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Frio e calor mataram 142,7 mil pessoas em cidades
brasileiras de 1997 a 2018
Elevações e quedas intensas de temperatura aumentam
o risco de morte, em especial de pessoas desprotegidas,
como as que vivem em situação de rua, ou das mais
frágeis e sensíveis a alterações térmicas, caso das
crianças pequenas e dos idosos. Temperaturas na casa
dos 30 graus Celsius (ºC) já são suficientes para levar
um trabalhador braçal à exaustão por calor, com suor
intenso, respiração ofegante e pulso acelerado, além de
tontura e confusão mental. Por volta dos 40ºC, mesmo
quem está em casa, sentado no sofá, pode passar mal,
apresentar os mesmos sintomas e precisar de internação
se o ambiente não for climatizado. O aquecimento do
corpo provoca a dilatação dos vasos sanguíneos e reduz
a pressão arterial, obrigando o coração a funcionar mais
para fazer o oxigênio chegar aos órgãos. O corpo
também perde líquidos e sais minerais, o que complica o
quadro. Já a exposição a temperaturas baixas por
algumas horas costuma provocar alterações inversas,
mas com efeitos semelhantes sobre a saúde. Os vasos
sanguíneos se contraem e concentram o sangue nos
órgãos internos. A pressão arterial e os batimentos
cardíacos sobem e, se o corpo não se aquece e volta ao
equilíbrio, o sistema cardiovascular pode entrar em
colapso.
"O corpo humano funciona bem em uma faixa estreita de
temperatura interna, em torno de 1 grau acima ou abaixo
dos 36,5ºC. Fora dela , começa a haver problemas, mais
graves em crianças, idosos e pessoas com doenças
preexistentes", conta a meteorologista e médica
Micheline Coelho. Com mestrado e doutorado na área de
sua primeira graduação, ela se formou depois em
medicina e trabalha como pesquisadora colaboradora do
Laboratório de Patologia Ambiental e Experimental
(Lapae) da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo (FM-USP) e na Universidade Monash, na
Austrália. Em parceria com o patologista Paulo Saldiva,
coordenador do Lapae, ela investiga a relação entre as
condições atmosféricas e a saúde humana.
Saldiva e Coelho integram uma rede internacional de
pesquisa que, na última década, começou a estimar o
impacto dos dias mais quentes e mais frios na saúde das
pessoas e na economia. Em um estudo recente,
publicado na edição impressa de dezembro da revista
Environmental Epidemiology, a dupla brasileira e
pesquisadores de outros nove países calcularam a
proporção de mortes que podem ser atribuídas aos
extremos de frio e de calor em 13 nações da América
Latina, além de três territórios ultramarinos franceses no
continente, e o quanto representam em perdas
financeiras.
As 69 localidades avaliadas estão situadas em países
que vão do México ao Chile, incluindo o Brasil. Nelas, ao menos 408.136 pessoas morreram por causa do frio e
59.806 em decorrência do calor entre 1997 e 2019. Os
óbitos pelas baixas temperaturas correspondem a 4,1%
e os associados às altas a 0,6% dos 9,98 milhões de
mortes notificadas nessas cidades no período.
Combinadas, essas fatalidades geraram uma perda de
cerca de US$ 2,4 bilhões por ano, calculada com base
no valor estimado para um ano de vida e no número de
anos que cada pessoa teria vivido se alcançasse a
expectativa média de vida de sua população. As perdas
relacionadas ao frio variaram de US$ 0,3 milhão ao ano,
na Costa Rica, a US$ 472,2 milhões ao ano, na
Argentina. Associado a menos óbitos, o calor gerou
prejuízos anuais que foram de US$ 0,05 milhão, no
Equador, a US$ 90,6 milhões no Brasil.
O Brasil, a propósito, contribuiu com um dos maiores
números de localidades e a série histórica mais longa.
Aqui, em 18 cidades onde vivem mais de 30 milhões de
pessoas (12 delas capitais), houve 3,86 milhões de
óbitos de 1997 a 2018. Nesses 22 anos, 113.528 mortes
ocorreram em consequência do frio e 29.170 do calor,
com perdas anuais que somaram US$ 352,5 milhões, no
primeiro caso, e os já citados US$ 90,6 milhões, no
segundo. "Um problema no Brasil é que, de modo geral,
casas, escolas, hospitais e muitos locais de trabalho não
estão preparados para enfrentar nem o frio intenso nem
o calor elevado, que deve se tornar mais comum em
muitas regiões do país como consequência das
mudanças climáticas e das alterações no ambiente
urbano", conta a médica e meteorologista.
