta quadros falsos de Guignard, e então...

      — Então o quê?

      — Esse também podia ser. Só isso.

      — Pois não é, não senhor. Qualquer um vê logo que se trata de Guignard autêntico, Guignard da melhor época.

      — Não ponho em dúvida sua palavra, Deus me livre. Mas nunca se sabe se um quadro é autêntico ou não. Nunca. Não há prova irrefutável.

      — Mesmo que se tenha visto o pintor trabalhando nele?

      — Em geral, o pintor não trabalha à vista dos outros. No máximo dá uma pincelada, um toque. Até os retratos, não sabia? São feitos em grande parte na ausência dos retratados. Todo artista tem um auxiliar, espécie de primo pobre, que imita à perfeição a maneira do mestre...

      — Guignard tinha alunos; e daí? Vai me dizer que os alunos pintavam e ele assinava?

      — O senhor é que parece estar insinuando isso. Eu digo apenas que assinatura pode ser autêntica num quadro falso. Veja Picasso. Picasso assina falsos Picassos por blague ou para ajudar pobres-diabos. Pode parecer maluquice, mas para mim o pintor é o primeiro falsificador de sua obra, ele se copia e manda os outros copiarem...

      — Não diga uma besteira dessas.

      — Vejo que não gostou. Natural, tem amor a seu Guignard, quer preservá-lo de suspeitas. Pois, meu caro, o pintor, quando famoso, não chega para as encomendas, e aí então é que assina apenas o que os outros pintam para ele. Como foi ele que mandou pintar, a falsificação é relativa, ou por outra, é endossada, fica sendo autoria. Pode se distinguir entre a falsificação original e a falsificação falsa mesmo, à revelia do autor.

      — Nunca ouvi tanta bobagem na minha vida.

      — O senhor acha que é bobagem? Bem, está no seu direito. Mas me diga só uma coisa: viu Guignard pintar este quadro? 

      — Não, mesmo porque quando comprei o quadro, ele já tinha morrido. Mas comprei de uma pessoa que o comprou de Guignard.

      — Está vendo? É a tal coisa. O pintor morreu, não pode dar testemunho. A pessoa afirma uma coisa, o senhor acredita, em sua boa-fé; e assim por diante. Aí é que nunca mais se apura a verdade.

      — Acho uma impertinência de sua parte...

     — Não, mesmo porque quando comprei o quadro, ele já tinha morrido. Mas comprei de uma pessoa que o comprou de Guignard. 

      — Está vendo? É a tal coisa. O pintor morreu, não pode dar testemunho. A pessoa afirma uma coisa, o senhor acredita, em sua boa-fé; e assim por diante. Aí é que nunca mais se apura a verdade

      — Acho uma impertinência de sua parte...

      — Perdão. Eu seria incapaz de duvidar de sua palavra e de sua inteligência. Porque acredito nas duas é que estou lhe abrindo os olhos. Não ouso pretender o título de seu amigo, mas a minha lealdade...

      — ...

      — Porque leal eu sou, mesmo para os desconhecidos. Faço questão. Fomos apresentados há meia hora, na conversa calhou o senhor dizer que tinha um ótimo Guignard, eu fiquei curioso de ver, o senhor me trouxe aqui... Não foi?

      — Foi.

      — Pois então. Fiquei com medo do senhor ter um falso Guignard, e preveni. Não há razão para se queimar.

      — Está bem.

      — Talvez tenha feito mal em alertá-lo. O senhor vai ficar preocupado, cismado. Não desejo isso. Vamos fazer uma coisa? Para o senhor não se chatear, eu compro o seu quadro, mesmo tendo as maiores dúvidas sobre a autenticidade. Repare bem: a fluidez da pintura é demasiado fluida para ser original... Um mestre nunca vai ao extremo de sua potencialidade; deixa que os outros exacerbem sua maneira. Este Guignard é tão leve, tão aéreo, que só mesmo de alguém muito habilidoso, que procurasse ser mais Guignard do que o próprio Guignard... Não há dúvida, para mim não é Guignard. Quanto quer por isto?

      — Quero que o senhor vá para o inferno, sim?

                                                                                                    22/06/1966

ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 Historinhas. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

Na sentença, “Este seu Guignard é falso ou verdadeiro?”, o nome do pintor Guignard é empregado como uma referência para um quadro do mesmo pintor, ou seja, uma metonímia. Sendo assim, assinale a alternativa em que o uso deste nome tem a mesma função.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: Nosso Rumo Órgão: MGS Prova: Nosso Rumo - 2017 - MGS - Artífice |
Q864497 Português

                           Guignard na parede


      — Este seu Guignard é falso ou verdadeiro? — perguntoulhe o visitante, coçando o queixo, de um modo ainda mais suspeitoso do que a pergunta.

      — Ora essa, por que duvida?

      — Eu não duvido nada, só que existem por aí uns cinquenta quadros falsos de Guignard, e então...

      — Então o quê?

      — Esse também podia ser. Só isso.

      — Pois não é, não senhor. Qualquer um vê logo que se trata de Guignard autêntico, Guignard da melhor época.

      — Não ponho em dúvida sua palavra, Deus me livre. Mas nunca se sabe se um quadro é autêntico ou não. Nunca. Não há prova irrefutável.

      — Mesmo que se tenha visto o pintor trabalhando nele?

      — Em geral, o pintor não trabalha à vista dos outros. No máximo dá uma pincelada, um toque. Até os retratos, não sabia? São feitos em grande parte na ausência dos retratados. Todo artista tem um auxiliar, espécie de primo pobre, que imita à perfeição a maneira do mestre...

      — Guignard tinha alunos; e daí? Vai me dizer que os alunos pintavam e ele assinava?

      — O senhor é que parece estar insinuando isso. Eu digo apenas que assinatura pode ser autêntica num quadro falso. Veja Picasso. Picasso assina falsos Picassos por blague ou para ajudar pobres-diabos. Pode parecer maluquice, mas para mim o pintor é o primeiro falsificador de sua obra, ele se copia e manda os outros copiarem...

      — Não diga uma besteira dessas.

      — Vejo que não gostou. Natural, tem amor a seu Guignard, quer preservá-lo de suspeitas. Pois, meu caro, o pintor, quando famoso, não chega para as encomendas, e aí então é que assina apenas o que os outros pintam para ele. Como foi ele que mandou pintar, a falsificação é relativa, ou por outra, é endossada, fica sendo autoria. Pode se distinguir entre a falsificação original e a falsificação falsa mesmo, à revelia do autor.

      — Nunca ouvi tanta bobagem na minha vida.

      — O senhor acha que é bobagem? Bem, está no seu direito. Mas me diga só uma coisa: viu Guignard pintar este quadro? 

      — Não, mesmo porque quando comprei o quadro, ele já tinha morrido. Mas comprei de uma pessoa que o comprou de Guignard.

      — Está vendo? É a tal coisa. O pintor morreu, não pode dar testemunho. A pessoa afirma uma coisa, o senhor acredita, em sua boa-fé; e assim por diante. Aí é que nunca mais se apura a verdade.

      — Acho uma impertinência de sua parte...

     — Não, mesmo porque quando comprei o quadro, ele já tinha morrido. Mas comprei de uma pessoa que o comprou de Guignard. 

      — Está vendo? É a tal coisa. O pintor morreu, não pode dar testemunho. A pessoa afirma uma coisa, o senhor acredita, em sua boa-fé; e assim por diante. Aí é que nunca mais se apura a verdade

      — Acho uma impertinência de sua parte...

      — Perdão. Eu seria incapaz de duvidar de sua palavra e de sua inteligência. Porque acredito nas duas é que estou lhe abrindo os olhos. Não ouso pretender o título de seu amigo, mas a minha lealdade...

      — ...

      — Porque leal eu sou, mesmo para os desconhecidos. Faço questão. Fomos apresentados há meia hora, na conversa calhou o senhor dizer que tinha um ótimo Guignard, eu fiquei curioso de ver, o senhor me trouxe aqui... Não foi?

      — Foi.

      — Pois então. Fiquei com medo do senhor ter um falso Guignard, e preveni. Não há razão para se queimar.

      — Está bem.

      — Talvez tenha feito mal em alertá-lo. O senhor vai ficar preocupado, cismado. Não desejo isso. Vamos fazer uma coisa? Para o senhor não se chatear, eu compro o seu quadro, mesmo tendo as maiores dúvidas sobre a autenticidade. Repare bem: a fluidez da pintura é demasiado fluida para ser original... Um mestre nunca vai ao extremo de sua potencialidade; deixa que os outros exacerbem sua maneira. Este Guignard é tão leve, tão aéreo, que só mesmo de alguém muito habilidoso, que procurasse ser mais Guignard do que o próprio Guignard... Não há dúvida, para mim não é Guignard. Quanto quer por isto?

      — Quero que o senhor vá para o inferno, sim?

                                                                                                    22/06/1966

ANDRADE, Carlos Drummond de. 70 Historinhas. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

A partir da leitura do texto, é correto afirmar que
Alternativas
Q857798 Português

Leia a oração abaixo.

Os alunos desobedeceram as ordens da diretoria e foram à escola sem uniforme.


É correto afirmar que na oração acima ocorre um ERRO de

Alternativas
Q857797 Português
De acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa, assinale a alternativa correta em relação à colocação pronominal.
Alternativas
Q857796 Português

Observe o quadrinho abaixo para responder à questão.

Imagem associada para resolução da questão

O sujeito da oração no último quadrinho é

Alternativas
Q857795 Português
De acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa, assinale a alternativa correta em relação à concordância nominal.
Alternativas
Q857794 Português
Assinale a alternativa que apresenta um vocábulo grafado de forma INADEQUADA ao contexto no qual está inserido.
Alternativas
Q857793 Português
De acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa, assinale a alternativa correta em relação à ocorrência de crase.
Alternativas
Q857792 Português

                                                 A seca

De repente, uma variante trágica.

Aproxima-se a seca.

O sertanejo adivinha-a e graças ao ritmo singular com que se desencadeia o flagelo.

Entretanto não foge logo, abandonando a terra a pouco e pouco invadida pelo limbo candente que irradia do Ceará.

Buckle, em página notável, assinala a anomalia de se não afeiçoar nunca, o homem, às calamidades naturais que o rodeiam. Nenhum povo tem mais pavor aos terremotos que o peruano; e no Peru as crianças ao nascerem têm o berço embalado pelas vibrações da terra. 

Mas o nosso sertanejo faz exceção à regra. A seca não o apavora. É um complemento à sua vida tormentosa, emoldurando-a em cenários tremendos. Enfrenta-a, estoico. Apesar das dolorosas tradições que conhece através de um sem número de terríveis episódios, alimenta a todo o transe esperanças de uma resistência impossível.

Com os escassos recursos das próprias observações e das dos seus maiores, em que ensinamentos práticos se misturam a extravagantes crendices, tem procurado estudar o mal, para o conhecer, suportar e suplantar. Aparelha-se com singular serenidade para a luta. Dois ou três meses antes do solstício de verão, especa e fortalece os muros dos açudes, ou limpa as cacimbas. Faz os roçados e arregoa as estreitas faixas de solo arável à orla dos ribeirões. Está preparado para as plantações ligeiras à vinda das primeiras chuvas.

[...]

É o prelúdio da sua desgraça.

Vê-o acentuar-se num crescendo, até dezembro.


CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Três, 1984.

A partir da leitura do texto, é possível afirmar que
Alternativas
Q857791 Português

                                                 A seca

De repente, uma variante trágica.

Aproxima-se a seca.

O sertanejo adivinha-a e graças ao ritmo singular com que se desencadeia o flagelo.

Entretanto não foge logo, abandonando a terra a pouco e pouco invadida pelo limbo candente que irradia do Ceará.

Buckle, em página notável, assinala a anomalia de se não afeiçoar nunca, o homem, às calamidades naturais que o rodeiam. Nenhum povo tem mais pavor aos terremotos que o peruano; e no Peru as crianças ao nascerem têm o berço embalado pelas vibrações da terra. 

Mas o nosso sertanejo faz exceção à regra. A seca não o apavora. É um complemento à sua vida tormentosa, emoldurando-a em cenários tremendos. Enfrenta-a, estoico. Apesar das dolorosas tradições que conhece através de um sem número de terríveis episódios, alimenta a todo o transe esperanças de uma resistência impossível.

Com os escassos recursos das próprias observações e das dos seus maiores, em que ensinamentos práticos se misturam a extravagantes crendices, tem procurado estudar o mal, para o conhecer, suportar e suplantar. Aparelha-se com singular serenidade para a luta. Dois ou três meses antes do solstício de verão, especa e fortalece os muros dos açudes, ou limpa as cacimbas. Faz os roçados e arregoa as estreitas faixas de solo arável à orla dos ribeirões. Está preparado para as plantações ligeiras à vinda das primeiras chuvas.

[...]

É o prelúdio da sua desgraça.

Vê-o acentuar-se num crescendo, até dezembro.


CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Três, 1984.

Assinale a alternativa em cuja sentença retirada do texto ocorre elipse.
Alternativas
Q857790 Português

                                                 A seca

De repente, uma variante trágica.

Aproxima-se a seca.

O sertanejo adivinha-a e graças ao ritmo singular com que se desencadeia o flagelo.

Entretanto não foge logo, abandonando a terra a pouco e pouco invadida pelo limbo candente que irradia do Ceará.

Buckle, em página notável, assinala a anomalia de se não afeiçoar nunca, o homem, às calamidades naturais que o rodeiam. Nenhum povo tem mais pavor aos terremotos que o peruano; e no Peru as crianças ao nascerem têm o berço embalado pelas vibrações da terra. 

Mas o nosso sertanejo faz exceção à regra. A seca não o apavora. É um complemento à sua vida tormentosa, emoldurando-a em cenários tremendos. Enfrenta-a, estoico. Apesar das dolorosas tradições que conhece através de um sem número de terríveis episódios, alimenta a todo o transe esperanças de uma resistência impossível.

Com os escassos recursos das próprias observações e das dos seus maiores, em que ensinamentos práticos se misturam a extravagantes crendices, tem procurado estudar o mal, para o conhecer, suportar e suplantar. Aparelha-se com singular serenidade para a luta. Dois ou três meses antes do solstício de verão, especa e fortalece os muros dos açudes, ou limpa as cacimbas. Faz os roçados e arregoa as estreitas faixas de solo arável à orla dos ribeirões. Está preparado para as plantações ligeiras à vinda das primeiras chuvas.

[...]

É o prelúdio da sua desgraça.

Vê-o acentuar-se num crescendo, até dezembro.


CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Três, 1984.

No trecho “Apesar das dolorosas tradições que conhece através de um sem número de terríveis episódios”, a expressão “sem número” tem o mesmo sentido de
Alternativas
Q857789 Português

                                                 A seca

De repente, uma variante trágica.

Aproxima-se a seca.

O sertanejo adivinha-a e graças ao ritmo singular com que se desencadeia o flagelo.

Entretanto não foge logo, abandonando a terra a pouco e pouco invadida pelo limbo candente que irradia do Ceará.

Buckle, em página notável, assinala a anomalia de se não afeiçoar nunca, o homem, às calamidades naturais que o rodeiam. Nenhum povo tem mais pavor aos terremotos que o peruano; e no Peru as crianças ao nascerem têm o berço embalado pelas vibrações da terra. 

Mas o nosso sertanejo faz exceção à regra. A seca não o apavora. É um complemento à sua vida tormentosa, emoldurando-a em cenários tremendos. Enfrenta-a, estoico. Apesar das dolorosas tradições que conhece através de um sem número de terríveis episódios, alimenta a todo o transe esperanças de uma resistência impossível.

Com os escassos recursos das próprias observações e das dos seus maiores, em que ensinamentos práticos se misturam a extravagantes crendices, tem procurado estudar o mal, para o conhecer, suportar e suplantar. Aparelha-se com singular serenidade para a luta. Dois ou três meses antes do solstício de verão, especa e fortalece os muros dos açudes, ou limpa as cacimbas. Faz os roçados e arregoa as estreitas faixas de solo arável à orla dos ribeirões. Está preparado para as plantações ligeiras à vinda das primeiras chuvas.

[...]

É o prelúdio da sua desgraça.

Vê-o acentuar-se num crescendo, até dezembro.


CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Três, 1984.

Leia o trecho abaixo retirado do texto.

Buckle, em página notável, assinala a anomalia de se não afeiçoar nunca, o homem, às calamidades naturais que o rodeiam.


A respeito do trecho em destaque acima, é correto afirmar que

Alternativas
Q834514 Português
Assinale a alternativa cuja palavra destacada DEVE ser acentuada.
Alternativas
Q834513 Português
Assinale a alternativa em que TODAS as palavras apresentam a grafia correta, conforme a reforma ortográfica de 2009.
Alternativas
Q834512 Português

            Diadorim me pôs o rastro dele para sempre em todas essas quisquilhas da natureza


      Diadorim e eu, nós dois. A gente dava passeios. Com assim, a gente se diferenciava dos outros – porque jagunço não é muito de conversa continuada nem de amizades estreitas: a bem eles se misturam e desmisturam, de acaso, mas cada um é feito um por si. De nós dois juntos, ninguém nada não falava. Tinham a boa prudência. Dissesse um, caçoasse, digo – podia morrer. Se acostumavam de ver a gente parmente. Que nem mais maldavam. E estávamos conversando, perto do rego – bicame de velha fazenda, onde o agrião dá flor. Desse lusfús, ia escurecendo. Diadorim acendeu um foguinho, eu fui buscar sabugos. Mariposas passavam muitas, por entre as nossas caras, e besouros graúdos esbarravam. Puxava uma brisbisa. O ianso do vento revinha com o cheiro de alguma chuva perto. E o chiim dos grilos ajuntava o campo, aos quadrados. Por mim, só, de tantas minúcias, não era o capaz de me alembrar, não sou de à parada pouca coisa; mas a saudade me alembra. Que se hoje fosse. Diadorim me pôs o rastro dele para sempre em todas essas quisquilhas da natureza. Sei como sei. Som como os sapos sorumbavam. Diadorim, duro sério, tão bonito, no relume das brasas. Quase que a gente não abria boca; mas era um delém que me tirava para ele – o irremediável extenso da vida. Por mim, não sei que tontura de vexame, com ele calado eu a ele estava obedecendo quieto.

                          ROSA, João Guimarães. Grande Sertão: Veredas. 2001, p. 45. 

Leia o fragmento abaixo.


De nós dois juntos, ninguém nada não falava.


O trecho em destaque pode ser classificado sintaticamente como

Alternativas
Respostas
81: D
82: D
83: A
84: B
85: C
86: B
87: D
88: A
89: D
90: B
91: A
92: B
93: C
94: C
95: A
96: C
97: A
98: D
99: C
100: C