Segundo o autor, o novo modelo de herói se constitui atualm...
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Ano: 2008
Banca:
FCC
Órgão:
METRÔ-SP
Provas:
FCC - 2008 - METRÔ-SP - Analista Treinee - Arquitetura
|
FCC - 2008 - METRÔ-SP - Analista Treinee - Geologia |
FCC - 2008 - METRÔ-SP - Analista Treinee - Ciências Contábeis |
FCC - 2008 - METRÔ-SP - Analista Treinee - Desenho Industrial |
FCC - 2008 - METRÔ-SP - Analista Treinee - Pedagogia |
FCC - 2008 - METRÔ-SP - Analista Treinee - Marketing |
FCC - 2008 - METRÔ-SP - Analista Treinee - Geografia |
Q2878460
Português
Texto associado
Uma nação se forja graças à sua memória. Ninguém
melhor do que os franceses para cultuar a sua História, bem
apresentada na Biblioteca François Mitterrand, em Paris, com a
exposição sobre os heróis, denominada De Aquiles a Zidane.
Curioso o título da mostra, a indicar o surgimento de um novo
modelo de herói. Na exposição se percorre uma longa trajetória,
que vai dos heróis gregos, como Aquiles, um bravo, corajoso,
impiedoso combatente, que preferiu a vida breve gloriosa a uma
vida longa obscurecida, até as figuras de gibi e televisão, como
Superman e Homem-Aranha, para finalizar com uma celebridade do contagiante futebol. Dos pés de Aquiles, seu único ponto
fraco, aos pés de Zidane, seu ponto forte.
Sendo o herói de hoje efêmero, que tem seu rápido
momento de glória registrado pela mídia para ser logo
esquecido, teve-se de recorrer, para marcar o herói dos tempos
atuais, às figuras imaginárias do Superman, do Homem-Aranha,
consagradas nas revistas e nas telas de cinema ou televisão.
Como diz Michela Marzano sobre a morte espetáculo, “as fronteiras entre a ficção e realidade são cada vez mais vagas”. Os
heróis de hoje não são de carne e osso, são super-heróis indestrutíveis de um espetáculo de divertimento, mas que podem
confundir-se com o real, como fez o garoto de Santa Catarina
que, vestido de Homem-Aranha, penetrou nas chamas e retirou
a menininha do berço incendiado.
Mas a mostra rememora os heróis franceses a serem
cultuados e seguidos. Os heróis são símbolos nacionais ou
religiosos cujos prodígios se caracterizam pela bravura, pela
temeridade, pela renúncia, pelo idealismo. Põem acima do
próprio instinto de conservação a busca do bem coletivo. O
herói ressalta-se por sua vontade de vencer, pela força do
caráter, pela grandeza de alma, pela elevada virtude, que o faz
enfrentar sobranceiramente a morte. [...]
Lembrei o exemplo de mártires que, sem desprezo pela
morte, a enfrentaram com estoicismo, alimentados por suas
crenças em luta corajosa para a eliminação da injustiça e a transformação da sociedade em benefício de todos. Não foram
estes homens combatentes de grandes feitos militares, portado-
res de estratagemas ou forças invencíveis. Foram pessoas comuns, que tiveram destino diverso das demais por aceitarem enfrentar os perigos em nome de uma causa, com a virtude da
renúncia aos próprios interesses. São heróis, não super-heróis
ou celebridades, como os “heróis” de hoje.
Nós, brasileiros, também temos exemplos de heróis de
carne e osso, em nossa História, que morreram na luta por suas
crenças. Lembro três: Zumbi, Frei Caneca e Marçal de Souza
Tupã-Y. Malgrado existam estes exemplos, dentre outros,
assusta a resposta colhida em pesquisa feita, por internet, entre
60 mil brasileiros, a quem se indagou qual a figura mais importante de nossa História. A resposta majoritária foi, num leque de
opções, o próprio povo brasileiro. Tal indica que deixamos de
ter modelos, valores a serem perseguidos. Perdeu-se a
memória.
(Adaptado de Miguel Reale Júnior. O Estado de S. Paulo, A2, 1
de dezembro de 2007)
Segundo o autor, o novo modelo de herói se constitui atualmente de