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Leia o texto a seguir para responder à questão.

Brasil oficializou Dia do Trabalhador para incentivar festas e conter protestos


    O dia 1º de maio virou feriado no Brasil em 1924, por força de uma lei aprovada pelo Senado e pela Câmara e assinada pelo presidente Arthur Bernardes. A data entrou no calendário oficial para celebrar a “confraternidade universal das classes operárias” e os “mártires do trabalho”.

    Documentos da época guardados no Arquivo do Senado, em Brasília, revelam que, ao oficializar o Dia do Trabalhador há cem anos, Bernardes teve como objetivo domesticar a data. 

    Até então, muitos sindicatos usavam o 1º de maio para organizar comícios e protestos contra a exploração no trabalho. Era uma época em que praticamente inexistiam direitos trabalhistas no Brasil.

    Para o governo, a data não deveria ser de reivindicação, mas de festa. Na mensagem presidencial que enviou ao Congresso Nacional no início de 1925, Bernardes agradeceu a aprovação da lei do Dia do Trabalhador e disse que a substituição da luta pelos festejos já era uma salutar tendência: “A significação que essa data passou a ter nestes últimos tempos, consagrando-se não mais a protestos subversivos, mas à glorificação do trabalho ordeiro e útil, justifica plenamente o vosso ato”.

    A lei foi sancionada em setembro de 1924. Embora o Brasil fosse majoritariamente agrário, as maiores cidades do país já tinham um número considerável de fábricas, principalmente de tecidos, móveis e alimentos.

    Os trabalhadores do começo do século 20, contudo, não se resignavam. As paralisações eram frequentes. A mais célebre delas foi a grande greve de 1917, que envolveu 50 mil operários da cidade de São Paulo e se estendeu por uma semana. O movimento foi violentamente sufocado pela polícia, teve 200 mortos, incluindo operários e policiais.

    A historiadora Isabel Bilhão acredita que a criminalização do movimento operário como política de Estado nas primeiras décadas da República tem reflexos ainda hoje no Brasil, o que explicaria o fato de uma parte da sociedade não ver com bons olhos o movimento sindical e as greves. A imagem negativa foi reforçada nas ditaduras do Estado Novo e militar, quando o sindicalismo esteve amordaçado e as tentativas de politizá-lo foram reprimidas.

    Na visão dela, é importante que o Brasil de hoje conheça a história do trabalho no país — incluindo a oficialização, há cem anos, do Dia do Trabalhador: “Quando conhecemos essa história, entendemos que, ao contrário do que diz o discurso oficial, os direitos trabalhistas não caíram do céu, não foram uma dádiva de Vargas. Vieram depois de uma longa luta, de muito esforço, à custa da prisão e da morte de muitas pessoas. São fruto de uma construção. Da mesma forma que foram construídos, podem também ser descontruídos. Quando ignoramos a história, não valorizamos os direitos trabalhistas e corremos o risco de perdê-los. Podemos acabar acreditando naquele velho discurso de que há direitos em excesso impedindo o desenvolvimento econômico do Brasil”.


(“Brasil oficializou Dia do Trabalhador para incentivar festas e conter protestos”, de Ricardo Westin. Senado Federal, 3 maio 2024. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/brasil-oficializou-dia-dotrabalhador-para-incentivar-festas-e-conter-protestos. Texto adaptado)
De acordo com o texto, qual foi o impacto da grande greve de 1917 em São Paulo?
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