Considere o seguinte caso: João olha para um relógio na pare...
I. O caso apresentado mostra uma crença verdadeira e justificada que não pode ser considerada conhecimento, pois depende de uma circunstância aleatória que compromete a justificativa.
II. A definição tradicional de conhecimento como crença verdadeira justificada é insuficiente para lidar com casos em que a justificativa é comprometida por coincidências.
III. Para que uma crença possa ser considerada conhecimento, é necessário, além de uma justificação, que exista uma ligação confiável entre a crença e a verdade, o que não ocorre no caso apresentado.
IV. Mesmo que João esteja correto sobre o horário, a justificativa apresentada não é suficientemente robusta para caracterizar conhecimento, pois não envolve um processo confiável de avaliação ou verificação por parte do sujeito.
Quais estão corretas?
Gabarito comentado
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Alternativa correta: E - I, II, III e IV.
A questão apresentada é uma análise crítica do conceito tradicional de conhecimento, frequentemente definido como crença verdadeira justificada. Esse conceito, amplamente discutido na filosofia desde Platão, sugere que para alguém "saber" algo, deve ter uma crença verdadeira e uma justificativa para essa crença.
O caso de João e o relógio parado ilustra um exemplo clássico de um problema identificado por Edmund Gettier em 1963. Gettier argumentou que pode-se ter crenças verdadeiras justificadas que não constituem conhecimento, devido a fatores como coincidências ou erros no processo de justificação. Este tipo de situação é conhecido como "problema de Gettier".
Vamos analisar as assertivas:
I. O caso apresentado mostra uma crença verdadeira e justificada que não pode ser considerada conhecimento, pois depende de uma circunstância aleatória que compromete a justificativa.
A primeira assertiva está correta. Embora João tenha uma crença verdadeira (que são meio-dia), a justificativa não é válida, pois depende de um acaso, já que o relógio está parado.
II. A definição tradicional de conhecimento como crença verdadeira justificada é insuficiente para lidar com casos em que a justificativa é comprometida por coincidências.
Esta assertiva está correta. O caso exemplifica um dos principais problemas com a definição tripartida do conhecimento, mostrando sua insuficiência em situações de coincidência.
III. Para que uma crença possa ser considerada conhecimento, é necessário, além de uma justificação, que exista uma ligação confiável entre a crença e a verdade, o que não ocorre no caso apresentado.
Correto. A assertiva reflete a necessidade de um componente adicional de fiabilidade ou relação causal direta entre a crença e a verdade, que não está presente no cenário dado.
IV. Mesmo que João esteja correto sobre o horário, a justificativa apresentada não é suficientemente robusta para caracterizar conhecimento, pois não envolve um processo confiável de avaliação ou verificação por parte do sujeito.
Esta assertiva também é correta. Ela sublinha a importância de uma base confiável e robusta para a justificação, que falta ao caso de João.
Desta forma, todas as assertivas (I, II, III e IV) estão corretas, justificando a escolha da alternativa E como gabarito.
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