Questões de Concurso Público SEDU-ES 2016 para Professor - Língua Portuguesa
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Marca: Movimento Artístico Capixaba (1968)
Enquanto no Brasil autoritário a censura funcionava cada vez mais como uma rua de mão única, a literatura brasileira caminhava sob a mira do aparato de repressão do estado autoritário que se seguiu ao golpe militar. Revaloriza-se o realismo mágico, as alegorias, as parábolas, o romance-reportagem, o conto-notícia, e depoimentos.
Em nível de literatura brasileira escrita no Espírito Santo, a literatura de Fernando Tatagiba vem dialogar vis-à-vis com essa corrente literária brasileira. Tanto que, se olharmos para os veios narrativos de maior sucesso na literatura capixaba da época, é em Luís Fernando Tatagiba que encontraremos uma forte resistência à utopia do “Brasil Grande", a cujo ideal se incorporara boa parte dos intelectuais capixabas.
Via linguagem do espetáculo, e com o apoio incondicional da mídia local, principalmente a imprensa chapada, e do público, o final dos anos sessenta trouxe para o Espírito Santo o idealismo do Movimento Artístico Capixaba (MARCA), que se fundou como um Clube de Poesia e promoveu a apresentação de jograis e récitas em faculdades e no Teatro Carlos Gomes, em Vitória.
De 1968 a outubro de 1969, foram promovidas quatro récitas. À frente do movimento estava a figura idealista e bem intencionada de Olival Mattos Pessanha (1946-1993). Junto a ele, Luís Fernando Valporto Tatagiba (1946-1988), que se destaca como um contista maior, tanto no contexto da literatura capixaba como no da literatura nacional.
(Adaptado de: AZEVEDO FILHO, Deneval Siqueira de. A literatura brasileira contemporânea do Espírito Santo. Campinas, SP: [s.n.], 1999. Tese (doutorado) − Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, p.72-73)
Lembro-me de que em 1891 formou-se um grupo de rapazes em torno da Folha Popular. Foi aí que os novos, tomando por insígnia um fauno, tentaram as suas primeiras exibições. A esse grupo prendiam-se por motivo de conveniência e por aproximação de idade Bernardino Lopes (B. Lopes), Perneta (Emiliano, que era o secretário da redação), Oscar Rosas e Cruz e Sousa. Tais rapazes, principalmente o primeiro, não eram desconhecidos.
(Adaptado de: ARARIPE JÚNIOR, T. A. Literatura Brasileira − Movimento de 1893 − O crepúsculo dos povos. In: MURICY, A. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1952)
O relato refere-se ao início do movimento
Aos principais da Bahia chamados os Caramurus
Há coisa como ver um Paiaiá1
Mui prezado de ser Caramuru,
Descendente do sangue tatu,
Cujo torpe idioma é Cobepá2?
A linha feminina é Carimá3
Muqueca, pititinga4, caruru,
Mingau de puba, vinho de caju
Pisado num pilão de Pirajá.
A masculina é um Aricobé5,
Cuja filha Cobé6, c’um branco Pai
Dormiu no promontório de Passé.
O branco é um Marau que veio aqui:
Ela é uma índia de Maré;
Cobepá, Aricobé, Cobé, Pai.
(MATOS, Gregório. Poemas escolhidos. Seleção, introdução e notas de José Miguel Wisnik. São Paulo: Cultrix, 1976, p. 100)
Vocabulário:
1 Paiaiá − Pajé.
2 Cobepá − dialeto da tribo cobé, que habitava as cercanias da cidade.
3 Carimá − bolo feito de mandioca-puba, posta de molho, utilizada para mingau.
4 Pititinga − espécie de peixes pequeninos.
5 Aricobé − cobé (nome de uma tribo de índios progenitores do Paiaiá, a que se refere o poeta).
6 Cobé − palavra que Gregório empregava para designar os descendentes dos indígenas, pois no seu tempo o termo tupi não estava generalizado.
(Referência do vocabulário: SANTOS, Luzia Aparecida Oliva dos. O percurso da indianidade
na literatura brasileira: matizes da figuração. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009, p. 303)
Considere o soneto para analisar as afirmativas abaixo.
I. O soneto possui características marcantes no uso dos termos da língua indígena: de um lado, a inserção do léxico tupi metaforiza uma linha constitutiva da cultura brasileira resgatando a presença do índio; de outro, o eixo alto versus baixo, que desmascara a figura do caramuru, mestiço.
II. O soneto obedece ao molde europeu no tocante à forma, mas amplia sua configuração ao inserir o universo linguístico pertencente ao nativo. Com esse recurso, o efeito do poema tira as amarras da seriedade para estabelecer o vinco principal da satírica gregoriana no que lhe compete a agressão às instituições e seus representantes pelo viés lúdico, trocando a convenção pela contestação.
III. As expressões “Descendente do sangue tatu (v.3)” e “Cujo torpe idioma é cobepá? (v.4)” assumem a duplicidade de função em seu significado por estarem indissoluvelmente ligadas aos elementos caracterizadores de ambas as culturas: o fidalgo possui “sangue de tatu” e seu idioma é “torpe”, “cobepá”.
IV. O último verso revela que a verdadeira origem dos principais da Bahia está na nobreza de sangue azul dos europeus. Como se pode notar, o nome Paiaiá, representante nato do sangue indígena, não é colocado entre os que nomeiam simbolicamente os descendentes.
Está correto o que se afirma APENAS em
A denominação de Modernismo abrange, em nossa literatura, três fatos intimamente ligados: um movimento, uma estética e um período. O movimento surgiu em São Paulo com a famosa Semana de Arte Moderna, em 1922, e se ramificou depois pelo País, tendo como finalidade principal superar a literatura vigente, formada pelos restos do Naturalismo, Parnasianismo e do Simbolismo. Correspondeu a ele uma teoria estética, nem sempre claramente delineada, e muito menos unificada, mas que visava, sobretudo, a orientar e definir uma renovação, formulando em novos termos o conceito de literatura e escritor. Estes fatos tiveram seu momento mais dinâmico e agressivo até mais ou menos 1930, abrindo-se a partir daí uma nova etapa de maturação, cujo término se tem localizado cada vez mais no ano de 1945. Convém, portanto, considerar como encerrada nesse ano a fase dinâmica do Modernismo.
(CANDIDO, Antonio; CASTELLO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira: Modernismo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997, p. 9)
Das afirmações abaixo, indique a que tem por tópico principal a apresentação da fase inicial do Modernismo relacionada ao seu período histórico.
Canção do Suicida
NÃO ME MATAREI, meus amigos.
Não o farei, possivelmente.
Mas que tenho vontade, tenho.
Tenho, e, muito curiosamente,
Com um tiro. Um tiro no ouvido,
Vingança contra a condição
Humana, ai de nós! sobre-humana
De ser dotado de razão.
(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro:
Editora Nova Aguilar: 1993, p. 336)
A análise adequada para o poema de Bandeira é: