Eu vos pergunto: pode a experiência do mais velho servir às ...
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Ano: 2022
Banca:
FCC
Órgão:
TRT - 17ª Região (ES)
Provas:
FCC - 2022 - TRT - 17ª Região (ES) - Analista Judiciário - Área Judiciária
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FCC - 2022 - TRT - 17ª Região (ES) - Analista Judiciário Área Judiciária Especialidade Oficial de Justiça Avaliador Federal |
Q1999145
Português
Texto associado
Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.
[Vida literária]
Aqueles que fazem versos e já atingiram a idade madura costumam receber cartas de outros que também os fazem, mas estão
na casa dos vinte. Parece que esse é um dos prêmios (muito discutíveis) de envelhecer: ser solicitado pelos mais novos a dar
opiniões sobre os vagidos do talento. O moço apresenta-se confiante, às vezes entusiástico, sempre respeitoso; o “mestre” responde
benévolo, paciente, minucioso, interessado em pormenores biográficos, ocultando sua vaidade sob um verniz de simpatia: “Escreva
sempre, meu filho.” A isto se chama vida literária.
Sendo a literatura fenômeno socializante por excelência, contudo permanece fenômeno individual quanto à produção. E eu vos
pergunto: pode a experiência do mais idoso servir à hesitação do jovem, dissolvê-la em certeza, encaminhá-la a rumo certo? Haverá
utilidade nessa conversa de gerações?
É certo que cinco ou dez anos depois a receita do mais velho foi esquecida e o mestre com ela. Sucede também que após
esse lapso de tempo o mestre seja, não esquecido, mas negado. Ataca-se o mestre, descobre-se que ele o não é. Noventa (que digo?
cem por cento) de nossas admirações da adolescência resolvem-se em indiferença, vergonha ou desprezo. Na força do adulto, vinga-se o homem das debilidades do período de crescimento físico e intelectual, negando o que adorara. Os mestres de poesia não
escapam a essa contingência, e ao escreverem uma “carta ao jovem poeta” deveriam meditar bem na escolha das palavras e no
prazo de validade do sortilégio.
Mas o pessimismo da verificação não deve secar no homem de cinquenta o terno interesse pelo rapaz de vinte. O admirador
juvenil é tão autêntico e honesto quanto o lapidador de vinte e cinco ou trinta. Cada idade tem sua moral e sua sensibilidade.
(Adaptado de: ANDRADE, Carlos Drummond. Passeios na ilha. São Paulo: Cosac Naify, 2011, p. 113-114)
Eu vos pergunto: pode a experiência do mais velho servir às hesitações do jovem, fazer o jovem superar essas hesitações,
convencer o jovem a não mais render culto às hesitações?
Evitam-se as viciosas repetições do período acima substituindo-se os segmentos sublinhados, na ordem dada, por:
Evitam-se as viciosas repetições do período acima substituindo-se os segmentos sublinhados, na ordem dada, por: