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Q3290546 Português

Para responder questão, baseie-se no texto abaixo.


Os deuses da cidade


Para ver uma cidade não basta ficar de olhos abertos. É preciso primeiramente descartar tudo aquilo que impede de vé-la, todas as ideias recebidas, as imagens pré-constituidas que continuam a estorvar o campo visual e a capacidade de compreensão. Depois é preciso saber simplificar, reduzir ao essencial o enorme número de elementos que a cada segundo a cidade põe diante dos olhos de quem a observa, e ligar os fragmentos espalhados num desenho analítico e ao mesmo tempo unitário, como o diagrama de uma máquina, com o qual se possa compreender como ela funciona.


A comparação da cidade com uma máquina é, ao mesmo tempo, pertinente e desviante. Pertinente porque uma cidade vive na medida em que funciona, isso é, em que serve para se viver nela e para fazer viver. Desviante porque, diferentemente das máquinas, que são criadas com vistas a uma determinada função, as cidades são todas ou quase todas o resultado de adaptações sucessivas a funções diferentes, não previstas por sua fundação anterior (penso nas cidades italianas com sua história de séculos ou de milênios).


Mais do que com a máquina, é a comparação com o organismo vivo na evolução da espécie que pode nos dizer alguma coisa importante sobre a cidade: como, 8o passar de uma era para outra, as espécies vivas adaptam seus órgãos para novas funções ou desaparecem, assim também as cidades. E não podemos esquecer que na história da evolução toda espécie carrega consigo características que parecem de outras eras, na medida em que já não correspondem a necessidades vitais, mas que talvez um dia, em condições ambientais transformadas, serão as que salvarão a espécie da extinção. Assim a força da continuidade de uma cidade pode consistir em características e elementos que hoje parecem prescindíveis, porque esquecidos ou contraditos por seu funcionamento atual.


Os antigos representavam o espírito de uma cidade com aquele tanto de vago e aquele tanto de preciso que essa operação implica, evocando os nomes dos deuses que presidiram sua fundação: nomes que equivalem a personificações de posturas vitais do comportamento humano e que tinham de garantir a vocação profunda da cidade. Uma cidade pode passar por catástrofes e anacronismos, ver estirpes diferentes sucedendo-se em suas casas, ver suas casas mudarem cada pedra, mas deve, no momento certo, sob formas diferentes, reencontrar os próprios deuses.

(Adaptado de CALVINO, Ítalo. Assunto encerrado. Trad. Roberta Bami São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 333-336, passim) 

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Comentários

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A) Correta. As vírgulas isolam o adjunto adverbial deslocado ("Antes de mais nada") e a oração adverbial intercalada ("para bem olhar uma cidade").

B) Incorreta. A vírgula após "nela" e antes de "a precisão" não é obrigatória e interrompe o fluxo natural da frase.

C) Incorreta. A vírgula após "cidade" separa o sujeito ("Tantos são os aspectos... que se arrisca a perdê-los...") do verbo ("são").

D) Incorreta. As vírgulas isolando "um olhar ligeiro" e "dar-se inteiramente conta" não são obrigatórias e fragmentam o sujeito ("um olhar ligeiro") e o verbo ("não pode dar-se conta").

E) Incorreta. A vírgula após "que" separa o verbo ("ocorre") de seu sujeito ("a pressa de um olhar desatento... deixe de registrar alma mesma de uma cidade").

Gabarito Letra A

A (Correta)

B --> Separa o sujeito "a precisão do nosso olhar" do verbo "Orientar"

C --> Separa o sujeito "quem a olha apressadamente. " do verbo "Perdê-los"

B --> Separa o sujeito "Um olhar ligeiro " do verbo "Dar-se inteiramente conta"

D --> Separa o sujeito "A pressa de um olhar desatento" do verbo "Deixe."

BIZU para resolver questões sobre vírgula:

Procure SEMPRE o verbo, se ele estiver separado do sujeito, está incorreta.

  1. Identifique o SUJEITO e o VERBO principal da oração.
  2. Se houver vírgula entre eles, questione:
  • Há um aposto (explicação sobre o sujeito)?
  • Há uma oração intercalada?
  • Se NÃO, a vírgula está ERRADA.

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