O uso do acento grave, no período “Em vão procurei e natura...

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Q991645 Português

TEXTO I

CONSIDERAÇÕES SOBRE O LONGE

Uma palavra. Uma só palavra, solitário verbo que me fizesse reencontrar o rumo de um lugar pleno de magia que descobri ou inventei quando criança e a que chamava de Longe.

Creio já haver falado dele numa crônica mais antiga (por vezes penso que todas as minhas crônicas são antigas e anteriores a mim), perdida em meus caóticos arquivos.

Nunca consegui definir muito bem o que era o Longe depois que fiquei adulto. Busquei na infância alguma pista, algum resíduo que por lá houvesse ficado e me permitisse apreender esse conceito esquecido do Longe.

Em vão procurei e naturalmente nada encontrei que me ajudasse, porque criança dispensa essa escravidão perpétua à lógica dos adultos. Eu não pensava sobre o Longe, apenas o vivia como se fosse perfeitamente natural sua existência, explicação não carecia.

O Longe era para onde eu fugia quando a doméstica barra pesava ou quando me dava vontade, e lá tudo acontecia do modo que eu bem desejasse. Eu já inventara Pasárgada e nem sabia. Lá eu podia ser todos os heróis de minha infância. Super Homem, Zorro, Tarzan, Batman, Cisco Kid, Peter Pan, Mandrake, Flash Gordon, Mané Garrincha.

O Longe era o portal da liberdade sem freios nem correntes, a liberdade absoluta da imaginação. O Longe me fazia grande o bastante para enfrentar todos os medos, pois lá nada me aconteceria de mal simplesmente porque eu tinha superpoderes. 

Hoje, sei que esqueci o mapa do caminho que me levava ao Longe e mesmo que o recuperasse dentro de uma garrafa lançada ao mar, mesmo que as portas mágicas novamente se abrissem, de nada me adiantaria, nada mais seria no Longe que um desconhecido e inoportuno visitante. Sim, crescer é bom, nos torna mais donos de nós mesmos, porém, o quanto não perdemos. 

Nem me lembro direito quanto tempo o Longe durou em minha vida, sei que não foi o suficiente, o bastante. Por vezes, creio que fiquei adulto demais na ânsia de entender o mundo, possuí-lo, pertence-lo. Desnecessária pressa, hoje percebo.

O Longe estava longe de ser um território poético. Era real, tão real ou mais que o quintal da casa paterna, o jardim, o oitão, a rua, o mar, o colo de mamãe, o bolo de chocolate esfriando na mesa da cozinha, a bola de couro embaixo da cama cheirando a sebo de carneiro, a beleza da primeira professora, a canção que saía do rádio de válvulas.

Não havia muita diferença entre o que era real e o Longe. O Longe era igual a tudo que existia, só que diferente. Eu era diferente.

MONTE, Airton. Moça com flor na boca: crônicas escolhidas, Fortaleza: UFC, 2005

O uso do acento grave, no período “Em vão procurei e naturalmente nada encontrei que me ajudasse, porque criança dispensa essa escravidão perpétua à lógica dos adultos” (Texto I, parágrafo 4), tem a explicação de uso gramatical correto em:
Alternativas

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Interpretação da questão: A questão aborda o uso da crase, que é a fusão da preposição “a” com o artigo “a” que antecede um substantivo feminino. O contexto apresentado no texto é crucial para a correta análise da frase e da utilização do acento grave.

Regra gramatical: A regra que rege o uso da crase é a seguinte: ocorre crase quando há a fusão da preposição “a” com o artigo “a”. Para identificar se a crase deve ser utilizada, devemos perguntar se a palavra seguinte exige preposição e se admite artigo. No caso específico da frase, “lógica” é um substantivo feminino que pede artigo, e a preposição é necessária para a expressão “escravidão perpétua”.

Alternativa correta: A alternativa E é a correta porque afirma que a crase ocorre devido à fusão entre a preposição regida pela expressão “escravidão perpétua” e o artigo do substantivo “lógica”.

Justificativa: A expressão “escravidão perpétua à lógica dos adultos” indica que a preposição “à” é necessária para conectar “escravidão perpétua” ao substantivo “lógica”, que por sua vez exige o artigo. Portanto, a crase é justificada pela presença da preposição e do artigo feminino.

