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Ano: 2024
Banca:
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Órgão:
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Um vento engraçado
Publicado em 11/12/2023 | Paulo Pestana | Crônica
Muitas vezes ele sai em silêncio, mas ainda assim o pum faz
barulho. A flatulência é uma reação digestiva normal e
democrática – reis e súditos soltam bufas – mas provoca a
imaginação popular, quase sempre seguida de risos, desde
tempos imemoriais. Porque ninguém sabe, mas, dos casos e
piadas, vieram livros. O primeiro, De Flatibus, de 1582, escrito
pelo médico Jean Fyens, seguido por De Peditu, do erudito
alemão Gaspard Dornau, de 1628, e pelo mais escatológico de
todos, de 1751, A Arte de Peidar, atribuído a Pierre-ThomasNicolas Hurtaud.
Antes que alguém levante suspeitas fedorentas, quero dizer
que não sou especialista em gases. Nem nos nobres, muito
menos nos plebeus. Mas, andando pelos corredores da Feira do
Livro, plantada num estranho e feioso barraco na Esplanada dos
Ministérios, fui atraído por um estande que expunha cordéis. E eis
que, no meio daquelas miúdas e MAL / MAU impressas
publicações, havia praticamente uma SEÇÃO / SESSÃO /
CESSÃO dedicada aos traques: “O ABC do Peido”, “O Peido que
Acabou com um Casamento”, “O Que o Peido pode Fazer”, “O
Prazer que o Peido Dá”, “Antologia do Peido”, “As Consequência
do Peido”, “O Que o Peido Pode Fazer”, e muitos outros títulos,
de diversos autores e procedências. Fico pensando que tipo de
inspiração bate na cabeça dos cordelistas para caprichar nas
rimas e nos casos, mas certamente o público quer saber mais
sobre o fute. Por quê? Qual a graça de uma ventosidade,
barulhenta ou não, que cheira MAL / MAU e causa desconforto
em quem produz e em quem recebe?
Há algum tempo, o cronista Danilo Gomes me enviou um
exemplar de A Arte de Peidar, que se apresenta assim: “Ensaio
teórico-físico e metódico para o uso das pessoas constipadas,
das pessoas graves e austeras, das senhoras melancólicas e de
todos que insistem em permanecer escravos do preconceito”. É
um opúsculo que faria sucesso se adotado para discussão na
quinta série do primeiro grau; tido como clássico da literatura
cômica e pseudomédica, o texto começa mostrando as diferenças
entre pum e arroto – mas não explica por que um é considerado
tão engraçado enquanto o outro, também difícil de segurar, é tido
como falta de educação mesmo. Há também a afirmação que são
62 os tipos de sons musicais que acompanham a lufada –
incluindo o plenivocal-pleno, que seria o tom mais alto. No final, o
autor relaciona tipos de ventosidades que seriam agradáveis,
uma sucessão escatológica que nos leva aos cordéis nordestinos
que elegem o cheiroso como tema e que também costuma
mostrar as diferenças.
O mistério persiste. É uma espécie universal de piada, que
causa frouxos (epa!) de riso em quem solta e em quem está
próximo, mas, afinal, qual é a graça?
Em 2008 tentaram acabar com a farra. Os jornais
publicaram a notícia de que uma empresa da Califórnia estava
lançando um filtro para neutralizar o odor da flatulência a partir de
carvão ativado e que deveria ser instalado na cueca. Uma
embalagem com cinco filtros custaria US$ 9,95, mais ou menos
uns R$ 50,00.
Eu prefiro distância. Preferi inclusive comprar outros
cordéis, com temas de menor fedentina.
PESTANA, Paulo. Um vento engraçado. Correio Braziliense, 11 de dezembro de
2023. Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/paulopestana/umvento-engracado/. Acesso em: 17 dez. 2023. Adaptado.
Glossário:
- escatológico: relativo a excrementos ou à excreção.
- opúsculo: livro pequeno sobre artes.
- fute: (brasileirismo) diabo, demônio.
No segundo parágrafo do texto, foram inseridos grupos
de palavras em letras maiúsculas. Analise o contexto em que
cada grupo se encontra e, em seguida, assinale a alternativa
que completa corretamente o parágrafo.