Questões de Concurso Sobre vocativo e termos acessórios da oração: adjunto adnominal, diferença entre adjunto adnominal e complemento nominal, adjunto adverbial e aposto em português para cespe / cebraspe

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Q3147654 Português
Texto 19A1

        Em uma teoria da compreensão de texto, o primeiro aspecto importante é a noção de língua que se adota. Alguns manuais escolares concebem a língua simplesmente como um código ou um sistema de sinais autônomo, totalmente transparente, sem história, e fora da realidade social dos falantes. Mas a língua é muito mais do que um sistema de estruturas fonológicas, sintáticas e lexicais. A rigor, a língua não é sequer uma estrutura; ela é estruturada simultaneamente em vários planos, seja o fonológico, sintático, semântico e cognitivo no processo de enunciação. A língua é um fenômeno cultural, histórico, social e cognitivo que varia ao longo do tempo e de acordo com os falantes: ela se manifesta no uso e é sensível ao uso.

         Portanto, a língua é uma atividade constitutiva com a qual podemos construir sentidos; é uma forma cognitiva com a qual podemos expressar nossos sentimentos, ideias, ações e representar o mundo; é uma forma de ação pela qual podemos interagir com nossos semelhantes. Em consequência, a língua se manifesta nos processos discursivos, no nível da enunciação, concretizando-se nos usos textuais mais diversos. É importante não confundir a língua com o discurso.

        Nessa perspectiva, a língua é mais do que um simples instrumento de comunicação; mais do que um código ou uma estrutura. Enquanto atividade, ela é indeterminada sob o ponto de vista semântico e sintático. Por isso, as significações e os sentidos textuais e discursivos não podem estar aprisionados no interior dos textos pelas estruturas linguísticas. A língua é opaca, não é totalmente transparente, podendo ser ambígua, polissêmica, de modo que os textos podem ter mais de um sentido, e o equívoco nas atividades discursivas é um fato comum.

         Na realidade, um texto bem-sucedido é aquele que consegue dizer o suficiente para ser bem-entendido, supondo apenas aquilo que é possível esperar como sabido pelo ouvinte ou leitor. É interessante notar que, se o autor ou falante de um texto diz uma parte e supõe outra parte como de responsabilidade do leitor ou ouvinte, então a atividade de produção de sentidos (ou de compreensão de texto) é sempre uma atividade de coautoria. Isto quer dizer que os sentidos são parcialmente produzidos pelo texto e parcialmente completados pelo leitor.

         Ao lado da noção de língua, é necessário ter uma noção de texto. A escola trata o texto como um produto acabado e que funciona como uma cesta natalina, de onde a gente tira coisas. O texto não é um produto nem um simples artefato pronto; ele é um processo. Assim, não sendo um produto acabado, objetivo, como uma espécie de depósito de informações, mas sendo um processo, o texto se acha em permanente elaboração e reelaboração ao longo de sua história e ao longo das diversas recepções pelos diversos leitores. Em suma, texto é uma proposta de sentido e ele se acha aberto a várias alternativas de compreensão.

Luiz Antônio Marcuschi. Exercícios de compreensão ou copiação nos manuais de ensino de língua?
Em Aberto, Brasília, ano 16, n.º 69, jan.-mar./1996 (com adaptações).

No que se refere à pontuação e ortografia no texto 19A1, bem como a aspectos fonológicos de vocábulos nele empregados, julgue o item que se segue.


A supressão da vírgula após “texto” (primeiro período do primeiro parágrafo) prejudicaria a correção gramatical do texto, visto que, naquele período, o emprego da vírgula é obrigatório para separar o adjunto adverbial antecipado.

Alternativas
Q3145836 Português
    A inteligência artificial (IA) é um tópico frequente de discussão desde o aumento da popularidade de ferramentas como o ChatGPT. Uma análise do Fundo Monetário Internacional (FMI) abrangendo diferentes países avaliou que, no Brasil, 41% dos empregos têm alta exposição à IA. Esse critério do estudo — exposição de empregos à IA — engloba tanto trabalhos que vão se beneficiar da tecnologia como aqueles que estarão ameaçados por ela no futuro.
     Para avaliar se o impacto da IA será bom ou ruim no mercado de trabalho, o relatório do FMI criou outra categoria: a complementaridade. Empregos com alta complementaridade são aqueles que se beneficiarão com a IA, mas não serão extintos por ela. Por exemplo, profissionais como administradores ou advogados terão grandes ganhos de produtividade com a IA. Suas atividades não estarão ameaçadas, pois a execução delas sempre dependerá de um grande componente humano. Já os empregos de baixa complementaridade são os mais ameaçados pela IA, uma vez que podem ser totalmente substituídos pelas novas tecnologias, dada a pouca necessidade de um componente humano. É o caso de operadores de telemarketing.
     É nesse ponto que a IA pode fazer crescer a desigualdade social. Conforme o FMI, trabalhadores com mais educação e mais jovens têm melhores condições de encontrar empregos de alta complementaridade (beneficiados pela IA); os com menos escolaridade e mais velhos estarão mais sujeitos a empregos de baixa complementaridade (ameaçados pela IA).
     Segundo o FMI, para aproveitar plenamente o potencial da IA, cada país deve estabelecer suas prioridades de acordo com seu nível atual de desenvolvimento. As economias de mercado emergentes avançadas e mais desenvolvidas devem investir na inovação e integração da IA ao mesmo tempo em que promovem quadros regulamentares adequados para otimizar os benefícios do aumento de sua utilização. Para as economias de mercados emergentes e em desenvolvimento menos preparadas, a criação de infraestruturas e a construção de uma força de trabalho digitalmente qualificada são fundamentais. Para todas as economias, as redes de segurança social e a reciclagem dos trabalhadores ameaçados pela IA são cruciais para garantir a inclusão.

Internet: <bbc.com> (com adaptações).  
A respeito das ideias e de aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item seguinte.

No último parágrafo, os termos “plenamente” (primeiro período) e “digitalmente” (penúltimo período) exercem a função sintática de adjunto adverbial, referindo-se o primeiro a um verbo — “aproveitar” — e o segundo, a um adjetivo — “qualificada”.
Alternativas
Q3145828 Português
    A inteligência artificial (IA) é um tópico frequente de discussão desde o aumento da popularidade de ferramentas como o ChatGPT. Uma análise do Fundo Monetário Internacional (FMI) abrangendo diferentes países avaliou que, no Brasil, 41% dos empregos têm alta exposição à IA. Esse critério do estudo — exposição de empregos à IA — engloba tanto trabalhos que vão se beneficiar da tecnologia como aqueles que estarão ameaçados por ela no futuro.
     Para avaliar se o impacto da IA será bom ou ruim no mercado de trabalho, o relatório do FMI criou outra categoria: a complementaridade. Empregos com alta complementaridade são aqueles que se beneficiarão com a IA, mas não serão extintos por ela. Por exemplo, profissionais como administradores ou advogados terão grandes ganhos de produtividade com a IA. Suas atividades não estarão ameaçadas, pois a execução delas sempre dependerá de um grande componente humano. Já os empregos de baixa complementaridade são os mais ameaçados pela IA, uma vez que podem ser totalmente substituídos pelas novas tecnologias, dada a pouca necessidade de um componente humano. É o caso de operadores de telemarketing.
     É nesse ponto que a IA pode fazer crescer a desigualdade social. Conforme o FMI, trabalhadores com mais educação e mais jovens têm melhores condições de encontrar empregos de alta complementaridade (beneficiados pela IA); os com menos escolaridade e mais velhos estarão mais sujeitos a empregos de baixa complementaridade (ameaçados pela IA).
     Segundo o FMI, para aproveitar plenamente o potencial da IA, cada país deve estabelecer suas prioridades de acordo com seu nível atual de desenvolvimento. As economias de mercado emergentes avançadas e mais desenvolvidas devem investir na inovação e integração da IA ao mesmo tempo em que promovem quadros regulamentares adequados para otimizar os benefícios do aumento de sua utilização. Para as economias de mercados emergentes e em desenvolvimento menos preparadas, a criação de infraestruturas e a construção de uma força de trabalho digitalmente qualificada são fundamentais. Para todas as economias, as redes de segurança social e a reciclagem dos trabalhadores ameaçados pela IA são cruciais para garantir a inclusão.

Internet: <bbc.com> (com adaptações).  
A respeito das ideias e de aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item seguinte.

No segundo período do primeiro parágrafo, o segmento “à IA” funciona sintaticamente como complemento da forma verbal “avaliou”.
Alternativas
Q2490964 Português

        Nos países desenvolvidos, as práticas sociais de leitura e de escrita assumiram a natureza de problema relevante no contexto da constatação de que a população, embora alfabetizada, não dominava as habilidades de leitura e de escrita necessárias para uma participação efetiva e competente nas práticas sociais e profissionais que envolvem a língua escrita. Assim, na França e nos Estados Unidos da América (EUA), para limitar a análise a esses dois países, os problemas de illettrisme e d e literacy/illiteracy surgiram de forma independente da questão da aprendizagem básica da escrita.


        Na França, o illettrisme surgiu para caracterizar jovens e adultos do chamado Quarto Mundo (expressão que designa a parte dapopulação, desfavorecida) que nos países revelavam desenvolvidos, precário mais domínio das competências de leitura e de escrita, o que dificultava sua inserção no mundo social e no mundo do trabalho. Partindo do fato de que toda a população domina o sistema de escrita, porque passou pela escolarização básica, as discussões sobre o illettrisme se fazem sem relação com a questão do apprendre à lire et à écrire (a alfabetização escolar) e com a questão da alphabétisation (termo em geral reservado às ações desenvolvidas junto aos trabalhadores imigrantes, analfabetos na língua francesa).


        O mesmo ocorreu nos EUA, onde o foco em problemas de literacy/illiteracy emergiu, no início dos anos 80 do século passado, como resultado da constatação de que jovens graduados na high school não dominavam as habilidades de leitura demandadas em práticas sociais e profissionais que envolvem a escrita. Também nesse caso, as discussões, os relatórios, as publicações apontaram que o problema não estava na illiteracy (no não saber ler e escrever), mas na literacy (no não domínio de competências de uso da leitura e da escrita).


        O que se quer aqui destacar é que, tanto na França quanto nos EUA, os dois problemas — o domínio precário de competências de leitura e de escrita necessárias para a participação em práticas sociais letradas e as dificuldades no processo de aprendizagem do sistema de escrita, ou da tecnologia da escrita — são tratados de forma independente, o que revela o reconhecimento de suas especificidades e uma relação de não causalidade entre eles.


Magda Soares. Letramento e alfabetização: as muitas facetas.

Internet: www.scielo.br (com adaptações). 


Com base na estrutura e no vocabulário do texto precedente, julgue o item que se segue. 


No último parágrafo, o trecho entre travessões exerce a função sintática de aposto. 

