Questões da Prova CPCON - 2017 - UEPB - Advogado
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Interpretando as lições do Professor Francisco Leite Duarte, considera-se Sistema Tributário Nacional o complexo de normas jurídicas (princípios, postulados e regras) disciplinadoras do tributo e das relações estabelecidas entre os sujeitos da obrigação tributária, sendo fundamentados na Constituição. Um toque diferenciador do modelo existente no país em relação a outros, é sua exaustividade, já que a nossa Lei Maior normatiza a matéria de forma bem detalhada; e a sua rigidez, já que a Lei Maior estabelece rigorosa divisão de competência tributária entre as entidades políticas da Federação, sendo necessário um procedimento especial para alterar essa distribuição constitucional. (DUARTE, Francisco Leite. Direito Tributário: Teoria e Prática. 2. Ed. Rio de Janeiro: Revista dos Tribunais, 2015, pp. 210-211). Assim, sobre o Sistema Tributário Nacional, assinale a alternativa CORRETA.
Observe as assertivas abaixo, que tratam do Direito Previdenciário tanto na sua parte de custeio, quanto em relação aos benefícios prestados pelo Regime Geral da Previdência Social – RGPS. Em seguida responda o que se pede.
I- Segundo a Constituição Federal, o custeio da seguridade social será de toda a sociedade, incluindo a contribuição do Estado, dos trabalhadores, das empresas, dos concursos de prognósticos e dos importadores de bens e serviços do exterior. Além dessas fontes de financiamento, outras poderão ser criadas, desde que haja lei ordinária dispondo sobre sua criação.
II- O salário-de-contribuição é a base de cálculo utilizada para verificar a contribuição que um trabalhador irá pagar mensalmente para o custeio do regime do RGPS. O salário-de-contribuição tem um teto para o trabalhador, e em relação a ele, não incide algumas parcelas remuneratórias pagas ao empregado, como as diárias recebidas pelo mesmo cujo valor não exceda a 50% (cinquenta por cento) do seu salário; e o recebimento de suas férias não gozadas no período correto.
III- O benefício do salário maternidade garante para a segurada do RGPS ou ao seu segurado, em determinadas situações, que tiveram filhos ou adotaram um menor de 18 anos, o valor de seus vencimentos pelo período de até 120 (cento e vinte) dias, em qualquer hipótese.
IV- A aposentadoria especial é concedida para o trabalhador que desenvolve initerruptamente suas atividades exposto a agentes que ponham em risco a sua saúde física ou mental, podendo se aposentar com 15, 20 ou 25 anos a depender do grau de nocividade daquela atividade.
São CORRETAS:
Um texto bem construído e, naturalmente, bem interpretado, vai apresentar aquilo que Beaugrande, Dressler (1996) e Costa Val (2002) chamam de textualidade, isto é, o conjunto de características que fazem com que um texto seja assim chamado e não uma sequência de frases quaisquer.
Atente para os dois textos a seguir e responda ao que se pede:
Texto IV
As Caravanas (Chico Buarque)
É um dia de real grandeza, tudo azul
Um mar turquesa à la Istambul enchendo os olhos
Um sol de torrar os miolos
Quando pinta em Copacabana
A caravana do Arará, do Caxangá, da Chatuba
A caravana do Irajá, o comboio da Penha
Não há barreira que retenha esses estranhos
Suburbanos tipo muçulmanos do Jacarezinho
A caminho do Jardim de Alá
É o bicho, é o buchicho, é a charanga
Diz que malocam seus facões e adagas
Em sungas estufadas e calções disformes
É, diz que eles têm picas enormes
E seus sacos são granadas
Lá das quebradas da Maré
Com negros torsos nus deixam em polvorosa
A gente ordeira e virtuosa que apela
Pra polícia despachar de volta
O populacho pra favela
Ou pra Benguela, ou pra Guiné
Sol, a culpa deve ser do sol
Que bate na moleira, o sol
Que estoura as veias, o suor
Que embaça os olhos e a razão
E essa zoeira dentro da prisão
Crioulos empilhados no porão
De caravelas no alto mar
Tem que bater, tem que matar, engrossa a gritaria
Filha do medo, a raiva é mãe da covardia
Ou doido sou eu que escuto vozes
Não há gente tão insana
Nem caravana
Nem caravana
Nem caravana do Arará
Apartir dos textos III e IV, julgue cada uma das afirmações feitas a seguir à luz dos elementos de textualidade presentes em cada uma delas e em seguida responda ao que se pede.
I- No texto III o jogo semântico-discursivo, que envolve elementos sócio-históricos interrelacionados com os processos de colonização do Brasil podem ser inferidos, por exemplo, a partir do cruzamento do campo semântico das expressões RICO e AZEITE (referências a Portugal, local de grande produção de azeites no mundo e país colonizador do Brasil) com ESCURO e SEGURANÇA(alusão implícita ao processo de escravatura, comandado por este país, bem como ao fato de grande parte dos negros e afrodescendentes brasileiros, ainda hoje, estarem relegados a profissões que não transcendem a de segurança particular). Não obstante esse jogo semântico-discursivo marcado por pistas que denunciam tal relação, não se percebe, ainda, elementos textuais suficientes justificadores de coerência para afirmar que se trate efetivamente de um texto.
II- No texto IV, a polissemia da palavra “caravana” remete a um campo semântico vasto, complexo e marcado por um amálgama de elementos intertextuais, sócio-históricos, políticos e até geográficos que reatualizam o terror dos navios negreiros que transportavam escravos. A caravana contemporânea, agora, encabeçada pela elite carioca, é denunciada por via de um novo componente: o preconceito social, no caso em tela, da zona sul, contra os crioulos pobres e egressos das favelas, ‘escravos livres’ e cativos da opressão endêmica a que os pobres vêm sendo submetidos historicamente, fruto de um processo de ódio, raiva e covardia, segundo a denúncia veiculada, encabeçada por essa elite branca. Tais elementos são mais que justificadores para comprovar elevados graus de informatividade e coerência no poema, fatores de textualidade patentes e incontestáveis.
III- As caravanas e comboios denunciados no texto e advindos das mais longínquas periferias da cidade não são mais que ararás (espécie de cupim) devoradores, devastadores; de picas enormes e sacos explosivos comem tudo e de tudo. Por essa razão precisam ser expulsos da areia branca do Jardim de Alá e, de preferência, dizimados. Entretanto, expressões como “zoeira”, “quebradas”, “picas”, “É o bicho, é o buchicho”, “populacho” e “malocam” são construções que quebram coesivamente a harmonia do texto, tornando-o cada vez mais incoerente.
IV- Nos versos “Sol, a culpa deve ser do sol/ Que bate na moleira, o sol/ Que estoura as veias, o suor/ Que embaça os olhos e a razão” (texto IV), os itens em destaque, ao retomarem coesivamente a palavra “sol”, exemplificam, na superfície textual, através do jogo de referencialidades, um importante fator de textualidade denominada coesão textual, fundamental para dar a unidade formal ao texto.
V- Ainda no texto IV, pode-se afirmar que não há inferências a maiores riquezas polissêmicas, nem tampouco intencionalmente provocadoras e que minimamente conduzam a graus de informatividade mais expressivos. Nos versos “Suburbanos tipo muçulmanos do Jacarezinho/ A caminho do Jardim de Alá”, não há, do ponto de vista de coerência de mundo, sobretudo na contemporaneidade, qualquer relação semântica entre “suburbanos”, “muçulmanos” e “Jardim de Alá”.
É CORRETO o que se afirma em