Alternativas incorretas:

  • A - Alega que a crase ocorre por ter preposição regida pelo verbo “dispensa”, mas ignora o fato de que a crase deve ser analisada em relação ao substantivo “lógica”, não ao verbo.
  • B - Afirma que a crase é devida à fusão da preposição regida pelo verbo “dispensa” e o artigo do substantivo “lógica”, mas isso não é preciso; a preposição vem da expressão “escravidão perpétua”.
  • C - Sugere que a crase é utilizada para acentuar o artigo do substantivo “lógica”, o que é incorreto, pois a crase não é uma forma de acentuação, mas o resultado da fusão entre preposição e artigo.
  • D - Afirma que o uso da crase é incorreto, o que é falso, pois a crase está corretamente aplicada na frase analisada.

Conclusão: Ao analisar a questão e as alternativas, a chave para entender o uso da crase está em identificar corretamente a relação entre a preposição e o artigo. A prática e a atenção aos detalhes gramaticais ajudam a evitar erros comuns em questões de concursos.

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Comentários

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GABARITO: LETRA E

porque criança dispensa essa escravidão perpétua à lógica dos adultos

-----> dispensa alguma coisa (verbo transitivo direto, não rege a preposição "a").

-----> escravidão PERPÉTUA a alguma coisa (o adjetivo rege o uso de uma preposição, sendo que o termo em destaque é um complemento nominal que completa o sentido do adjetivo).

-----> "lógica" é um substantivo acompanhado do artigo definido "a", logo a formação da crase está correta, pois temos preposição "a" + artigo definido "a."

Força, guerreiros(as)!!

questão um pouquinho difícil

“Em vão procurei e naturalmente nada encontrei que me ajudasse, porque criança dispensa essa escravidão perpétua à lógica dos adultos” (Texto I, parágrafo 4), tem a explicação de uso gramatical correto em:

alternativa correta:

existe por conta da fusão entre a preposição regida pela expressão “escravidão perpétua” com o artigo do substantivo “lógica”.

a escravidão perpétua precisa de preposição para lincar com => a lógica dos adultos.

Tudo o que você precisa para acertar qualquer questão de CRASE:

I - CASOS PROIBIDOS: (são 15)

1→ Antes de palavra masculina

2→ Antes artigo indefinido (Um(ns)/Uma(s))

3→ Entre expressões c/ palavras repetidas

4→ Antes de verbos

5→ Prep. + Palavra plural

6→ Antes de numeral cardinal (*horas)

7→ Nome feminino completo

8→ Antes de Prep. (*Até)

9→ Em sujeito

10→ Obj. Direito

11→ Antes de Dona + Nome próprio (*posse/*figurado)

12→ Antes pronome pessoal

13→ Antes pronome de tratamento (*senhora/senhorita/própria/outra)

14→ Antes pronome indefinido

15→ Antes Pronome demonstrativo(*Aquele/aquela/aquilo)

II - CASOS ESPECIAIS: (são7)

1→ Casa/Terra/Distância – C/ especificador – Crase

2→ Antes de QUE e DE → qnd “A” = Aquela ou Palavra Feminina

3→ à qual/ às quais → Consequente → Prep. (a)

4→ Topônimos (gosto de/da_____)

a) Feminino – C/ crase

b) Neutro – S/ Crase

c) Neutro Especificado – C/ Crase

5→ Paralelismo

6→ Mudança de sentido (saiu a(`) francesa)

7→ Loc. Adverbiais de Instrumento (em geral c/ crase)

III – CASOS FACULTATIVOS (são 3):

1→ Pron. Possessivo Feminino Sing. + Ñ subentender/substituir palavra feminina

2→ Após Até

3→ Antes de nome feminino s/ especificador

IV – CASOS OBRIGATÓRIOS (são 5):

1→ Prep. “A” + Artigo “a”

2→ Prep. + Aquele/Aquela/Aquilo

3→ Loc. Adverbiais Feminina

4→ Antes de horas (pode está subentendida)

5→ A moda de / A maneira de (pode está subentendida)

FONTE: Português Descomplicado. Professora Flávia Rita

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