Qual é o objetivo principal do texto sobre a oficialização d...
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Ano: 2024
Banca:
FAUEL
Órgão:
Câmara de Munhoz de Mello - PR
Prova:
FAUEL - 2024 - Câmara de Munhoz de Mello - PR - Agente de Apoio Legislativo e Administrativo |
Q3309897
Português
Texto associado
Leia o texto a seguir para responder à questão.
Brasil oficializou Dia do Trabalhador para incentivar festas e conter protestos
O dia 1º de maio virou feriado no Brasil em 1924, por força de uma lei aprovada pelo Senado e pela
Câmara e assinada pelo presidente Arthur Bernardes. A data entrou no calendário oficial para celebrar a
“confraternidade universal das classes operárias” e os “mártires do trabalho”.
Documentos da época guardados no Arquivo do Senado, em Brasília, revelam que, ao oficializar o Dia do
Trabalhador há cem anos, Bernardes teve como objetivo domesticar a data.
Até então, muitos sindicatos usavam o 1º de maio para organizar comícios e protestos contra a exploração
no trabalho. Era uma época em que praticamente inexistiam direitos trabalhistas no Brasil.
Para o governo, a data não deveria ser de reivindicação, mas de festa. Na mensagem presidencial que
enviou ao Congresso Nacional no início de 1925, Bernardes agradeceu a aprovação da lei do Dia do Trabalhador
e disse que a substituição da luta pelos festejos já era uma salutar tendência: “A significação que essa data
passou a ter nestes últimos tempos, consagrando-se não mais a protestos subversivos, mas à glorificação do
trabalho ordeiro e útil, justifica plenamente o vosso ato”.
A lei foi sancionada em setembro de 1924. Embora o Brasil fosse majoritariamente agrário, as maiores
cidades do país já tinham um número considerável de fábricas, principalmente de tecidos, móveis e alimentos.
Os trabalhadores do começo do século 20, contudo, não se resignavam. As paralisações eram frequentes.
A mais célebre delas foi a grande greve de 1917, que envolveu 50 mil operários da cidade de São Paulo e se
estendeu por uma semana. O movimento foi violentamente sufocado pela polícia, teve 200 mortos, incluindo
operários e policiais.
A historiadora Isabel Bilhão acredita que a criminalização do movimento operário como política de Estado
nas primeiras décadas da República tem reflexos ainda hoje no Brasil, o que explicaria o fato de uma parte da
sociedade não ver com bons olhos o movimento sindical e as greves. A imagem negativa foi reforçada nas
ditaduras do Estado Novo e militar, quando o sindicalismo esteve amordaçado e as tentativas de politizá-lo foram
reprimidas.
Na visão dela, é importante que o Brasil de hoje conheça a história do trabalho no país — incluindo a
oficialização, há cem anos, do Dia do Trabalhador: “Quando conhecemos essa história, entendemos que, ao
contrário do que diz o discurso oficial, os direitos trabalhistas não caíram do céu, não foram uma dádiva de
Vargas. Vieram depois de uma longa luta, de muito esforço, à custa da prisão e da morte de muitas pessoas.
São fruto de uma construção. Da mesma forma que foram construídos, podem também ser descontruídos.
Quando ignoramos a história, não valorizamos os direitos trabalhistas e corremos o risco de perdê-los. Podemos
acabar acreditando naquele velho discurso de que há direitos em excesso impedindo o desenvolvimento
econômico do Brasil”.
(“Brasil oficializou Dia do Trabalhador para incentivar festas e conter protestos”, de Ricardo Westin. Senado Federal,
3 maio 2024. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/brasil-oficializou-dia-dotrabalhador-para-incentivar-festas-e-conter-protestos. Texto adaptado)
Qual é o objetivo principal do texto sobre a oficialização do Dia do Trabalhador no Brasil?