O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é caracterizado pel...
Caso:
Um paciente de 28 anos relata passar cerca de três horas por dia lavando as mãos e desinfetando superfícies de sua casa. Ele descreve pensamentos intrusivos persistentes sobre "contaminação por germes" que causam intenso desconforto. Apesar de reconhecer que seus comportamentos são excessivos, ele sente que não pode evitá-los.
Com base nos critérios diagnósticos do DSM-5, qual característica é essencial para diferenciar o TOC de outros transtornos de ansiedade?
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Para resolver essa questão, precisamos entender o que caracteriza o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) de acordo com o DSM-5. O TOC é definido pela presença de obsessões (pensamentos, impulsos ou imagens persistentes e indesejadas) e/ou compulsões (comportamentos repetitivos ou atos mentais que a pessoa se sente compelida a realizar em resposta a uma obsessão) que causam sofrimento significativo ou prejuízo funcional.
Alternativa Correta: A
A - A presença de pensamentos intrusivos e comportamentos repetitivos, acompanhados de insight sobre sua irracionalidade. Esta alternativa está correta porque descreve adequadamente o TOC. O paciente reconhece que seus pensamentos e comportamentos são excessivos, mas ainda assim, sente-se compelido a realizá-los para aliviar o desconforto causado pelas obsessões. Essa consciência parcial do problema é uma característica importante do TOC.
Agora, vamos analisar por que as outras alternativas estão incorretas:
B - A ausência de consciência sobre a natureza exagerada das compulsões e obsessões, com prejuízo severo no funcionamento social. Esta descrição não é precisa para o TOC, pois muitas vezes os pacientes têm consciência de que suas obsessões e compulsões são irracionais, apesar de isso não impedir que os realizem. A ausência completa de consciência é incomum no TOC.
C - A predominância de sintomas físicos, como taquicardia e sudorese, associados aos pensamentos intrusivos. Embora sintomas físicos possam ocorrer, eles são mais característicos de transtornos de ansiedade como o Transtorno de Ansiedade Generalizada ou o Transtorno do Pânico, e não são a base para o diagnóstico de TOC.
D - A ocorrência de episódios episódicos de compulsões intensas, sem impacto funcional significativo. No TOC, as compulsões frequentemente causam prejuízo significativo, seja em termos de tempo gasto ou de impacto na vida diária. A ideia de que não haveria impacto funcional significativo não é consistente com o diagnóstico de TOC.
E - A presença de comportamentos compulsivos que não são relacionados a nenhum pensamento intrusivo específico. No TOC, as compulsões estão diretamente relacionadas às obsessões. Ou seja, o comportamento compulsivo é uma tentativa de reduzir a ansiedade gerada pelo pensamento intrusivo.
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Comentários
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No começo eu fiquei em dúvida quanto ao gabarito. Porém, por eliminação, podemos realmente ficar com a alternativa A. Entretanto, há um aspecto importante para a compreensão do TOC que essa questão levanta. Vejamos:
Existe um especificador no DSM V TR, consultar a página 237 da tradução brasileira, que versa sobre o insight que pode nos fazer questionar o conteúdo restritivo da alternativa A. Vejamos:
Especificar se:
Com insight bom ou razoável: O indivíduo reconhece que as crenças do transtorno obsessivo-
-compulsivo são definitiva ou provavelmente não verdadeiras ou que podem ou não ser verdadeiras.
Com insight pobre: O indivíduo acredita que as crenças do transtorno obsessivo-compulsivo
são provavelmente verdadeiras.
Com insight ausente/crenças delirantes: O indivíduo está completamente convencido de que
as crenças do transtorno obsessivo-compulsivo são verdadeiras.
Assim, é possível que o desenvolvimento clínico do transtorno venha desacompanhada de insight. Saber dessas minúcias na hora da prova pode trazer algum tipo de confusão, pois as questões são elaboradas de forma bem generalista. Por outro lado, saber desses detalhes também é importante porque mutas vezes eles são cobrados. Logo, o importante é saber dimensionar as especificidades com a generalidade do tema para evitar confusões e fazer as questões com o que está “mais certo” ou menos errado”
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