Alternativas
Ano: 2024 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim - ES Provas: CESPE / CEBRASPE - 2024 - Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim - ES - Enfermeiro | CESPE / CEBRASPE - 2024 - Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim - ES - Enfermeiro do Trabalho | CESPE / CEBRASPE - 2024 - Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim - ES - Médico - Especialidade: Clínico Geral | CESPE / CEBRASPE - 2024 - Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim - ES - Professor de Educação Básica - PEB A | CESPE / CEBRASPE - 2024 - Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim - ES - Professor de Educação Básica - PEB B | CESPE / CEBRASPE - 2024 - Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim - ES - Professor de Educação Básica - PEB C - Arte | CESPE / CEBRASPE - 2024 - Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim - ES - Professor de Educação Básica - PEB C - Ciências | CESPE / CEBRASPE - 2024 - Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim - ES - Professor de Educação Básica - PEB C - Educação Física | CESPE / CEBRASPE - 2024 - Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim - ES - Professor de Educação Básica - PEB C - Ensino Religioso | CESPE / CEBRASPE - 2024 - Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim - ES - Professor de Educação Básica - PEB C - Geografia | CESPE / CEBRASPE - 2024 - Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim - ES - Professor de Educação Básica - PEB C - História | CESPE / CEBRASPE - 2024 - Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim - ES - Professor de Educação Básica - PEB C - Inglês | CESPE / CEBRASPE - 2024 - Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim - ES - Professor de Educação Básica - PEB C - Língua Portuguesa | CESPE / CEBRASPE - 2024 - Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim - ES - Professor de Educação Básica - PEB C - Matemática | CESPE / CEBRASPE - 2024 - Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim - ES - Professor de Educação Básica - PEB D |
Q2486609 Português

 Texto CG1A1-II 


        Sociedades contemporâneas produzem ciência. Mas sociedades remotas também a produziam, ainda que não o fizessem com os mesmos ferramentais metodológicos de observação e experimentação desenvolvidos e apurados nos séculos posteriores. Nosso conceito mais amplo de ciência pressupõe a tentativa de explicar e entender racionalmente a natureza. Assim como o progresso científico molda e é moldado pelas ideias compartilhadas entre as pessoas no tempo, o mesmo ocorre com a arte, que necessariamente captura, reflete e confronta a sua contemporaneidade. Contudo, embora arte e ciência tenham caminhado juntas no decorrer da história da civilização humana, a literatura que hoje conhecemos como ficção científica corresponde a uma ramificação literária moderna. Talvez seja injusto classificá-la como um gênero, sob o risco de reduzir a ampla extensão de sua capacidade de mesclar diversos territórios, temas e estilos. Em um complexo amálgama de romance, ciência, profecia e especulação, há nessas obras um componente de cientificismo que se tornou explícito na ficção científica em um recorte mais recente da história humana, quando autores, deliberada e conscientemente, incorporaram modelos racionais de explicação em narrativas que, por serem ficcionais, poderiam até se valer de um salvo-conduto que as libertaria dos compromissos técnicos e morais da razão, mas não o fizeram.


Luiz Aloysio Rangel. História e ficção científica: locomotivas, androides e outras viagens do metaverso. São Paulo: Editora Contexto, 2023, p. 10 (com adaptações).

Julgue o item subsequente, em relação às estruturas linguísticas do texto CG1A1-II. 


No quinto período do texto, o vocábulo “juntas” funciona como adjunto adverbial que veicula a circunstância do modo como a ação de caminhar se desenvolve. 

Alternativas
Q2461818 Português
                Há muitas especulações sobre qual meio de transporte teria sido “inventado” primeiro, desde o início da evolução humana, antes mesmo do surgimento da escrita. Referentemente a esse período, o fato é que muito pouco pode ser comprovado, o que nos deixa com algumas hipóteses e poucas certezas.
             É provável que o ser humano tenha pensado em formas de solucionar problemas como transportar sua caça ou transpor obstáculos, mas afirmar com exatidão que isso se transformou em algum meio de transporte da forma como conhecemos hoje é bem mais complicado.
                 Sabemos que o homem pré-histórico se deslocava em função do clima e da oferta de alimentos. Os pés humanos foram os primeiros responsáveis por esses deslocamentos. A melhor solução para o transporte a partir dessa época surgiu com a domesticação de animais selvagens. O homem pode ter notado a facilidade de lidar com determinadas espécies animais a ponto de utilizar sua força para transportar seus pertences.

Oswaldo Dias dos Santos Junior. Transportes turísticos. Curitiba,
InterSaberes, 2014, p. 20 (com adaptações).

Julgue o item subsequente, em relação aos sentidos e aspectos linguísticos do texto precedente.


Os termos preposicionados “a esse período” (segundo período do primeiro parágrafo) e “de alimentos” (primeiro período do terceiro parágrafo) desempenham a mesma função sintática nas orações em que ocorrem.

Alternativas
Q2427442 Português


Texto 11A1


        Trabalho e educação são atividades especificamente humanas. Isso significa que, rigorosamente falando, apenas o ser humano trabalha e educa. Assim, a pergunta sobre os fundamentos ontológicos da relação trabalho-educação traz imediatamente à mente a questão: quais são as características do ser humano que lhe permitem realizar as ações de trabalhar e de educar? Ou: o que é que está inscrito no ser do humano que lhe possibilita trabalhar e educar?


        Perguntas desse tipo pressupõem que o ser humano esteja previamente constituído como ser que possui propriedades que lhe permitem trabalhar e educar. Pressupõe-se, portanto, uma definição de ser humano que indique em que ele consiste, isto é, sua característica essencial a partir da qual se possa explicar o trabalho e a educação como atributos desse ser. E, nesse caso, fica aberta a possibilidade de que trabalho e educação sejam considerados atributos essenciais do ser humano, ou acidentais.


        Na definição de ser humano mais difundida (animal racional), o atributo essencial é dado pela racionalidade, consoante o significado clássico de definição estabelecido por Aristóteles: uma definição dá-se pelo gênero próximo e pela diferença específica. Pelo gênero próximo, indica-se aquilo que o objeto definido tem em comum com outros seres de espécies diferentes (no caso em tela, o gênero animal); pela diferença específica, indica-se a espécie, isto é, o que distingue determinado ser dos demais que pertencem ao mesmo gênero (no caso do ser humano, a racionalidade). Consequentemente, sendo o ser humano definido pela racionalidade, é esta que assume o caráter de atributo essencial desse ser.


        Ora, assim entendido o ser humano, vê-se que, embora trabalhar e educar possam ser reconhecidos como atributos humanos, eles o são em caráter acidental, e não substancial. Com efeito, o mesmo Aristóteles, considerando como próprio do ser humano o pensar, o contemplar, reputa o ato produtivo, o trabalho, como uma atividade não digna de seres humanos livres.


        Diversamente, Bergson, ao analisar o desenvolvimento do impulso vital na obra Evolução criadora, observa que “torpor vegetativo, instinto e inteligência” são os elementos comuns às plantas e aos animais. E, definindo a inteligência pela fabricação de objetos, fenômeno identificado como comum aos animais, encontra no ser humano a particularidade da fabricação de objetos artificiais, o que lhe permite avançar à seguinte conclusão: “Se pudéssemos nos despir de todo orgulho, se, para definir nossa espécie, nos ativéssemos estritamente ao que a história e a pré-história nos apresentam como a característica constante do ser humano e da inteligência, talvez não disséssemos Homo sapiens, mas Homo faber. Em conclusão, a inteligência, encarada no que parece ser o seu empenho original, é a faculdade de fabricar objetos artificiais, sobretudo ferramentas para fazer ferramentas, e de diversificar ao infinito a fabricação delas.”.


Demerval Saviani. Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos. Internet: (com adaptações). 

Em relação às ideias apresentadas no texto 11A1 e às relações de coerência nele presentes, julgue o item que se segue. 


O emprego do adjunto adverbial “Consequentemente”, no último período do terceiro parágrafo, indica uma relação de causa e efeito entre as ideias apresentadas. 

Alternativas
Q2378334 Português
Texto CB1A1-III

        Toda língua satisfaz à necessidade humana de comunicação. Embora muitas pessoas do mundo de hoje sejam tentadas a gastar mais tempo em mídias sociais do que talvez deveriam, é o impulso das trocas linguísticas que as está levando a essa situação. Não importa o quão ocupadas algumas pessoas estejam, é difícil não participarem de alguma conversa na tela à sua frente, para opinar sobre assuntos dos quais elas sabem pouco e se importam menos ainda. Seja por meio de conversas informais, da absorção de informações vindas da televisão, da discussão de jogos ou da leitura/escrita de romances, falar e escrever conecta os humanos, de modo ainda mais íntimo, em uma comunidade.


Daniel Everett. Linguagem: a história da maior invenção da humanidade. Tradução de Mauricio Resende. São Paulo: Editora Contexto, Belo Horizonte: Gutenberg, 2019, p. 12-13 (com adaptações).

Julgue o item a seguir, relativo a aspectos linguísticos do texto CB1A1-III.


Os termos preposicionados “à necessidade” (primeiro período), “na tela” (terceiro período) e “de romances” (quarto período) desempenham diferentes funções sintáticas.
Alternativas
Q2281236 Português
Texto CB1A1-I

        Os testes econométricos realizados para o estado de São Paulo mostram que a disponibilidade de gás natural teve importância na localização industrial. Tal resultado é corroborado pela avaliação de que seu efeito impacta mais a indústria consumidora intensiva do que a média das indústrias.
        Por outro lado, esta análise também está limitada pelo conjunto de variáveis disponíveis para controle. Embora tenham sido incluídas no modelo variáveis fundamentais no processo de localização, é inevitável que haja um grupo de variáveis omitidas. Citam-se, por exemplo, a relação entre os preços dos energéticos, as questões tributárias, a proximidade com pontos de exportação e com outras fontes de insumos importantes.
        Essa constatação, por sua vez, não diminui a relevância dos testes produzidos. Ao contrário, se se pode provar que a malha de gasodutos do país serve como fator de atração de atividade econômica, pode-se apontar mais uma possibilidade de atuação do setor público no intuito de garantir um processo de desconcentração econômica mais efetiva no país. A construção de uma malha mais eficiente e abrangente surge, portanto, como um importante desafio a ser considerado no planejamento energético nacional.

Edgar Antonio Perlotti et al. Concentração espacial da indústria de São Paulo: evidências sobre o papel da disponibilidade de gás natural. Energia e ambiente. 30 (87), maio-ago./2016 (com adaptações).

A respeito das relações de subordinação presentes no texto CB1A1-I, julgue o item subsequente. 


No segundo período do segundo parágrafo, o vocábulo “Embora” introduz oração que se classifica como adverbial consecutiva.

Alternativas
Q2215219 Português
Texto 8A3

O AMOR BATE NA AORTA

Cantiga do amor sem eira
nem beira,
vira o mundo de cabeça
para baixo,
suspende a saia das mulheres,
tira os óculos dos homens,
o amor, seja como for,
é o amor.

Meu bem, não chores,
hoje tem filme de Carlito!

O amor bate na porta,
o amor bate na aorta,
fui abrir e me constipei.
Cardíaco e melancólico,
o amor ronca na horta
entre pés de laranjeira
entre uvas meio verdes
e desejos já maduros.

Entre uvas meio verdes,
meu amor, não te atormentes.
Certos ácidos adoçam
a boca murcha dos velhos
e quando os dentes não mordem
e quando os braços não prendem
o amor faz uma cócega
o amor desenha uma curva
propõe uma geometria.

Amor é bicho instruído.

Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.

Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo corpos, vejo almas
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não ouso compreender…

Carlos Drummond de Andrade, Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006, p. 46-48 (com adaptações).

Julgue o item que se segue, relativos a funções da linguagem no texto 8A3.  


A função fática da linguagem se manifesta no texto quando do emprego, por exemplo, dos vocativos “meu bem” e “meu amor”, constantes da segunda e da quarta estrofes.