As mortes são apenas o efeito mais extremo e evidente
das variações de temperatura. O frio e o calor, porém,
geram prejuízos econômicos e afetam a qualidade de
vida. Em um trabalho anterior, publicado em 2023 na
revista Science of the Total Environment, Saldiva, Coelho
e colaboradores haviam computado em quase US$ 105
bilhões as perdas econômicas, em 510 cidades
brasileiras, decorrentes do trabalho em condições
térmicas inadequadas (muito quente ou frio) entre 2000 e
2019.
Em estudos como esses, as temperaturas associadas a
óbitos são as que mais se afastam do valor considerado
confortável para a população de cada cidade. Essa é a
chamada temperatura de mortalidade mínima (TMM): a
temperatura média ótima, calculada a partir dos valores
medidos ao longo do dia, na qual se registra o menor
número de óbitos. No trabalho da Environmental
Epidemiology de dezembro, a TMM da maior parte das
cidades brasileiras ficou por volta dos 23ºC − ela foi mais
baixa (21ºC) em Curitiba (PR), e mais alta (em torno de
28ºC) em Palmas (TO) e São Luís (MA).
Dias com valores muito inferiores ou superiores à TMM
são considerados de temperaturas extremas. Não são
muitos. Eles são os 2,5% dos dias do ano em que os
termômetros registraram as menores marcas, nos
extremos de frio, e os 2,5% de temperaturas mais
elevadas, nos de calor. Os pesquisadores observaram
que, para a maior parte das cidades, o gráfico que
representa o risco de morrer para cada temperatura tinha
a forma da letra U. Isso indica que a probabilidade de óbito aumenta à medida que a temperatura cai ou
aumenta em relação à TMM. Muitas vezes, o gráfico era
em forma de U com o braço esquerdo levemente
tombado, mostrando que o risco de morrer crescia mais
rapidamente com o aumento do que com a queda da
temperatura. Em Assunção, capital do Paraguai, por
exemplo, onde a temperatura ideal era de cerca de 27ºC,
uma elevação de 5 ou 6 graus fazia dobrar o risco de
óbito, enquanto essa probabilidade aumentava 50%
quando a temperatura ficava mais de 15 graus abaixo da
TMM, embora uma proporção maior de pessoas morra
de frio do que de calor.
O impacto da temperatura sobre a saúde varia de uma
pessoa para outra − quem vive em regiões quentes
geralmente está mais adaptado ao calor e vice-versa.
Também depende do sexo, da idade e da existência de
doenças crônicas, como asma ou hipotireoidismo, além
do tempo disponível para se aclimatar à mudança. Ele é
maior para crianças pequenas ou idosos, que enfrentam
maior dificuldade em regular o calor corporal − com o
avanço da idade, problemas de saúde e o uso de
medicamentos se tornam mais frequentes e alteram o
funcionamento do organismo, podendo agravar o efeito
de temperaturas externas não ideais.
Retirado e adaptado de: SOARES, Giselle.; ZORZETTO, Ricardo. Frio
e calor mataram 142,7 mil pessoas em cidades brasileiras de 1997 a
2018. Revista Pesquisa FAPESP. Disponível em:
https://revistapesquisa.fapesp.br/frio-e-calor-mataram-1427-mil-pessoa
s-em-cidades-brasileiras-de-1997-a-2018/ Acesso em: 03 mar., 2025.
Analise o trecho a seguir, criado a partir do texto:
__ variações extremas de temperatura aumentam o risco de morte, especialmente entre pessoas vulneráveis, como idosos, crianças e pessoas em situação de rua. O calor excessivo pode causar exaustão e sobrecarga cardiovascular, enquanto o frio intenso pode levar __ colapsos circulatórios. Um estudo internacional analisou os impactos dessas variações em 69 cidades da América Latina entre 1997 e 2019, concluindo que o frio causou mais mortes que o calor. No Brasil, __ perdas econômicas associadas __ essas fatalidades somaram US$ 352,5 milhões por ano devido ao frio e US$ 90,6 milhões pelo calor. A pesquisa destaca a importância de adaptação urbana __ mudanças climáticas.
Assinale a alternativa que correta e respectivamente preenche as lacunas no excerto:
__ variações extremas de temperatura aumentam o risco de morte, especialmente entre pessoas vulneráveis, como idosos, crianças e pessoas em situação de rua. O calor excessivo pode causar exaustão e sobrecarga cardiovascular, enquanto o frio intenso pode levar __ colapsos circulatórios. Um estudo internacional analisou os impactos dessas variações em 69 cidades da América Latina entre 1997 e 2019, concluindo que o frio causou mais mortes que o calor. No Brasil, __ perdas econômicas associadas __ essas fatalidades somaram US$ 352,5 milhões por ano devido ao frio e US$ 90,6 milhões pelo calor. A pesquisa destaca a importância de adaptação urbana __ mudanças climáticas.
Assinale a alternativa que correta e respectivamente preenche as lacunas no excerto: