Observando a seguinte passagem do texto 3: “Leio que a...

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TEXTO 3

                                    BANDEIRA BRANCA, BANDEIRAS VERDES
                                                                                                          Ana Maria Machado

       Para mim, pensar em águas é pensar em mata. Nasci no bairro carioca de Santa Teresa, encravado na Floresta da Tijuca. Cresci íntima da Mata Atlântica  na serra fluminense (meus avós paternos moravam em Petrópolis) e no vale do Rio Doce (meus avós  maternos eram capixabas). Não consigo deixar de  ligar arvoredo e umidade, fios d'água, cachoeirinhas. Ou de relacionar falta de chuva com falta de mata.
       Não sou técnica no assunto, mas diante da seca  que nos assola, é inevitável examinar o desequilíbrio climático relacionado a fatores ambientais. Então  tento me informar. Descubro que o desmatamento  voltou a crescer no Brasil após ter caído durante dez  anos. Leio que a polícia descobriu que grande parte  dos incêndios na serra fluminense tem origem proposital — sejam criminosos para especulação imobiliária, sejam ignorantes para fazer pastagem ou  roçado. Têm a ver com modelos econômicos perversos e educação inexistente.
       A redução da proteção às matas ciliares deixa  rastros: rio precisa ter corredor de árvores às suas  margens. A largura desse corredor não pode ser objeto de troca em votações no Congresso. É muito bom ter campos plantados, produzindo e  exportando alimento. Mas há que se atentar para a  proteção do delicado equilíbrio ecológico do cerrado,  onde nasce grande parte dos riachos que irão formar  as principais bacias brasileiras — a amazônica  correndo para o norte, a do Prata para o sul, a do  São Francisco que atravessa Minas e Bahia em  busca do nordeste.
       Os jornais dão notícia de um horror inimaginável: na atual estiagem, secou uma nascente do São
Francisco — tradicionalmente chamado Rio da Unidade Nacional. A causa não é a inexistência de unidade nacional. Mas de umidade natural. O pesadelo  está ligado à falta de consciência ambiental.  Não há por que evitar o termo “racionamento" por  sua conotação negativa ou só se preocupar com os
vazamentos de depoimentos sobre corrupção, e esquecer os dos canos que desperdiçam água. Há que  olhar a situação de frente. Poupar água, incentivar  seu reúso. Planejar a recuperação de rios, ter projetos de fortalecimento das bacias. Se a hora é de fazer pontes, que sejam sobre as  águas e não sobre leitos secos.


                                                                                                                              O Globo, 01, nov.2014
Observando a seguinte passagem do texto 3:

“Leio que a polícia descobriu que grande parte dos incêndios na serra fluminense tem origem proposital – sejam criminosos por especulação imobiliária, sejam ignorantes para fazer pastagem ou roçado.", pode-se afirmar que:
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