Alternativas
Q2215193 Português
Texto 8A2-I

       Os mediadores de leitura são aquelas pessoas que estendem pontes entre os livros e os leitores, ou seja, que criam as condições para fazer com que seja possível que um livro e um leitor se encontrem. A experiência de encontrar os livros certos nos momentos certos da vida, esses livros que nos fascinam e que nos vão transformando em leitores paulatinamente, não tem uma rota única nem uma metodologia específica; por isso, os mediadores de leitura não são fáceis de definir. No entanto, basta lembrar como descobrimos, nos primeiros anos da vida, esses livros que deixaram rastros em nossa infância e, talvez, aparecerão nítidas algumas figuras que foram nossos mediadores de leitura: esses adultos íntimos que deram vida às páginas de um livro, essas vozes que liam para nós, essas mãos e esses rostos que nos apresentavam os mundos possíveis e as emoções dos livros.
     Os mediadores de leitura, consequentemente, não estão somente na escola, mas no lar, nas bibliotecas e nos espaços não convencionais, como os parques, os hospitais e as ludotecas, entre outros lugares. Durante a primeira infância, quando a criança não lê sozinha, a leitura é um trabalho em parceria e o adulto é quem vai dando sentido a essas páginas que, para o bebê, não seriam nada, sem sua presença e sua voz. Então, os primeiros mediadores de leitura são os pais, as mães, os avós e os educadores da primeira infância e, aos poucos, à medida que as crianças se aproximam da língua escrita, vão se somando outros professores, a exemplo dos bibliotecários, dos livreiros e dos diversos adultos que acompanham a leitura das crianças.
        Não é fácil reduzir o trabalho do mediador de leitura a um manual de funções. Seu ofício essencial é ler de muitas formas possíveis: em primeiro lugar, para si mesmo, porque um mediador de leitura é um leitor sensível e perspicaz, que se deixa tocar pelos livros, que desfruta e que sonha em compartilhá-los com outras pessoas. Em segundo lugar, um mediador cria rituais, momentos e atmosferas propícias para facilitar os encontros entre livros e leitores. Às vezes, pode fazer a hora do conto e ler em voz alta uma ou várias histórias a um grupo, mas, outras vezes, propicia leituras íntimas e solitárias ou encontros em pequenos grupos. Assim, em certas ocasiões, conversa ou recomenda algum livro; em outras, permanece em silêncio ou se oculta para deixar que livro e leitor conversem.
        Por isso, além de livros, um mediador de leitura lê seus leitores: quem são, o que sonham e o que temem, e quais são esses livros que podem criar pontes com suas perguntas, com seus momentos vitais e com essa necessidade de construir sentido que nos impulsiona a ler, desde o começo e ao longo da vida.

Internet:<https://www.ceale.fae.ufmg.br/> (com adaptações). 

Considerando as ideias e os aspectos linguísticos do texto 8A2-I, julgue o item que se segue.


Os termos “nos primeiros anos da vida” (último período do primeiro parágrafo) e “Durante a primeira infância” (segundo período do segundo parágrafo) desempenham a mesma função sintática nos períodos em que ocorrem.


Alternativas
Q2215184 Português
Texto 8A1-I

     O Brasil é um dos países com maior proporção de alunos matriculados em cursos de formação de professores, mas com um dos mais baixos índices de interesse na profissão. Para especialistas, isso mostra que a docência se torna opção pela facilidade em ingressar no ensino superior, pelas baixas mensalidades e pela alternativa de cursos a distância — não pela vocação.
      Estudos internacionais mostram que um bom professor é um dos fatores que mais influenciam na aprendizagem. Os dados são de pesquisa feita pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que traçou o perfil de quem estuda para ser professor na América Latina e no Caribe. Enquanto, no Brasil, 20% dos universitários estão em cursos como licenciatura e pedagogia, na América Latina são 10% e, em países desenvolvidos, 8%.
      Em compensação, só 5% dos jovens brasileiros dizem querer ser professores quando estão no ensino médio. E, apesar da grande quantidade de alunos matriculada em cursos de licenciatura e pedagogia no Brasil, faltam docentes para lecionar disciplinas específicas em áreas de ciências exatas e da natureza.
         Na Coreia do Sul, por exemplo, 21% se interessam pela profissão e só 7% ingressam, de fato, na universidade, porque há muita concorrência e maior seleção. No Chile e no México, os dois índices são mais próximos: cerca de 7% se interessam pelo magistério e menos de 15% cursam pedagogia ou licenciatura.
       “Muitos alunos concluintes do ensino médio entram em programas de formação de professores para conseguir um título”, diz o economista chefe da divisão de educação no BID, Gregory Elacqua. Ele afirma que isso não é bom para a educação.
        “A gente atrai as pessoas mais vulneráveis e que lá na frente vão enfrentar o desafio de educar crianças vulneráveis também”, diz a diretora de políticas públicas do Instituto Península, que atua na área de formação de professores, Mariana Breim. “Se é este público que está procurando a docência, temos de abraçá-lo e fazê-lo se apaixonar por ela”, completa. Os dados mostram que 71% dos estudantes de pedagogia e licenciatura no Brasil são mulheres, índice semelhante ao verificado em outros países latinos.

Internet:<noticias.uol.com.br>  (com adaptações). 
Julgue o item seguinte, relativos à classificação gramatical de palavras, à pontuação e à sintaxe de concordância e regência no texto 8A1-I.
No trecho “na América Latina são 10% e, em países desenvolvidos, 8%” (final do segundo parágrafo), as vírgulas empregadas têm a finalidade específica de isolar um adjunto adverbial, porém, devido à pequena extensão desse termo, caso a segunda vírgula empregada fosse omitida do trecho, não haveria prejuízo para a correção gramatical do texto.

Alternativas
Q2128544 Português
  • Texto CGIAI-I


  •      Nem mais como tema literário serve ainda esse assunto de seca. Já cansou quem escreve, cansou quem lê e cansou principalmente quem o sofre. Parece mesmo que cansou o próprio Deus Nosso Senhor, pois que afinal, repetindo um gesto sucedido há exatamente um século (o último diz a tradição que foi em 1851), contra todos os cálculos, contra todas as experiências, ultrapassando os otimismos mais alucinados, fez começar um inverno no Nordeste durante a primeira quinzena de abril.


         Eu estava lá. Assisti mais uma vez à mágica transformação do deserto em jardim do paraíso. E vendo o céu escurecer bonito, depois de tantos meses de desesperança, os compadres diziam que eu lhes levara o inverno nas malas. O fato é que, durante a viagem de ida, enquanto o "Constellation" da Panair voava por cima do colchão compacto de nuvens carregadas de água, me dava uma vontade desesperada de rebocá-las todas, lá para onde tanta falta faziam, levá-las como rebanho de golfinhos prisioneiros e despejá-las em cheio sobre os serrotes do Quixadá.


         Pois choveu. Encheram-se os açudes, as várzeas deram nado, os rios subiram de barreira a barreira.


         Mas ninguém espere muito de um inverno assim tardio. Já se agradece de joelhos o pasto aparentemente garantido, o gado salvo. Mas não se espera que haja milho. Talvez feijão, desse precoce que dá em dois meses. E o algodão aguenta, provavelmente. Nada mais.


Rachel de Queiroz. Choveu! (com adaptações).

Assinale a opção em que o segmento apresentado exerce a função sintática de adjunto adverbial de tempo no texto CGIAl-I.
Alternativas
Q2111670 Português
Texto 2A2-II

     A origem da instituição Ministério Público (MP) não é facilmente situada na história, não sendo possível precisar ou afirmar com certeza a data e o local nos quais se tenha originado.
     No Brasil, a figura do promotor de justiça só surge em 1609, quando é regulamentado o Tribunal de Relação na Bahia. No Império, tratava-se a instituição no Código de Processo Criminal, sem nenhuma referência constitucional. Somente na Constituição de 1824, foram criados o Supremo Tribunal de Justiça e os tribunais de relação, nomeando-se desembargadores, procuradores da Coroa, conhecidos como “chefe do parquet”. No entanto, a expressão “Ministério Público” só seria utilizada no Decreto n.º 5.618, de 2 de maio de 1874.
     Foi na Constituição de 1891 que, pela primeira vez, o MP mereceu uma referência no texto fundamental. Já a Constituição Federal de 16 de julho de 1934 dispensou um tratamento mais alentador ao MP, definindo-lhe algumas atribuições básicas. As Constituições de 1946 a 1967 pouco disseram acerca do MP. A grande fase do MP foi inaugurada com a Constituição Federal de 1988 (CF), cujos termos são absolutamente inovadores, mesmo no nível internacional. A Constituição de 1988 é dotada de um capítulo próprio sobre o MP. Atendendo às características federais do Estado brasileiro, a CF trata do Ministério Público da União e daquele dos diversos estados-membros da Federação. A CF declara o MP como instituição permanente e essencial à função jurídica, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. 

Internet: www.anpr.org.br (com adaptações). 

Julgue o item subsequente, relativos a aspectos gramaticais do texto 2A2-II. 

O segmento “a expressão ‘Ministério Público’” (último período do segundo parágrafo) contém um aposto. 

Alternativas
Ano: 2023 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-ES Provas: CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Área Administrativa | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Administração | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Arquitetura | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Arquivologia | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Biblioteconomia | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Comunicação Social | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Contabilidade | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Direito | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Economia | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Enfermagem | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Engenharia Civil | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Engenharia Elétrica | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Engenharia Mecânica | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Estatística | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Anaista Judiciário - Especialidade: Licenciatura em Letras | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Medicina do Trabalho | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Área Judiciária - Especialidade: Direito | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Pedagogia | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Execução Penal | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Comissário de Justiça da Infância e Juventude | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Oficial de Justiça Avaliador | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Psicologia | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Serviço Social | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Taquigrafia | CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Contador |
Q2111455 Português

Texto CG1A1-I

    A apropriação colonial das terras indígenas muitas vezes se iniciava com alguma alegação genérica de que os povos forrageadores viviam em um estado de natureza — o que significava que eram considerados parte da terra, mas sem nenhum direito a sua propriedade. A base para o desalojamento, por sua vez, tinha como premissa a ideia de que os habitantes daquelas terras não trabalhavam. Esse argumento remonta ao Segundo tratado sobre o governo (1690), de John Locke, em que o autor defendia que os direitos de propriedade decorrem necessariamente do trabalho. Ao trabalhar a terra, o indivíduo “mistura seu trabalho” a ela; nesse sentido, a terra se torna, de certo modo, uma extensão do indivíduo. Os nativos preguiçosos, segundo os discípulos de Locke, não faziam isso. Não eram, segundo os lockianos, “proprietários de terras que faziam melhorias”; apenas as usavam para atender às suas necessidades básicas com o mínimo de esforço.  


    James Tully, uma autoridade em direitos indígenas, aponta as implicações históricas desse pensamento: considera-se vaga a terra usada para a caça e a coleta e, “se os povos aborígenes tentam submeter os europeus a suas leis e costumes ou defender os territórios que durante milhares de anos tinham erroneamente pensado serem seus, então são eles que violam o direito natural e podem ser punidos ou ‘destruídos’ como animais selvagens”. Da mesma forma, o estereótipo do nativo indolente e despreocupado, levando uma vida sem ambições materiais, foi utilizado por milhares de conquistadores, administradores de latifúndios e funcionários coloniais europeus na Ásia, na África, na América Latina e na Oceania como pretexto para obrigar os povos nativos ao trabalho, com meios que iam desde a escravização pura e simples ao pagamento de taxas punitivas, corveias e servidão por dívida.


David Graeber e David Wengrow. O despertar de tudo: uma nova história da humanidade. São Paulo: Cia das Letras, 2022, p. 169-170 (com adaptações).


