“... não se veem as calçadas das ruas, quando muito vê-se e...

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Q569789 Português
Texto III - A arte de andar nas ruas do Rio de Janeiro

    Ele se mudou para o sobrado da chapelaria para melhor escrever o primeiro capítulo, que compreende, apenas, a arte de andar no centro da cidade. Não sabe qual capítulo será o mais importante, no fim de tudo. O Rio é uma cidade muito grande, guardada por morros, de cima dos quais pode-se abarcá-la, por partes, com o olhar, mas o centro é mais diversificado e obscuro e antigo, o centro não tem um morro verdadeiro; como ocorre com o centro das coisas em geral, que ou é plano ou é raso, o centro da cidade tem apenas uma pequena colina, indevidamente chamada de morro da Saúde, e para se ver o centro de cima, e assim mesmo parcialmente, é preciso ir ao morro de Santa Teresa, mas esse morro não fica em cima da cidade, fica meio de lado, e dele não dá para se ter a menor ideia de como é o centro, não se veem as calçadas das ruas, quando muito vê-se em certos dias o ar poluído pousado sobre a cidade.

                                               Rubem Fonseca. In: Romance negro e outras histórias. São Paulo:

                                                                                  Cia das Letras, 1992. Página 16. Fragmento. 
“... não se veem as calçadas das ruas, quando muito vê-se em certos dias o ar poluído pousado sobre a cidade." O sentido da expressão em negrito equivale a:
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