Questões de Concurso Público Prefeitura de Canoas - RS 2023 para Psicólogo

É preciso romper com a visão naturalizante de adolescência, descolada da realidade social e de uma perspectiva sócio-histórica que visa a compreender o sujeito como um ser histórico, que se constitui pelas relações sociais e pelas condições sociais e culturais engendradas pela humanidade.

As características do ser adolescente são significadas nas relações sociais, o que exige dos profissionais a elaboração de dispositivos consistentes de educação pulsional desse público, para assim inseri-lo nas dinâmicas libidinais societárias.

A psicologia, por meio de seus psicólogos, não pode continuar a interpretar a adolescência sem considerar que, na sociedade atual, as oscilações do capitalismo tardio estimulam a formação de coletividades socioafetivas que podem ser substitutivas à família.

A adolescência se materializa pelas modificações somáticas, inicia-se por volta dos 11 ou 12 anos de idade e implica preparação técnica para o trabalho, podendo ser ele manual ou intelectual, a depender dos méritos daquele que aspira pelos postos disponíveis no mercado.

A busca por traços universais do período da adolescência permite traçarmos intervenções padronizadas que atendam aos anseios de um mercado de trabalho cada vez mais concorrido e tecnológico.

Estudos sobre o fenômeno da delinquência juvenil sugerem que sua incidência está ligada à inconsistência no exercício da autoridade pelos pais, criando, assim, condições de possibilidade para a consolidação de uma personalidade sociopata.

A inserção do adolescente na etapa da genitalidade exige, do ponto de vista sociopolítico, a implementação de ações institucionais que enfatizem a inexorável condição binária do gênero. 

Trata-se de uma grave supersimplificação atribuir todas as características do adolescente à sua mudança psicobiológica, uma vez que não há dúvidas de que a realidade sociocultural e econômica também influi no seu desenvolvimento. 

O processo de aceitação da identidade, que se dá no início da fase adulta, está ligado à capacidade dos pais de incutir valores que não subvertam os pilares essenciais que sustentam a sociedade ocidental.

O desafio à autoridade paterna se configura como processo esperado no desenvolvimento do adolescente, mas deve se diluir por meio de um processo de reidentificação. Caso contrário, desencadear-se-á uma condição conflitiva patógena do ponto de vista sistêmico.