Considerando as estruturas morfossintáticas e os aspectos semânticos do texto CG1A1-I, julgue o seguinte item.



No último período do segundo parágrafo, a oração “para obrigar os povos nativos ao trabalho” funciona como complemento do termo “pretexto”.
Alternativas
Q2122120 Português
Texto 10A1-I

    A discussão sobre um gênero neutro na linguagem deriva do uso do gênero gramatical masculino para denotar homens e mulheres (Todos nessa sala de aula devem entregar o trabalho.) e do feminino específico (Clarice Lispector é incluída pela crítica especializada entre os principais autores brasileiros do século 20.).
     Na gramática, o uso do masculino genérico é visto como gênero não marcado, ou seja, usá-lo não dá a entender que todos os sujeitos sejam homens ou mulheres — ele é inespecífico. Por ser algo cotidiano, é difícil pensar nas implicações políticas de empregar o masculino genérico, mas o tema foi amplamente discutido por especialistas como uma forma de marcar a hierarquização de gêneros na sociedade, priorizando o homem e invisibilizando a mulher. O masculino genérico é chamado, inclusive, de falso neutro.
    Entretanto, essa abordagem não é unânime no campo da linguística. Para muitos estudiosos, a interpretação sexista do masculino genérico ignora as origens latinas da língua portuguesa.
     No latim havia três designações: feminina, masculina e neutra. As formas neutras de adjetivos e substantivos no latim acabaram absorvidas por palavras de gênero masculino. A única marcação de gênero no português é o feminino. O neutro estaria, portanto, junto ao masculino.
    O Brasil não é o único país onde a linguagem neutra é discutida. Alguns setores acadêmicos, instituições de ensino e ativistas estadunidenses já consideram usar pronome neutro para se referir a todos, em vez de recorrer à demarcação de gênero binário.
    Especialistas avaliam que a modificação gramatical em línguas latinas pode ser muito mais complexa e custosa do que no inglês ou no alemão, em que já está em uso o gênero neutro, porque as línguas anglo-saxônicas em si já oferecem essa opção.
     Segundo especialistas, esse tipo de inovação é mais fácil de ocorrer no inglês, em que, com exceção daquelas palavras herdadas do latim, como actor (ator) e actress (atriz), a flexão de gênero não altera os substantivos e adjetivos. No caso do português, essa transformação não depende apenas da alteração de um pronome, porque a flexão de gênero afeta todo o sintagma nominal. Assim, a flexão de gênero é demarcada pela vogal temática a ou o (como em pesquisadoras brasileiras) e(ou) por meio do artigo a ou o (como em a intérprete).
     Mesmo com os desafios morfológicos, linguistas afirmam que não é impossível pensar em proposições mais inclusivas, e que isso não necessariamente significa que haja uma tentativa de destruição do português. Segundo explicam esses especialistas, a história de uma língua sempre conta muito sobre a história de seus falantes, de modo que as coisas que falamos hoje em dia não brotaram da terra nem vieram prontas, mas dependem da nossa história como humanidade. Nesse sentido, as propostas já existentes seriam os primeiros passos nesse movimento, e não uma forma final a ser imposta a todos os falantes.  

 Internet: <https://tab.uol.com.br> (com adaptações).
No que se refere à concordância e à morfossintaxe de períodos simples e compostos no texto 10A1-I, julgue o item subsequente.
No trecho “a interpretação sexista do masculino genérico” (segundo período do terceiro parágrafo), os vocábulos “a” e “sexista” classificam-se, sintaticamente, como adjuntos adnominais do termo “interpretação”, e a expressão “do masculino genérico” classifica-se como complemento nominal desse mesmo termo.
Alternativas
Q2020781 Português
Texto CG1A1-II

     A crescente adoção do conceito de tecnologias sociais ocorre concomitantemente com o avanço de dois conceitos que lhe são complementares: economia solidária e capital social. As graves consequências do capitalismo e da globalização, refletidas em altos índices de desemprego, aumento de índices de violência e criminalidade, aprofundamento da pobreza e da degradação ambiental, não podem ser abordadas por projetos paternalistas e compensatórios. Ao contrário, requerem estudos aprofundados sobre um novo tipo de desenvolvimento. O professor Henrique Rattner pontua que, entre os cientistas sociais que se debruçam sobre os fracassos do desenvolvimento e suas causas, em todos os debates travados nos últimos anos, o conceito de capital social tem ocupado espaço crescente. O capital social, segundo Rattner, procura trabalhar com a necessidade gregária, o espírito de cooperação e os valores de apoio mútuo e solidariedade, com base na “eficiência social coletiva”.

     Capital social, segundo o estudioso John Durston, é o conjunto de normas, instituições e organizações que promovem a confiança, a ajuda recíproca e a cooperação e que incorporam benefícios como redução dos custos de transação, produção de bens públicos e facilitação da constituição de organizações de gestão de bases efetivas, de atores sociais e de sociedades civis saudáveis. Sua importância está na busca de estratégias de superação da pobreza e de integração de setores sociais excluídos.

     No Brasil, nas últimas décadas, tem havido uma multiplicação de experiências baseadas no conceito de economia solidária. Diferentemente de iniciativas meramente paliativas, como respostas emergenciais a situações de pobreza e miséria, há agora uma interpretação de que essas experiências devam ser uma base para a reconstrução do tecido social. Como diz o pesquisador Luis Inácio Gaiger, elas “constituiriam uma ação geradora de embriões de novas formas de produção e estimuladora de alternativas de vida econômica e social”.


Ivete Rodrigues e José Carlos Barbieri. A emergência da tecnologia social: revisitando o movimento da tecnologia apropriada como estratégia de desenvolvimento sustentável. In: Revista de Administração Pública – FGV, Rio de Janeiro, 42(6):1069-94, nov./dez. 2008 (com alterações).

