Questões de Concurso Público Prefeitura de Santa Luzia - MG 2019 para Professor de Educação Básica - PEB Língua Portuguesa

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Q1291857 Português

Sintaxe estranha?

Sírio Possenti

Em sua coluna de 13/3/2014 na Folha de S. Paulo, o Prof. Pasquale criticou duramente uma construção cada vez mais frequente. Os exemplos são do tipo “O técnico da TAP estava previsto para chegar a Cabo Verde…” e “Aponte está prevista para ser inaugurada…”. Segundo ele, não faz o menor sentido ligar “ponte” ou “técnico” a “estar previsto/a”. O que se prevê é a chegada do técnico e a inauguração da ponte. Esta concepção de sintaxe como devendo não se sustenta, no entanto. São muitos os exemplos de estruturas sintáticas que interpretamos “indiretamente”, digamos assim. Todos sabemos, por exemplo, que pneus de carro podem furar, que ponteiros de relógio podem quebrar (ou ser furados e quebrados). Mas todos ouvimos e dizemos também construções como “o carro furou o pneu” e “o relógio quebrou o ponteiro”. Isso não quer dizer que pensamos que o carro e o relógio são os agentes que furam o pneu e quebram o ponteiro. Esses exemplos são pequena amostra de que a organização sintática não é uma exteriorização ponto por ponto, e na mesma ordem, de eventuais pensamentos. O sentido é sempre o resultado da interpretação. Há algum tempo, comentei aqui uma instrução que se ouve assim que aviões pousam: “… só fume nas áreas permitidas”. É óbvio que o que se permite em certas áreas é que se fume. Isso não faz da área uma “área permitida” – literalmente. A sintaxe “da aviação” expressa a ordem de forma indireta. A sintaxe é preservada (concordância etc.) e o sentido não é segredo para ninguém. Para os falantes que dizem “fume na área permitida” e “o técnico está previsto para chegar” não há segredo nenhum na interpretação. Só se vê nonsense nesses casos se não se considera o real funcionamento da língua.

Disponível em: <http://terramagazine.terra.com.br/blogdosirio>. Acesso em: 20 fev. 2019.

Corrobora a argumentação desenvolvida por Possenti a ocorrência, normalmente aceita, da construção

Alternativas
Q1291858 Português
No artigo de Possenti, encontra-se uma crítica à
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Q1291859 Português

Ao escrever seus livros, o senhor não se preocupa em deixar as tramas datadas?

Pedro Bandeira

Tenho de usar aquilo que nunca muda: as emoções humanas. Por que Shakespeare vale até hoje? Porque ele não faz histórias de reis ingleses, mas sobre sonhos, inveja, cobiça, ambição, velhice, paixão de adolescentes... Faz histórias eternas, que não dependem da tecnologia. Até hoje você lê Ricardo III e fica impressionado, por ser um homem que faz tudo pela ambição do poder — isso existe até hoje. A emoção de uma jovem nunca mudará. Uma menina vai estar sempre apaixonada, vai ter sempre ciúmes da colega, vai ter medo do mundo, vai ter problemas com os pais que se separam. O furor uterino da Madame Bovary jamais será ultrapassado — é até hoje um romance atemporal. Hoje em dia se discute até que Lobato tem dificuldade de se tornar um clássico. Porque ele centrou muito na vida rural quando o Brasil já estava se tornando urbano.

O senhor também faz algumas releituras de clássicos da literatura mundial.

Pedro Bandeira

Um personagem como Iago vira Iara, uma menina ciumenta [em A Hora da Verdade]; Hamlet, lido de trás para frente, vira Telmah — aí transformei Hamlet na menina Telmah, que vive as mesmas dúvidas [em Agora Estou Sozinha]. Ou Cirano de Bergerac, um homem feio que escreve cartas para serem entregues pelo seu rival a sua amada — mas Cirano vira Isabel, de A Marca de uma Lágrima. Porque quero ajudar o jovem a gostar de ler. Não sou literatura final, de resultado final; sou introdução. Como para mim foram introdução Monteiro Lobato, Mark Twain, Emilio Salgari, Charles Dickens, Victor Hugo. A cultura é uma montanha enorme, de conhecimentos, de beleza, amontoada ao longo de muitos séculos. Para você chegar lá em cima, onde estão Shakespeare, Baudelaire, Cervantes, tem de subir uma escada. Para uma criança chegar um dia a Baudelaire, ela tem de pisar em Ruth Rocha, em Ziraldo, em Pedro Bandeira. Esses degraus têm de ser confortáveis, para ela gostar de continuar subindo.

Revista Língua, nº 67. São Paulo: Segmento, maio de 2011. (Adaptação).

De acordo com o texto, é correto afirmar que, para Pedro Bandeira, obras clássicas são aquelas cujas tramas têm caráter
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Q1291860 Português

Ao escrever seus livros, o senhor não se preocupa em deixar as tramas datadas?

Pedro Bandeira

Tenho de usar aquilo que nunca muda: as emoções humanas. Por que Shakespeare vale até hoje? Porque ele não faz histórias de reis ingleses, mas sobre sonhos, inveja, cobiça, ambição, velhice, paixão de adolescentes... Faz histórias eternas, que não dependem da tecnologia. Até hoje você lê Ricardo III e fica impressionado, por ser um homem que faz tudo pela ambição do poder — isso existe até hoje. A emoção de uma jovem nunca mudará. Uma menina vai estar sempre apaixonada, vai ter sempre ciúmes da colega, vai ter medo do mundo, vai ter problemas com os pais que se separam. O furor uterino da Madame Bovary jamais será ultrapassado — é até hoje um romance atemporal. Hoje em dia se discute até que Lobato tem dificuldade de se tornar um clássico. Porque ele centrou muito na vida rural quando o Brasil já estava se tornando urbano.

O senhor também faz algumas releituras de clássicos da literatura mundial.

Pedro Bandeira

Um personagem como Iago vira Iara, uma menina ciumenta [em A Hora da Verdade]; Hamlet, lido de trás para frente, vira Telmah — aí transformei Hamlet na menina Telmah, que vive as mesmas dúvidas [em Agora Estou Sozinha]. Ou Cirano de Bergerac, um homem feio que escreve cartas para serem entregues pelo seu rival a sua amada — mas Cirano vira Isabel, de A Marca de uma Lágrima. Porque quero ajudar o jovem a gostar de ler. Não sou literatura final, de resultado final; sou introdução. Como para mim foram introdução Monteiro Lobato, Mark Twain, Emilio Salgari, Charles Dickens, Victor Hugo. A cultura é uma montanha enorme, de conhecimentos, de beleza, amontoada ao longo de muitos séculos. Para você chegar lá em cima, onde estão Shakespeare, Baudelaire, Cervantes, tem de subir uma escada. Para uma criança chegar um dia a Baudelaire, ela tem de pisar em Ruth Rocha, em Ziraldo, em Pedro Bandeira. Esses degraus têm de ser confortáveis, para ela gostar de continuar subindo.

Revista Língua, nº 67. São Paulo: Segmento, maio de 2011. (Adaptação).

As ideias de Pedro Bandeira a respeito do contato da criança com a literatura são corretamente parafraseadas pela seguinte citação da obra Coisas que todo professor de português precisa saber, de Luciano Oliveira:
Alternativas
Q1291861 Português
Assinale a alternativa em que pelo menos um dos períodos transgride as regras da norma-padrão da língua portuguesa relativas à concordância verbal.
Alternativas
Respostas
26: A
27: B
28: B
29: B
30: D