A respeito dos aspectos linguísticos e estruturais do texto CG1A1-II, julgue o item subsecutivo.


No quarto período do primeiro parágrafo, o trecho “em todos os debates travados nos últimos anos” encontra-se isolado por vírgulas por constituir uma expressão adverbial deslocada. 

Alternativas
Ano: 2022 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Provas: CESPE / CEBRASPE - 2022 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Administrativa | CESPE / CEBRASPE - 2022 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Medicina | CESPE / CEBRASPE - 2022 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Contabilidade | CESPE / CEBRASPE - 2022 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Arquitetura | CESPE / CEBRASPE - 2022 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Arquivologia | CESPE / CEBRASPE - 2022 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Biblioteconomia | CESPE / CEBRASPE - 2022 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Enfermagem | CESPE / CEBRASPE - 2022 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Engenharia Civil | CESPE / CEBRASPE - 2022 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Área Judiciária | CESPE / CEBRASPE - 2022 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal | CESPE / CEBRASPE - 2022 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Engenharia Elétrica | CESPE / CEBRASPE - 2022 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Estatística | CESPE / CEBRASPE - 2022 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Medicina do Trabalho | CESPE / CEBRASPE - 2022 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Odontologia | CESPE / CEBRASPE - 2022 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Psicologia | CESPE / CEBRASPE - 2022 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Serviço Social | CESPE / CEBRASPE - 2022 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista Judiciário - Tecnologia da Informação |
Q1983317 Português

Texto CG1A1

    

        O capitalismo de vigilância é uma mutação do capitalismo da informação, o que nos coloca diante de um desafio civilizacional. As Big Techs — seguidas por outras firmas, laboratórios e governos — usam tecnologias da informação e comunicação (TIC) para expropriar a experiência humana, que se torna matéria-prima processada e mercantilizada como dados comportamentais. O usuário cede gratuitamente as suas informações ao concordar com termos de uso, utilizar serviços gratuitos ou, simplesmente, circular em espaços onde as máquinas estão presentes.

        A condição para a emergência do capitalismo de vigilância foi a expansão das tecnologias digitais na vida cotidiana, dado o sucesso do modelo de personalização de alguns produtos no início dos anos 2000. No terço final do século XX, estavam criadas as condições para uma terceira modernidade, voltada a valores e expectativas dos indivíduos.

        Outras circunstâncias foram ocasionais: o estouro da bolha da internet em 2000 e os ataques terroristas do 11 de setembro. A primeira provocou a retração dos investimentos nas startups, o que levou a Google a explorar comercialmente os dados dos usuários de seus serviços. Para se prevenir contra novos ataques, as autoridades norte-americanas tornaram-se ávidas de programas de monitoramento dos usuários da Internet e se associaram às empresas de tecnologia. Por sua vez, a Google passou a vender dados a empresas de outros setores, criando um mercado de comportamentos futuros. Assim, instaurou-se uma nova divisão do aprendizado entre os que controlam os meios de extração da mais-valia comportamental e os seus destinatários.

      Ao se generalizar na sociedade e se aprofundar na vida cotidiana, o capitalismo de vigilância capturou e desviou o efeito democratizador da Internet, que abrira a todos o acesso à informação. Ele passou a elaborar instrumentos para modificar e conformar os nossos comportamentos.

Internet: < www.scielo.br> (com adaptações).

O trecho “o estouro da bolha da internet em 2000 e os ataques terroristas do 11 de setembro” (primeiro período do terceiro parágrafo) exerce a função de
Alternativas
Q1963782 Português

Texto CB1A1-II 


  A palavra “corrupção” tem origem nas palavras latinas corruptio e corrumpere, que indicam algo que foi corrompido, deturpado. Por ela ser um termo polissêmico, entendemos que a sua história conceitual é incerta. É usual o tratamento da corrupção sob uma perspectiva moralista, como algo resultante da falta de caráter dos indivíduos. Contudo, tal abordagem não apresenta validade científica, já que moral é um atributo individual, dotado de subjetividade e culturalmente circunscrito.

  A manifestação de práticas corruptas pode-se dar em ambientes públicos ou privados, a partir de numerosos tipos de ação e em variada magnitude. Em todos os casos, a corrupção sempre se materializa a partir de trocas entre os agentes. Em relação a quem participa da troca corrupta, em situações nas quais há participação de agentes públicos, distinguem-se três tipos de corrupção: a grande corrupção, a corrupção burocrática (a pequena corrupção) e a corrupção legislativa. A primeira normalmente se refere a atos da elite política que cria políticas econômicas que a beneficiem. A segunda tem a ver com atos da burocracia em relação aos superiores hierárquicos ou ao público. A terceira se relaciona à compra de votos dos legisladores.  

  Nas três formas, encontramos algum tipo de pagamento. Isso nos leva a concluir que a corrupção tem uma natureza essencialmente econômica: ela é uma troca socialmente indesejada. Com isso, queremos dizer que, apesar de não se configurar necessariamente como ilegal em todos os seus tipos, ela se configura como um jogo de soma zero entre a sociedade e os participantes do ato corrupto.

Luiz Fernando Vasconcellos de Miranda. Corrupção: debate conceitual. In: Cláudio André de Souza (org). Dicionário das eleições. Curitiba: Juruá, 2020, p. 209-210 (com adaptações).

Em relação a aspectos linguísticos do texto CB1A1-II, julgue o item subsequente.


A oração “apesar de não se configurar necessariamente como ilegal em todos os seus tipos” (último parágrafo) está isolada entre vírgulas porque expressa sentido explicativo.

Alternativas
Respostas
1: C
2: C
3: E
4: C
5: E
6: C
7: C
8: C
9: E
10: E
11: C
12: E
13: D
14: C
15: C
16: C
17: C
18: E
19: E
20: E